Lullaby escrita por Bonequinha de Luxo


Capítulo 1
"...To let you know that you're not alone..."


Notas iniciais do capítulo

I'm back bitches. E essa fic é ♥ sério, eu amo muito ela e levei horas para escrever e fazer o ajuste, então espero que gostem dela porque eu amo. Vi ter muito drama, amizade, romance, é uma coisa muito fofinha e sem querer dar spoiler, mas começa com eles mais novos e eles são apaixonáveis, então espero que gostem dela.
E pra quem quiser escutar com a música, tem o link no título.



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Lullaby

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Bem, eu conheço a sensação

De se encontrar na beira do abismo

E não há cura

De se cortar com uma navalha afiada

Eu estou lhe dizendo que

Nunca é assim tão ruim

Eu entrei na central de treinamento, era a minha primeira vez que entrava ali. Eu só tinha dez anos quando fui pela primeira vez, eu estava com meu pai. E, confesso, que estava com medo de não fazer amigos.

E ela foi a primeira pessoa que eu vi.

“_ Cai fora, tampinha. – empurrei a garotinha no chão e ela deixou seus livros caírem no chão do corredor. Ela me olhou com um olhar assassino e eu ri, apenas. – Uh, a baixinha quer me pegar. – e saí ainda rindo dela.”

Ela ainda me olhava com um olhar assassino, mas tinha um sorriso em seus lábios, um sorriso divertido. Era como se ela fosse assistir um espetáculo a qualquer instante. A baixinha queria vingança.

Era incrível como uma garotinha de oito anos parecia assustadora usando aquele uniforme preto e sentada confortavelmente em uma poltrona vermelho sangue, ela era a mais nova dali, mas as pessoas pareciam venerá-la. As pernas dela estavam esticadas para o braço da poltrona e em uma das suas mãos girava uma faca de cabo preto lustroso e lâmina prateada.

Ela olhou para faca e em seguida para mim outra vez.

Eu não ficaria por baixo, eu não deixaria uma garotinha que é quinze centímetros mais baixa que eu e dois anos mais nova me vencer em alguma coisa. Apesar de ela estar bem mais avançada que eu nos treinamentos, eu arqueei uma sobrancelha, em ato desafiador.

Um riso escapou pelos lábios dela e ela parou de rodar a faca, atirando-a para frente, sem olhar para o alvo e ainda olhando para mim. Me surpreendi quando a faca acertou o lugar que seria o coração do boneco. Ela arqueou a sobrancelha de volta e eu dei um passo à frente deixando a mão do meu pai que estava em meu ombro escorregar para fora dele.

_ Você arranjou uma amiguinha. – meu pai disse, observando o potencial da garotinha que agora estava sentada normalmente na poltrona como se fosse uma rainha. Ele sorriu, aprovando. – Gosto da garota.

Olhei para meu pai como se ele fosse louco. Por acaso ele não percebeu que aquela garotinha queria me matar? E, apenas com uma faca pequena ela conseguiria?

Ela retirou outra faca da bainha da calça e começou a girá-la nas mãos, outra vez.

_ Eu acho que prefiro começar pelas espadas. – eu disse ao meu pai.

Quando passei pela garota, ela me deu um pequeno sorriso vitorioso, mas o brilho assassino ainda estava lá.

Aceite isso de alguém que já esteve onde você está

Caído no chão

E você não tem certeza

Se você pode aguentar mais

Fazia uma semana em que eu estava na central de treinamento. Estava conseguindo ficar cada vez melhor, principalmente na espada. Eu estava lutando com um boneco, e consegui quebrar o braço e a cabeça de um com apenas um golpe, sorri comigo mesmo, vitorioso, largando a espada no chão para descansar. A garotinha saiu de trás do boneco, séria e se encostou-se nele, relaxando. Fiz menção de abaixar para pegar a espada caso ela fizesse algo comigo, mas ela apenas riu.

_ Do que está rindo? – eu perguntei a ela, irritado.

_ Você parece um bebê chorão, sinceramente. – ela disse. A sua voz fina fazia parecer que ela era inofensiva. – Está assustado desde que me viu.

_ Isso não é verdade. – eu menti. Na verdade, ela assustaria qualquer um. – Eu não tenho medo de você.

_ Certo, senhor corajoso. – ela retirou a faca preta da bainha da calça e eu fiquei parado, em choque. No momento seguinte eu senti algo passar de raspão por meu rosto, me esquivei para o lado a tempo de ver a faca parar no coração de um boneco alto atrás de mim. – Eu poderia fazer essa faca cortar sua garganta em dois segundos, você sabia?

