A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 11
X. Passado, presente e futuro


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, mil perdões pela demora. Finalmente um cap novo e cheio de emoções :D Espero que gostem!



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X. Passado, presente e futuro

Max não conseguia segurar a emoção. Era seu pai ali naquela cama! Estava tão feliz em vê-lo que não se permitiu indagar nem o como ou o porquê dele estar ali. Apenas fixou sua visão turva no rosto do homem barbado a sua frente. Sequer percebeu que Aurora e Caim trocavam olhares cuidadosos, pois mesmo após a cura o homem não abrira seus olhos.

Aurora em todos os seus séculos de vida ainda não havia presenciado tal fato. Engoliu em seco com a angustia que povoou seu coração. Precisava falar com sua mãe urgentemente. Talvez ela pudesse acordar o pobre homem e trazer um sorriso ao rosto do estrangeiro.

Retirou a mão da testa do homem e caminhou até Max. Curvou-se levemente tocando seu ombro, entretanto as palavras fugiram de sua boca.

– Ele está bem? Está curado? - perguntou o loiro angustiado, percebendo só naquele momento que seu pai ainda não havia aberto seus olhos.

Mais uma vez Aurora sentiu-se sem rumo. Ela não sabia a resposta para aquela pergunta, mas simplesmente não podia dizer-lhe isso e destruir toda a esperança que brilhava em seus olhos âmbar. Então forçou um sorriso nervoso e murmurou.

– Vai sim... Ele só precisa descansar. Deve ter sofrido muito para não querer acordar.

Caim lançou um olhar nervoso para a elementar que apenas balançou a cabeça angustiada pedindo silenciosamente que o homem mantivesse a boca fechada. Caim respeitou o pedido e saiu do quarto para dar privacidade ao jovem. Max sentindo o corpo mais leve com as palavras de Aurora levantou-se e sentou-se na cadeira ao lado da cama de seu pai segurando-lhe a mão carinhosamente.

– Eu posso ficar com ele?

– Claro... Não quer avisar Louis sobre isso? Ele deve querer saber que o pai está vivo.

– Louis não é meu irmão de sangue. Somos apenas grandes amigos. Na verdade eu acho que Louis é filho de Augusto.

Aurora piscou os olhos rapidamente perdida com a tagarelice de Max. Como ele conseguia falar de assuntos tão sérios como se fossem triviais?

– O que você disse?

– Bem. Na verdade viemos para cá para saber do passado de Michaella, mãe de Louis, mas temíamos que ela tivesse feito algo grave e sido expulsa daqui. - passou a mão nos cabelos do pai enquanto o olhava nostalgicamente. - Por isso falamos que éramos irmãos de sangue. Só para evitar um primeiro confronto. Mas quando eu vi Augusto... Eles são muito parecidos. Acho que Michaella só saiu daqui porque algo aconteceu entre ela e Augusto.

– Espera um minuto! - exclamou Aurora pasma. - Você está me dizendo que Louis é filho de Michaella? A Michaella?!

Finalmente saindo de seu estado letárgico Max ergueu os olhos curiosamente para Aurora que tinha os seus arregalados e balançava os braços sem conseguir conter a perplexidade.

– Bem... Não sei se A Michaella é a mesma Michaella mãe do meu melhor amigo. Se for a de cabelos negros e olhos acinzentados a chance é bem grande.

– Minha nossa! - exclamou a elementar com os joelhos moles.

Acabou por sentar-se ao pé da cama.

– O que foi Aurora?

– Michaella é a elementar do equilíbrio. Se Louis for mesmo filho de Augusto isso quer dizer que ele é filho de dois elementares. Tem noção do poder que seu amigo carrega e nem se dá conta?

– Michaella é uma elementar? - Max arregalou seus olhos, sua mente trabalhando com incrível rapidez. - Mas espera, os poderes não passam apenas de pai para filho e de mãe para filha? Louis então só teria os poderes de Augusto.

– Bem... - ponderou Aurora. - Não posso garantir. Isso nunca aconteceu antes. Quero dizer, o fato de dois elementares se relacionarem. Eles meio que se consideram irmãos, não é a toa que os chamo de tios.

Talvez por isso ela tenha fugido. Pensou Max. Ele precisava conversar com Louis. Olhou para o seu pai, bem, ele não sairia dali mesmo.

