Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 3
POV Carlisle




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Quando Alice veio correndo até nós, não esperava que ela me desse aquela notícia. Quando ouvi o estrondo, assustei-me. Veio da parte da frente da casa. Meus filhos logo apareceram para ver o que era, mas é claro que eu não permitiria que nenhum deles saísse.

– Onde pensam que vão? – perguntei.

– Você não ouviu o barulho? Vamos lá ver! – disse Emmett em tom animado.

– Vocês ficam aqui! Eu verei o que aconteceu.

– Ah pai! Você sempre fica com a parte mais legal! – disse Edward.

– Não tem nada de legal nisso, Edward! Pode ser perigoso.

– Mas pai, você pode precisar de ajuda e... – interrompi Jasper antes que completasse o raciocínio.

– Não Jasper! Quero que fiquem aqui! Fui claro? – perguntei impondo minha autoridade.

– Sim senhor. – responderam em uníssono.

Dirigi-me para a porta. Senti algo estranho. Fazia tempos que outros vampiros não apareciam por lá. E não poderia ser os lobos, pois tínhamos um tratado. O que poderia ser? Estava com um pressentimento estranho. Não sabia definir se era bom ou ruim. Mas isso não importava. Não mediria esforços para proteger minha família, caso fosse necessário. Sou totalmente contra violência, mas se precisasse não me impediria de usar. Torcia para que ao abrir aquela porta não fosse nada demais.

Abri a porta bem devagar e uma nuvem de poeira veio em minha direção. Não conseguia enxergar direito com aquela poeira alta, mas podia ver uma silhueta agachada logo à frente. Esperei a poeira abaixar um pouco e pude vislumbrar uma capa preta. Será? Será que nosso reencontro seria tão rápido? Não que isso não me deixasse feliz, mas eu nem sequer havia conversado com meus filhos sobre aquilo. E eu não poderia deixar aquela chance passar. Se ela escapasse, sabe-se lá quando eu poderia encontrá-la novamente. Saí até a varanda, na tentativa de melhorar um pouco minha visão ao me aproximar. Percebi que onde ela estava havia se formado uma pequena cratera, como se algo tivesse caído. Perguntei-me o que poderia ter acontecido, mas logo obtive minha resposta. Tentei ocultar a minha presença, para que não me vissem. Com aquela poeira toda, não sentiriam meu cheiro.

Vi uma silhueta mais alta se aproximando da menor. Andava calmamente em uma postura ameaçadora. Não conseguia ver detalhadamente suas características. Apenas visualizei um homem alto, de cabelos compridos e corpo musculoso. Proporcionalmente, a silhueta de capa preta não teria a menor chance, pois parecia ser bem menor e bem mais frágil. Mas pela postura que ela demonstrava, parecia que não se daria por vencida tão facilmente. Preocupei-me. Se fosse realmente aquela garota, não teria chances contra aquele sujeito. Eu tinha que agir de algum modo. Mas achei melhor apenas observar, enquanto eles não faziam nada.

– Você é bem mais fraca do que diz a lenda. Esperava mais de você. – disse o sujeito.

– Não se vanglorie por ter me acertado apenas uma vez. A luta ainda não acabou. – disse a pequena silhueta, ainda agachada.

Ao ouvir a voz fina e aveludada e aquele tom frívolo, não tive mais dúvida. Só podia ser ela. Ouvi o sujeito gargalhar alto.

– E ainda por cima é arrogante! Pois muito bem, quero que me divirta o máximo que puder. Não quero acabar com essa brincadeira tão rápido. Quero ter o prazer de te matar lentamente. – ele falava como se aquilo não passasse de um jogo.

– Lamento informar, mas não tenho a menor intenção de continuar brincando com você.

A jovem partiu para o ataque. A poeira já estava mais baixa, o que me permitiu ver com mais clareza. A menina se aproximou do sujeito, que a atacou sem a menor piedade. Mas ela foi mais rápida e desviou-se. Logo em seguida aconteceu algo que me surpreendeu. A jovem tirou uma espada da bainha, que estava presa a sua cintura e, em movimentos rápidos até para um vampiro, cortou o sujeito em vários pedaços. E como se já não bastasse aquilo, ela ainda virou-se para os pedaços e, estalando os dedos, colocou fogo neles.