_ Prefiro não arriscar. – eu disse, irônico.

Ela riu. Não foi um riso sarcástico ou vitorioso. Só foi uma risada normal.

Foi a risada mais bonita que eu já ouvi.

_ Qual seu nome, brave boy? – ela perguntou, se aproximando do boneco para alcançar a faca, mas ela estava muito alta para que ela conseguisse pegar.

_ É Cato. – eu segurei sua cintura a levantando para que conseguisse alcançar a faca. – E o seu, tampinha?

_ Não deveria me chamar assim enquanto eu estiver com uma faca na mão. – ela me avisou, ameaçadora.

_ Obrigada por avisar. – eu disse, a colocando no chão. – Mas você não me respondeu.

_ E se eu não quiser responder? – ela cantarolou.

E em seguida, sumiu atrás do boneco me deixando sozinho outra vez.

Peguei a espada que estava no chão e me virei para o boneco atrás de mim cortando a cintura dele e o dividindo em dois. Ele caiu em um baque no chão. Eu ainda iria saber o nome dela.

Então, só tente mais uma vez

Com uma canção de ninar

E aumente o rádio

Se você pode me ouvir agora

Eu estou chegando

Para que você saiba que você não está sozinha

Dois dias depois foi quando eu a vi outra vez, era hora do recreio na escola e eu estava chegando à próxima aula já que eu não podia sair da sala por cumprir detenção de ter brigado com alguém na escola, estão estava sem recreio há dois dias. A professora estava na sala e ela também, estava guardando seu material na mochila, os alunos saiam aos poucos.

_ Querida, você pode guardar os livros para mim? – a professora apontou para ela uma pilha de livros grande e depois, para o armário.

_ Claro. – ela respondeu e se dirigiu até os livros.

Então a professora me notou e sorriu.

_ Ótimo, Cato, você vai ajudá-la.

Deixei minha mochila em uma das cadeiras e caminhei até a pilha de livros e comecei pegando os livros de cima e colocando em filas no armário.

_ Essa pirâmide parece que vai te engolir, sabia?

_ Cala a boca, Cato. – ela me olhou irritada e começou a fazer o que eu estava fazendo, mas com maior dificuldade para pegar os livros do topo. Eu apenas ri.

_ Você não me disse seu nome tampinha. – ela me olhou irritada. – O que? Vai me dizer que trás uma faca para a escola?

_ Não na escola, mas deixa chegar na hora do treino e você vai ver.

O silêncio se estabilizou depois disso. Apenas ficamos arrumando todos aqueles livros sem falar um com o outro, estávamos quase chegando no final quando ela quebrou o silêncio:

_ Clove.

_ O que? – perguntei, confuso.

_ Clove. – repetiu. – Meu nome é Clove.

_ É bonito. – eu disse, sem se quer pensar. Ela sorriu.

_ Eu sei, brave boy. – e ela guardou o último livro. – Boa sorte na sua detenção.

E passou por mim, rindo.

Dois anos depois

E se você não sabe disso

Eu estou muito assustado

Porque eu não estou conseguindo falar com você pelo telefone

Então, basta fechar os olhos

Querida, aqui vai uma canção de ninar

Sua própria canção de ninar

Era recreio, eu tinha doze anos e estava apenas aproveitando o que eu poderia querer, olhar as garotas mais velhas enquanto escutava uma música que estava sendo tocada de longe, talvez por outros alunos. Era um dia bonito, tinha sol e o jardim da escola era o melhor lugar para estar em um dia como aquele.

_ E aí, Cato? – meu amigo, Rick, sentou ao meu lado no banco de madeira. – Você viu aquela garota estranha, Clove? Ela entrou no banheiro das garotas agora, ela estava chorando.

Clove.

Aquele nome me pegou de surpresa, eu não falava muito com ela. Na verdade, eu sempre a observava, gostava de vê-la lutar, de quando ela lia seu livro preferido, que era um livro de mistério, no pátio ou no refeitório.

Clove não era uma garota que chorava, eu percebia. Mas ela era só uma garotinha, só tinha dez anos, apesar de ser forte, ela tinha seus problemas.

Mas com certeza, eu não queria vê-la chorando.

_ Clove?! Chorando? – eu levantei subitamente.

