Depois da morte de Augustus Waters escrita por Malia Stilinski


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Bem grandão pq não sei quando vou postar o próximo.
Boa leitura!!



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Acordei sozinha no quarto de hospital. Não havia ninguém. Resolvi aproveitar para organizar pensamentos.

Incrivelmente eu estava com uma sensação neutra. Eu não estava triste, estava com aquela alegria fraquinha de dever cumprido, que você não está mais abusando da sorte na escola ou generosidade dos seus pais quando você quer alguma coisa em alguma loja. Eu me sentia bem.

Sabia que iria ser muito difícil para os meus pais, mas de qualquer modo eles já sabiam que um dia isso aconteceria.

De repente lembrei-me do livro “Valiosa Batalha” que a Sra. Waters me dera, havia um bilhete lá, do Augustus. Eu precisava lê-lo.

– Mãe! Mãee!

– Está tudo bem? – perguntou uma enfermeira que de certo escutou meus gritos.

– Sim, está tudo bem, sim. Só preciso da minha mãe, você pode chama-la ou o meu pai, por favor, chame um dos dois.

– Qual é o seu nome? - perguntou.

– Hazel Lancaster. – respondi.

– Tudo bem, vou chama-los. Só um minuto.

– Obrigada.

Depois de alguns minutos os dois apareceram na porta desesperados.

– Está tudo bem filha? – perguntou minha mãe.

– A enfermeira disse que você estava nos chamando. – comentou meu pai.

– Sim, estava. Pai, você pode ir lá em casa pegar o livro “Valiosa Batalha” que a Sra. Waters me deu?

– Por que você quer ler agora, Hazel? Você tem que descansar. – falou minha mãe.

– Não vou lê-lo mãe. Só preciso do livro. – falei. Não era uma resposta muito convincente, mas eu não queria falar o real motivo.

– Não, Hazel. Quando formos para a casa você vai ter tempo de sobra para lê-lo. – percebi que minha mãe estava meio irritada e isso me deixou irritada também.

– Eu já disse que não vou lê-lo, mãe! – falei fechando a cara.

– Olha o respeito, mocinha!

– Chega! Eu busco o livro para você, Hazel, mas prometa que não vai lê-lo. Só vai ver o que quer ver e depois eu o levo embora tudo bem? – finalizou meu pai.

– Sim! Sim! Tudo bem, eu prometo. – falei abrindo um sorriso. Meu pai saiu do quarto deixando eu e minha mãe a sós.

– Pra que você quer tanto o livro? – me perguntou.

– Quero ver. – respondi. – E por que está tão irritada?

– Não é nada. – respondeu. Ela soltou um suspiro e me pediu desculpas. – É que eu não entendo por que a Dra. Maria e os outros médicos não aceitam fazer um transplante, Hazel. Até então, quando você era uma paciente terminal eu entendia, mas agora você... Você... – “está morrendo” ela quis dizer, mas ao invés disso, disse: - Agora é diferente, é uma vida que eles salvariam, e eles dizem... - ela parou. Então eu completei.

– Que não adiantaria, seria jogar um pulmão bom e saudável fora.

– Não é bem assim, filha. Sabe que se tivéssemos mais dinheiro para pagar particular o seu transplante.

– Tudo bem, mãe. Eu estou bem. – falei.

Ela sorriu.

– Vou comer alguma coisa. Já volto. – E saiu.

– Oi! - ouvi sua voz no corredor. Devia ter encontrado alguma amiga.

– Oi, como está a Hazel? – a pessoa perguntou.

– Está bem. Eu ia descer para comer alguma coisa, quer ir junto? Isaac pode ficar fazendo companhia para a Hazel.

– Claro! – e a porta se abriu.

– Hazel, o Isaac e a mãe dele vieram ter ver. – avisou minha mãe.

– Olá! – disse a mãe do Isaac.

– Oi, Haz. – falou Isaac.

– Oi! - falei.

– Como se sente Hazel? – perguntou a mãe dele.

– Estou bem. – achei melhor não comentar que eu iria morrer. Com certeza minha mãe falaria a ela no lanche das duas no restaurante do hospital.