– Mas se Louis é mesmo filho de Augusto, isso explicaria sua incrível destreza na arte da luta. Augusto é o melhor guerreiro que existe, mas também ouvi falar que Michaella era estupenda. Filho da guerreira equilibrada com o guerreiro da justiça, uma mistura no mínimo interessante.

O jovem olhou um tanto divertido para a pequena elementar que acabara de disparar divagações sem ao menos notar que ele a fitava profundamente.

– Acho então que devo falar com Louis.

– Sim! Claro! Vá Maximiliano. - sorriu.

Max aproximou-se e sem se conter abraçou Aurora. Um frio estranho movimentou-se no estômago da elementar que, surpresa, não se opôs ao ato.

– Muito obrigado por curar o meu pai. - sussurrou antes de beijar-lhe a bochecha que esquentou conforme seus lábios tocavam a pele.

A elementar deixou-se levar retribuindo o abraço ao enlaçar seus braços ao redor do pescoço de Max que lentamente afastou-se para olhá-la nos olhos. Estava tão ferrado por ter se apaixonado logo por uma elementar! Mas ei! Seu melhor amigo também era, que mal faria estreitar os laços com uma mulher milhares de vezes mais poderosa que ele? Nunca foi de se impor com sua virilidade não seria agora que deixaria seu ego interferir. Ainda mais percebendo nos olhos escuros a sua frente que o sentimento era recíproco. E como o ato mais natural de sua vida colou os lábios aos da elementar.

O coração de Aurora entrou em completo frenesi enquanto seu corpo desmanchava-se nos braços do estrangeiro. Aquilo era certo? Não tinha ideia, só queria que aquilo nunca terminasse. Entretanto seus desejos não foram alcançados e lentamente Max afastou-se com um sorriso que mal cabia em seu rosto.

– Nos falamos depois. - disse ele antes de encostar rapidamente seus lábios aos dela e seguir rapidamente para fora da casa de saúde.

A elementar apenas assentiu sorrindo com o novo sentimento que instalava-se em seu coração. Logo ela também corria, porém procurava seu querido tio sábio. Precisava dar um jeito de acordar o pai de Maximiliano.

Louis caminhava perdido em pensamentos após a longa conversa com o justiceiro, foi neste meio caminho que algo começou a acontecer. O guerreiro sentiu algo incômodo em seu estômago, uma espécie de mal pressentimento. E não demorou para que o agouro tomasse forma.

O chão começou a tremer naquilo que seria o inicio da divisão do grande continente. Ninguém havia presenciado algo daquela magnitude, gigantescas pedras rolavam do Pico Sagrado derrubando as primeiras árvores da planície. Algumas construções também desfaziam-se levando os moradores a correr para fora em desespero. Gritos soaram pelos poucos dois minutos que durou o terremoto.

O jovem guerreiro sentia seu coração quase em sua boca. Olhou angustiado para a sua volta notando o desespero de diversas pessoas. As compreendia perfeitamente. Até que notou o olhar conhecido de seu melhor amigo. Correu até ele ainda assustado.

– Louis! Você está bem?

– Sim... Você?

– Sim.

– Tem ideia do que foi isso?

– Nenhuma... Nem naquele duelo entre tio Demetri e tio Isaac o chão tremeu desta forma.

Não demorou para que os líderes da vila começassem a acalmar os moradores, entretanto todos eles escondiam algo em seus olhares, algo que não passou despercebido para Louis. Eles estavam ansiosos, era notável, mas além disso também havia temor. E para até mesmo os elementares ficarem com medo é porque seu mau pressentimento não era tão leviano quanto chegou a imaginar.

– Como foi a conversa com seu pai? - perguntou Maximiliano.

O mais velho não se espantou. Conhecia Max a tempo suficiente para entender seu jeito deveras franco.

– Confirmador. Ele não tem certeza, mas eu tenho.

– É difícil negar. Vocês são parecidos demais.

– É... - Louis ainda não se sentia a vontade falando sobre o pai, a verdade é que sentia-se excluído pela mãe. Augusto parecia um homem decente o qual ele gostaria de ter crescido chamando de pai.

– E você não sabe quem está vivo! - Maximiliano abriu um largo sorriso.

Que tipo de pessoa faz esse tipo de exclamação?! Pensou Louis, mas logo ignorou se atendo ao real significado da frase.

– Quem?

– Meu pai!

Desta vez o guerreiro não pode evitar o espanto.

