Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 15
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente bonita!!

Terceiro capítulo depois do ~ longuíssimo ~ hiato. Espero que gostem!

Jane.



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Alguns meses depois

— ... Char, ainda não consigo me conformar com essa situação. – Lizzie resmungou, se revirando na cama com o celular na orelha.

— Eu sei, Lizzie, eu sei. Mas você sabe que realmente não há nada que a gente possa fazer, né? Jane foi pro intercâmbio dela, o Charles foi pro dele... Eles seguiram em frente. – Quando a amiga resmungou de novo, deu uma leve gargalhada. – Tudo bem, meu bem. Talvez ele tenha seguido em frente mais rápido do que ela, mas Jane está bem agora, não está?

— Tomara que sim, mas... Conhecendo minha irmã, não dá pra saber. Ela não se abre muito sobre os próprios sentimentos. – Lizzie deu um suspiro. – Espero que ela tenha feito amigos lá, Char. Ficar sozinha já é horrível, imagina numa situação dessas!

— Sim, não consigo nem imaginar... - A amiga deu um suspiro resignado. Depois de um tempo, perguntou: - Falando em ficar sozinha, Lizzie, quando são as suas férias?

— Daqui a duas semanas, Char! Graças a Deus! – Ela deu uma risada. – Por quê?

— Bem, vou ter que ficar por aqui mais um mês para terminar a revisão bibliográfica em que estou trabalhando. Você não quer passar um tempinho comigo aqui?

Lizzie sentou-se de um salto.

— Sério? Duas semanas com a pessoa mais ocupada do mundo?!

— Lizzie! Não dá pra voltar pra casa todo final de semana, mocinha. – Charlotte riu do outro lado. – E aí? Topa?

— Minha querida, prepare-se pra ficar duas semanas amargando a minha companhia.

—______________________________

— Seja bem-vinda ao meu cafofo! – Charlotte imitou uma reverência enquanto abria a porta de seu apartamento para a Lizzie.

— Uau, você realmente é exagerada! É um apartamento muito bonito, Char!!

— Bom, não sei se é bonito, mas é barato, então está bom para mim – Ela ajudou a amiga deixar as malas perto do guarda-roupa. – É basicamente uma quitinete: cozinha, banheiro e quarto. Você não se importa mesmo de dormir no chão?

— Claro que não, tonta. – Lizzie brincou, bagunçando o cabelo de Charlotte. – Já estou ficando aqui de graça. É bem mais do que eu poderia querer! Além do mais, o que é dormir no chão duas semanas comparado a passar duas semanas com a minha melhor amiga no mundo todo?

— Lizzie, sua dramática! – Charlotte ralhou, mas sorriu e abraçou a amiga mesmo assim. – Bom, hoje tirei o dia pra sair com você. Onde quer ir primeiro? Tem a ponte, o mirante, o mercadão, a faculdade-

Toc toc toc

Elizabeth olhou inquisitivamente para Charlotte. – Quem pode ser?

— Espero que não seja quem estou pensando.

— Olá, prima! – Exclamou Collins assim que Charlotte abriu a porta.

— Primo! O que está fazendo aqui?

— Como assim, o que estou fazendo aqui? Sou seu vizinho, oras!

— Vizinho? – Lizzie se virou novamente para a amiga, que deu de ombros.

— A madrinha dele é dona do prédio. Quando soube que eu vinha para cá, me fez a gentileza de conseguir o apartamento por um aluguel muito bom.

— Como sou seu vizinho e o síndico, decidi lhe dar as boas-vindas pessoalmente! Ah, e minha madrinha pediu para avisar que vocês estão convidadas para jantar na casa dela hoje à noite.

Elizabeth forçou um sorriso. Não tinha a mínima vontade de ir conhecer a famosa madrinha do primo, mas recusar poderia ser considerado uma ofensa muito grande e não queria causar problemas para Charlotte.

— S-será um prazer, primo. Char vai me mostrar um pouco da cidade e depois vamos para lá. A que horas devemos chegar?

