Forksford escrita por KiaraBe


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores! Demorei, mas aqui está mais um capítulo!
Espero que gostem e que se assustem bastante! ;)
Boa leitura!
Beeeijos



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Kat ficou petrificada. Não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. E, pelo visto, nenhum de seus amigos pareceu acreditar também.

– Tudo bem, Max! Pode parar com a piada, não tem graça! - gritou Finn.

– E-eu não sei do que está falando! - respondeu o rapaz enquanto arregalava os olhos.

– A cabana é sua, como não sabe o que está acontecendo? Primeiro, um quarto com quadro sinistro e um espelho falso atrás! Depois, pedras são jogadas de tudo quanto é lug...

– Como assim? Que espelho? Que pedras? Só uma pedra foi jogada! - interrompeu Max.

Finn então se deu conta de que não contara aos outros. Olhou para Kat, que sacudiu a cabeça.

– O quarto em que eu ia dormir tinha um quadro sinistro que mostrava pessoas sendo perseguidas e devoradas por demônios, como se fosse um apocalipse bíblico. Fiquei tão incomodado que acabei tirando o quadro da parede e escondendo atrás do armário. Quando fui olhar para o que seria a parede, havia um espelho falso que dava para ver o quarto em frente, que era o da Kat. E quando eu estava no quarto com a Kat ontem, jogaram uma pedra pela janela antes que rolasse qualquer coisa. - contou Finn.

Os outros olharam para ele com uma expressão confusa. Para provar o que acabara de revelar, Finn, seguido pela morena, guiou os amigos até o quarto e mostrou o espelho falso. Os olhos de todos se arregalaram, tal como os de Finn quando ele descobriu o objeto.

– Meu Deus... - disse Cloe.

– Acho que nunca reparamos nisso porque não dormimos nesse quarto. - disse Max.

– Como nunca dormiram aqui? - perguntou Finn.

– Mesmo que a cabana tenha milhões de quartos, temos o nosso preferido. Também é questão de higiene, se é que me entendem. - explicou Max.

– Foco, por favor, gente! - disse Kat. - Nada disso vai ajudar a descobrir por que esse espelho falso está aqui. Max, foi seu tio quem construiu esse lugar?

– Não. Ele comprou de um casal, mas quem construiu foi uma família que morava aqui há gerações, acho que desde que a cidade foi construída. Mas parece que algo ruim aconteceu e eles tiveram que se mudar. Esse casal, então, apareceu e arrumaram o lugar que estava abandonado, mas ainda assim não ficaram muito tempo com ele. Meu tio me contou que eles pareciam ansiosos para vender o lugar e baixaram o preço ao máximo. - contou Max - Mas não sei como isso poderá nos ajudar agora.

Kevin, embora ainda com o medo estampado em seu rosto, refletiu por um instante e depois disse:

– Acho que não somos os primeiros a entrar nesse "jogo".

Tif e Cloe estavam paralisadas de medo e, assim como Kat, mal conseguiam dizer alguma coisa.

– Isso só pode ser brincadeira! Quem faria uma coisa dessas? - perguntou Finn. Havia raiva em sua voz, mas o medo também perturbava seu interior.

Ninguém sabia o que fazer ou como reagir àquilo tudo. Ficaram em silêncio por alguns instantes enquanto a chuva continuava a cair forte do lado de fora.

– M-Max... Fa-faça alg-guma coisa.... - Foram as únicas palavras que Tif conseguira pronunciar para quebrar o silêncio.

Tif agarrou o braço de Kevin assim que Max levantou para pegar uma lamparina antiga que estava na sala, perto da lareira. Pegou também uma lanterna e voltou a sentar no sofá, ao lado de Tif.

– E agora? O que faremos? - perguntou Cloe, tentando se acalmar, mas ainda tremendo.

– Vamos embora. - disse Finn, pegando as chaves da van.