– O que? Malaki está vivo? Mas seus tios foram até a vila em que moravam... Disseram que ele não tinha sobrevivido.

– Eu sei. Eu também não acreditaria se eu não o tivesse visto agora a pouco com os meus próprios olhos. Ele está na casa de saúde, ainda está dormindo.

– Isso é incrível! Fico feliz por você. - Louis sorriu abraçando o amigo com alegria.

Um homem que passava por perto naquele momento os olhou desconfiado, afinal o clima na vila ainda era de confusão e medo.

– E deve ficar ainda mais! Acho que achei a mulher da minha vida!

– Veja só você cheio de novidades em pouco mais de duas horas! - Louis o olhou com diversão. - Quem é a mulher de sorte?

– Aurora.

– A elementar?!

– Qual o problema? Você também é um e filho de dois elementares. Parece que sua mãe é uma lenda por aqui.

O mais velho apenas fitou o amigo de maneira estupefata. Era muita informação em um dia só. Será que não conseguiria digerir tudo antes de uma nova explosão em sua vida? Precisava de um tempo antes que enlouquecesse.

– Você está bem? - perguntou Max ao perceber a expressão aflita do amigo.

– Sim... Eu só preciso de um tempo. O dia de hoje parece não ter mais fim.

– Tudo bem... Eu vou voltar até a casa de saúde para ver como meu pai está. Mas a noite se quiser conversar...

– Obrigado.

Max assentiu observando o amigo caminhar meio cambaleante em direção à sua cabana. Louis estava exausto mentalmente e não se surpreenderia se caísse diretamente em sua cama.

Os dias começaram a passar rapidamente, o estranho terremoto ainda era mistério na Vila Elementar. Os moradores queriam respostas que os elementares se recusavam a dar afirmando que esperariam as mulheres voltarem. O retorno de Michaella foi informação suficiente para que o povo deixasse o assunto terremoto em segundo plano.

Os líderes da vila estavam deveras ocupados, faziam reunião atrás de reunião, dia e noite, os semblantes cansados e estressados eram visíveis a qualquer um que quisesse ver. Concentravam-se atrás de uma solução para o que estava acontecendo com o planeta, mas a doença já estava enraizada e matá-la traria consequências difíceis de aceitar.

– É uma corrida contra o tempo, temos que acabar de uma vez com o Caos, caso contrário o planeta não resistirá. - argumentou Augusto seriamente.

Há muito tempo seus irmãos não o viam tão sensato. A chegada de Louis e o retorno cada vez mais próximo de Michaella traziam-lhe o discernimento de volta. E o justiceiro pensava com clareza.

– Caos já não é mais o problema. - murmurou Thalles ganhando a atenção dos três irmãos. - O problema é a semente de ojeriza que plantou. É a semente que deve ser extinta. E o único modo dos danos serem mínimos é se Louis interferir.

– O que! Isso é um absurdo! Ele é apenas um garoto! Não pode colocá-lo em uma missão tão perigosa!

– Se acalme Augusto. - pediu Nickolas colocando uma mão sobre o ombro do amigo e fazendo-o sentar-se novamente na poltrona da sala da casa de Davi. - Louis não é um garotinho centenário.

– Pare de interferir em meu humor! - grunhiu irritado o justiceiro. - Não aceito que Louis vá atrás desta semente... Se ela for tão perigosa quanto Thalles alerta, as chances dele voltar vivo são mínimas! Não vou perdê-lo agora que acabei de o conhecer!

– Eu entendo sua agonia meu irmão, mas não cabe a você decidir se ele vai ou não. - ponderou Davi. - E sim somente a ele.

Augusto bufou a contragosto.

– E você acha que ele vai recusar. Pelos céus! Ele tem meu sangue!

Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dos outros três. A situação não era das melhores, mas eles não podiam ignorar a ironia em Augusto sendo um pai tão zeloso.

– Falarei com ele na próxima Lua cheia e ele deve seguir imediatamente.

– Mas isso é daqui 3 dias! - argumentou Augusto com o desespero dominando o seu coração. - Dê a ele pelo menos a oportunidade de despedir-se de sua mãe.

– Ele a terá Augusto. Michaella chegará ainda hoje.

– Elas deveriam chegar em pelo menos duas semanas. - espantou-se Davi.

– Por causa do terremoto eles vêm em disparada e sem descanso. Quando chegarem muitos precisarão de cuidados médicos.

