Caitlyn encarava a mensagem no muro. Ao longe, via-se Vi extremamente nervosa. Caitlyn a acompanhou com os olhos até perdé-la de vista. Não havia mais ninguém na rua além dela. Os curiosos que foram ver a explosão já haviam voltado para a segurança de suas casas, afinal, essas coisas acontecem, não era nada preocupante. A xerife passou o dedo pelas letras cor de rosa e chegou a conclusão de que quem fez aquilo não devia estar muito longe. Ela correu até sua casa e trocou seu vestido habitual por uma calça estilo militar bege, pegou a primeira camiseta verde que achou e calçou botas de caminhada. Seu sono foi embora. Alguém provocou sua parceira diretamente e poluiu sua cidade visualmente, ela não deixaria aquilo passar impune. Enquanto prendia o cabelo, bateu os olhos em seu rifle extremamente danificado. Droga! Abriu a gaveta de seu guarda-roupa e tirou uma pistola de um fundo falso.
De volta ao muro pichado, Caitlyn examinou a cena. X não passaria pelo centro da cidade, então, sua única saída seria o beco. Ela entrou e uma lata de lixo caiu no chão. Seu coração quase saiu pela boca. Se fosse encurralada ali, teria sérios problemas. Ficou aliviada quando viu que se tratava de um gato.
A noite caía cada vez mais rápido. Caitlyn se aprofundava pelas ruas de Piltover. Tudo que ela encontrou foi um pouco de pólvora no chão.
– Você parece muito com aquela garotinha do rifle – Uma voz nervosa surgiu nas sombras. – Caitlyn. Eu conhecia o seu pai. Você é a xerife agora, não é?
Caitlyn se virou, procurando o dono da voz.
– Sim.
– Graças ao céus! Eu...Eu não moro por aqui. Não mais. – Um senhor de cabelos ralos a cumprimentou. – Mudei para uma cabana na floresta, mas algum infeliz a incendiou. Me disseram para procurá-la, mas não esperava encontrá-la tão rápido.
– Hm...Você chegou a ver como era o autor?
– Cabelo azul. Isso foi tudo que eu consegui ver.
Caitlyn coçou o queixo. Era muito estranho ela estar procurando uma pessoa no meio da noite e alguém brotar dizendo que a viu.
– Me leve até sua cabana.
O senhor entrou na floresta e Caitlyn o seguiu. Eles andaram muito. Ela percebeu que estava chegando naquela clareira da mina, onde Jayce quase morreu. Não se lembrava de cabana alguma nas proximidades. O homem parecia muito nervoso. Algo estava errado. Caitlyn não devia ter seguido-o, afinal, estava sem seu rifle. E sem Vi. Devia ter a chamado, mas ela precisava de um tempo sozinha, tinha certeza disso. Aquela mensagem tinha algum significado a mais. Uma pequena explosão a trouxe de volta e uma fumaça colorida subiu. Caitlyn não enxergava nada à sua frente. Não que antes ela estivesse enxergando algo. Ela sacou a pistola e procurou o senhor com a mão livre. Ele não estava mais ali.
– Não sabia que era tão fácil pegar você, Chapeluda.
– Quem é você?
Tudo que Caitlyn viu foram dois olhos elétricos. Eram enormes. E rosa.
– Eu poderia matar você aqui mesmo. A tão temida xerife derrotada por uma garotinha – Uma risada maníaca ecoou pelo local. – Você é burra, Caitlyn.
Caitlyn disparou a pistola e a risada voltou. Um choque estupidamente forte a atingiu em cheio e a derrubou no chão. A fumaça já estava mais baixa, porém, ela ainda não conseguia ver direito.
– Qual a finalidade desse teatrinho todo?
– Eu realmente ia queimar a cabana dele. Estava entediada – Folhas se agitaram. X não estava mais ali. – Mas imaginei que você viria atrás de mim, então, usei aquele homem. Tão tolo quanto você, ele aceitou, desde que eu o ajudasse a sumir antes que você acabasse com ele. Você é tão temida, mas não passa de um pedaço de merda.
Caitlyn atirou outra vez, às cegas. Um clarão azul indicou que ela tomaria outro choque. O pé de X já estava em seu peito. A dor que ela sentia era inexplicável.
– Na-na-na. Você não vai querer lutar comigo.
– Quem você pensa que é?!
– Quem você pensa que é? – A voz infantil repetiu. – Não passa de uma propaganda falsa. Olhe como foi fácil te derrubar.
Caitlyn, agora de bruços, tentava se levantar. Aquele choque a deixou imobilizada. O par de olhos estranhos surgiu na sua frente outra vez.
– Só quero que diga à Mãozuda que estarei esperando-a no banco daqui cinco dias, à meia noite. E é bom que avise. Você não vai gostar de fingir que nunca esteve aqui.
Silêncio.
Som de pés escorregando. X caiu no chão. Caitlyn quase bateu na própria testa. A menina estava rindo.
– Esqueci. Se ela levar você de guarda-costas, eu te mato. Quero ver se ela é valentona mesmo, ou só se esconde atrás de um escudo, assim como você se esconde atrás de um rifle.
Caitlyn não respondeu. Aquilo foi um belo tapa na cara. Ela ficou ali, deitada no chão, observando o céu. Estava totalmente humilhada. Seu orgulho estava tão ferido que ela queria botar fogo naquela demônia. Passos indicaram que X se cansou e foi embora. Esteve tão perto e foi tão útil quanto um cone. Ela se levantou apenas quando estava amanhecendo. Se arrastou até o apartamento de Vi. Como tinha as chaves, ela nem bateu na porta. Devia ser cinco da manhã, Vi devia estar desmaiada. Caitlyn entrou no quarto e encontrou Vi apenas de toalha parada em frente ao espelho. Ela encarava o próprio reflexo. Estava olhando fixamente para o corte em seu pescoço, enquanto passava a mão pelo cabelo molhado.
– Não esperava encontrá-la acordada.
– Não é porque você é a xerife que pode ficar entrando em minha casa.
Caitlyn quase riu. Ela parou ao lado de Vi e viu que ambas estavam com olheiras enormes.
– Longa noite?
– Longa noite. Nunca a vi de cabelo preso. Está bonita, Cupcake.
– Obrigada.
Vi tirou a toalha e ficou completamente nua. Caitlyn corou e desviou o olhar, o que a fez rir. Ela havia se esquecido que Vi era...Vi.
– Não tenho nada que você não tenha, nojenta – Ela estava se vestindo, enquanto Caitlyn olhava fixamente para um ponto invisível na parede.
– Não me estresse, Vi.
– O que aconteceu com você? Está cheia de terra.
– X.
– Você a pegou?
– Não. Ela me pegou. Eu...Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida – Caitlyn se escorou na parede e olhou para Vi. – Me sinto algo abaixo de lixo.
– Não deve ter sido tão horrível.
Caitlyn contou toda a história para Vi. Ela achou tudo muito interessante, principalmente o fato de ter um "encontro" marcado.
– Você não a viu?
– Não. Só os olhos.
Vi virou-se um pouco rápido demais e perdeu o equilíbrio.
– Como eram?
– Grandes. Elétricos. Rosa. Muito estranho. Nunca vi nada tão...Neon?
– Jinx!
– O quê?
Vi piscou algumas vezes e abriu a janela.
– Esquece.
– Quem é Jinx?
– Ninguém. X é Jinx. De Jinxed, entende?
Caitlyn a encarou, desconfiada. Ela já ia questioná-la quando um brilho no céu chamou sua atenção. Um prédio desabou em segundos. O inferno de Piltover estava apenas começando.