Gris escrita por Petit Ange


Capítulo 10
Capítulo 9: Face It!


Notas iniciais do capítulo

Gzuz, como esse capítulo ficou grande...

Enfim, dedicado às minhas queridas leitoras. Desculpe a demora, flores, e feliz natal, ano novo e whatever a todas. D



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GRIS
Petit Ange

Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira.
~ Anna Karenina (Tolstói).

 

 

Capítulo 9: Face It! [30]

 

Dia 01: Isesaki – Gunma.

- Ei, você sabia que Isesaki é a cidade-irmã de Springfield?!

Zexion suspirou. – Não, não sabia.

- Acabei de descobrir isso!

E ele suspirou de novo.

- Puxa, eu adorava assistir “Os Simpsons”! Pena que mal andamos tendo tempo de parar quietos, né?

- ...Pois é. – resmungou, como se falasse a uma criança.

Demyx parecia alheio aos seus suspiros e sua impaciência, porque o som de seus dedos pressionando as teclas do Palm continuava constante.

- Ei, a Meisen[31] fica aqui mesmo em Isesaki! – exclamou de novo.

Não me diga!”, o rapaz de cabelos azuis bufou, mentalmente. “Talvez, porque o próprio nome da fábrica dê uma dica”.

- Nem sabia disso... Meu pai adora o tecido dessas fábricas! – ele riu.

Zexion ergueu a sobrancelha, então.

- Ei, Zexy, podemos também passar em Kiryuu? Lá também tem uma fábrica de...

- ...Você disse “seu pai”, correto?

Ah, diabos! Ele falou antes de se conter! Tarde demais, o rapaz percebeu que Demyx ouvira e prestara a devida atenção àquela pergunta que tinha um tom curioso e displicente ao mesmo tempo.

É claro que, ao menos, ele parou de mexer em seu Palm, em sua internet, mas... Mas não devia ter dito nada daquilo!...

- É, meu pai gosta do tecido de Isesaki. – repetiu, surpreso.

- ...Ah. – engoliu em seco.

Demyx sorriu.

- Quer perguntar algo sobre ele e não sabe como, né? – revirou os olhos, divertido. – Tá tudo bem, Zexy, não ligo pra isso.

O outro continuou calado, subitamente achando a estrada que ia levando à pequena cidade muito interessante.

- Viu? Você também é previsível! – mais um sorriso.

...Realmente, suspirar já virou uma rotina.

- Isesaki tem tecidos caros. – comentou.

- O que posso fazer?... – deu de ombros. – Ele tem um gosto refinado. E nem usa kimonos, isso que me deixa intrigado.

- Ou seja: ele tem dinheiro.

Pensativo, o moreno concordou, ao fim.

- ...É, até que tem.

- O que explica porque você tem dinheiro para ficar comprando algemas, sakes, quartos de hotéis decentes e favores de camareiros, correto?

Agora, Demyx demorou ainda mais para falar.

- Bom, eu não gosto de dormir em carros...

- Sei. – Zexion resmungou, voltando sua atenção integral à tarefa de motorista.

 

Dia 02: Kiryuu – Gunma.

Só um tempo, Demyx. Só preciso de um tempo”.

Era incrível pensar que aquele Zexion que disse isso era o mesmo que queria acabar logo com tudo aquilo, aquele mesmo que ficava pensando dia e noite em como dizer ao seu “seqüestrador” que queria só passar em sua casa para dar olá à uma mãe ausente.

Não sabia como, mas tinha seus palpites. Provavelmente, como é de praxe com alguém que bebe demais, ele deve ter falado demais e Demyx soube.

Mas, ei... Ele chutou o idiota. O imbecil é que havia dormido antes. Então, como ele...? Falou durante o sono, quem sabe? Fazia sentido; a bebida sempre deixa aquele sob seu efeito extremamente descuidado.

Era até meio vergonhoso, mas precisava admitir, tinha sua lógica.

Não importava, de qualquer forma. O problema é: Demyx sabia. E agora, ele próprio queria arrastar Zexion à Nagano para acabarem logo com o problema.

Lembrava-se com uma pontada de estranheza do moreno pedindo-lhe desculpas enquanto comiam aquelas porcarias que o hotel servia de café-da-manhã. “Com semanas de atraso”, de acordo com o garoto, mas não menos desculpas.

Zexion precisou entornar uma xícara de café fumegante, como quem digere uma informação só com a ajuda deste.

Aparentemente, Demyx compreendeu, porque disse que podiam esperar.

...O que deixara Zexion intrigado mesmo foi que, no carro, ele disse, como quem parece se corrigir: “Que tal uma semana?”.

Demyx estava, ao menos, aproveitando bastante o passeio pelas fábricas de tecido.

Aquelas que seu pai cheio de dinheiro gostava.

 

Dia 03: Tamamura – Gunma.