_ É cara, como eu disse, ela era estranha! – ele deu de ombros – Mas tanto faz, você fez o dever de literatura?

_ Onde ela está? – eu olhei, como se ele fosse o culpado por estar fazendo-a chorar, mas ele não era.

_ No banheiro... – ele me olhou estranho, como se não me conhecesse mais – Mas o que é isso, Cato? Você nem fala com ela e-

_ Eu preciso achar ela! – gritei, saindo daquele lugar o mais rápido possível.

_ Mas ela está no banheiro das meninas, Cato, entendeu? Me-ni-nas... Cato! – mas eu estava longe para responder.

Eu entrei no banheiro das meninas ignorando o quanto as garotas gritavam desesperadas por ter entrado algum garoto lá.

_ Onde ela está?! – gritei para elas.

Rapidamente elas foram se dispersando e saindo do banheiro, eu sabia que estava encrencado e tinha poucos minutos até que a diretora chegasse ali. Mas pelo menos eu estava sozinho com ela. Eu ouvi um choro vindo do último boxe e corri até lá.

_ Clove? – chamei. Ela não me respondeu. – Abre pra mim!

Ela não respondeu outra vez. Bati na porta com mais força.

_ Vai embora! – sua voz saiu esganiçada por causa do choro. – Sai daqui, Cato, agora!

_ Não vou sair, abre pra mim. – pedi outra vez. – Abre logo, Clove ou eu vou dar um jeito de arrombar.

Ela não respondeu, demorou alguns segundos para que eu me afastasse pensando um jeito de arrombar aquela porta até que ela se abriu. Clove estava lá, ela estava chorando muito, seus olhos estavam vermelhos e eu vi, na mão dela tinha sangue, muito sangue. Estava vindo de seu pulso e na outra mão tinha uma lâmina afiada.

Eu prendi o ar, assustado. Ela desviou o seu olhar de mim como se eu fosse a última pessoa na qual ela queria ver.

_ Sai daqui... – ela disse baixinho. Eu não me mexi. – SAI DAQUI CATO! – ela gritou chorando ainda mais. – SAÍ!

Eu retirei minha blusa xadrez que estava por cima da t-shirt vermelha e ela me olhou como se eu fosse louco por ainda estar ali.

_ Me dê seu braço. – pedi, ela esticou o braço, soluçando. Eu amarrei a camisa em seu pulso para estancar o sangue. – Há quanto tempo você faz isso?

Ela negou com a cabeça.

_ Clove, há quanto tempo você faz isso? – repeti, pausadamente.

_ Alguns meses. – ela respondeu, fungando. – Ninguém gosta de mim, Cato, ninguém! – ela chorou mais. – Meus pais não gostam de mim e nem o meu irmão, ninguém na escola gosta de mim, eu não tenho amigas, as pessoas têm medo de mim!

Eu a puxei para um abraço.

_ Eu gosto de você.

_ Você nem me conhece! – ela disse me empurrando. – Obrigada por ajudar, mas eu quero ficar sozinha.

_ Eu quero ficar com você.

_ Você está encrencado. É melhor você sair.

E eu levantei.

_ Não faz mais isso. – eu pedi e coloquei a faca em meu bolso. – Por favor, não faça mais isso.

_ Saia, Cato.

_ Clove, por favor... Por mim?

Ela virou o rosto e limpou uma lágrima. Ela não me respondeu, mas eu tive a certeza que ela não se cortaria outra vez.

_ Você é forte, Clove. Você supera isso. E eu gosto de você, meu pai gosta de você, o treinador gosta de você, tem muita gente que gosta, Clovs.

_ Me deixa sozinha. – pediu. – Por favor.

_ Qualquer coisa você sabe onde me encontrar.

E eu a deixei sozinha, mesmo não querendo deixar.

Por favor, deixe-me tirá-la

Dessa escuridão e levá-la para a luz

Porque eu tenho fé em você

Que você irá passar por outra noite

Pare de pensar sobre isso

É o caminho mais fácil

Não há necessidade de apagar a vela

Porque você não está pronta

Você é muito jovem

E o melhor ainda está por vir

Três anos depois...

Eu estava sentado na frente da central de treinamento, Clove estava ao meu lado conversando comigo como se fosse amigos há décadas, mas na verdade, pouco nos falávamos e sempre era eu quem puxava assunto. Clove não parecia querer se enturmar, ou talvez ela só não gostasse da minha companhia.

Mas isso pouco me importava, eu gostava da companhia dela.

