XIV – Noite das garotas e do Magnus.

_Foi fácil assim? – Maia perguntou a Izzy, que contou que havia enrolado Imogen tranquilamente.

_Simples. Disse que Jace tinha magoado muito a Clary e que ela não tinha condições de assistir nenhuma aula. Na realidade acho que ela ficou mais chocada em saber o que o neto fez do que preocupada com a Clary. – Izzy comentou deitando na cama e sorrindo.

_E ela não fez nenhuma objeção do Magnus ficar aqui? – Maia perguntou novamente, ainda meio boba.

_Não. Ela primeiro perguntou quem era Magnus, ai eu apontei ele no corredor, conversando com Jonathan e bem... Ela deixou. – Izzy falou rindo e eu dei um meio sorriso.

_E como vocês farão com a Aline? – eu perguntei baixinho e Izzy fechou os punhos, se sentando novamente na cama.

_Acho que ela não vai se atrever a entrar nesse dormitório aqui tão cedo. – ela falou entre dentes e Magnus entrou no dormitório, com uma malinha na mão.

_Na realidade Aline pediu para mudar de dormitório. – Magnus disse dando de ombros.

_E você se mudou para cá? – Maia perguntou e ele revirou os olhos.

_Por que todo mundo pergunta isso? Não. Vim passar a noite aqui. Só. E a propósito Clary, se te faz sentir melhor, Jace está todo roxo. Jonathan socou bastante ele por você. – Magnus comentou se sentando ao meu lado e me abraçando. Eu dei de ombros suspirando. Eu já havia parado de chorar a algum tempo. Não queria que o Jonathan batesse no Jace. Eu ainda gostava daquele filho da puta. Gostava muito.

_Jace apanhou? Tem uma coisa errada nessa história. – Izzy comentou incrédula.

_Detesto dar corda a essa ai, mas é verdade. Conheço o Jace há um tempo e sei que ele não apanharia de graça assim. – Maia concordou com ela e Magnus revirou os olhos.

_Na verdade o Jace não apanhou. Ele se deixou bater. Ele ficou lá, jogado no chão enquanto Jonathan socava a cara dele. Alec ficou em choque, Simon e eu rimos muito. - Magnus falou dando de ombros e eu suspirei.

_Não me fez sentir melhor isso. – eu comentei e Izzy se levantou.

_Clary você sabe que eu gosto muito de você, mas ele é meu irmão... Eu preciso ir ver ele, tudo bem? – ela falou e eu dei um meio sorriso.

_Ok. Eu compreendo você. – eu falei e ela me abraçou, saindo logo depois. Maia nos informou que ia tomar banho, deixando somente eu e Magnus no quarto.

_Agora você pode ser sincera. Sei que não sou um Simon da vida, mas ele não é gay e, portanto, não pode dormir aqui, então não pode te ajudar agora. O que você está sentindo Clary? – ele falou me olhando e meus olhos se encheram de lágrimas. Um nó formou em minha garganta. Eu iria voltar a chorar.

_Eu estou... Dilacerada. – eu falei começando a chorar copiosamente novamente. Ele me abraçou forte e me deixou chorar.

_Calma Clary. Sei como se sente. Jace foi... Um idiota. – ele falou ainda abraçado comigo.

_O problema não é ele ter sido idiota, o problema é ele ter acabado comigo. Pensei que ele gostasse de mim. Eu realmente pensei que ele sentia algo por mim. Mas... Não justifica. Não justifica. – eu falei e Magnus se separou de mim, me fazendo olhar em seus olhos.

_Clary eu vi ele hoje, depois que você saiu e Izzy foi falar com a inspetora bruxa que reclama das minhas roupas. Jace chegou com Alexander no quarto. Ele parecia desolado. Os dois. E então seu irmão pulou em cima dele e começou a bater nele e ele ficou parado. Simplesmente fechou os olhos e deixou o Jonathan socar cada milímetro do corpo dele e quando Alec foi brigar com seu irmão, ele falou que mereceu. – ele falou aquilo e meu coração se apertou.

_Magnus... – eu comecei e Magnus me interrompeu.