Às vezes, e Zexion odiava admitir isso, ele tinha a impressão de que queria ser daquele jeito, exatamente como Demyx era. Ver os tons de cinza da vida, não somente o preto e o branco.

Talvez fosse por isso que simpatizara com o tolo? Só um fato assim, alguma espécie de patologia bizarra tipo Síndrome de Estocolmo, explicaria de forma satisfatória (ou nem tanto, pensando bem...) aquilo, de ele simplesmente não ter pego seu Palm e ligado imediatamente para a Polícia na primeira das chances (e Demyx o deixava sozinho muitas vezes, tinha de admitir).

Enquanto deixava o carro estacionado, esperando o imbecil voltar com os lanches que fora buscar, o outro suspirou, pensativo.

Não podia negar que o moreno estava aproveitando bastante...

Porém, desde o primeiro dia, Zexion, ao contrário, estava engasgado com alguma coisa. A comparação mais certa que encontrou, no momento, foi aquela, de estar como se montasse um imenso quebra-cabeça e sentisse, repentinamente, falta de uma peça que tinha a ligeira impressão de já ter encontrado jogada em algum canto da casa, anteriormente.

Yakuza[32]? Não. Erros amadores assim não eram de seu feitio.

Chantagem? Demyx, por mais que fosse idiota, não parecia do tipo que devia rios de dinheiro a alguém perigoso.

Suspirou outra vez.

Não podia esquecer que havia a morfina. Esse também era um fato que o intrigava sem fronteiras.

...Por que alguém trataria um estranho, sem mais nem menos, com uma substância assim tão forte?

Os usos dela eram claros, e estavam todos impressos como uma marca de fogo na mente de Zexion, mas continuavam como borrões indistintos. Era mais do que óbvio que faltava alguma coisa naquela equação.

Também haviam os homens que os perseguiam. Qual era o nome deles...? “Xigbar” e “Xaldin”, não?

...Ah, é claro.

Tateando em busca do seu Palm, Zexion percebeu tarde demais que Demyx abrira a porta do carro e se sentara, como sempre, no banco de motoristas.

- Olha só o que eu achei. – mostrou, então. – Crepe de Goya[33]!

- Isso é amargo. – objetivou.

- Né? Eu sempre quis experimentar, todo mundo diz que é tão amargo... – sorriu. – Ah, mas trouxe seu café.

Estendendo o copo com o logo de uma loja qualquer de conveniências, Demyx fez uma ligeira careta.

- ...Apesar de achar que você devia comer e parar de ficar só bebendo isso.

Tão logo pegou o Palm, o rapaz de cabelos azuis, com a mesma mão, segurou o copo fumegante de café preto (sem açúcar, o mais forte que pudesse). E percebeu, com desgosto, que alguma coisa estava errada.

- ...Seu idiota, isso é cappuccino.

- É! E também trouxe um obento[34] pra acompanhar! – e tirou da pequena sacola, com um sorriso, o lanche plastificado. – Hoje você não vai beber só café, Zexy. Vai se alimentar direito! Olha só pra você, está muito magro (eu não posso falar muito, mas enfim)! E não adianta discutir comigo, eu não...

- Claro, claro. – deu de ombros.

Surpreso por não ouvir nenhuma reclamação, não ver nenhum revirar de olhos, como quem ignora sumariamente as palavras de outro, o moreno viu seu companheiro de fugas, aparentemente, pesquisar algo na Internet.

E mais boquiaberto ainda, viu Zexion sorrir, um esgar de riso de vitória assustadora, e beber seu cappuccino sem reclamar.

- Gosto de Audis. São bem úteis, não acha? – comentou, abrindo sua comida.

- ...Hã? – ainda surpreso.

- As empresas particulares de segurança, em Tokyo, também o adoram. – continuou, distraidamente. – Até que é interessante...

Demyx não sorriu, nem comentou nada sobre aquela observação.

Ele havia entendido plenamente aquela indireta (muito direta, por sinal. Zexion pensou que, da próxima, precisava ser mais refinado; mas estava cansado de fingir o tempo todo, essa era a verdade).

- Sim. Audis são mesmo muito interessantes. – concordou, sério.

 

Dia 04: Suwa – Nagano.

Pela primeira vez desde aqueles dias onde a memória de Ienzo ainda era uma constante cheia de aroma de incenso e tons de branco, Zexion sentiu que precisava fechar os olhos, só fechá-los e esquecer um pouco do mundo.

E, também pela primeira vez, decidiu que o lugar pouco lhe importava.

Quem sabe, aquilo fosse influência de Demyx. Mas, já que estava mesmo no Inferno, por que não seguir o ditado e, em seguida, “abraçar o capeta”?

- Eu não vou entrar aí com você.

...Apesar de ser mais lógico simplesmente sair dali.

- Aaahh, Zexy!~ – Demyx puxou-o pelo braço. – Não seja chato! Suwa é conhecida pelos seus onsen fantásticos!