_ O que é isso? – a garota de cabelos negros presos em uma trança perguntou para mim quando entreguei um pacote amarelo.

_ Abre. – eu disse, empurrando o pacote em suas mãos.

Ela me olhou desconfiada, mas abriu o pacote. Ela percebeu que se tratava de uma caixa de madeira e a abriu. Ela observou a faca de cabelo azul marinho com um CC escrito em dourado e uma lâmina prateada brilhando ainda mais com a luz do sol refletida nela. Ela retirou a faca da caixa admirada.

_ Por que isso? – ela me olhou, assustada.

_ Não é todo dia que uma garota faz treze anos. – brinquei – E você tinha quebrado sua faca, você gostava dela.

_ Nem somos amigos. – ela disse – Eu não posso aceitar, Cato.

_ Mas eu me considero seu amigo. – eu disse. – Não é como se fossemos melhores amigos, mas treinamos juntos desde os oito anos. E eu gosto de você. – eu observei seu rosto atingir uma coloração avermelhada e ela abaixou o olhar para a faca, disfarçando. – E é um presente, eu não vou deixar você me devolver.

_ Obrigada. – ela murmurou.

_ Você ainda faz... Aquilo? – eu perguntei, ela me olhou chateada, mas negou com a cabeça. – Jura?

_ Sim. – ela disse, seca.

_ Confio em você então. – eu disse e ela me olhou agradecida.

Ficamos em silêncio por mais tempo, ela ficou admirando a lâmina da faca. Eu queria o saber o que se passava na cabeça dela naquele momento.

_ Está vendo o CC? – ela assentiu. – Eu gravei. Cato e Clove. Assim você se lembra de mim quando você estiver nos jogos, algum dia.

_ Não posso levar armas para os jogos, Cato. – ela disse.

_ Mas você vai dar um jeito, eu sei. – dei o meu melhor sorriso maroto – Você sempre dá.

_ Certo, obrigada por isso. – ela colocou a faca de volta na caixa e a colocou dentro da mochila. – Me sinto mal por não ter trago nada para você.

_ É seu aniversário. Não precisava deixar nada para mim.

Ela assentiu ainda desconfiada e levantou.

_ Eu preciso ir, obrigada pelo presente.

Ela se virou e caminhou. Tomei coragem e gritei por seu nome, ela se virou e arqueou uma sobrancelha esperando por uma resposta.

_ Quer ir comemorar seu aniversário hoje? – ela não respondeu imediatamente. Parecia ponderar a ideia em sua mente. – À noite, no telhado da central de treinamento. Por favor.

_ Pode ser. – ela disse e sorriu – Até mais tarde, brave boy.

Percebi que fazia muito tempo que ela não me chamava assim.

E eu adorava quando ela me chama daquele jeito.

Então, só tente mais uma vez

Com uma canção de ninar

E aumente o rádio

Se você pode me ouvir agora

Eu estou chegando

Para que você saiba que você não está sozinha

E se você não sabe disso

Eu estou muito assustado

Porque eu não estou conseguindo falar com você pelo telefone

Então, basta fechar os olhos

Querida, aqui vai uma canção de ninar

Sua própria canção de ninar

_ Você veio. – eu disse enquanto a observava sentar do meu lado no telhado.

Ela olhou para mim, irônica. Podia ver o sorriso dela iluminado pela luar.

_ Sério que eu vim, Cato? – ela brincou. – Achei que fosse apenas um sonho seu comigo, sabe.

_ Ultimamente eu tenho tido muitos. – eu disse, sem pensar. Ela virou o rosto para frente, séria. – Desculpe...

_ Pelo o que? – ela fingiu que nada tinha acontecido e depois olhou para uma cesta que estava ao meu lado. – O que você trouxe aí?

Eu sorri com a mudança de assunto e puxei a cesta para meu colo.

_ Não há uma festa sem comidas, não acha? – eu retirei dois CupCakes de chocolate e entreguei um para ela. – Para você e para mim.

Ela pegou o bolinho e deu uma mordida, saboreando.

_ Isso é muito bom. – elogiou. – Quem fez?

Dei de ombros, sorrindo e ela riu.

_ Você? – perguntou incrédula.

_ Está rindo, é? Sou um cozinheiro muito bom.

_ Não acredito. – ela sorriu – Um grandalhão como você que arranca a cabeça de três pessoas de uma vez só sabe cozinhar, uau!

_ Hey, isso não é uma coisa só para mulher, certo?