_Não estou defendendo ele. O que ele fez foi idiotice e burrice. E tudo com “ice”, mas ele está desolado. E se ele esta assim, é porque no mínimo se importava com você.

_Mas se ele se importava comigo, por que ele fez isso? – eu perguntei com a voz chorosa e Magnus me abraçou novamente.

_Não sei Clary. Mas agora é bola pra frente. Fica calma e segura a onda... Por que você vai dar a volta por cima. – ele sussurrou no meu ouvido e eu dei um meio sorriso.

Separamos-nos do abraço e eu limpei minhas lágrimas. Agora eu tenho que ser forte. Tenho que pelo menos tentar ser forte.

_Sim, eu vou conseguir. – eu falei sorrindo levemente.

Magnus e eu estávamos arrumando algumas coisas como DVD’s e cobertores quando Izzy entrou no dormitório. Ela parecia abalada.

_O que houve Barbie de cabelo preto? – Magnus perguntou se sentando ao lado dela. Ela olhou para mim de um jeito estranho.

_Não sei se Clary vai querer ouvir algo... – ela sussurrou e eu me sentei de frente para ela.

_Você precisa falar, então fale. Eu estou pronta para o que der e vier. – E eu queria saber noticias de como ele está. Oh Clary como você é burra.

_Vamos Izzy. Aproveite que hoje eu estou sendo um ótimo psicólogo e não estou cobrando das minhas clientes.

_Jace está... – ela começou a falar, mas foi interrompida pela porta do dormitório se abrindo, revelando Aline.

_O que você está fazendo aqui? – Maia perguntou descendo as escadas. Meu corpo ficou em choque. Eu só consegui olhar para ela, parada. E Magnus percebeu isso, juntamente com Izzy.

_Vim buscar minhas malas. Mudei de dormitório. Imogen quis “evitar conflito”. – Aline comentou entrando e indo pegar suas coisas, colocando as em uma mala.

_Por que você fez isso Aline? Você tinha pedido desculpas a Clary. – Izzy comentou se levantando e indo até ela.

_Eu sei. Desculpe-me Clary. Eu simplesmente não resisti... E eu ando com uns problemas, só queria tentar esquecer eles. – Aline falou jogando as roupas na mala, sem olhar para ninguém.

_Aline... – Maia começou, mas eu a interrompi.

_Eu não me importo. Não quero me importar. Só quero manter distâncias por enquanto. – eu falei me levantando e indo para cima, para tomar um banho. Assim que fechei a porta do banheiro e comecei a ficar sem ar. O nó se formou em minha garganta e eu entrei debaixo do chuveiro de roupa e tudo. As lágrimas vieram com tudo.

Merda Clary.

Mil vezes merda.

Você está chorando por um cara que estava quase transando com sua colega de dormitório.

Você ainda gosta dele, depois de tudo.

Você é uma idiota. Por mais que o Jace seja lindo, e maravilhoso e você se sinta mais do que atraída por ele. Você deveria odiar ele.Você deveria querer matar ele e não estar mais uma vez nos braços dele. Acho que o Jonathan tem razão. Eu devo ter algum problema de cabeça, só pode.

Oh Clary, você é uma estúpida.

Totalmente estúpida.

Estúpida por ter se apaixonado por ele. Estúpida por acreditar nele e achar que um dia um cara como ele ia ficar só com você... Burra.

Passaram-se minutos, ou horas, quando eu enfim sai do banheiro.

Quando eu saí, Aline já havia ido embora do dormitório e eles falavam de mim. Abaixei-me para que ninguém me visse no andar superior e esperei para ouvir melhor.

_Eu estou te falando. Não faz sentido nada disso. – Maia falou e Izzy deu uma risada amarga.

_Não é para fazer sentido. Não entendi. Jace está na enfermaria todo acabado e sabe o que é pior? É que ele disse que não sentiu dor suficiente. Clary esta aqui desolada. E ela pode ate pensar que nós não sabemos, mas ela ainda gosta dele. Eles estão sofrendo e tudo por causa daquela vaca da Aline.