E a cena ridícula de um rapaz de cabelos castanhos e revoltos puxando um outro, talvez mais velho, mas sem dúvidas menor e de aparência bem mais fraca, se desenrolou diante dos olhos escandalizados da okami daquele ryokan onde pararam dessa vez.

- Não quero! – Zexion tentava puxar-se de volta ao seu lugar.

- Estamos pagando mesmo, não seja infantil! – insistia.

- Já disse que não!

E, se o ex-cidadão exemplar não estivesse a ponto de separar a cabeça do moreno do resto do corpo e oferecê-la em sacrifício em alguma rodovia (ou jogar aos cachorros, seria mais simples), poderia ter percebido que não era só a okami que os olhava, abismada.

Dessa vez, ao contrário do que foi em Nikko, Zexion não se incomodou em colocar um kimono, ao contrário do outro, que escolheu o que mais ridiculamente lhe caía.

Na verdade, precisava admitir que não era assim tanto pelo fato de ter de entrar num onsen com Demyx que estava incomodado.

…É claro, era horrível do mesmo jeito, mas suportável.

Afinal, convivia com ele 24h. Alguns minutos numa banheira de água fervente não fariam diferença nenhuma ao seu lamentoso tormento.

O problema é que Zexion sentia claramente uma desconfiança emanando dele desde que saíram de Maebashi. Uma desconfiança que era toda dirigida ao rapazinho dos olhos azuis-que-às-vezes-pareciam-verdes.

Em verdade, sua parte racional dizia sempre, num tom desgostoso: “Você tem um Palm, internet e inteligência. Podia tê-lo desmascarado quando quisesse”.

De fato. Ele podia ter descoberto desde o início.

No primeiro dia, a carteira de motorista lhe indicou que o nome dele era “Demyx”. Tinha certeza de já ter ouvido esse nome em algum lugar; aquela mesma certeza que quase todas as noites o fazia pensar “por que não denuncio-o de uma vez?”.

Ele sabia que dois homens, “Xaldin” e “Xigbar”, perseguiam-os em um Audi negro. Não sabia o que ou para que estavam fazendo isso, apesar de ter uma ligeira idéia. Ela, em suma, envolvia hipóteses que iam desde a própria Máfia, a corrupção de menores, tráfico humano e passava até por seqüestro, assassinato qualificado e afins. Mas parava sempre na mesma questão: por que?

Demyx não parecia um mafioso. Não era alguém de vida ruim.

Ele tinha dinheiro. E, aparentemente, muito dinheiro, a ponto do pai gostar de iguarias sedosas e caríssimas de Isesaki e a ponto de poder ficar pagando coisas sem sentido por aí, como hotéis ou boas camas todas as noites.

Em verdade, era estranhíssimo vê-lo andar pra lá e pra cá com só uma mochila, algumas poucas roupas e uma sitar velha. Fazia Zexion ter uma imagem totalmente diferente da que o moreno devia passar de fato.

Mas, por uma questão de respeito, não mexia nas coisas de Demyx. Porque também não iria gostar que ele mexesse nas suas.

...Ah, será que não era isso?

Ele justamente não estava respeitando o espaço do garoto?

Porque Zexion sabia que podia ter muito bem feito um compêndio de todas as informações sobre o Audi, sobre os perseguidores, sobre o próprio Demyx, e ter apresentado assim, um dia, como quem mostra algo completamente corriqueiro e comum. E derrubaria cada argumento falso do outro.

Ele podia fazer isso, sim. Já o fez milhares de vezes com outros; e, talvez, por isso que a maioria das pessoas se mantesse longe dele.

Mas não queria fazê-lo com Demyx, justo quando este era o que mais merecia.

Fora “seqüestrado” por ele, estava indo de cidade em cidade sem parar em nenhuma, estava com sua pele em perigo por culpa de dois idiotas + o idiota seqüestrador e, ainda sim, não tomava atitude nenhuma.

Não ligou para a Polícia, não fugiu quando teve chances (e que foram muitas), nem sequer se preocupou em parecer um refém.

...Ele simplesmente agia como se estivesse com um amigo irritante numa viagem.

Aliás, fez algo que refém nenhum faz: ajudou seu captor.

Quando Demyx desmaiou e precisou ser hospitalizado, Zexion esteve lá, forneceu seus dados pessoais (ou, ao menos, e precisava admitir isso com vergonha, aqueles que foram mesmo inevitáveis. Os outros ele ligeiramente alterou... Bem, já estava condenado à cadeia mesmo), mesmo sabendo que podiam ser pegos com isso.

E pelas tortuosas horas de inconsciência do garoto, o rapaz de cabelos azuis esteve lá, velando seu sono e esperando seu despertar.

E pensou que, pelos deuses, nem por sua própria mãe ele faria algo daquele tipo.
Pensando bem, naquela vez em que Demyx esteve chorando (ou era um lamento de dor?