Fiquei boquiaberto. Aquela não era uma vampira qualquer. Nunca havia sequer ouvido de vampiros que pudessem controlar o fogo. E como poderia? O fogo é o maior inimigo dos vampiros. Era um poder eficiente, porém autodestrutivo. O que poderia ter acontecido com ela? Que explicação existiria para aquilo? Será que era um poder seguro? E se ela se machucasse? Qualquer erro poderia ser fatal. Quem cuidaria daquela garota? Será que estava sozinha no mundo? Como adquiriu habilidades de luta tão avançadas? As perguntas apenas aumentavam e meu maior medo era não conseguir as respostas.

– Que le-gal!! – ouvi meu filho falando atrás de mim.

A garota virou-se bruscamente para nós. Sua postura era completamente defensiva, como se não estivesse esperando por aquilo. Droga! Chamar a sua atenção daquela maneira poderia prejudicar nossa possível comunicação. Irritei-me. Aqueles garotos nunca me obedeciam quando eu realmente precisava.

– O que estão fazendo aqui? Mandei ficarem dentro de casa! – falei firmemente.

– Ah pai! Olha só a diversão que você ia nos impedir de ver! – respondeu Emmett.

– Diversão? Você só pode estar brincando comigo, meu jovem! – irritava-me com a mania de Emmett de achar que lutar era divertido. Atitude completamente irresponsável.

– Claro que é diversão pai! Você a viu lutando? Foi demais! – Emmett ficava cada vez mais empolgado, o que estava me irritando ainda mais.

– Parece que meu plano de não nos encontrarmos novamente não obteve muito sucesso. – ouvi a voz frívola atrás de mim.

Virei para trás e me deparei com aquele olhar vazio novamente. Agora a poeira já quase não ocupava o ar, então pude reparar um pouco melhor na jovem. Ela guardou a espada lentamente na bainha, mas manteve seu olhar fixo em mim. Percebi que seus olhos não eram como os nossos. O direito era vermelho e o esquerdo era branco. Nunca vi nada parecido. Será que ela se alimentava de sangue humano? Aquele pensamento me incomodou, mas tratei de parar de pensar.

– Você a conhece, pai? – Jasper perguntou.

– Menos do que eu gostaria. – respondi a Jasper e me direcionei à jovem. – Acho que o destino não nos quer longe um do outro.

– Não se preocupe, vou me certificar de mudar esse destino. – ela continuava sem a menor expressão.

Ela virou-se para ir embora. Não! Dessa vez eu não permitiria! Tudo aquilo que eu vi, aquele olhar, não me perdoaria se eu deixasse que ela fosse embora sozinha. Antes que ela sumisse como da última vez, corri o mais rápido que minhas habilidades de vampiro me permitiam e parei de frente para ela, impedindo sua passagem. Ela olhou para mim surpresa. E antes que ela tivesse qualquer reação, eu a abracei. Senti que era ali que ela tinha de estar, segura em meus braços. Ela era tão pequena e magra. Meu Deus! Como ela precisava de alguém que cuidasse dela! Quantas vezes aquela luta se repetiu? Quantas vezes ela não se viu obrigada a lutar contra vampiros extremamente fortes que apenas procuravam matá-la? E por que? Por que estavam querendo matá-la? Justo uma criança! Minha criança!

– Não a deixarei partir. Você ficará segura em meus braços. Eu vou te proteger. – sussurrei em seu ouvido.

Olhei bem dentro de seus olhos e vi algo que me deixou sem reação. Eles estavam marejados. Aquelas simples palavras foram suficientes para que ela me permitisse ver sua tristeza, seu sofrimento. O que será que aconteceu com ela? Que tipo de situações ela passou? Será que em algum momento ela teve apoio de alguém? Aquelas perguntas me perturbavam cada vez mais, principalmente depois de ver aqueles olhos encharcados de veneno.

Aquele momento pareceu uma eternidade, nossos olhares presos um ao outro. Mas foram apenas alguns segundos. Ela balançou a cabeça, como se quisesse afastar algum tipo de pensamento, e começou a tentar se afastar dos meus braços.

– Me solta! Quem você pensa que é? Eu já matei por muito menos que isso!

Aquela frase me paralisou e ela conseguiu se desvencilhar dos meus braços. Vi que ela não tinha fugido, apenas subiu no galho grosso de uma árvore. Ela colocou uma mão na altura do coração e puxava o ar com força, como se estivesse sem fôlego. Eu sabia que ela apenas estava assustada com a minha atitude, afinal ela não precisava respirar. Pela sua reação, provavelmente ninguém se aproximara dela daquela forma. Que tipo de garota nunca ganhara um abraço? Será que ela realmente nunca ganhou um abraço? Será que jamais tivera alguém de seu lado que lhe desse o mínimo de carinho?