_ Mas é estranho você cozinhar. – ela sorriu e depois ergueu as sobrancelhas como se tivesse tido uma ideia astuta. – Vou contar a todos que você, o garoto perigosos do Distrito 2, tem um hobby secreto: cozinhar! Imagina o que as pessoas diriam brave boy?

_ Você não faria isso, tampinha. – eu a empurrei de leve, mas fazendo-a deitar. – Ou...

_ Ou o que...?

_ Posso fazer cócegas em você, até você implorar para que eu pare.

_ Você não faria isso...

_ Pode começar a chorar por piedade, docinho.

_ Nunca.

Depois dessa noite foi como se a gente fosse melhores amigos de muito tempo. Eu sempre ia falar com ela, ela sempre vinha falar comigo. Treinávamos juntos o tempo inteiro. As pessoas temiam a gente, éramos a dupla perfeita. Cumplices.

E Clove era maravilhosa. Era impossível de estar perto dela e não se apaixonar. Mas ela não sabia disso.

Bem, todo mundo já alcançou o fundo do poço

Todo mundo já foi esquecido

Quando todo mundo está cansado de estar sozinho

E todo mundo já foi abandonado

Eu fiquei de mãos vazias

Então, se você mal está suportando

Dois anos depois...

Eu estava sentado em um quartinho pensando no que eu acabara de fazer. Eu havia me voluntariado para os Jogos, eu havia me voluntariado no mesmo dia em que ela foi escolhida. Eu não poderia lutar contra ela, eu nunca faria isso e o motivo de eu estar ali, naquele quarto, foi somente protegê-la porque seria demais para mim ver acontecer alguma coisa com ela e não poder ajudá-la. Eu não poderia ver ela morrer e eu estava indo lutar contra todos para mantê-la viva. Mataria todos que ficasse no caminho dela. Mataria qualquer um para mantê-la viva, até mesmo a mim.

Eu estava com a cabeça enterrada em mãos. Meu pai já viera falar comigo e meu treinador também. Rick, meu melhor amigo da escola me desejou boa sorte. Não faltava mais ninguém, eu estava tremendo. Talvez de medo, ansiedade, preocupação, quem sabe? Tudo estava bagunçado em minha mente. E eu queria saber como ela estava no quarto ao lado, quem estaria visitando ela.

E então eu ouvi aquela voz gritando com os pacificadores e entrando no quarto antes que eles pudessem puxá-la de volta. Ela se jogou nos meus braços.

_ Você é um idiota. – ela disse, socando minhas costas o que não estava doendo nem um pouco – Idiota. Idiota. Idiota. Por que fez isso?

Ela estava chorando.

Pela primeira vez em cinco anos, eu estava a vendo chorar de novo. Eu afastei um pouco de mim para que eu pudesse ver seus olhos e limpei uma lágrima dela com o polegar, mas vieram outras cada vez mais rápidas.

_ Não chora. – eu sussurrei. – Por favor, não chora.

_ Como eu vou conseguir ficar em paz sabendo que eu vou ter que te matar para continuar viva?! – ela quase gritou – Cato, como eu vou continuar vivendo duas semanas dentro de uma arena sabendo que o dia da gente lutar vai se aproximando cada vez mais?

_ Fica calma. – eu murmurei apertando contra meu peito – Seria eu que não ficaria em paz sabendo que não teria ninguém para proteger você, Clove.

Os pacificadores entraram no quarto e a arrancaram do meu braço falando “sua hora acabou” e eu me vi trancado outra vez no quarto. Sozinho.

Eles a tiraram de mim. Um desespero fixou em meu peito. Foi tão fácil para eles tirá-la de mim uma vez, o que garante que eles não façam outra?

Então, só tente mais uma vez

Com uma canção de ninar

E aumente o rádio

Se você pode me ouvir agora

Eu estou chegando

Para que você saiba que você não está sozinha

E se você não sabe disso

Eu bati na porta do quarto de Clove. Não demorou para que ela viesse abrir para mim e quando viu de quem se tratava, ela fechou, mas eu a impedi de que ela continuasse o gesto com meu braço e forcei a porta a abrir. Ela rolou os olhos, irritada e deitou na sua cama se cobrindo, e ignorando como se eu não estivesse ali. Fechei a porta e me sentei na cama de frente para ela.

_ Clove?

Ela me ignorou.

_ Clovs? – tentei outra fez. Ela cobriu a cabeça com o lençol. – Por que está me ignorando? – não houve resposta. – Clove, não me faça arrancar esse lençol da sua cabeça.