Não sabia dizer com clareza) grande parte da noite, logo atrás de si, Zexion também podia ter simplesmente deixado-o dormindo e fugido. Ao invés disso, desejou virar-se e encarar o rosto do outro. Gravar em sua memória aquelas feições, e pensar, enquanto o via dormir, no que estaria acontecendo.

....E, se possível, no porquê de Demyx não lhe contar isso.

Era isso, sim. A verdade é que não estava vasculhando nada porque era uma afronta ao garoto. Queria que ele contasse, quando quisesse.

Houve algum dia, pensou Zexion, em que esteve assim, tão ridículo?

- Zexy? – a voz de Demyx parecia preocupada.

Piscando, como quem acorda de um devaneio, o rapaz viu-se parado. Aparentemente, o moreno não mais o estava puxando até o onsen do ryokan.

Estava apenas olhando-o, preocupadamente, procurando algum traço de febre ou de exaustão no companheiro de fugas.

- Está tudo bem? Você parece distante. – emendou.

- ....Eu estou bem. – assentiu.

- Você parou, do nada, de reclamar. – Demyx explicou, como se aquilo fosse a maior das maiores surpresas.

Gota. – Ah. Peço desculpas por isso.

- ...Tá bem mesmo? – ok, Zexion estava começando a lhe dar medo.

- Demyx.

Ele o encarou. De suas alturas, Demyx fez o mesmo.

Por um momento, Zexion sentiu como se o mundo tivesse se desfeito ao seu redor. Não pensava mais em Máfias, em Xigbar&Xaldin, em onsen, em Ienzo, em fugas, problemas ou mesmo na okami escandalizada. Ele parou de pensar; apenas sentia seu braço envolvido nas mãos do outro, apenas sentia seu olhar penetrando seu ser.

Só sentia. Porque era assim que percebeu; ele não era “Zexion” quando estava com aquele garoto. Demyx simplesmente despia-o de suas barreiras mais naturais como quem despe as roupas para tomar banho.

- Sim? – a voz dele era quase que um sussurro.

Ele, por um momento, achou ter estremecido naquelas mãos pálidas, mas fora só sua impressão. Apenas havia voltado à realidade.

- ...Já disse que não vou ir para aquelas termas. – e se soltou do mesmo.

O moreno, então, sorriu.

 

Dia 05: Shiojiri – Nagano.

Havia um tom brilhante de vermelho e dourado, que se misturavam no céu como lápis aquarelas, e formavam uma camada feita de sonhos e segredos. Suspirando, Demyx sentiu o cheiro salgado do mar; gostava do mar. O azul dele sempre tinha um quê de algo fora daquele mundo. Mas, daquele jeito, colorido de laranja, de dourado, como se pó de ouro houvesse caído sobre ele, era ainda mais belo.

Sorriu, satisfeito com aquela brisa com cheiro de sal, com aquele pôr-do-sol que tocava em tudo ao seu redor e transformava em tons de ouro e vermelho, como Midas fazia naquela lenda grega (ou romana... Ele sempre achou tudo isso a mesma coisa).

E, ao parar de dedilhar a sitar, que até então estava se mostrando perita na arte de deixar escapar uma melodia que não era estranha aos ouvidos, virou-se para Zexion.

- Como é bonito aqui em cima, né?

O rapaz, tirando uma mecha incômoda trazia À frente de seus olhos pelo vento, virou a cabeça para também olhar para o moreno.

Sentado em cima do capô do carro, Demyx era a imagem da tranqüilidade. Dedilhava aquele instrumento (e Zexion surpreendeu-se ao ver que, afinal, aquilo não era só um símbolo puro, nu e cru: até que o garoto sabia alguma coisa!), alguma melodia calma e nostálgica, e parecia absorto num contentamento pessoal.

- ...Seria um pouco mais bonito se não estivéssemos presos. – concluiu.

- Ah, mas o fato de estarmos sem gasolina já é metade da diversão. – o outro sorriu.

Definitivamente, a imagem da despreocupação.

(Deuses, Zexion sentiu duas vontades muito distintas naquele momento: a primeira, esganar aquele garoto de olhos azuis até ele ficar tão azul quanto. E a segunda, um pouco menos perigosa, de exercer seu pleno e ácido sarcasmo).

- “Diversão”... – repetiu aquela palavra, abismado com a paciência do outro. – Não sei sob que ângulo podemos chamar essa situação insólita de “divertida”, mas se você diz...

- Mas veja: graças a isso, estamos aqui, ouvindo o som do mar, com um vento gostoso e tendo uma visão privilegiada do pôr-do-sol. Não é o bastante?

Como a praticidade em pessoa, Zexion se lembrava mais do fato de que a ajuda mecânica demoraria, e cobraria caro pelo serviço. Até que chegassem na cidade ou local mais próximo com um posto de gasolina.

Estranhamente (ou não), a natureza perdia um pouco de seu brilho com aquela súbita compreensão.

