From The Razor To The Rosary escrita por Persephonne


Capítulo 3
Capítulo 3




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Gerard se ajeitou na cadeira dentro do confessionário. Era incrível que, mesmo com a proteção daquelas paredes de madeira e cortinas, e a comodidade do assento onde estava, ele se sentia tão desconfortável. Encheu seus pulmões de ar e fechou os olhos, temendo o que viria a seguir.

-Então prossiga.

Do outro lado, Frank observava com cautela a cortina por trás das grades, como se pudesse enxergar através dela. O tecido de veludo vermelho estava imóvel,  e seu cheiro doce podia ser sentido de onde o garoto estava.

-Bom. Com eu já disse... eu gosto de meninos. E digamos que eu... já tive algumas... experiências com eles. E uma delas foi há alguns dias atrás.

O Padre quase caiu da cadeira. Mas Frank não parou por alí.

-E sabe, Padre... eu não posso negar que eu gostei. E eu gostei muito. Só que é pecado, não é?

Na dúvida se sorria, se chorava, ou se tentava dizer alguma frase com nexo, Gerard preferiu a terceira opção.

-Depende. De que experiências você fala? –Nem ele podia acreditar que fazia uma pergunta tão cretina.

Frank, por sua vez, mordia os lábios para não rir. Sussurrou, colando o rosto à proteção de madeira.

-De experiência sexuais, Padre. Sexo. Sexo com outros garotos.

O sacerdote ficou em silêncio. Não conseguia pensar em absolutamente nada para falar. E nem teria tempo, já que Frank continuou sua confissão antes de dar alguma chance para o Padre repreendê-lo.

-Eu estava numa boate, com uns amigos. Estávamos bebendo no bar quando esse cara, o Johnny , chegou em mim. Logo eu já percebi qual era a dele, não precisei pensar muito. Conversamos um pouco e ele me perguntou se eu queria ir para o apartamento dele.

Gerard  passou novamente a mão pela testa, agora vendo que seus dedos estavam completamente molhados de suor. Passou a mão trêmula pela batina e pigarreou , tentando tirar da garganta o embargo que insistia em permanecer.

 Frank continuava prendendo o lábio com os dentes para não rir. Foi em frente.

-Logo que ele abriu a porta do apartamento, me empurrou contra a parede. Eu fiquei lá, parado, meio surpreso, só esperando o que ele ia fazer. Então ele fechou a porta, acendeu uma luminária e veio pra cima de mim. Primeiro, foi puxando a minha camiseta pra cima devagar, enquanto me beijava o meu pescoço e subia lentamente até a minha orelha. Eu podia sentir as unhas curtas e afiadas dele arranhando a minha barriga, depois as laterais, e então as minhas costas.

Um arrepio percorreu o padre do começo ao final da espinha. “Senhor, por favor. Eu não peço, eu imploro”, pensou, enquanto tentava manter a respiração ritmada, o que lhe estava sendo difícil. “Eu não quero ouvir o que ele tem para contar. Eu não POSSO. Eu não vou agüentar a tentação”. Mas suas preces pareciam ser terminantemente ignoradas à medida em que Frank continuava a falar.

-Não demorou muito pra eu começar a sentir... bem, você sabe. Aquilo dentro das minhas calças.

Parecia automático. Ao ouvir a frase, o mesmo aconteceu com Gerard. Ele levou a mão até o meio das pernas, como se quisesse parar o que era impossível. Apertou os olhos com força, tentando desvirtuar a mente das imagens que vinham vívidas à sua imaginação.

-E aí, Padre, eu já não consegui me conter. O desejo e o pecado tomaram conta do meu corpo de um jeito que não dava pra segurar. E quando eu senti a mão dele tentando abrir a minha calça, eu deixei, e gemi alto quando senti o toque dele por dentro da minha roupa de baixo...

Gerard tentava pensar em absolutamente qualquer coisa que guiasse sua mente para longe dali. A neve caindo lá fora, a grama nascendo, o fogo da lareira queimando e... ah, o fogo. Não, o fogo não.

-Ele começou a me masturbar, primeiro devagar, enquanto eu o beijava e deslizava as minhas mãos pelo corpo dele. Tirei sua camiseta e então ele acelerou, e aquela sensação foi uma das melhores que eu já senti na minha vida. Um braço dele em volta da minha cintura enquanto a outra mão trabalhava mais abaixo, tão bem...

O cubículo do confessionário parecia ficar cada vez mais quente e apertado, e Gerard se escorou no recosto da cadeira. Afastou a mão que tentava conter o que já estava mais que evidente e agarrou com força a base do assento. Olhou para o teto, como se Deus estivesse sobre si naquele momento. “O que Você pensa que está fazendo comigo, mandando Frank vir aqui e me falar todas essas coisas?”, pensou. “Pois se acha que eu vou ceder às provocações verbais de um adolescente...”

-Aí ele começou a dar umas mordidas leves no meu pescoço, e foi descendo, passando pelo meu peito, os meus mamilos, até chegar a minha barriga e então o meu quadril. Ele abaixou a minha calça de repente e começou a me chupar. Eu não consegui conter um gemido quando senti sua boca quente em volta de mim, e agarrei os seus cabelos, impulsionando ainda mais pra frente...

