POV Peeta

Quando Katniss me contou que estávamos esperando outro filho, minha unica reação foi largar o prato em minha mão, fazendo ele se espatifar no chão, o que na verdade não foi uma boa idéia já que depois tive que ficar recolhendo os cacos.

Eu fiquei extremamente surpreso, quer dizer, quando Katniss decidiu ter a Lillian eu considerei como uma espécie de milagre, e agora teríamos outro filho. Lillian ganharia um irmãozinho!

Os primeiros meses foram tranquilos. Agora Katniss estava muita mais calma em relação a isso, mas mesmo assim ainda ficava um pouco apreensiva. E eu não entendia o porque, ela era a melhor mãe que Lillian poderia ter, era protetora, brincalhona e atenciosa. Mas nada do que eu falava convencia Katniss.

Tivemos que contar para Lillian que ela teria um irmãozinho, e na hora sua única reação foi largar seus brinquedos por um segundo e perguntar:

– Vou ter que dividir minha mamãe?

Depois disso, ela começou a agir super carinhosa. Sempre que Katniss está perto ela vai conversar com a barriga, ela também já separou um cantinho em sua cama aonde o irmãozinho vai dormir.

Quando eu parava para pensar em tudo o que eu havia me tornado com o passar dos anos eu nem acreditava. Agora eu era pai, marido, trabalhador. Havia superado tudo o que tinha acontecido, nós estávamos fadados a nos tornarmos nada. Todos achavam que nossas vidas seriam guiadas pelas tristezas do passado, mas foram pelas alegrias do futuro.

É claro que eu ainda tinha que acordar toda noite para consolar Katniss, isso nunca acabaria. Eu ainda perdia a mim mesmo as vezes, apesar de ser bem raro agora. Mas isso não guiava nossa vida mais.

Apesar disso, eu ficava preocupado com o dia que os nossos filhos saberiam a verdade. É claro que eu falava para Katniss que tudo ficaria bem, ela precisava disso e eu também sabia que tudo ficaria bem, mas, não era uma coisa fácil de se contar. E também, quando seria a hora certa de contar? Não acho que exista um momento preciso para se dar notícias ruins, a hora nunca é boa.

Enquanto estava em meus devaneios, ouvi os passinhos apressados da Lillian, olhei e vi ela correndo com a testa enrugada. Eu sempre achava graça quando ela estava assim, com seus 2 anos e tão preocupada.

– O que foi, meu amor? - Perguntei enquanto ela se aninhava em meus braços.

– Mamãe está passando mal de novo - Ela me explicou com sua voz mais aguda que o normal.

Dei um breve sorriso para ela e depositei um beijo em sua testa. Depois coloquei ela sentada no sofá e fui atrás de Katniss. Encontrei ela no banheiro, sentada no chão ao lado do vaso e me sentei ao seu lado.

– Lillian veio correndo muito preocupada me contar que você estava mal. - Falei apoiando minha mão em seu joelho.

– Bem, voce sabe... coisas de grávidas. - Ela disse com uma careta.

– Pois é, esse negócio de estar grávida parece ser bem difícil.

Ela rio levemente e encostou sua cabeça em meu ombro. Ficamos assim por um tempo, eu sabia que Katniss ainda está passando mal e que ela precisava somente de um pouco de descanso para logo melhorar. Na gravidez de Lillian não havia sido assim, ela quase não tinha passado mal em comparação a essa gravidez.

Depois de um tempo, vi um par de olhos azuis surgir no batente da porta. Estiquei meu braço e Lillian pulou no meu colo, dando vários beijinhos "para sarar a mamãe", como ela mesmo dizia.

Aquela normalidade ainda me era um pouco estranha. Nós três, ou nós quatro, sentados juntos, um abraçado no outro. Aquilo era muito mais que eu imaginava, muito melhor, nem nos meus melhores sonhos durante os Jogos eu poderia imaginar isso.

Isso era tudo que eu precisava.