Dando de ombros, suspirou: – Se você diz....

Demyx ergueu a sobrancelha. Zexion falara duas vezes a mesma frase.

Aliás, ele estava absurdamente passivo e calmo. Devia estar muito pensativo. Mas ele não gostava quando o outro ficava daquele jeito.

E lembrou-se, como quem subitamente se lembra de algo que nem parecia lá tão importante, do que ele disse. “Preciso de um tempo”.

Por que alguém precisaria de tempo para visitar a própria família?

Ele faria-se essa pergunta se não se lembrasse daquela noite com cheiro de sake, onde soube a respeito de Ienzo, seu irmão mais novo. Ali, naquele momento, Demyx soube que “família” não era um tópico muito bem-visto pelo outro.

E, quem sabe, estar em Nagano, o epicentro da tragédia, fosse a gota d’água.

- Zexy? – chamou-o, então.

Geralmente, Demyx sempre achava que o companheiro de viagens tinha olhos que, a qualquer momento, lhe jogariam um ushinokoku[35] e acabariam com sua vida. Eram olhos profundos e sempre sérios, minados por uma barreira tão forte quanto gélida.

Mas, naquele momento, talvez porque estivesse no ângulo certo, talvez por culpa do pôr-do-sol... Não sabia explicar, e nem se importava, porque naquele momento, tudo o que realmente notou era o quanto Zexion estava bonito. Quase deixara escapar aquele elogio, sem querer. Esganou-o antes que saísse, porém.

- Sim? – ele esperou, de braços cruzados, a fala do outro.

- ...Me conte sobre sua família.

Surpreso, Zexion deixou aquele mesmo sentimento trair seu rosto.

- O que? – até mesmo teve o impulso de dar um ou dois tapinhas no ouvido; talvez tivese ouvido errado.

Passando os dedos pelas cordas do sitar, Demyx sorriu, melancolicamente, para o céu.

- Quero saber sobre sua família. – mas, então, expirou. – Ah, eu sei que parece rude perguntar isso assim, do nada, mas eu só....

- Minha mãe se chama Ayumu.[36]

Pego de surpresa, o rapaz de cabelos castanhos engoliu até mesmo a explicação que já tinha na ponta da língua, por aquele atrevimento.

- Não há muito o que falar… Ela falou sempre muito pouco daquele tempo... – suspirou. – Mas não sentávamos na mesa e nem conversávamos, como fazem as famílias normais, nem mantínhamos fotos nossas para os outros verem. Na verdade, só nos víamos de noite. Minha mãe e eu sempre fomos meio distantes, graças à nossas rotinas.

Demyx baixou os olhos, penalizado. – Isso é... Como vou dizer? Meio triste...

- Talvez. – concordou. – Mas já é passado.

- Como seus pais se conheceram? – emendou, ainda num tom pesaroso.

- Não sei. Ela sempre contou pouquíssimo de sua vida para eu ou meu irmão. Sei  apenas que conheceu meu pai em seu primeiro emprego, e eles se casaram poucos meses depois. Em questão de meses, estava grávida de mim. Nasci saudável e trouxe alegria à casa e a sensação de “família de verdade”. – e, então, Zexion desviou o olhar do de Demyx, virando o rosto para o lado oposto.

Não. Tinha algo errado naquilo, não é?

Uma “família de verdade” não cria irmãos suicidas nem um primogênito com um coração que queria chorar o tempo todo. Não é?

- E então...?

- Então... – ele falou, depois de alguns momentos de silêncio. – Meu pai começou a arranjar amantes. Não gostava mais de Ayumu. Ela nunca me contou nada disso, mas suponho que ele quis o divórcio. Mas ela não queria perdê-lo e, então, engravidou de Ienzo. Acredito que achasse que meu irmão salvaria seu casamento. Mas... Nosso pai fugiu e deixou Ayumu com duas crianças para cuidar. Ienzo falhou simplesmente por nascer. Ayumu classificou-o como uma “falha”, e a mim como um “fardo”.

Fácil como tirar doce de criança. Era assim que Demyx via a possibilidade de imaginar o resto daquela história.

Aquele Zexion que, em Maebashi, lhe confessou o quanto se  culpava pela morte do caçula já lhe disse desde o começo como acabava aquele conto. Não era “felizes para sempre”; era apenas uma história onde uma mulher renegou suas crianças em prol de sua própria dor.

Um conto onde uma criança cuidou da outra, mas que, como crianças, não puderam se proteger verdadeiramente. Porque, assim como aquela mãe, a dor os assaltava no nível mais profundo, em suas próprias existências. O que se pode esperar de pessoas que já nasceram com o estigma de “falhas”?

...Demyx viu-se subitamente compreendendo. Não culpava Ienzo por se matar. Porque pensava, se fosse consigo, que muito provavelmente o faria também.

Ele apenas esqueceu que existia alguém que o amou, que não ia se matar, mas que ia morrer tanto quanto o garoto.

