Eu, papai e mamãe ao terminarmos de tomar nosso café da manhã em um silêncio mortal nos levantamos e seguimos para a sala.

Sentamo-nos no sofá em frente a TV enorme, mas papai preferiu sentar-se na poltrona. E então, pela primeira vez naquela manhã, ele olhou para mim. Pude sentir naquele olhar a calma, preocupação e - o que mais me deixou feliz – ternura.

Papai quebrou o silêncio:

– Alice, eu tenho certeza que você não fez isso. Porém é assustador e fiquei furioso com aquelas malditas cartas mandadas por pessoas que não tem nada a ver com isso e que nem mesmo conhece você, mas que como não tem nada de útil para fazerem, gastaram seus tempos enchendo nossa caixa de correspondências.

Papai sempre com esse jeito cheio de classe para falar. Até mesmo para xingar ele é cheio de classe. Às vezes dá nervoso, mas na maioria chega a ser engraçado e tenho que me controlar para não começar a rir como desta vez.

Permiti-me sorrir e disse:

– Vocês realmente são os melhores.

– É... Eu sei. – Disse mamãe.

–Agora queremos que conte o que realmente aconteceu.

Quando papai pronunciou aquelas palavras pareceu que voltei no tempo e me vi novamente no alto daquela escada com Jack ao meu lado e o corpo desacordado de Peter no último degrau.

Livrei-me daqueles pensamentos com mamãe estalando seus dedos em frente aos meus olhos. Desculpei-me, respirei fundo para ter tempo de juntar os fatos e começar a contar a verdade.