Nunca estive na cozinha do palácio antes. Mas depois de entrar naquele aposento duvidava ter estado em uma cozinha de verdade qualquer outra vez. Era enorme, com vários fornos, bancadas, e diversos utensílios de cozinha que eu jamais havia visto em minha vida. Pelo menos em Carolina nós não possuíamos aquele tipo de luxo. Maxon percebeu que eu havia ficado de boca aberta. Estava parado ao meu lado, segurando um sorriso, daquela forma adorávelmente educada que ele tinha. Mas do meu lado ele esquecia que não era educado rir de uma dama, e acabava rindo. E eu adorava fazer Maxon rir.

- É tão lindo! Obrigado por ter reservado a cozinha para nós. - Eu disse. O som da palavra nós ainda era música para os meus ouvidos. Mais do que nunca eu queria que o “nós” se concretizasse.

- De nada. E de qualquer forma, é um presente para mim também. Nunca estive na cozinha antes. - Confessou Maxon, dando de ombros. Rolei os olhos.
- As vezes me esqueço que você é o princípe. - Confesso, indo abrir os armários, enquanto ele se sentava em uma das cadeiras perto da bancada. Ouço Maxon dar uma risada baixa, enquanto separo os ingredientes para fazer a torta de chocolate que havia prometido.
- Para você, eu sou só o Maxon, certo? - Ele pergunta, com um sorriso nos lábios, provavelmente se lembrando do programa do Gavril, onde eu o chamei pelo nome em rede nacional. Suspirei. Desejava que ele fosse só o Maxon, sem coroa, sem seleção. Só o Maxon. Mas de alguma forma ele era apenas o Maxon.
- Sim, o meu Maxon. - Respondi.

Um silêncio se instaurou na cozinha, enquanto Maxon me olhava fixamente. Depois de um instante, quebrei o contato visual, e balancei a cabeça.
- Bem, vamos ao trabalho certo? - Perguntei, dando uma risada sem graça, enquanto colocava os ingredientes sobre a bancada. Mas Maxon apenas me olhou, como se eu tivesse falado em outra lingua. - Levante-se! - Exclamei.
- Você realmente quer que eu cozinhe? Eu vou estragar a comida toda! - Disse Maxon.
- Ande, alguma coisa você vai ter que fazer. - Insisti, e ele riu se levantando. - Vamos fazer assim, você cuida dessa tigela, que eu vou bater os outros ingredientes, tudo bem? - Perguntei, e Maxon arqueou a sobrancelha para mim. - Você consegue!
- Ok, ok, mestre cuca Singer! O que eu tenho que fazer? - Perguntou Maxon, colocando o avental. Não consegui responder nada, apenas parei e fiquei olhando, enquanto ele amarrava o avental nas costas, e dobrava as mangas da camisa. Maxon Schreave, o principe de Illea, estava usando um avental. - O que foi? - Perguntou ele com uma sobrancelha arqueada.
- Esse avental lhe cai bem. - Respondi. E vi Maxon ruborizar um pouco. - Aí você mistura, a farinha o chocolate, e o fermento. Quatro xícaras de farinha, de chocolate, e duas colheres de fermento. - Expliquei e Maxon memorizou mentalmente colocando as mãos à obra. Começamos a trabalhar, e eu não conseguia evitar de rir, vendo Maxon se enrolar com as medidas enquanto eu batia o ovos na batedeira.
Assim começamos a cozinhar. Uma experiência única e muito divertida. Nunca havia me divertido tanto na cozinha. Bem, só algumas vezes que cozinhava com May.
- Não me empurre. - Riu ele, depois que lhe dei uma cotovelada de leve nas costelas.
- Eu não fiz nada! - Exclamei, fazendo a melhor cara de inocente possível. Então Maxon passou seu dedo sujo de farinha no meu nariz. - Ei! - Resmunguei, passando o dedo na calda de chocolate, passando em sua bochecha em seguida.
- Você quer guerra é? - Perguntou Maxon.
- Jamais! Seria injusto, sendo que eu sou muito melhor em guerras de cozinha do que você...Majestade. - Provoquei, com um sorriso dançando nos lábios. A boca de Maxon se abriu em descrença, então ele pegou um pouco de farinha e jogou em meu rosto. E uma guerra começou. Até que nós nos aproximamos demais, e de repente eu me vi em seus braços, olhando em seus olhos. Aqueles olhos de um avelã quente, que fazia com que eu me sentisse segura. Como se nada mais no mundo importasse.
- Você ainda acha que ganharia de mim? - Perguntou Maxon, seus olhos desviavam de meus olhos para a minha boca. Fazendo com que meu coração batesse erradicamente em meu peito. Respirei fundo.
- Eu acho que já ganhei. - Sussurrei, fechando os olhos enquanto nossos rostos se aproximavam. E nossos lábios se selavam. Seu beijo era tão terno, e ainda assim com uma paixão que ardia por trás daquilo. Eu me sentia amada. Eu me sentia especial. E naquele momento eu tive certeza, mais do que nunca, que eu o amava. Eu o amava de corpo e alma, e não me importava se ele era o príncipe, se eu teria que virar princesa, ou qualquer coisa. Faria de tudo por ele.
Depois de um tempo, que achei ter sido pouco demais. Nos afastamos, mas não consegui desviar o olhar do dele.
- Eu te amo. - Sussurrei. Sem nem ao menos perceber as palavras escorregando pela minha boca. Os olhos de Maxon se arregalaram, e senti os meus arderem.
Mas a porta da cozinha foi aberta, antes que pudesse ter sido dito qualquer coisa.
- Majestade...Oh, perdão. - Disse uma das cozinheiras, ruborizando em seguida e olhando para o chão. Maxon se afastou um pouco de mim, mas entrelaçou seus dedos aos meus.
- Sim? - Respondeu Maxon.
- É que precisaremos da cozinha em breve, precisamos fazer o jantar. - Avisou a cozinheira, ainda vermelha. Maxon assentiu com a cabeça.
- Em breve sairemos, já estamos terminando. - Avisou ele. A mulher assentiu já saindo. - E da próxima vez, por favor, bata antes. - Pediu ele.
Abaixei a cabeça, olhando para o lado. - Bem, vamos colocar a torta no forno? - Perguntei. E ele assentiu. Peguei a forma e posicionei dentro do fogão, acendendo-o, e colocando na temperatura certa, como fazia em casa. Podia sentir o olhar de Maxon queimando em minhas costas.