- E você?

O tom de Zexion era cauteloso. Surpreso, o rapaz de olhos levemente esverdeados encarou-o, tentando compreender.

- Eu o quê...? – em situações normais, forçaria um sorriso, mas naquele momento, envolto em sua própria dor e na do outro, sequer pensou nisso.

- Conte-me sobre a sua. – e aquilo era um pedido.

Um pedido feito com uma voz baixa e com olhos que não o encaravam, como quem dá espaço para a total privacidade. Demyx soube ali que, afinal, Zexion não o forçaria. Ainda respeitava aquela promessa: “um dia eu vou contar”.

- Não tive tristezas em minha vida... – confessou o moreno, num tom envergonhado.

- “Dor” e “tragédia” não são parâmetros. – ele disse. – Não vou apedrejá-lo nem odiá-lo por não ter sofrido.

Baixando os olhos mais uma vez, Demyx encarou o chão pedregoso.

- Nasci numa boa família. Meus pais não se divorciaram jamais; minha mãe é escolarizada, prendada, impecável. Meu pai tem uma aura divina ao redor dele, incorruptível. Eu o via como um herói. Não tenho irmãos nem cachorros, mas tive uma vida feliz, com tudo que um filho único de família com dinheiro é capaz de ter.

Zexion viu-se fechando os olhos, tentando imaginar aquilo. Era a vida que todos queriam ter.

Abandoná-la, por mais que fosse um tema recorrente em filmes e literatura, não era, realisticamente falando, uma opção muito cogitada.

Permaneceu em silêncio, pensativo, esperando que Demyx falasse quando quisesse.

- Eu estava marcado para suceder meu pai nos negócios dele, um dia. Mas... Como dizer? Uns certos imprevistos e uma certa pessoa me fizeram ver que, afinal, aquilo não era pra mim. Eu estava seguindo a direção errada por todos esses anos. – calou-se, pensativo. Como se pensasse em que palavras usar a seguir. – Então, eu.... Decidi jogar tudo pro alto. Coisa de criança mimada mesmo. Fugi de casa, desejando ter só um pouco do gostinho de “ter sua própria vida, suas próprias regras”. Mas, bem... Acabei te envolvendo nisso, e agora ainda tenho duas pessoas no meu pé. Enfim, não foi lá um plano bem sucedido... Não sou bom estrategista como você, Zexy...

Haviam muitos furos na história de Demyx.

Para começar, ele mencionou que a inspiração para mudar para aquele cretino idiota foi “uma certa pessoa”, juntamente com “uns certos imprevistos”. Perguntou-se o quê eram essas coisas, mas isso só esbarraria naquele terreno que já lhe era conhecido: a falta de informações.

Depois, não fazia sentido uma pessoa criada com todas as regalias, como ele disse que foi (e isso explicava muita coisa) simplesmente jogar tudo para o alto. Precisava, para o bem de sua lógica, ter alguma explicação.

...E onde a doença que ele mostrava se encaixava ali? Nos “certos imprevistos”?

Ele falou no passado sobre considerar o pai um herói e sobre estar marcado para suceder os negócios (que espécie de negócios? Zexion já ouvira o nome “Demyx” em algum lugar – e isso também explicava muita coisa –, então devia ser, no mínimo, algo do seu meio). Ou seja, no presente, ele não considerava mais seu pai assim e nem estava mais escalado para ser o próximo na linha de liderança.

Também era culpa da doença? Entraria nos “certos imprevistos”?

Zexion suspirou, pesadamente. Muitas perguntas e poucas chances de resposta. Mas, afinal, ele também omitira muita coisa de si próprio. Pensando bem, só contara sobre sua mãe e sobre Ienzo. Não falara dele.

Estavam quites, não podia negar.

- Não sou assim tão bom estrategista como pensa. – deu de ombros, enfim. – Afinal, ainda estou com você aqui, Demyx.

Ele sorriu ao compreendê-lo. – Me desculpe.

- Sem problemas. – e quase se sentiu tentado a arriscar um sorrisinho. – No fim, eu mal pago a gasolina. É você quem está bancando tudo isso.

Assentindo, ainda com aquele sorriso de sempre, Demyx encolheu seus ombros.

- Bom, posso ter fugido de casa, mas ainda dependo do dinheiro deles.

- ...É mesmo um filhinho de papai. – suspirou.

- Me desculpe por isso, ó grande e auto-suficiente Zexy. – e sorriu de novo.

 

Dia 06: Ohmachi – Nagano.

- Aaah, Zexyyy~! – a voz de Demyx já estava começando a ficar irritante.

- ...O que você quer agora? – mas Zexion, como o bom rapaz controlado que era, permaneceu com aquele tom levemente paternal e superior.

Remexendo a mochila azul, o moreno não falava nada. Só resmungava.

- Aaaahhh!~ – e de novo.