— 7 horas em ponto, prima! Minha madrinha não tolera atrasos. Você vai perceber que ela é uma mulher incrível. – Deu uma piscadinha de leve e se dirigiu à porta. Quando estava quase saindo, deu meia volta e disse: - Ah, e não precisa se preocupar com o que vestir! Apesar da fortuna, minha madrinha é muito modesta! Sempre diz que ninguém deveria vestir mais do que tem condições de comprar. Não é uma mulher magnífica?

Levantando uma sobrancelha para a amiga, Elizabeth respondeu:

— Se é, primo. Se é.

—______________________________

Assim que pararam na frente da casa, Elizabeth ficou absolutamente pasma.

— Você não quer dizer que a sua madrinha mora aqui, primo? Essa casa ocupa um quarteirão inteiro!

— Ah, sim, Elizabeth. É exatamente aqui que minha madrinha mora! – Ele esfregou as mãos e apertou a campainha, visivelmente entusiasmado. – É uma grande empresária, tem várias fazendas... Até acho que essa casa é bem pequena para o que ela pode bancar. – Quando alguém apareceu para abrir a porta (algo parecido com um mordomo, o que deixou Elizabeth ainda mais surpresa), ele puxou ambas pelas mãos. – Vamos, entrem!

A casa era simplesmente um sonho. Se por fora parecia grande, por dentro parecia enorme, graças a um trabalho excepcional de decoração. Apesar do conceito clean, várias paredes eram adornadas com espelhos, quadros dos mais diversos tipos, tapetes e mesas extremamente elegantes, uma iluminação diferenciada... Era uma propriedade de dar inveja!

— Au, au!

Elizabeth se assustou quando um cachorrinho apareceu de um dos corredores e correu em sua direção. Apesar de ter sido pega de surpresa, ela logo se afeiçoou ao cachorrinho, um pug muito carinhoso e dócil.

— Ah, olha como ele é fofinho!

— Ah, suas amigas também gostam de cachorros, Collins? Já gosto delas!

Todos levantaram o olhar para uma garota na faixa de seus vinte anos, de maquiagem perfeita, piercing, cabelos coloridos, blusa de uma banda de rock, saia preta, legging preta e botas de cano curto. Perto dela, Elizabeth (em seus jeans, bata e sapatilha) se sentia praticamente uma pata.

— Charlotte, Elizabeth, está é Anne, a filha de minha madrinha.

— Ah, podem me chamar de... Ah, é, não dá pra ter apelido com esse nome – ela riu, estendendo a mão para as duas.

Elizabeth gostou dela instantaneamente.

— Meu nome é Elizabeth. E essa é minha amiga, Charlotte.

— Prazer em conhecê-las. – Quando Collins seguiu em frente, sussurrou para as duas: - Finalmente duas pessoas jovens com quem posso conversar! Collins é bonzinho, mas parece mais meu pai. Sem falar no meu outro primo... Ah, vocês vão ver. Venham! E vem, Rose! – Disse, estalando os dedos para a pequena pug, que parou de pular nas pernas de Elizabeth e as seguiu.

Ao entrarem na sala, Elizabeth logo se sentiu sem ar. Por dois motivos diferentes.

O primeiro: a “madrinha” era uma mulher muito alta, muito elegante e que dominava todo o espaço da sala com sua personalidade. Assim que botou seus olhos em Elizabeth, fez uma análise completa dela com os olhos. Lizzie sentiu-se completamente nua e intimidada por aquela mulher.

A segunda...

— Elizabeth?

Ao ouvir aquela voz, Lizzie gelou. Era uma voz muito conhecida, muito familiar, mas que ela tinha guardado no fundo de sua mente, apenas uma lembrança...

— Ah, vejo que já conhece meu sobrinho!

Quando os olhos deles se encontraram, Elizabeth achou que ia desmaiar.

— D-darcy?

—______________________________

Apesar das surpresas iniciais, logo Elizabeth percebeu que não precisava se preocupar muito. A madrinha de Collins (que se chamava Catherine) monopolizava toda a conversa.

Se um assunto não era de seu agrado, ela mudava.

Se alguém começasse alguma conversa paralela, interrompia.

Se não concordava com algo, deixava absolutamente clara sua opinião.

Depois de vinte minutos na companhia da mulher, Elizabeth entendeu porque Anne preferia mil vezes ficar brincando com Rose em um canto do que se intrometer na conversa da mãe.