Os outros concordaram e começaram a se levantar para partir. Nem pensaram duas vezes em pegar seus pertences, pois ninguém estava confortável com a ideia de se separar do grupo e vagar por uma cabana escura com um louco querendo "jogar" com eles. As mulheres ainda estavam paralisadas e foi preciso muito esforço para que elas começassem a andar, sem soltar o braço de seus acompanhantes. Finn e Kevin foram na frente, enquanto as moças iam no meio e Max no final.

Assim que a porta foi aberta, ventos fortes e congelantes sopraram para dentro da cabana.

– Eu e Kevin vamos na frente para abrir a van. Vamos trazê-la para mais perto, só então vocês correm, ok? - disse Finn. Os outros concordaram, nervosos.

Finn respirou fundo e contou até três. Ele e Kevin lançaram-se na chuva forte e congelante com o braço na altura dos olhos para conseguirem enxergar em meio aos enormes pingos que caíam. Chegaram ao mesmo tempo na van, e enquanto Kevin iluminava, Finn tentava abrir a porta do motorista. Ele tentava acelerar seus movimentos, mas suas mãos estavam geladas e duras demais. Nervoso, Finn acabou derrubando as chaves. Ao abaixar o corpo para pegá-las, Finn olhou para frente e viu grandes olhos brilhantes olhando em sua direção.

Paralisou.

As figuras aproximaram-se devagar e o sangue de Finn pareceu escapar de seu corpo.

Grandes e ferozes lobos rosnavam, olhando para os dois como se fossem a próxima refeição. Finn encarava um enorme lobo de pelagem negra, caninos à mostra e olhos amarelos e grandes. Abaixou-se lentamente e sussurrou para Kevin:

– Entre no carro o mais rápido que puder assim que eu abrir a porta.

Assim que sentiu as chaves firmes em sua mão e abriu o carro, Finn gritou para Kevin correr para dentro. Os lobos já estavam correndo em sua direção, ferozes e famintos. O atleta estava quase fechando a porta quando sentiu uma algo pressionando sua perna e uma onda de dor subir para o resto de seu corpo.

Kat gritou ao ver aquela cena. Seus dois amigos estavam sendo atacados por lobos e eles nada podiam fazer, a não ser se protegerem para não serem os próximos. Max fechou a porta da melhor maneira que pode para que os animais não entrassem. Cloe olhou na janela e deu um berro. Kat correu para junto dela e sentiu seu coração quase parar de bater. Um enorme lobo negro havia agarrado a perna de Finn. Os outros animais rodeavam a van a procura de um jeito de entrar. Kevin puxava o amigo com todas as suas forças, enquanto Finn dava socos no focinho do lobo. Um dos socos foi eficiente, pois o animal soltou sua perna, que a colocou rapidamente dentro da van. Cloe, Kat e Tif respiraram profundamente, aliviadas por seus amigos estarem finalmente dentro da van, a salvo.

Após ter presenciado tal cena, Max sentiu que precisava proteger as meninas, já que nada podia fazer para ajudar Kevin e Finn. Deixou as amigas com sua namorada na sala e correu até seu quarto, atrás da espingarda de caça de seu falecido tio. Foi até o quarto que Kat estivera no dia em que chegaram de viagem. Abriu o armário, tirou o fundo falso e pegou a espingarda.

Estava na metade do corredor quando algo segurou seu pé. Max caiu no chão e a arma rolou para longe de seu alcance. Tentou se soltar, mas algo grande o segurava com firmeza e o puxava para trás. Tentou gritar para pedir ajuda, porém sua voz parecia ter sumido. Foi puxado até o que parecia ser um buraco no chão do corredor. Tentava resistir com todas suas forças, mas nada parecia funcionar. De repente, sentiu um impacto na parte de trás de sua cabeça e sua visão ficou turva. Sentia um calor crescente na região que sofrera o impacto. Tentou se virar para ver seu agressor e ficou chocado. A figura era enorme e parecia deformada, não conseguia distinguir detalhes pois sua visão ficava cada vez mais turva e escurecida. Viu algo grande e veloz se movendo em direção ao seu rosto. Tarde demais para tentar se proteger, Max sentiu outro forte impacto em sua cabeça e desmaiou.