- Quer fazer o favor de parar com isso? – mas até mesmo a mais exemplar das paciências oscilava diante de choramingos inexplicáveis de um marmanjo. – Estou tentando dormir aqui.

Para a infelicidade extrema de Demyx, naquela noite, a pequena Ohmachi não tinha estabelecimentos que “atendessem suas necessidades”. Ou melhor dizendo: era uma cidadezinha e não tinha qualquer hotel mesmo.

Por isso, forçaram-se a passar aquele intervalo noturno no carro mesmo, para a já mencionada infelicidade e total desgosto do moreno.

- Aaahh, por quêêê sempre comigo~?! – pelos deuses, ele não parava, não?

Não era só o som daqueles lamentos infantis que estava irritando Zexion até o âmago de sua alma.

Aquela maldita mochila... Por que Demyx simplesmente não deixava para procurar o que quer que fosse amanhã? Tinha alguém ali realmente tentando dormir!

- O que foi? – perguntou pela enésima vez, bufando.

- ...Acabou. – ele sussurrou, com um beicinho contrariado.

Erguendo a sobrancelha, o rapaz de cabelos azuis encarou o outro, ocupando o espaço dos bancos traseiros, pelo espelho retrovisor.

Ele disse “acabou”?

Acabou o quê, por Buda, que precisa ser alardeado e lamentado à exaustão, apenas para que ninguém conseguisse dormir?!

- O que acabou, Demyx? – perguntou, calmamente, de novo.

- Aqui... – ele disse, apenas.

Suspirou. – Será que, então, eu posso tentar dormir novamente?

- Sim... – mais beicinho.

Deuses, tudo bem que Zexion já sabia que o garoto não se dava muito bem com carros, o próprio já admitindo que não gostava de dormir em lugares duros assim.

Mas bem que podia comportar-se uma vez na vida como o adulto que era (em tese) e parar de choramingar, respeitando a privacidade e o sono dos outros ao seu redor. Mais um pouco, e Zexion teria pulado em cima dele e calado aquela boca enfiando-lhe um livro até que saísse por seu reto. É. E a idéia não era ruim.

Fechando os olhos, ele passou a mão pelos cabelos e deitou a cabeça outra vez no banco do motorista.

Na verdade, tinha vontade de ler um pouco (ultimamente, mal pôde pegar em um livro. Maldito Demyx...), mas o sono estava mesmo moendo-o. Sobreviver de café, perguntas e poucas horas de sono para que se viajasse o máximo possível para jamais serem pegos por uma dupla bizarra era mesmo desgastante.

Na maior parte da madrugada, Demyx dormia tranqüilamente. Às vezes, deixava um ou dois protestos escaparem. Gemidos de dor; e Zexion se perguntava se eram mesmo só do desconforto de cochilar num carro cedíssimo, a ponto do sol mal estar nascendo, ou se tinha outra explicação. Aquela explicação que o hospitalizou.

E só então ele percebeu que não ouvia mais o som da mochila, mas tampouco ouviu o moreno se deitar para também dormir.

Imediatamente, um tremor inconsciente percorreu sua espinha. Abriu os olhos, como uma criança que não consegue dormir num quarto escuro, e percebeu, pelo espelho retrovisor, que estava sendo constantemente observado.

Demyx estava sério. Estranha e placidamente sério.

...Como se fosse uma virgem santa que já aceitou seu destino, não importasse o quão horrível era ele.

Zexion quase sentiu-se estremecer de novo com aquela imagem. Porque, de alguma forma, ela o atingiu de uma forma muito profunda, como a visão de um espírito atinge alguém que não tem contato com esse mundo. Era simplesmente profunda demais para não se deixar intoxicar.

- Que aconteceu, Demyx? – perguntou-lhe, contendo qualquer traço de receio que pudesse escapar de sua voz.

- Nada. – meneou a cabeça. – Estou só pensando...

Suspirou. – E precisa pensar enquanto olha para mim?

- Desculpe. É que...

- Isso não é do seu feitio. – disse-lhe. – Pense logo no que deve pensar ou durma e deixe isso para amanhã. Apesar de não ser bom dormir com problemas na cabeça. Enfim, eu quero descansar, não sei quanto a você, mas não consigo com seu olhar em mim.

Com um sorriso amarelo, Demyx baixou os olhos.

- É que não sei se a solução para minha dúvida não vai só me deixar com mais dúvidas.

Ah, crianças...

- O que você tem? Dependendo do que for, posso ajudá-lo. – sugeriu.

Surpreso ao ouvir aquilo do próprio Zexion, Demyx ficou boquiaberto.

- E-eu não acho que...

- O que pode ser assim tão ruim? Diga. – deu de ombros.

- Nah, eu realmente acho que você não devia...

- Diga logo, quero dormir. – resmungou.

- Tudo bem, tudo bem... – e o outro suspirou, derrotado. – Mas depois não diga que não avisei, Zexy!