 “Jesus. Eu não vou agüentar.” Gerard deixou seus lábios se abrirem devagar e a respiração ir cada vez acelerando mais. A sensação que vinha de dentro da batina já estava ficando insuportável, e logo começaria a doer se ele não fizesse algo sobre ela. Levou a mão até o colarinho novamente e afrouxou-o um pouco, ofegante, os olhos verdes quase fora de órbita, o volume por baixo da roupa começando a latejar...

-Ele continuou por alguns minutos, chupando com vontade, roçando os dentes dele em mim, e sua língua, e eu estava quase lá quando ele simplesmente parou e ficou de pé novamente.

Um suspiro de alívio escapou da boca do sacerdote. “Graças ao Senhor. Ele vai parar. Acabou. Não acabou ? Acabou, eu sei que acabou.”

-Só que aí, Padre, foi a minha vez de brincar com ele como ele tinha recém feito comigo...

Gerard apertou os olhos novamente.  “Não, não, não...” balançava a cabeça de modo negativo, tentando fechar os ouvidos com as mãos. Mas ele queria ouvir. Ele sabia que estava mais interessado naquela confissão do que em qualquer outra coisa que podia passar pela sua cabeça. Então desistiu de tentar ignorá-la.

-Eu também abri as calças dele, com um pouco de dificuldade, porque eram meio apertadas. Ele estava duro, praticamente implorando para eu chupá-lo, e suas mãos me guiaram para onde eu queria chegar...

O sacerdote deixou suas mãos escorregarem lentamente pela batina, alcançando a parte de seu corpo que mais pedia por um toque naquele momento. Não adiantava resistir. Era impossível.

-Então eu desci a roupa debaixo dele e me aproximei meus lábios do seu quadril quando... –Um ‘bip’ foi ouvido pelos dois, e Frank ficou calado na mesma hora.” – Oh oh. Acho que é hora de ir para a  minha aula de guitarra.

Gerard abriu os olhos, incrédulo. “Agora?”. Frank respirou fundo.

-É, não vou poder continuar a minha confissão. Uma pena... Tinha muitos pecados ainda pra contar.

O Padre deixou o corpo pender para a frente, sustentando a própria cabeça com as mãos. Queria falar, mas sua garganta estava bloqueada, a boca seca, e os pulmões vazios.

-Padre? Pode me dar a minha penitência? –O garoto perguntou, com toda a inocência que ainda possuía explícita na voz.

Dentro do confessionário, Gerard tentava raciocinar. Falou a primeira coisa que lhe ocorreu.

-Dez Pai nosso, Dez Ave Maria. Deus te abençoe.

Frank sorriu de lado ao perceber a respiração entrecortada e a voz falhada do Padre. Fez o sinal da cruz e se levantou, devagar. Estava feito.

 ***

A porta do banheiro do escritório foi praticamente arrombada. Gerard a trancou com a mesma pressa com que a abriu, e se inclinou sobre a pia, girando a torneira. “Eu preciso resistir a mais essa provação”, pensava, enquanto banhava o rosto e os pulsos com a água fria que jorrava. “Eu preciso ficar  longe desse garoto. Ele vai arruinar a minha vida”. Mas os esforços para desvirtuar a imaginação das cenas tórridas que Frank havia narrado, eram em vão. O volume por baixo da batina continuava saliente, e doía, sem o prazer de um toque.

Gerard se escorou na parede antes de fechar os olhos e sentar sobre a tampa fechada da privada. Recostou o corpo e foi subindo lentamente suas roupas, até descobrir o que estava machucando. Levou uma das mãos ao meio das pernas, massageando a si mesmo, com os pensamentos imersos nas aventuras que Frank havia narrado. As cenas vinham tão vívidas na sua mente, e sua própria mão trabalhava tão bem os efeitos que elas causavam, que sua respiração foi ficando ofegante, a pele suada, os movimentos mais rápidos...

Não adiantava negar para si mesmo. Ele sabia que seria para sempre o que havia sido no passado, mas tentava mudar por mais difícil que fosse. Todos os anos no seminário, após as crises que ele teve com as drogas e a bebida, não poderiam ter sido em vão. Estava disposto a continuar no caminho santo, e deixar para trás os tumultos e a agonia que os prazeres físicos haviam o proporcionado, mas agora, com Frank ali, praticamente chamando-o para o pecado, tentando-o com cada olhar e cada palavra, era tão difícil.

As lembranças do pequeno corpo entrando na sala do escritório no dia anterior e o modo como os grandes olhos verdes do menino haviam pousado sobre os do padre, não deixavam dúvidas que resistir seria mais do que um desafio. Era uma prova de fogo, e Gerard não sabia se estava pronto para enfrentá-la. E, naquela situação, sentado no banheiro, aliviando a agonia carnal com os pensamentos pousados sobre Frank, não tornava coisa alguma mais fácil...

Deixou o quadril tremer com os últimos suspiros do ato. As batidas rítmicas que a própria mão executavas foram interrompidas por alguns segundos de pausa, para retornarem em mais alguns movimentos bruscos e finais. Gerard respirou fundo. Tentou regularizar a respiração enquanto ficou parado ali, de olhos fechados, apenas descansando. Pegou um pouco de papel ao seu lado para limpar o líquido que havia ficado sobre seu corpo, e então se levantou. Não demorou muito para começar a se culpar.

“Quanto tempo eu ainda vou agüentar, meu Deus?”


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