– Volte para cá. – ordenei, como se ela já fosse minha filha.

– Você acha que manda em mim? Você viu o que acabou de acontecer? Não me arrependeria de fazer o mesmo com você. – sua voz estava um pouco mais alterada. Não sabia se era desespero ou raiva.

Ouvi meus filhos rosnarem atrás de mim. Claro que o fariam! Ela estava ameaçando me matar!

– Você não seria capaz de me matar. – respondi bastante calmo. Ela apenas deu uma risada extremamente debochada.

– Quer apostar?

– Pode tentar.

Abri meus braços como se estivesse me preparando para receber seu ataque.

– VOCÊ FICOU MALUCO PAI? – ouvi Rosalie gritar atrás de mim.

– Como se fossemos permitir isso! – disse Bella. Senti que ela estava pronta para atacar.

Não interfiram! – falei firmemente.

– Mas pai, ela vai... – interrompi Rosalie.

– Por favor, não façam nada! Eu sei muito bem o que estou fazendo. – direcionei-me para a jovem. – Vamos! Tente me matar!

Assim que acabei minha fala vi que ela sumiu no ar e reapareceu na minha frente. Quando percebi, ela já havia tirado a espada da bainha e apontava para meu pescoço. Na posição em que se encontrava, poderia facilmente decepar a minha cabeça. Porém, ela apenas estava parada. Vi em seus olhos a dúvida.

– E então? Você não ia me matar? – provoquei.

– Calado!

Ela estava tremendo. Bem de leve, mas estava. Parecia travar uma batalha interna. Ela se aproximou mais ainda, como se quisesse cortar minha garganta. A lâmina estava muito próxima do meu pescoço, mas não chegava a encostar. Eu sabia que ela não me mataria. Não importava quantos ela já tinha matado, ao olhar em seus olhos eu sabia que ela só o fazia por não ter escolha. A partir do momento em que ela pudesse escolher, ela não conseguiria matar. Desde que a vi na estrada já imaginava ser uma garota pura que se viu obrigada a ser corrompida. Mas por quê? Por que ela tinha que viver daquele jeito? Isso me cortava o coração.

Ela ficou um tempo parada, ameaçando utilizar a espada. Aquilo já estava me cansando. Até quando ela pretendia enganar a si mesma?

– Já chega. Abaixe essa espada. – disse olhando dentro de seus olhos.

– Já disse que você não manda em mim. – sua voz agora demonstrava pânico.

Eu mandei abaixar a espada. – falei com a autoridade característica de um pai, aquela que meus filhos já estavam habituados.

Por incrível que pareça ela obedeceu. Abaixou a espada e ficou encarando o chão, confusa. Tentei me aproximar, mas, quando percebeu, ela voltou para cima da árvore.

– Por que não desiste? – perguntei.

– Por que você não desiste? O que quer de mim, afinal? – ela parecia não entender meu comportamento.

– Quero que seja minha filha.

O silêncio pairou no ar. Ela parecia não acreditar em minhas palavras, mas eu sabia que ela havia ficado abalada. Se eu conseguisse fazê-la ao menos cogitar essa ideia, já seria um grande passo. Ela se mostrava tão frívola, tão indiferente. Eu queria mostrar a ela o que significava ser amado. Eu queria mostrar a ela o prazer de se ter uma família com quem se pode contar. Eu queria que ela fosse feliz. Eu queria fazê-la feliz.

– Por quê? – ela falou tão baixo que só consegui ouvir por conta da minha audição aguçada.

– Por que o que?

– Por que quer que eu seja sua filha? Você sequer me conhece!

– Porque eu quero te fazer feliz. – eu disse com a maior determinação que podia demonstrar. Ela apenas deu uma risada debochada.

– Me fazer feliz? Isso é impossível!

– O que te faz ter essa certeza?

– Eu sou um monstro! Monstros não merecem ser felizes! – ela falava aquilo com tamanha certeza e frieza que chegava a assustar.

– Você não é diferente de nós. Posso te garantir que é possível.

– Não! Eu não sou como vocês.

Após dizer isso ela foi tirando a capa preta lentamente. Só então consegui perceber que ela era ainda mais frágil do que aparentava. Ela era bem magrinha, tinha um corpo pouco desenvolvido, principalmente para um vampiro. Seus cabelos eram brancos e compridos até o meio das costas, como uma cascata de prata. Sua pele era mais pálida que o normal e em seu olho de cor branca havia uma cicatriz que ia do meio da testa, atravessava o olho, e parava no meio da bochecha. Seus braços possuíam marcas de queimadura. Para chegar a possuir marcas em um corpo que se autorregenera, era preciso se machucar no mesmo lugar inúmeras vezes. O que apenas comprovava minha hipótese de que seu poder especial era uma espada de dois gumes.