E, para seu extremo horror, Zexion percebeu que Demyx apoiou-se em seus joelhos, inclinando-se para frente.

Por um ínfimo momento, achou que fosse para pegar algo que estava ali na frente. Mas descartou a possibilidade no mesmo instante; não havia nada ali, além do próprio rapaz dos cabelos azuis, para ser pego.

Retesou, inconscientemente, seu corpo, de olhos abertos e sentidos frenéticos. E percebeu que aquele fora seu maior erro...

Os lábios de Demyx colaram-se nos seus, calmamente, daquele jeito de alguém que, não importa se irá ser repelido ou atraído, apenas deseja experimentar o sabor de algo proibido. Zexion prendeu a respiração, incapaz de se mexer, de pensar, e se não fosse um ato automático, seu coração também teria sido incapaz de bombear sangue para o resto de seu corpo rígido.

Milhões de pensamentos cruzavam sua mente. Aquilo estava mesmo acontecendo? Aquilo era errado. Não podia entreabrir a boca. Precisava se mexer. Precisava afastar Demyx. Mas o corpo e a mente eram duas entidades distintas, e não mais se encontravam.

As mãos pálidas e geladas do moreno seguraram-no pelos ombros, trazendo-o para mais perto, no que o espaço daquele carro permitia.

E o beijo, a princípio casto, feito apenas para a expectativa muda com sons de cigarras cantando ao fundo, quase sem nenhum dos dois perceber, foi se tornando mais exigente, como se só aquele roçar de lábios já não fosse mais o suficiente.

...Quanto tempo se passou? Será que ele já morrera por falta de oxigênio?

Ao contrário do que achou, apesar do horror, aquele estranho calor que alastrou-se como pólvora por seu corpo não sumiu quando Demyx, enfim, afastou-se dele.

Zexion, incrédulo demais até para formular um pensamento coerente, apenas encarou-o. E Demyx devolveu-lhe o olhar; ambos a se olharem, sem nenhuma palavra, apenas com o leve arfar. Pareceu-lhe tão sagrado quanto profano aquele momento.

Demyx sorriu.

- Achei que não ia ficar assim tão sexy se eu demorasse mais.

- Você... – pigarreou. – O que você...

E, meneando a cabeça, o garoto de cabelos revoltos apenas abriu a porta do carro, saindo do mesmo, com o rosto subitamente pálido.

Zexion ouviu o inconfundível som de vômito vindo de fora. E sua alma, ele jurava, gelou como que abandonada em pleno Inverno glacial.

Abandonando aquele carro subitamente quente demais, ele fez a volta, correndo para amparar aquele idiota (que ainda iria explicar direitinho POR QUE DIABOS O BEIJOU). Encontrou-o encostado na traseira, arfando dolorosamente.

- Viu? Eu disse que foi mais sexy fazer aquilo antes. – forçou mais uma piadinha.

- O que você... – não. Sacudindo a cabeça, Zexion tocou em seu ombro, mantendo quase que uma respeitável distância. Como se não quisesse humilhar aquele garoto. – Vamos para algum hospital, Demyx.

- Não. – gemeu. – Sem hospitais. Não quero mais nenhum hospital.

- Já percebeu que você acabou de...

- Que horas são, Zexy? – interrompeu-o, ainda arfante.

Pego de surpresa por aquela pergunta, demorou alguns segundos até finalmente se dar conta de que precisava olhar seu relógio de pulso. Encarando-o com uma certa dificuldade graças à iluminação parca,  ergueu a sobrancelha.

- Meia noite e quinze.

- ...Sete dias. – gemeu de novo. – Sua semana acabou. Vamos para Nagano.

Demyx praticamente vomitava também aquelas palavras.

- Fique calmo, Demyx. Primeiro, é melhor...

- Não. Só vai piorar agora. – sacudiu, com mais vigor do que pretendia, a cabeça. – Os remédios... Eles acabaram. Vamos pra Nagano agora, Zexy.

E Zexion não pôde negar aquele pedido.


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Notas finais do capítulo

[30] Faixa 24 da OST de Kingdom Hearts Re-Chain of Memories.

[31] “Isesaki Meisen” é o nome (genérico) dado às grandes fábricas de tecido que permeiam Isesaki e Kiryuu.

[32] Literalmente, a Máfia japonesa.

[33] Goya é uma espécie de pepino da cozinha do Japão, de gosto bastante amargo.

[34] Ultimamente, no Japão, os bentous de lojas de conveniência têm se tornado bastante populares, graças à praticidade dos mesmos. Custam em torno de 280 ienes (cerca de três dólares americanos).

[35] Ushinokoku é um método de amaldiçoamento japonês. As bonecas Wara Ningyo (popularizadas pelo anime Jigoku Shoujo) são as mais marcantes dele.

[36] Ayumu, na verdade veio do título de Zexion, “Cloacked Schemer”, que em japonês é “Kage Ayumu Sakushi”.



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