Ela retirou o lençol e sentou na cama, séria.

_ Só estou fazendo o que você vêm fazendo comigo desde que chegamos ao Capitol! – ela respondeu. Eu olhei confuso para ela e ela revirou os olhos. – Desde que a gente chegou você é: Glimmer pra cá, Glimmer pra lá, você nem sequer falou comigo direito, Cato! Quer saber? Vá atrás da sua namoradinha ridícula e me deixe dormir em paz!

Eu sorri.

_ Você está com ciúmes!

_ O que? Ah, não fale besteiras, Cato! Eu não tenho ciúmes de você, por favor. Eu só detesto ser ignorada, entendeu? Então volta para sua namorada e me deixa em paz.

_ Ela não é minha namorada.

_ Não é? – ela franziu o cenho. – Bom, então não importa o que ela é, só-

Eu a interrompi com um beijo. Um beijo. Algo que eu vinha tentando fazer há muito tempo, algo que eu sempre quis fazer. E o beijo dela era exatamente como eu imaginei que fosse.

_ Ela não é você, Clove. – eu sussurrei quando nos separamos. – E só tem uma garota que eu quero para ser minha namorada.

Eu a puxei para deitar comigo em meu peito e nos cobri com o lençol, ela se apertou comigo e eu comecei a acariciar o cabelo dela, como eu sempre fazia quando ela não conseguia dormir.

_ Eu estou com medo de perder você. – ela afirmou. – Eu não saberia ficar sem você.

_ Você não vai me perder, eu não vou perder você. A gente vai sair dessa juntos, eu prometo.

_ Não. – ela disse e fechou os olhos com força. – Só... Só não prometa o que não pode cumprir.

_ Eu vou fazer qualquer coisa para que a gente saia vivo dessa, Clove.

_ Se por acaso você morrer, Cato, eu não tentarei ganhar os jogos porque eu não iria conseguir viver o resto da minha vida sem você.

_ Nós iremos ganhar, pequena. – eu repeti.

Naquela noite dormimos abraçados, esquecendo que os jogos começariam no outro dia, esquecendo todo o perigo que a gente corria.

Porque nada mais importava se eu estava com ela.

Porque eu não estou conseguindo falar com você pelo telefone

Então, basta fechar os olhos

Querida, aqui vai uma canção de ninar

Sua própria canção de ninar

_ Clove, precisamos pegar a armadura. – eu disse a ela – Você pode caçar enquanto eu pego ela, tudo bem?

_ Não – ela me interrompeu – ,eu vou.

_ Clove, você não pode ir... – respondi – Não vai.

_ Por que não? – ela perguntou e ficou de pé. – Não seja bobo, eu volto logo.

Suspirei e comecei a procurar se algum tributo não havia ido para o banquete. Estava chegando perto da floresta, eu não conseguia pensar em nada além de Clove, se ela estava conseguindo. Já havia passado algum tempo foi quando eu ouvi:

“Cato!” era Clove “Cato!”

_ Clove! – respondi, mas estava muito longe.

Corri o mais rápido que eu podia, mas eu não consegui chegar a tempo.

Ela estava deitada no chão, imóvel.

_ Clove! – eu disse, não estava acreditando no que via. Abaixei-me e a peguei em meu colo. – Fica comigo! Clove, não me deixa!

_ C-Cato. – ela disse, eu olhei seus olhos esmeralda, eles perdiam o brilho lentamente – Obrigada por cuidar de mim, sempre.

_ Não me deixa, por favor. – eu pedi, chorando em seu peito. – Fica viva por mim.

_ E-eu não posso m-mais. – ela tossiu. – Saiba que... – outra vez tossiu – Eu amo você.

_ Eu também te amo, Clove, eu não posso deixar você ir. Deveria ser eu.

_ Ganha por mim, brave boy... – ela disse em um fio de voz. – E a gente se encontra um dia.

Eu iria dizer que ela não precisava ir, que ela ficaria comigo. Mas o canhão soou me mostrando que eu estava errado. Clove tinha ido para sempre.

E por mais que ainda estivesse vivo, eu fui junto com ela.

Querida, aqui vai uma canção de ninar

Sua própria canção de ninar


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Notas finais do capítulo

Pq o Cato é tão apaixonante? me digam! ♥Espero que tenham gostado, foi o maior capítulo que já escrevi! E, por favor, comentem.