********

Depois de conseguir se soltar do animal, Finn tentou dar a partida na van. Ele sabia, agora mais do que nunca, que deveriam sair dali o mais rápido possível. Sua perna latejava de dor, mas não deu atenção a isso. Fugir deste lugar era a prioridade. A van teimava em funcionar, mas finalmente cedeu depois de várias tentativas de Finn e Kevin. Porém, assim que apertou o acelerador, o motor fez um barulho estranho e o carro balançou. Kevin tentou examinar o que houve com o veículo pela janela. Não só o motor havia morrido, como os pneus haviam estourado e atolado na lama. Não conseguiriam sair dali de carro.

– Não adianta, a van atolou e o motor morreu. - disse Kevin, afundando a cabeça nas mãos.

Finn teve um ataque de raiva. Estava furioso. Por que nada estava dando certo? Havia algo muito errado naquele lugar! Ele só voltou a realidade depois de receber um forte soco de Kevin no rosto.

– Não perca o controle agora! Deve ter alguma forma de sairmos daqui com todo mundo! Quanto mais perder o controle, menos chances teremos! Kat e Cloe estão lá dentro ainda, com Max e Tif e esse maníaco está solto por aí! - gritou Kevin.

Finn encostou a cabeça no volante, tentando se acalmar e raciocinar. Kevin falara a verdade. Não era hora de perder a cabeça. Outras pessoas precisavam dele. Kat precisava dele. Respirou fundo e perguntou:

– O que faremos então?

– Bom, não podemos proteger as meninas se ficarmos sentados aqui. Temos que voltar logo para dentro! - lembrou Kevin.

– Como vamos sair com esses malditos lob.... - ele parou por um instante - Pra onde foram os lobos?! - perguntou assustado.

– Não sei e prefiro nem saber! É a nossa deixa!

– Não podemos entrar pela frente. Eles devem ter trancado a porta por causa dos animais. E também não podemos ficar do lado de fora, não sabemos para onde os bichos foram.

Depois de alguns segundos, descobriram uma escada próxima à casa.

– Podemos subir pela escada e entrar pelo sótão. Depois é só descer a escada pra sairmos de lá. - sugeriu Finn. Ele ainda sentia dor pela mordida do lobo, mas ainda conseguia sentir seu pé perfeitamente, o que era um bom sinal. Tirou um pano da porta do motorista e amarrou na perna para evitar que sangramento o prejudicasse durante o plano.

Como não conseguiu pensar em um plano alternativo, Kevin aceitou a ideia, apesar de ser maluca.

Estavam se preparando para colocar o plano em ação quando escutaram um grito. Parecia ter vindo da casa e de uma das meninas. Finn imediatamente pensou em Kat e Kevin em Cloe. Eles se entreolharam e saíram correndo da van, agoniados. A chuva ainda caía constante, mas não tão forte quanto antes.

Ambos correram para pegar a escada e a encostaram na casa. Finn foi o primeiro a subir, e apesar de ferido, conseguia manter o ritmo intenso. Estava quase alcançando o telhado, quando escutou um grito de dor vindo do pé da escada. Os lobos haviam retornado. E não apenas estavam de voltam, como estavam atacando Kevin, que gritava de tanto pânico e dor. Finn ficou desesperado. Ele tentava puxar o amigo para cima, mas os lobos não soltavam as pernas dele e enfiavam seus caninos cada vez mais em sua carne a cada puxão que dava. Os urros de dor do amigo o enlouqueciam. Ele já estava usando toda força que tinha, mas ainda assim os lobos estavam conseguindo puxar Kevin para baixo. O chão ficava cada vez mais encharcado com o sangue do rapaz que escorria pela escada.

Kevin estava ficando cada vez mais pálido devido à hemorragia. Ele tentava ao máximo soltar-se dos lobos, mas era inútil. Finn estava descendo a escada e ficando muito próximo ao chão. Kevin entendeu a intenção dos animais. Pegaram um para conseguir dois.

– Finn, fuja! Eles vão te pegar também! - gritou.

