Sangue escarlate escrita por Stephanie Orsina
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
_Clo, é só uma veizinha! _ Implorei ajoelhando-me aos seus pés, no gramado verde da escola.
Estávamos nas arvores atrás do refeitório, um lugar que havíamos descoberto recentemente, e que quase ninguém conhecia o que era reconfortante, por que eu não aguentava mais o olhar hostil que minha família direcionava a mim, o que significava boa parte da escola, era horrível andar pelos corredores, ouvindo as pessoas sussurrarem e te olharem como você estivesse com Lepra ou HIV, tudo que eu precisava era de um momento de paz, coisa que eu consegui quando encontrei este lugar com Clove e Gale.
_Não, você não vai dominar o meu corpinho sensual e ponto! _ Clove falou irritada, tentando se concentrar no seu trabalho de matemática.
_Clo, por favor é a única forma de eu entrara naquela casa sem que a velha descubra! _ Justifiquei fervorosamente, sem querer apelar para sua piedade.
_Pra que se martirizar tanto Kath? _ Clo perguntou confusa, eu podia sentir que ela estava cedendo apenas por seu tom de voz choroso
_Não é martírio, é arrecadação de informações!_ Esclareci esperançosa.
_Katniss não é uma guerra é a sua avó! _ Clove falou perturbada.
_Tem razão, é só a minha avó, que quer tirar meu poder de mim! _ Falei irritada.
_Não vejo qual o problema de ser normal! _ Clove falou petulante, seu nariz levemente inclinado para cima.
_Eu também não, mas no meu caso, retirar meu poder não quer dizer ser normal, quer dizer a morte! _ Revelei contendo as lágrimas que se acumulavam em meus olhos.
_Como assim Katniss?_ Clo perguntou horrorizada.
_Se ela tirar o meu poder, eu vou ficar vegetativa pra sempre! _ Declarei, secando minhas lágrimas que insistiam em cair.
_Kath, eu... eu não sei... eu vou te ajudar ok! _ CLove falou, abraçando-me carinhosamente.
_Desculpa Clo! _ Falei retornando sue abraço. _ É só que, eu não sei mais o que fazer! _ Surrei sentindo a dor do desespero tomar conta de mim.
_Eu vou te ajudar, Kath! _ Clove falou acariciando meu cabelo.
_Obrigada! _ Falei sorrindo, sentindo a esperança retornar novamente ao meu coração.
_ Mas da onde você tirou essa ideia de possessão? _ Clove perguntou confusa.
_Foi Peeta! _ Esclareci aliviada.
_Mas eu pensei eu ele já tinha se ido. _ Clove falou confusa.
_É uma longa história! _ Respondi sorrindo, sentando-me para explicar minha semana turbulenta a minha melhor amiga e prima.
***
_Me explica melhor por que eu tenho que me embebedar? _ Clove perguntou novamente com a vóz arrastada, olhando para o copo de amarula a sua frente
Clove estava deslumbrante em seu casaco vermelho vibrante, combinando com sua boina branca, e seus cabelos negros deitando como véu sobre seus ombros, suas bochechas vermelhas, pareciam reflexos de sua roupa, e ela sorria ao mesmo tempo em que fazia a mesma pergunta varias e varias vezes, como se não conseguisse armazenar o que eu dizia.
_Fica mais fácil de eu entrar dentro de você! _ Falei calmamente, enchendo seu copo novamente.
_Kath eu estou meio tonta! _ Clove falou, sentando-se desajeitadamente em sua cama.
Antes de anoitecer eu havia entrado sorrateiramente na casa de Clove e agora estávamos escondidas em seu quarto dando continuidade ao meu plano.
_Isso é normal, agora bebe Clo! _ Falei ajudando-a a entornar o copo novamente.
Eu tive o cuidado de comprar algo bom e fácil de beber, mas eu já estava achando que tinha ido longe demais.
_Acho que ela já esta bêbada! _ Peeta sussurrou ao meu lado, enquanto via Clove sorrir de suas luvas.
_Certo! Clo por que você não tenta fazer um quatro com as pernas? _ Perguntei querendo ter certeza de seu estado.
_Não sei Kath, acho que é difícil segurar uma caneta com as pernas, mas eu posso tenta! _ Clo respondeu levantando-se e caminhando cambaleando em minha direção.
_Ok garota, por que você não deita um pouco na sua cama? _ Sujiro a empurrando levemente para trás.
_Mas eu não to com sono! _ Clove falou devagar, com a voz chorosa, deitando-se na cama. _ Talvez um pouco! _ Ela concordou virando-se de braço.
