My Mind escrita por Akira H


Capítulo 2
Humanidade - Kishitani Shinra


Notas iniciais do capítulo

Escrevi meio que de ultima hora, então não tive tempo de revisar, faço isso quando tiver mais tempo. Acho que enquanto Izaya analisa do jeito mais racional, Shinra olha pro que acontece na cidade e pensa do ponto de vista mais filosófico. Ficou claro que a Celty também, e tem um pouco mais a contribuir do que o Shinra, mas eu vou pela ideia de que quanto menos se fala, mais se pensa. Se bem que Celty não fala... Tá, parei com a piada...



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Izaya sempre diz que humanos são interessantes... Só diz isso por essa obsessão por “observar humanos” que ele adquiriu. Ao invés de se preocupar com coisas que humanos normais se preocupam, como dinheiro e mulheres, ele simplesmente se preocupa mais com seus queridos humanos.

Graças a isso e ao “monstro”, como Izaya chama Shizuo, minha adolescência foi desperdiçada... Como eu queria ter passado mais tempo com minha Celty, em nosso ninho de amor, sem um certo futuro informante aparecendo todos os dias. Mas por causa disso, pelo menos minha especialidade virou costurar ferimentos e cuidar de ossos quebrados.

Mesmo assim é tão injusto! Aqueles dois, todos os dias, desde que se conheceram puderam ter seus momentos “love love intensos de amor voraz sadomasoquista”, enquanto eu tinha que cuidar dos ferimentos depois, sem que meu romance florescesse... Minha adolescência desperdiçada...

Ainda sempre tive de suportar os vários trabalhos excêntricos que me pediam, como plásticas por amores obsessivos, entre outros. Como sempre, por causa de Izaya brincando de ser Deus, Shizuo poderia ser assustador, mas creio que o verdadeiro monstro seria ele. Mas não posso reclamar, eu seria um “cúmplice” em alguns de seus planos, indireta ou diretamente. Todavia não é culpa minha, o que não fazemos por amor, não, Celty?

Quando você torna-se um medico, ainda mais do submundo, podem até não confiar em você, mas a beira da morte, quem nunca solta uma informação ou outra sem querer? Eu respondo: aquele monstro que chamam de informante. Fui obrigado a aceita-lo como um de meus melhores amigos desde que sempre aparecia machucado na minha sala, no meio da aula. Nunca soltou nem uma informação desnecessária, nunca teve nenhum deslize... Esse é Orihara Izaya. Inteligente, perspicaz, manipulador, cínico e, principalmente, solitário.

Talvez sua solidão que faça com que observe todos ao seu redor, essa mesma solidão que o atraiu ao Shizuo. Dois seres tão deprimentes que me preocupam... Mas me fascinam.

Talvez, no final de tudo, o verdadeiro monstro aqui seja eu, não? Sim sim, talvez seja... Shizuo nunca foi de notar “pequenos” detalhes quando se irrita, mas que até hoje não tenha notado que Izaya não estudava em nossa escola é algo surpreendente. Obvio que era estranho que periodicamente ele surgisse para irrita-lo ou fazer certos trabalhos por lá, mas, afinal, nunca notou que seu uniforme era diferente do nosso? Durante meses fiz testes de daltonismo nele, sem que percebesse, mas deram negativo... Talvez seja pura idiotice do próprio.

Izaya e Kadota, por outro lado, foram capazes de notar, ou ao menos suspeitar sobre meu plano: juntar Izaya e Shizuo para testar os limites humanos. Uma força descomunal e um controle impecável sobre a mente, um excitante e destrutivo confronto... Ah, me animo só de lembrar nos resultados.

Gosto do Shizuo, mesmo sendo aquele brusco ignorante, posso disseca-lo e ele sobreviveria, mas em primeiro lugar: como dissecar aquela coisa? Em segundo, como conseguir permissão ou oportunidade para isso? Impossível! Mas se não posso, tem quem o faça... Izaya rapidamente entrou na brincadeira e começou a andar com canivetes, porem quem diria que o barman o acompanharia e iria arrancar um poste? Uma força descomunal tão inumana! Maravilhoso!

O informante dissecava e me deixava assistir de primeira mão as incríveis capacidades do corpo de Shizuo e esse, por outro lado, feria-o o bastante para que eu pudesse cuidar dele e analisar seu corpo. Foi incrivelmente interessante descobrir que a resistência e capacidade de regeneração do corpo de Izaya fossem tão superiores ao de uma pessoa normal.

Pode até ser que eu seja cruel por usar um para analisar o outro, mas não me arrependo tanto assim do que fiz. Os dois sempre foram os unicos que eram capazes de entender um ao outro, mesmo que talvez, esse seja o motivo de se odiarem tanto...

Ah, também teve Harima Mika, a garota apaixonadamente louca por Yagiri Seiji. Tem vezes que penso que se não tivesse tantos “poréns”, iria tentar analisar melhor seu corpo para descobrir como atraia tantos amores obsessivos para si, primeiro sua irmã e depois aquela excêntrica colegial que desejava possuir o rosto de Celty.