Sabendo que o amigo não iria desistir, Kevin soltou as mãos de Finn e caiu no chão. A queda, somada à fraqueza gerada pela perda de sangue e pela dor incessante, deixou Kevin inconsciente. Os mesmos lobos que seguravam suas pernas com os caninos começaram a arrastá-lo e o levaram para longe.

Finn ficou paralisado. Não conseguia acreditar que aquilo realmente tinha acontecido. Mas não era momento para ficar chocado. Outro grito vindo de dentro da cabana trouxera Finn de volta a realidade a tempo de conseguir escapar de uma investida do enorme lobo negro. Subiu os degraus o mais rápido possível, não só para ir ajudar alguém em perigo, mas também para evitar que tivesse o mesmo destino que Kevin.

Assim que chegou ao telhado, Finn empurrou a escada. Não sabia exatamente por quê fizera aquilo, mas tudo estava tão estranho e confuso que a ideia de lobos subirem escadas não parecia tão absurdo assim. Com a adrenalina em seu sangue, correu para encontrar a janela do sótão. Era um tanto quanto pequena para seu tamanho, mas suficiente para conseguir passar sem grandes problemas. O moreno tentou entrar o mais rápido que conseguia. Estava preocupado com seus amigos, principalmente com Kat. Muitas coisas fora do normal já haviam acontecido e isso fazia Finn pensar que elas poderiam não ser nem a metade do que estava por vir.


*********

Tif, Cloe e Kat estavam na sala, chocadas com tudo o que viram. Não tinham ideia de onde surgiram aqueles lobos e nem como sumiram tão rápido. Parecia que alguém os controlava, ou que eram organizados. De qualquer forma, foi assustador.

O coração de Kat estava acelerado, quase saindo por sua boca. Ver Finn naquela situação e não poder fazer nada para ajudar era torturante. Mesmo depois que conseguiu se soltar do animal, Kat sabia que ele devia estar sentindo muita dor. Só de pensar em ter caninos do tamanho de seu polegar enfiados em sua carne já lhe causava calafrios. Olhou novamente pela janela e viu que a van não estava saindo do lugar, mesmo ligada. Segundos depois, viu os pneus esvaziando e uma fumaça branca saindo do motor. Arregalou os olhos e olhou para as amigas. Ambas também haviam arregalados os olhos e seus rostos estavam dominados pelo medo e apreensão. Sem a van, não conseguiriam sair dali rapidamente.

As três olharam em volta, procurando Max. Ele conhecia a área, poderia ter alguma resposta, alguma maneira de sair dali. Mas não o encontraram na sala. Tif deu alguns passos em direção ao corredor e gritou, apontando para o chão. Kat e Cloe correram até a amiga e olharam para onde ela apontava. Havia uma espingarda no chão e um rastro de sangue que seguia até um buraco no meio do corredor. Uma espécie de alçapão estava aberto e o escuro era absoluto dentro dele. Cloe caminhou até a espingarda e a pegou. Mais assustada do que as amigas, ela estava desesperada por qualquer coisa que pudesse dar alguma proteção a elas.

Escutaram algum barulho, vindo da cozinha, o que fez Cloe ficar a frente das amigas, apontando a arma para qualquer coisa que aparecesse. Caminhou o mais lentamente que pode, a adrenalina e o pavor em conflito dentro de si, mas pronta para atirar.

Kat e Tif estavam paralisadas. Não tinham coragem de dar um passo sequer.

Subitamente, sentiram algo gelado se fechar em seus tornozelos. Um segundo depois, ambas caíram ao chão e foram arrastadas como se fossem meras bonecas de pano. Kat não conseguiu reagir a tempo e acabou caindo de cabeça, desmaiando logo em seguida. Tif, por sua vez, conseguiu amortecer a queda, caindo um pouco de lado. Ela tentava se soltar mas continuava a ser arrastada como se não pesasse nada.

Elas foram puxadas até o alçapão, que se fechou logo depois de entrarem nele.

Cloe olhou a sua volta e paralisou de medo e pânico. Não tinha ideia do que fazer, nem de como ajudar os outros.

Estava sozinha.


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Notas finais do capítulo

E então meus amores, o que acharam? Deixem reviews. please! Becitos!