_Katniss... _ Peeta me chamou temoroso, enquanto eu deitava ao lado de Clove, seus olhos claramente demonstrando o medo por mim.
_Esta tudo bem! _ Falei agarrando sua mão, desajeitadamente.
_Não deixe que ninguém perceba você! _ Peeta sussurrou colando os lábios nos meus.
_Não deixarei! _ Afirmei sorridente, deitando ao lado de minha prima dormindo.
_Vou sumir para seu poder ficar mais forte, mas ainda estarei aqui! _ Peeta avisou, seu corpo sumindo logo em seguida.
_Certo! _ Falei fechando os olhos me concentrando.
_Relaxe seu corpo, e repita comigo! _ Ouvi a voz de Peeta soar no nada.
Concentrei-me em relaxar meu corpo, parte por parte, primeiros os dedos dos pés, depois os pés, as pernas, os joelhos, e quando senti-me totalmente relaxada, entoe as palavras que Peeta repetia em meu ouvido.
_Solidum corpus, animam debiles*. Solidum corpus, animam debiles. Solidum corpus, animam debiles._ Aos poucos senti meu corpo mais leve, e quando abri meus olhos, pude ver a mim mesma deitada sobre a cama ao lado de Clove.
_Amica mea, agora você é igual a mim! _ Peeta sussurrou ao meu lado.
Virei-me e me deparei com seus olhos azuis, olhando para os meus, e tive a certeza de que estaríamos juntos para sempre, agarrei-me ao seu corpo e senti-me acolhida ao sentir seu peito firme ao meu, e seus braços a me envolver.
_Você não tem muito tempo, tem que voltar antes da lua ir embora, do contrario estará para sempre presa fora do seu corpo.
_Tudo bem! _ Sussurrei colando seus lábios carnudos aos meus.
_Agora deite-se sobre a Clove e repita comigo._ Peeta ordenou, livrando-me da prisão em seus braços.
Com um suspiro, soltei-me de seus braços, e deite-me sobre o corpo inerte de Clove.
_Unum corpus et animam**! _ Peeta entuou as palavras devagar para que eu as decorasse.
Comecei pronunciá-las e como antes quando acordei já não era mais eu, mas sim Clove, com seus cabelos negros e seu vestido amarelo.
_Tenha cuidado! _ Peeta pediu surgindo a minha frente, segurando meu rosto levemente.
_Eu terei! _ Sussurrei lhe dando um sorriso confiante.
_Clove! _ Ouvi a mãe de Clove chamar e me apresei em descer as escadas, antes que ela resolvesse subir, mas não antes sem depositar um beijo rápido sobre os lábios quase inexistentes de Peeta.
_Sim mãe! _ Perguntei o mais natural que pude ser.
_Esta pronta querida? _ Deise a mãe de Clove perguntou calmamente enquanto guardava algo em sua bolça de mão.
_Claro! _ Respondi empolgada demais o que a fez me olhar de forma estranha.
_Você esta bem querida? _ Deise perguntou sorrindo.
_Sim, só estou empolgada por poder conhecer toda a família! _ Respondi como Clove faria séria, porém educada.
_Não se empolgue tanto querida, existem pessoas não vale apena conhecer!_ Deise respondeu sorrindo colocando seu casaco de pele.
_Mas de uma chance a todos, você nunca sabe quando vai precisar de alguém e vise e versa! _ Harry o pai de Clove e vice-prefeito da cidade, completou sorrindo, um sorriso doce e espontâneo.
_Harry! _ Deise, o reprendeu por cima dos cilho bem delineados.
_Ora vamos querida, você tem que ensinar a menina a ser sociável e não arrogante! Amigos são valiosos! _ Harry explicou acariciando os ombros de sua mulher.
_hum hum! _ Pingarriei chamando a atenção dos dois.
_Ok querida, vamos! _ Deise respondeu sorrindo, saindo pela porta.
O caminho fora tumultuado, fiz o possível para falar o mínimo e quando havia perguntas direcionadas a mim, tentava responder de forma que não surgisse outras, quando finalmente chegamos a festa, juntei-me a multidão, e caminhei em direção as escadas discretamente, quando um corpo chocou-se contra mim, me fazendo cambalear para o lado.
_Clove! _ O voz grosa soou antes mesmo que eu pudesse olhar nos olhos castanhos que brilhavam para mim.
Demorei um tempo para perceber que Clove era eu, e sorri educadamente, retribuindo seu sorriso branco e repleto de dentes.