_Tem uma coisa nessa história que não encaixa. Eles saíram. Foram lanchar no Central Park. Jace saiu daqui parecendo um bocó. – Magnus falou e eu pude imaginar ele imitando a cara do Jace.

_Concordo com o Bane. – Maia falou e eu achei que esse seria um ótimo momento para me revelar. Levantei-me lentamente e comecei a descer as escadas.

_Com o que você concorda Maia? – eu perguntei fingindo de boba e ela deu de ombros.

_Nada demais.

_Pronta para esquecer suas magoas nas noites das garotas? – Magnus perguntou sorrindo e eu sorri.

_Noite das garotas e do Magnus. – eu completei para ele, que riu.

_Pode ser também noite das garotas... E do Magnus. – ele falou se jogando na minha cama. Tiramos algumas mobílias e juntamos as três camas de uma das paredes, para dormirmos todos juntos. Magnus colocou um filme meloso e tirou um pote de sorvete da mochila que ele havia trago.

_Hm calorias. – Izzy falou rindo e pegando um pouco do sorvete com o dedo.

_Deixa de ser mal educada menina. Tem uma colher aqui. – Maia comentou tacando a colher na Izzy.

Comemos todo o pote de sorvete e choramos quando vimos o filme. Até a Maia chorou e olha que ela é bem durona.

_Então estamos naquela parte que está todo mundo embriagado de tanto sorvete e de sono, que falamos coisas estranhas? – Izzy perguntou rindo e Magnus concordou.

_Claro. Contem-me seus segredos.

_Comece você Bane. – Maia brincou e Magnus riu.

_Sou um livro aberto. Perguntem o que quiserem. – ele brincou e eu ri.

_Eu tenho uma pergunta. – eu falei sorrindo sapeca.

_Fale cabeça de fósforo. – Maia brincou e eu mostrei língua para ela.

_O que esta rolando entre você e o Alec? – eu perguntei e Izzy gargalhou.

_Eu estava com a mesma duvida Clary. O que esta acontecendo entre você e o Alec? – Izzy brincou e Maia riu.

_Isso é um rubor? O MEU DEUS, MAGNUS BANE ESTÁ CORANDO. – Maia gritou e todas nós gargalhamos. O que fez com que ele ficasse mais corado.

_Eu não estou corando. E não há nada entre eu e Alec. – ele comentou e eu ri.

_Ah sim claro. Não há. E aqueles olhares? – eu falei.

_E aqueles sorrisos trocados? – Maia brincou.

_E aquelas “sumidas”? – Izzy o cutucou fazendo com que ele desse um suspiro de rendição.

_Ok. Vou contar. Alec e eu estamos... Conhecendo-nos melhor. – ele falou e Izzy arqueou a sobrancelha.

_Como assim conhecendo melhor? – ela perguntou.

_Do mesmo jeito que você e o Simon estão se pegando, dãaaa. – Maia falou rindo e Magnus riu também.

_Sim. Estamos “nos pegando”, mas parece errado dizer isso do Alexander. – ele comentou e eu suspirei.

_Tive a impressão de que ele gostava do Jace. – eu falei e Magnus riu.

_O Bane aqui o fez esquecer o leãozinho. – ele brincou e todas nós rimos.

_Falando em relacionamentos. Como vão com o Simon? – eu perguntei para Izzy e Maia, que reviraram os olhos juntas.

_Simon gosta da Barbie de cabelo preto. Tive que me contentar em ser a amiga. – ela falou dando de ombros e todos a abraçamos juntos.

_Não fique assim, trancinhas. Vai achar alguém especial e desencalhar. Posso te oferecer uns serviços se você quiser. Não cobro muito caro. Se você e a Clary vierem juntas, faço desconto para acompanhantes. – Magnus falou sério e eu ri.

_Ok. Acho que é hora de dormir não? Quando ele começa a fazer propaganda, pode saber que ta na hora de ir para a cama. – eu falei e todo mundo concordou. Menos Magnus, que insistia em fazer uma consulta, mas no fim ele teve que ir.

Deitamos na cama e adormecemos instantaneamente. Lembro de ter pedido para um sono sem sonhos.