Mas o que ela pretendia provar com aquilo? O que ela esperava que eu dissesse? Que apenas por possuir tal aparência, no mínimo deplorável, eu desistiria? Pois aquilo apenas reforçava meu desejo de tê-la ao meu lado.

– Veja essas marcas. Olhe nos meus olhos. Eu não sou igual a vocês.

– Não me interessa se você é igual ou diferente. Eu quero que seja minha filha.

Ela ficou em silêncio novamente. Senti que ela estava ainda mais abalada. Eu queria saber o que se passava na cabeça dela. Eu entendia aquele sentimento que ela possuía. Era como eu quando fui transformado. Eu tinha nojo de mim. Eu me tornei a criatura que mais odiava. Mas ao mesmo tempo eu queria viver. Queria seguir adiante. Ainda tinha tantos sonhos, tantos objetivos. Não queria simplesmente me matar, até porque isso ia contra meus princípios. Fiquei anos em uma batalha filosófica. Tudo parecia contraditório. Mas felizmente eu encontrei o caminho certo, um caminho em que eu poderia viver feliz e do jeito digno que eu sempre sonhei. Mas passei por muito sofrimento até obter as respostas para meus questionamentos. E justamente por isso é que eu precisava ajudar aquela garota. Eu não desejava para ninguém o que eu passei. Eu queria salvar aquela garota da escuridão em que se encontrava. E para isso ela tinha que ser minha filha. Só assim eu poderia lhe dar o amor que a resgataria daquele inferno.

Mas apesar de desejar fortemente, não considerei algo crucial.

– Você não pode fazer isso pai! – ouvi Edward falar.

– Você só pode estar maluco! Você não pode estar falando sério! – disse Rose.

– Não precisamos de mais alguém na família! – disse Bella.

Aquelas palavras penetraram meus ouvidos de maneira incrivelmente dolorosa. Eu não esperava que meus filhos fossem contra. Tudo bem que eles eram ciumentos, mas não pensei que fossem dizer aquilo, daquela maneira, naquele momento.

– Por favor, entendam o pai de vocês. – Esme tentou me defender.

– Não! Essa garota cheira a problema! Justo agora que conseguimos um pouco de paz! Eu não quero viver aquele inferno de novo! – disse Rose.

– Ele sequer nos comunicou suas intenções! Não é justo! – disse Bella à mãe.

– Pelo visto é só você que me quer em sua família. – disse a garota, sorrindo melancolicamente.

Isso era ruim. As palavras dos meus filhos acabaram com qualquer possibilidade da jovem aceitar minha proposta. Eu precisava agir rápido ou perderia ela. Eu me entenderia com meus filhos depois.

– Não é só ele! Eu também quero! – disse Esme, posicionando-se do meu lado.

– O que? Mãe! Isso não é justo! – disse Edward.

– Vocês perderam a cabeça! Isso pode ser perigoso! – disse Bella.

– Por acaso vocês viram o que acabou de acontecer? Ela apontou a espada para você, pai! Ela não é como nós! – disse Rose.

Basta! – disse, virando-me para meus filhos. – Vamos conversar sobre isso mais tarde!

Respirei fundo e voltei-me para a garota. Mas para minha surpresa ela não estava mais lá. Fugiu. Eu estava tão perto.

– Calma, querido. Vamos encontrá-la de novo. – disse Esme acariciando meus cabelos.

– Espero que sim querida. Espero que sim. – virei para meus filhos. – Reunião familiar. Agora!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yo pessoitas ^^/

E aí? Curiosos para saber quem é a garota? Será que ela vai entrar pra família Cullen? Nyah... Espero comentários até o próximo cap XD!! Me digam se estão gostando XD!! Qro ver críticas, elogios, dicas e sugestões XD!! Sintam-se livres para comentar o que quiserem XD!! Mas com educação, please >—__ob

Ah... Esqueci de falar no primeiro cap! Os apelidos que os filhotes Cullen tem nessa fic, não foram ideia minha XD!! Não sei se quem foi, mas os créditos são da pessoa q criou XD!! Achei super legal esses apelidos, então resolvi pegar emprestado, mas qro deixar bem claro q os créditos são da pessoa q os fez XD!!

Até o próximo cap...
o/



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