_Cato! _ Falei atordoada por sua abordagem.
Cato era dos primos mais brigões, mas ao mesmo tempo mais atenciosos que já existiam, ele era alto e bonito, seus cabelos eram de um loiro escuro, igual a um campo de trigo, e quando ele sorria o que eram raras às vezes, fazia qualquer mulher a sua frente molhar a calcinha.
Cato sempre fora apaixonado por Clove, e por algum motivo que ainda não consigo entender Clove nunca havia dado qualquer posição para ele, mesmo sendo apaixonada por ele, dês dos cinco anos, quando ele quebrou o nariz de Gloss por tela empurrado e ralado o joelho.
_Clove, você estão tão linda hoje! _ Cato sussurrou se aproximando mais, fazendo minhas bochechas corarem.
Xinguei a mim mesma mentalmente, por Clove não poder estar presenciando esta cena, que com certeza a faria tremer os joelhos, e dei um passo discreto para trás.
_Obrigada!_ Sussurrei.
_Adoro o tom de vermelho em suas bochechas! _ Cato falou delicadamente tocando meu rosto.
_Obrigada! _ Sussurrei desviando delicadamente de seu toque.
_Clove... _ Cato sussurrou tristonho, sua mão pairando no ar onde antes tocava meu rosto, seus olhos perdendo aos poucos seu brilho e encanto. _Eu... Eu só queria... _ Ele sussurrou ainda atordoado por meu afastamento. _ Eu sinto muito! _ Ele suspirou por fim abaixando a mão bruscamente.
_Desculpe! _ Sussurrei envergonhada, procurando uma desculpa para não terminar de vez com as chances de Clove com Cato. _ É só que a tantos parentes! _ Sussurrei sem ter coragem de olhar em seus olhos.
_Ah sim me perdoe! _ Cato respondeu esperançoso agarrando minha mão delicadamente. _Clove você me daria à honra de ir comigo ao baile da escola? _ Cato perguntou olhando de lado para mim, seus olhos repletos de esperança e charme.
Respirei fundo sem saber ao certo o que responder, sentindo minhas bochechas corarem, certa de uma resposta errada, iria fazer Clove me matar três vezes.
_Mas a Baile é só na primavera! _ Justifiquei tentando adiar minha resposta.
_Eu queria ter certeza de que seria o primeiro a convidar você!_ Cato justificou acariciando meus dedos.
_Cato se você puder esperar, é que tenho que falar com alguém antes! _ Justifiquei olhando para seu polegar desenhando círculos sobre meus dedos.
_Eu sabia, cheguei tarde demais não é?_ Ele perguntou apertando mais seus dedos aos meus.
_Não! _ Justifiquei sorrindo._ É claro que não, eu só... por favor, prometo te responder no máximo até amanha! _ Sorri diante do romantismo que Cato dedicava a Clove.
_Jura que não é outra pessoa? _ Cato perguntou olhando fundo em meus olhos.
_Eu juro! _ Respondi sorrindo, apertando sua mão delicadamente.
_Até amanha às 10h da noite, do contrario estarei em sua janela às 11h! _ Cato falou sorrindo, beijando meus dedos e partindo.
_Clove burra! _ Sussurrei indignada com minha prima, enquanto subia as escadas para o segundo andar, onde se encontravam os quartos.
Virei-me para ver se alguém me observava, quando eu o vi, seu cabelo reluzente como um campo de margaridas no verão, perfeitamente alinhado para o lado, diferente do despenteado normal ao qual estava acostumado, seu rosto brilhava com as luzes artificiais, e ele sorria, com seus dentes perfeitamente brancos, muito mais solido do que eu já o havia visto, praticamente humano e quando seus olhos cruzaram com os meus, reluziram o azul profundo nunca visto, bem diferente do olhar protetor que ele sempre direcionava mim, seu olhar era fino e direto, o olhar de um caçador a procura de sua caça. Senti as palavras se formarem em meus lábios, mas antes que elas pudessem ser soltas ao vento, ele havia sumido, subi mais alguns degraus a procura de Peeta, mas ele não estava mais na sala.
Subi o resto dos degraus e cheguei ao corredor fino e escuro onde as seis portas dos seis quartos dos originais se encontravam, e me perguntei qual deles seria o quarto ao qual minha mãe se referia, afinal haviam se passado dezesseis anos e o hoje ele poderia ser o quarto de hospedes, a biblioteca ou o quarto de costura.