Assim que teve uma oportunidade, Elizabeth pediu licença do grupo e foi se juntar à garota.

— Osso duro de roer, né? – Anne comentou em voz baixa, fazendo um carinho na barriguinha de Rose.

— Longe de mim falar mal da mãe alheia, mas... Um pouco. – Elizabeth deu um sorriso amarelo. – Não me entenda mal; eu deveria estar acostumada porque tenho uma parecida em casa, só que ao contrário.

— Eu sei, meu primo me contou.

Elizabeth franziu o cenho.

— Contou?

— Ah, sim. Somos melhores amigos desde a infância, então contamos tudo um para o outro. – Anne sorriu com malícia. – O sonho da minha mãe é nos ver juntos, o que é uma pena! Nunca vai acontecer. Digamos que ele não é exatamente o tipo de pessoa com quem gosto de sair.

— Ah! Mas como sabe que o que seu primo lhe contou diz respeito à minha família?

— Só juntei as peças, Elizabeth. Posso te chamar de Lizzie? – Quando a outra assentiu, Anne prosseguiu. – Não precisei de muitas pistas pra resolver o mistério. Ele me falou tanto sobre as pessoas com quem teve contato no ano passado...!

Elizabeth queria perguntar mais: sobre Charles, sobre Jane; sobre tudo que Darcy tinha falado... Mas, naquele momento, Anne foi chamada pela mãe, o que forçou Lizzie a deixar todas as suas perguntas para uma outra oportunidade.

— Não sabia que você gostava de cachorros. – Alguém disse ao se sentar do lado dela, algum tempo depois.

— Darcy! – Lizzie disse, com um sobressalto.

— Desculpe se a assustei. Não foi minha intenção.

— Tudo bem – Elizabeth respondeu, voltando sua atenção para Rose. Quando o silêncio ficou muito pesado, se sentiu forçada a falar: - Então, você é o famoso sobrinho de Catherine! Primo Collins não parava de falar de você e da sua tia.

— Consigo imaginar.

O silêncio ficou pesado mais uma vez. Sem se conter, Elizabeth prosseguiu:

— Sabe, no ano passado, se alguém me dissesse que eu estaria nessa casa, na presença de uma mulher ilustre, numa roda de conversa em que você também está, eu diria que era mentira. – Ela deu um sorriso torto. – E não por causa da casa, da sua tia... Mas pela frase “Darcy e roda de conversa”. Você não era exatamente a pessoa mais sociável do mundo, não é?

Darcy engoliu em seco e ficou em silêncio por alguns minutos. Quando Lizzie se sentia pronta para ignorá-lo pelo resto da noite, ele disse num sussurro tão baixinho que Elizabeth quase não ouviu:

— Eu...

— Você?

— E-eu tenho dificuldade para falar com as pessoas.

— Ah, mas nós sabemos que isso não é verdade, não é? – Elizabeth quis lembrar de todas as coisas terríveis que Darcy havia dito, mas achou melhor evitar. Não queria piorar ainda mais o clima.

— E-exatamente. Tenho dificuldade para ser agradável. Só consigo dizer o que está na minha cabeça. O que nem sempre é bom...

— Se tem tanta dificuldade assim, há soluções muito simples. Por exemplo, se cercar de pessoas positivas, não como... – “Caroline e Catherine”, Elizabeth quis complementar, mas mordeu sua língua a tempo. – E praticar. Ninguém vai fazer isso por você. – Levantando-se, ela voltou para a roda, sentando-se ao lado de Charlotte, completamente de costas para Darcy.

Ugh! Como ele a enfurecia!

Se tivesse se virado para observar a reação dele, teria levado uma surpresa: a um olhar minucioso, ele parecia... Admirado.


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Notas finais do capítulo

É, o Fitz provavelmente não vai aparecer... :( Mas, no lugar dele, coloquei a Anne! Sempre quis fazer dela uma personagem forte! Vamos ver se consigo. ;)

Obrigada pelos comentários MARAVILHOSOS! Sempre fico encantada ao perceber que tenho fãs apesar de todos esse tempo. Vocês são demais!



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