- America... - Chamou Maxon, segurando meu braço com uma mão, e com o outro braço abraçando a minha cintura. Fechei os olhos gravando o toque dele sobre a minha pele. Desde que Maxon havia dito que precisava confiar em mim, desde que quase fui embora da Seleção, cada pequeno detalhe com ele, significava o mundo inteiro para mim. - Todo esse tempo, essa foi a frase que eu mais desejei ouvir. - Sussurrou ele, contra os meus cabelos.
- Eu nunca tive tanta certeza do que eu sinto como agora. - Confessei, em um suspiro.
- Ah America...Isso era tudo o que eu desejava, eu te desejo, desejo o seu beijo, o seu amor, você, desde o primeiro dia. Já lhe disse isso, antes. Mas é verdade. - Disse Maxon, e as lágrimas em meus olhos teimaram em cair.
- Eu vou lutar por você. Eu sei que você precisa confiar em mim, e eu estou pronta para fazer o necessário. Por favor Maxon, eu quero que o “nós” aconteça. - Disse, e Maxon me virou em seus braços me fazendo ficar de frente para ele. Ele vasculho nos meus olhos algum sinal de insegurança ou incerteza, mas nada achou. Porque em meu coração, eu estava sendo verdadeira. E ele percebeu aquilo.

- Nós vamos ser um “nós” maravilhoso. - Repetiu Maxon se relembrando uma das nossas conversas e me fazendo rir. Ele afastou as minhas lágrimas. - E só para você saber. Eu também te amo. - Confessou Maxon me beijando novamente. E então o forno deu o sinal que a torta estava pronta. Nos separamos com um sorriso no rosto.
- A comida está servida! - Exclamei.
- Vamos, me sirva mulher! - Riu Maxon enquanto passava com a torta por ele, e rolava os olhos. - Esse é o melhor encontro que eu tive desde o inicio da Seleção. Porque ninguém pensou em me fazer comida? America Singer, você sabe como conquistar um rapaz. - Brincou ele. E mesmo com toda a confusão que estava a minha vida. Ataques rebeldes por toda Illea, tendo o Rei como meu arquiinimigo, Aspen à espreita mesmo quando eu disse que estava ali para lutar por Maxon, Celeste e Kriss como rivais. Eu estava plenamente feliz, porque sabia que tinha Maxon do meu lado.