– Falarei com Arsênio. - prontificou-se Nickolas referindo-se ao esposo de Noemi e um dos responsáveis pela casa de saúde.

Terminada a reunião com um sentimento angustiante compartilhado pelos quatro cada um tomou seu caminho aos seus afazeres. Davi caminhou até a escola para verificar o andamento das atividades. Thalles seguiu para as plantações que estavam em plena expansão devido aos novos moradores. Nickolas foi para a casa de saúde fazer o prometido. E Augusto seguiu para o posto de comando.

O justiceiro não demorou a chegar e avistar os guerreiros em plena atividade. Aurora aumentara a intensidade dos treinamentos de tal forma que os gemidos de reclamação eram maiores que o som de espadas se chocando. Augusto franziu o cenho curioso do porque daquilo. Não deu muita importância, logo o sorriso espalhava-se pelo seu rosto enquanto apoiava-se na cerca de madeira e observava o duelo entre Louis e Aurora.

Os dois tornaram-se amigos ao longo dos dias. Afinal com a proximidade dela de Max as coisas dificilmente seriam diferentes. Aurora se divertia com as implicâncias dos amigos. E Louis agradecia silenciosamente pelos pesados treinamentos que o impediam de pensar em problemas durante o dia e o deixavam tão cansado que dormia durante toda a noite. A elementar vinha o ensinando sobre o domínio sobre os elementos já que Louis focou-se sua vida inteira no domínio do fogo sem dar a devida atenção a outros poderes que poderiam ser explorados.

Foi uma grande surpresa para o guerreiro quando manipulou, pela primeira vez, a água e acabou por encharcar Max. Logo ele dominou o elemento assim como os outros dois, ar e terra.

O orgulho preencheu o coração de Augusto ao avistar o filho lançando Aurora com uma grande rajada de ar fazendo-a girar nos céus e grunhir irritada. A demonstração de absoluto controle só fazia o sorriso do elementar alargar-se ainda mais.

Foi então que Louis a fez cair em grande velocidade, porém antes que ela se chocasse contra o chão e pudesse se machucar de alguma forma, ele a segurou no colo deixando o melhor amigo possesso de ciúmes.

– Louis! - grunhiu Max.

O guerreiro sorriu divertido colocando a elementar no chão e apoiando seu braço nos ombros da mesma que ria incrédula.

– Não aguenta uma competição Max?

– Não tem competição nenhuma seu idiota! - rosnou pulando em cima do amigo e o tirando de perto de sua amada.

Louis gargalhava enquanto desviava dos ataques do amigo, até que com um rápido movimento do braço direito fez com que a água de dentro de um dos barris, usados para armazenamento, caísse sobre o ciumento.

– Acho que isso vai esfriar um pouco a sua cabeça!

Aurora acompanhou as risadas enquanto se aproximava com uma toalha para secar o companheiro. Maximiliano sabia que o amigo nunca flertaria com sua companheira, Louis não o trairia de tal maneira, entretanto não podia evitar o ciúme irracional que o assolava quando a via com qualquer outro homem. Com isso acabava virando motivo de piadas do amigo e da elementar.

Augusto observou com curiosidade toda a interação. Até que acabou por chamar os dois estrangeiros.

– Louis! Maximiliano! - chamou-os sorrindo.

Os dois jovens seguiram até a cerca juntamente com Aurora embaixo dos braços do mais novo.

– Oi tio Augusto.

– Como vai querida?

– Bem. - sorriu.

O justiceiro apenas assentiu e pensando que traria mais um sorriso ao filho informou.

– Thalles informou que as mães de vocês chegam hoje.

– Isso é ótimo! - exclamou Max. - Talvez mamãe possa acordar meu pai.

Disse esperançoso para Aurora que apenas assentiu sem ter coragem de retrucar. Tinha aumentado os treinamentos justamente para que seu amado, vencido pelo cansaço, não se preocupasse com seu pai. Mas agora não poderia mais evitar.

Já a reação de Louis não foi a esperada por seu pai. O guerreiro perdeu-se em pensamentos enquanto seu estômago dava voltas. Precisava conversar com sua mãe, sabia disso, mas estava tão bravo com ela que tinha medo de sua própria reação.

– Eu não sei se quero vê-la. - murmurou.

– Louis! - censurou Max. - Deixe-a pelo menos explicar... Dê um voto de confiança.

