Rise of Lorien escrita por Sammy Martell


Capítulo 14
Capítulo Quartorze


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, sei disso, mas tenho motivos. Eu postei uma nova fic, Dear Love, que venho planejando há bastante tempo, então me concentrei um pouco nela.



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A primeira coisa em que penso é gritar, mas não sou tão burra a ponto de fazê-lo.

Sei que estou em desvantagem, não tenho armas e nem agilidade o bastante para combatê-lo antes que puxe o gatilho.

O mais impressionante é que quem segura a arma não é um mog e sim um adolescente magricela, com as mãos trêmulas e um tapa olho, me recuso a duvidar que posso vencê-lo, mas não gosto de julgar as pessoas pela aparência, não depois de tudo que vi e passei, então apenas procuro evitar qualquer tipo de combate.

Talvez pudesse persuadi-lo com palavras?

– Por favor, o que quer que eles tenham, posso te ajudar a achar. - tento manter minha voz firme o que naquele momento parecia impossível - Não atire.

– Eu vou atirar! Eu vou atirar porque não vou deixá-los tê-la. Você não entende, estarei lhe fazendo um favor. - o menino parece à beira das lágrimas.

Lentamente me viro, minha respiração lenta e meu coração acelerado, sinto o toque frio da arma em minha cabeça no momento que consigo encará-lo. Fecho os olhos por um momento, respirando fundo antes de voltar a abri-los.

– Qual é o seu nome? - pergunto, mantendo a calma.

Ele não responde, desviando o olhar.

Levo uma mão até seu rosto, delicadamente pegando seu queixo, mesmo que ele tente resistir no começo acaba cedendo a meu toque e me permite virar seu rosto para mim.

– Qual é o seu nome? - retorno a perguntar.

– E-eles não me deram um novo nome. - gagueja.

– Então me diga seu velho. - peço.

– Ci... - para como se estivesse indeciso, vejo a mão que segura a arma abaixar - Cinco. - finalmente se rende, abaixando a arma por completo.

– Cinco? Como o número?

Ele assente.

– V-você é de Lorien?

Novamente o garoto assente.

– Cinco, eu sou a Número Um - começo devagar, estendendo a mão para pegar sua arma.

Mas, de repente, Cinco levanta a arma bruscamente apontando-a novamente para minha cabeça.

– Impossível! - grita. - Você não pode ser! Ela está morta.

Então me atinge, como um soco no estômago obrigando-me a recuar com os olhos arregalados; ele não é o nosso Número Cinco.

– Eu posso explicar. - peço, percebendo seu dedo começando a pressionar o gatilho.

– Não, você está com eles! Aposto que é uma armadilha, para matar os que restam de nós. Não há nada para explicar.

Respiro fundo, fechando os meus olhos e espero pelo pior, me lembrando de meus amigos que estão dentro daquela casa com uma traidora. Penso no momento em que ouvirem o tiro virão aqui fora para investigar e verão meu corpo estendido no chão, na frente do tapete de entrada, maldito seja Cinco, por que ele não pode ver que estou tentando ajudar?

Então, no meio de um turbilhão de pensamentos uma voz se destaca: Jake.

"Ruiva? Aonde você foi?", as palavras são como um energético para mim, lembrando-me que ele está lá, e que é uma maneira de pedir sua ajuda.

"Venha aqui para fora e fique em silêncio." peço "E venha pelos fundos."

Abro meus olhos olhando para a expressão desesperada do adolescente a minha frente.

– Me desculpe. - Cinco diz, as lágrimas escorrendo descontroladamente por suas bochechas - Me desculpe mesmo, só estou fazendo o que é melhor para você.

Quando ele fecha o olho visível eu sei que minha hora chegou e rezo para todos os deuses ou anciões que eu saiba da existência que Jake consiga me ajudar.

– Me desculpe. - sussurra mais uma vez, muito baixo, quase como se estivesse pedindo desculpas para mais alguém.

Ouço um estalo, mas não sinto nenhum impacto, nada como se meu crânio estivesse sendo perfurado, no entanto também não sinto o toque gelado da arma em minha testa, o que deveria ser tanto um bom quanto mau sinal.

Lentamente abro meus olhos, piscando-os várias para ter certeza de que o que estou vendo é real e não uma miragem louca pós-morte ou algo assim.

– J-Jake? - gaguejo.

Lá está ele, a cabeça abaixada, os cabelos loiros caindo na frente do rosto como se não quisesse que eu o visse. Ele não tem nenhuma arma em sua mão, mas quando olho para o chão me surpreende o fato de que, aos nossos pés, está Cinco. Morto.

– Você fez isso? - pergunto indicando Cinco.