Suspirei fundo e lembrei de meu pai, de como as aulas com ele eram fáceis e simples, lembrei da vez em que ele me explicou o por que de estudar Latim Katniss, ele disse, a magia não entende se você não falar na língua dela, é como falar com um estrangeiro, você tem que ser simples e direto com ela! ele falou acariciando meu cabelo atrás de minha cadeira. A magia é como uma teia de aranha, se você não souber como fazer e marrar todas as pontas corretamente, quando ela se soltar, haverá consequências!, eu tinha oito anos, e transcrevia as palavras escritas a minha frente em Latim no meu caderno, Quais são as consequências? perguntei pondo meu lápis de lado, Varias, depende do que você vai fazer, se a magia é forte ou fraca ele respondeu pacientemente. Quanto maior a altura, maior será a queda! acrescentei sorrindo, as frases que minha mãe costumava dizer, exatamente, agora volte para o sue dever! meu pai falou sorrindo, andando pela biblioteca, Papai chamei-o quando ele se virou para pegar um livro. Se a magia é como uma teia de aranha, nós podemos ver sua teia? perguntei curiosa olhando sua face descontraída, claro, mas você tem que saber como faze-lo! meu pai respondeu sorrindo e voltando a sua procura.
Sorri com a ideia que as lembranças de meu pai haviam me dado, tudo o que eu precisava fazer era visualizar a magia, ou o rastro que ela havia deixado, mas como eu nunca havia feito isto antes, eu precisava pensar em como agir.
_Vide magics***! _ Sussurrei, e quando abri os olhos, varias linhas coloridas se estendiam no corredor a minha frente, algumas desciam as escadas e andavam pelo salão, outras cortavam portas e continuavam seguindo, olhei para mim mesma e uma linha vermelha bruxuleante, como uma corda feita de fogo partia de mim para várias partes da casa, concentrei-me na que seguia até em uma das portas, e abria delicadamente, revelando um dos quartos da casa, que antes deveria ser o quarto de Belle, mas agora era o escritório de minha avó.
A linha que partia de mim se dividia em varias bifurcações para todos os lados, concentrei-me naquelas que poderiam ser mais prováveis esconderijos, como uma tabua solta no assoalho ou esconderijo na parede, uma das linhas dividia-se para a lareira e sumia em um quadrado dos detalhes, tateei por ele, até conseguir arranca-lo dali e achei o grimório de Belle, fechei a tampa novamente e analisei as varias linhas de fogo a minha frente, segui a que atravessava uma porta e ao abri-la, encontrei uma espécie de armário, ela seguia até mais na primeira prateleira, puxei a cadeira de minha avó de trás da escrivaninha, e subi o mais alto possível, tentando visualizar a linha, que fazia uma curva sinuosa, e se perdia em meio à parede, tateei apressadamente e achei uma fina linha profunda na parede, que poderia muito bem ser confundida com um grande arranhão, se você não estivesse procurando bem, forcei para mim e suspirei aliviada quando ela cedeu com dificuldade ao meu favor, apoie-me melhor na prateleira, e aliviada encontrei o diário de Belle e uma caixinha de madeira, peguei tudo cuidadosamente e fechei a portinhola novamente, coloquei tudo dentro da bolça de Clove que havia pego emprestada e arrumei tudo no seu devido lugar, fechando a porta quando sai, exatamente como havia encontrado.
Quando descias escadas, não havia mais ninguém no salão, segui o burburinho e a conversa até a grande sala de jantar, onde minha avó discursava calorosamente.
_E são essas ações que levaram boa parte de nossa família a ser reduzida a humanos novamente, por isso eu vos digo família, devemos puni-la tirar seus poderes, e assim retomar a magia em nossa família novamente! _ Ouvi gritou calorosos e palmas e aceitação, onde todos se levantaram da mesa, e concordavam com as palavras de Coen, apenas alguns continuavam sentados e quietos, aproveitei a oportunidade para sentar ao lado dos pais da Clo, que permaneciam sentados.
_E como faremos isso? _ A mãe de Jhoanna perguntou, sentando-se ao lado da filha.
_Da mesma forma que Belle fez, com magia! _ Coin falou sorrindo, sentando-se a ponta.
Ojantar girou apenas entorno do discurso, de como ideia de Coin era correta, e de como Belle havia errado em fazer a magia, alguns questionavam, outros respondiam, mas nada fora dito sobre qual magia seria usada o que me fez pensar, se Coin sabia mesmo oque deveria fazer.
*Solidum corpus, animam debiles: Corpo solido, alma fraca.
**Unum corpus et animam: Um só corpo e alma.
***Vide magics: Veja à magia.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Comentem!! Beijosss