– Confiança?! - grunhiu irritado. - Ela me privou de uma vida ao lado do meu próprio pai!

– Eu sei, mas ela poderia ter feito pior.

Louis olhava-o com incredulidade enquanto Augusto observava com pesar a mágoa do filho.

– Ela poderia ter mentido, dito que seu pai havia morrido. Inventado um monte de histórias. Se isso tivesse acontecido provavelmente ainda estaríamos na vila em que crescemos. - continuou Maximiliano sem abalar-se com o humor do amigo.

– Isso não diminui em nada o que eu estou sentindo.

– Eu sei, mas se você ouvi-la, talvez essa sua revolta diminua.

– Ou talvez ela só aumente. - bufou e caminhou para longe dos três.

Aurora olhou para o justiceiro e não se conteve.

– Não é melhor o senhor falar com ele?

Augusto apenas suspirou.

– E dizer o que? As chances de Louis agir rudemente com sua mãe são muito menores que eu cometer o mesmo ato. Eu não faço ideia de como eu reagirei quando vê-la.

A elementar surpreendeu-se pela estrema sinceridade e serenidade. Augusto estava muito mudado desde a chegada de seu filho. A verdade é que ele estava apenas voltando a ser quem era antes da partida de Michaella. E repetindo a ação de Louis ele virou-se e caminhou para longe do casal.

– Isso será no mínimo interessante. - sorriu Maximiliano.

Aurora o olhou incrédula, mas então sorriu revirando seus olhos. Ao que parece pouquíssimas coisas abalavam o bom humor do companheiro.

[...]

A corrida ininterrupta finalmente teve seu fim quando ao longe avistaram os gigantescos pilares que marcavam a entrada na Vila Elementar. Michaella não pode evitar que a nostalgia dominasse seu coração e sua mente. Lembrou-se quando ergueram as duas gigantescas pedras e envoltos por um poder antigo desenharam a chegada ao planeta. Eram tão jovens e felizes... Como foi encantador ver pela primeira vez as figuras dançando e contando sua própria história.

Caminhos sinuosos a levaram para longe de seus queridos irmãos para finalmente uma curva a trazer de volta à eles. Estava nervosa e repleta de saudades.

Seguiram para dentro da vila após um rápido cumprimento com o guardião do momento. Não demorou para que dezenas de moradores aparecessem na entrada e começassem a ajudar os feridos e cansados. Michaella observava tudo com a mão em seu coração.

Tudo estava tão diferente do que se lembrava. As estruturas eram muito mais simples quando morava ali, não havia tanta gente... Aproveitou que ninguém ali era velho o suficiente para reconhecê-la e caminhou em direção a sua antiga cabana. Será que ela ainda estava de pé? Será que outra pessoa estava a ocupando? Com o aumento da população não se surpreenderia se assim o fosse. Ou talvez tivessem a modernizado... Quem sabe?

Michaella fez de tudo para concentrar-se em sua cabana, mas era apenas um meio de evitar pensar em Augusto. Missão falha já que para cada lugar que seus olhos miravam uma lembrança nova povoava seus pensamentos. Lembrava-se do quanto ria junto ao justiceiro, ele adorava contar-lhe histórias curiosas dos povoados do sul e ficava exasperado com as provocações de Nickolas, os dois viviam protagonizando disputas absurdas... Numa delas Michaella acabou prendendo-se em uma forte alga no fundo do lago, os dois entretidos demais em uma corrida não perceberam que a elementar estava se afogando.

Estremeceu com a lembrança de seu corpo sofrendo espasmos pela falta de ar e o tremor foi ainda maior quando recordou dos lábios de Augusto contra os seus na tentativa de salvá-la. Foi a primeira vez que seus lábios se tocaram e nunca mais pode esquecer-se da reconfortante sensação. Desde aquele dia as coisas entre os dois mudaram, seus pensamentos estavam sempre um no outro, sonhavam com beijos e toques até o dia que finalmente se renderam ao novo e desconhecido sentimento.

– Michaella... - o sussurrar quase assombrado tirou-lhe de suas lembranças e a trouxe novamente à realidade.

Em frente a sua antiga cabana estava Augusto a olhando tão profundamente quanto se lembrava.


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Notas finais do capítulo

Maldade acabar nessa parte né? Desculpem, mas se eu não parasse aí levaria mais alguns dias para postar o cap. Prometo demorar menos desta vez ;)



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