Jake levanta a cabeça, seus olhos azuis mais frios do que nunca.

– Ele não deveria ter te ameaçado. - tão fria quanto seus olhos, sua voz está rígida e cheia de um sentimento que me parece estranho nele, raiva.

E tão rápido quanto apareceu, ele desaparece.

– Invisibilidade? Sério isso Jake? Por que nunca me contou? - me sinto louca ao falar com o nada.

– Bom dia Caroline. - sua voz continua tão sombria quanto antes.

E ele me deixa lá, sozinha e sem palavras.

Após alguns minutos encarando o nada, sou surpreendida pela porta que abre de repente. Um vulto vermelho me envolve em um abraço caloroso e apertado.

– Graças a Lorien você está bem. - ela diz, passando sua mão em meu cabelo. - Nunca mais, entendeu? Você não vai sair da minha guarda.

Sammy finalmente me solta, mas suas mãos continuam em meus ombros, obrigando-me a encara-la nos olhos.

– Nunca mais. - sussurra.

Assinto com a cabeça, um pequeno sorriso se formando.

***

O resto do dia pareceu voar, Sammy e Khan nos explicaram tudo o que estava acontecendo, tudo sobre a Muralha e as gangues humanas que estavam sequestrando lorienos. Afinal já era ruim o bastante ter os mogs nos caçando, mas o que impede os humanos de o fazer também.

Eu cozinhei o jantar, já que não confiava em Sra. Evans depois de sua revelação. E pelo pequeno tempo da noite antes de dormir eu e Sammy ficamos conversando sobre nossas experiências enquanto estávamos separadas.

Ela me contou sobre como ganhou cura após Khan ter levado um tiro e como a ruiva o curou sem mesmo entender o legado. E eu contei sobre a biblioteca e o incêndio, o que pareceu deixá-la bastante impressionada, pois sorriu orgulhosamente para mim depois.

Fomos dormir após mais alguns minutos de conversa inútil e foi aí que eu tive um problema.

Depois de semanas dormindo em um esgoto, com medo que os mogs te achem, você não tem mais a capacidade de dormir em paz, pois teme que a qualquer momento tudo a sua volta vai desmoronar.

Eu tento fechar os olhos, mas os barulhos de madeira estalando e da brisa na janela me distraem de modo que não consigo me desapegar do mundo e cair no sono. E, obviamente, depois de alguns minutos tentando, eu desisto.

Me levanto lentamente, saindo do quarto e indo até a cozinha, onde pego uma pequena garrafa de água.

Estou enrolada em um roupão rosa e meus pés descalços tocam o chão frio de madeira, não me lembro da última vez que tive tal conforto e eu gostaria se voltar para a época em que éramos eu e Robertta e a única coisa com a qual nós preocupávamos era no que iríamos comer no jantar.

– Sonhando acordada? - uma voz diz.

Me viro em sua direção para ver Jake, com um sorriso melancólico no rosto.

– Por que não sonha enquanto dorme? - pergunta dando ênfase na palavra "dorme"

Sorrio para ele, sentando-me ao seu lado.

– Não consigo.

Eu espero que ele explode em perguntas como "por quê?" ou "pesadelos?", algo do gênero. Porém ele apenas vira o rosto como se quisesse esconder algo.

– Nem eu. - murmura.

Como fiz mais cedo com Cinco, estendo minha mão tocando a ponta de seu queixo delicadamente e o viro para mim. No entanto, diferente de mais cedo, agora o faço sob outras circunstâncias.

Quando o toco, sinto algo diferente, como admiração. Mas qual poderia ser o motivo? Quero dizer, por que estaria admirada com Jake? Sei que ele me salvou mais cedo, mas o que estou sentindo agora é tanto admiração quanto orgulho.

Quebro o contato e naquele momento pareço não sentir mais nada a não ser cansaço. Nesse momento uma ideia maluca surge em minha mente; e se aqueles sentimentos não fossem meus, e se fossem de Jake e eu só estivesse os sentindo por que toquei no loiro. Não, não acho que seja possível, mas poderia? Um legado, talvez? É uma missão para outro dia.

– Ruiva? - ele chama, dessa vez estendo suas mãos para tocar o meu rosto.

Eu pressiono minha bochecha contra sua mão por mais alguns segundos antes de tirá-la.

– Boa noite Jake. - sussurro antes de me levantar e ir embora.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenha compensado o último capítulo que foi muito menor. E sim, a Caroline tem um novo legado 'U'
Enfim, espero que tenham gostado e tentem dar uma lida na outra fic também!
(Obs: sobre as dúvidas com o nome da Caroline e da Carollyn, tentem pronunciar Carolaine e Carolin)



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