Foi um trabalho simples e executado perfeitamente. Tão perfeitamente que até Celty foi capaz de reconhecer... Perfeito. Não me importo de deixa-la para sempre sem sua cabeça, se for para que ela viva tranquilamente ao meu lado. Quando finalmente achar o que procura, ira desaparecer, não?

Não quero vê-la triste, é só algo temporário... Apenas até notar que não importa mais sua cabeça nem suas memórias, porque não construir novas recordações se as que já tinha se perderam? Se sabe que seu passado só lhe traz sofrimentos e arrependimentos... Talvez eu saiba como e porque Yagiri Namie se encaixa nessa sua incessante busca, mas não me obrigue a dizer.

É como colocar três amores diante de si e perguntar qual é mais valioso: o romântico, a amizade ou o amor à ciência. E sou um cientista, fui criado para ser racional... Seria contra minha natureza dizer que o amor romântico ganharia da amizade somado ao amor a anatomia humana, mesmo se for verdade ou não, sabemos que não posso desobedecer minhas origens.

Sabe, Izaya tem sua inteligência e sua perspicácia; Shizuo possui sua força e seus sentimentos puros; Kodota possui seu carisma natural e seu senso de moral, que o manteve até hoje fielmente com seus amigos; Kida Masaomi é extrovertido e tão leal aos amigos que quando suspeita que os esta traindo, é capaz de colapsar; Ryugamine Mikado possui sua curiosidade que o faz manter contato com a realidade; Sonohara Anri aparenta ser frágil e atrai atenção para si.

E eu? Bem, sou um médico. Faço qualquer procedimento biologicamente possível que me pedirem, desde costurar cortes até venenos, apenas isso. Os mistérios da ciência são incríveis, não há duvida! Porem, humanos são mais complicados. Um pouco semelhante a Shizuo, meu único contato com outros seres vivos seria através do sangue, então, Celty, porque não posso disseca-la de novo? Ira embora quando achar sua cabeça perdida, não? Então porque não posso analisar o funcionamento de seu corpo antes disso, já que é um final que você tanto procura?

Todos nos dessa cidade fomos manipulados por alguém para que nossos destinos se cruzem, como uma teia de aranha montada com perfeição. Quando o mais novo dos Yagiri surgiu pela cidade dizendo que te amava, não tive muita opção a não ser deixar Izaya se envolver no assunto e após isso, finalmente Harima Mika surgiu dizendo que o amava e que o necessitava. Convidei-a fazer uma cirurgia plástica, se esse era seu desejo... Afastei sua atenção do real ponto e pude me livrar de Seiji...

Não importa quem seja, todos já "brincamos de Deus", a diferença é que perdemos para um certo informante mais experiente no jogo e somos mais manipulados, mas nenhum de nos deixou de se intrometer nos destinos alheios.

Não sou o Izaya, nem Shizuo, mas talvez seja considerado um monstro também... Ah, não, provavelmente todos nos sejamos! Acho que isso pode ser o que nos torna humanos, não sei, não observo, mas sou um bom ouvinte.

Se formos monstros, é porque somos humanos. Mas talvez a mais humana de todos seja você, Celty, por ser a verdadeira aberração para a humanidade, mas se manter a menos pecadora de todos... Poderia passar um pouco dessa humanidade para mim? Sei que todos com quem convivo são da mesma espécie que eu pois possuímos o mesmo material genético, mas vivemos num mundo onde estamos tão conectados, mas tão distantes, que me pergunto qual é mais frio: meu bisturi que corta a carne alheia, ou o próprio coração desconfiado de todos.

Nunca me formei em medicina, pois não queria perder meu tempo aprendendo tudo que já sei, por isso trabalho na parte obscura do mundo, então não tenho muito direito de escolher quem cuido ou não. Ao conviver com assassinos, estupradores, pedófilos, drogados, mafiosos e afins, posso afirmar minha teoria: somos humanos, somos monstros e por esse pensamento, as vezes questiono minha própria ética. Ah, mas ai eu lembro: que ética? Se convivo nesse ambiente, foi porque escolhi, esqueço-me disso as vezes!

Ne, Celty, então se for para dizer o adeus, posso ser simplesmente humano e conectar nossas vidas a partir desse sangue que sempre me conectou ao mundo? Deixe-me analisar sua fisionomia e explorar seu corpo para pelo menos assim, saber que nossos destinos já se tocaram em algum momento, porque em meio a tantos monstros, você foi a menos humana que conheci. Provavelmente, por isso que Dullahans são seres que guiam os homens ao paraíso, como Izaya disse... Porque é o único ser que mesmo parecendo, não é humano, nem é um monstro.


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Notas finais do capítulo

Tenho a impressão de que ele é um dos personagens mais solitários da serie inteira. É um medico e tecnicamente deveria ter contato com todos os personagens, mas quase não tem contato com ninguém além da própria Celty...

Shinra não aparece tanto, mas é bem lembrado pelos fãs, acho que porque ele é envolto numa aura de carisma e um pouco de mistério. É um personagem de destaque, mas que não aparece tanto... É meio complicado explicar o que eu penso dele...

Enfim, espero que eu não tenha saído muito da personalidade dele, se gostou ou mesmo se não gostou, por favor, comente!!



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