– Que bom. Daqui a pouco os médicos te darão alta e você já vai poder voltar para a casa.

– Pois é.

– Bom, vou deixar Isaac te fazendo companhia. Até mais Hazel. Melhoras! – e as duas saíram.

– E aí? – disse Isaac em pé do lado da minha cama.

– E aí? – respondi. Ele agia tão naturalmente, como se ontem não tivesse acontecido nada.

– Vai morrer? – perguntou ironicamente. Ele sorriu e eu sorri também.

– Parece que sim. – respondi. Ele riu.

– É brincadeira sua. Não é? – Eu ri. Por mais tensa que fosse qualquer situação, com Isaac a situação nunca seria tensa.

– Não é brincadeira. - Eu continuava sorrindo.

– Meu Deus, Haz! - Ele se sentou na cama e estendeu a mão. Ficamos de mãos dadas enquanto conversávamos. – Mas tipo? Agora?

– Não sei. Meus pulmões estão fracos. Não há tempo específico. - respondi.

– E o Falanxifor? “Viva o Falanxifor”? – perguntou.

– É para os tumores. Mas o problema não são os tumores. São os meus pulmões. – expliquei.

Ele abaixou a cabeça. Ficamos em silêncio por uns minutos.

– Nossa. – disse finalmente.

– O que? – perguntei.

– E não podem fazer um transplante?

– Podem, mas não querem. – falei.

– Como assim “podem, mas não querem”? – repetiu.

– Eles pensam que não vale a pena por um pulmão saudável num corpo deteriorado pelo câncer como o meu.

– Seu corpo não está deteriorado pelo câncer! – gritou. E eu ri. – Só os seus pulmões, talvez.

–É. – concordei.

– Você já teve que apertar aquele botão pelo qual chamam as enfermeiras quando se está passando mal? – perguntou.

– Já. – respondi. Não entendi o porquê da pergunta.

– E funciona?

– É claro que funciona!

– Onde ele fica? – estava achando estranho tantas perguntas por causa do botão.

– Fica aqui. – levei sua mão até o botão atrás de mim e ficamos cara a cara. - Mas por que quer saber disso? – dava pra sentir sua respiração.

– Por que eu quero apertar. – e falando isso apertou o botão.

– Isaac! Você é louco?

– Se a pessoa dá seus olhos em troca da cura do seu câncer, então sim! Eu sou louco! – e nós começamos a rir.

De repente entrou uma enfermeira no quarto.

– Está tudo bem? – eu fiquei vermelha, quem é que chama uma enfermeira só para avacalhar?

– É que... que... não... foi... eu... eu... não era isso, era... – comecei a gaguejar enquanto Isaac morria rindo de mim.

– Bom, fui eu que apertei o botão. – falou. – Eu gostaria de perguntar uma coisa.

– Sim?

– Minha amiga aqui, tem câncer, ela é um paciente terminal, mas agora seus pulmões estão fracos e ela vai morrer. Eu quero saber, - falou mais pausadamente possível. Eu só rezava para nossas mães não chegarem agora. – porque não podem, ou não querem fazer um transplante nela.

– Bom, senhor, eu não sei o porquê, mas com certeza deve haver um motivo. Aconselho o senhor a perguntar para a médica da sua amiga. Seria só isso?

– Sim, obrigada. – agradeceu Isaac.

– Com licença. – pediu a enfermeira e se retirou.

– Meu Deus, Isaac! – eu comecei a rir muito, apesar da dor nos meus pulmões.

– O que foi? Quero explicações. – respondeu com uma cara de inocente.

– Você foi hilário!

– Hilária foi você gaguejando pra valer na frente da enfermeira. – Isaac falou enquanto eu ficava vermelha.

Dei um suspiro e um sorrisinho. Eu me perguntava como ele conseguia agir assim, tão natural como se ontem não tivesse acontecido nada entre a gente. Não que eu gostasse do Isaac como eu gostava do Gus. O Gus era diferente, eu o amava. Mas o Isaac me faz ficar despreocupada, sempre me faz rir, fala o que tem que falar e age como se fosse um mundo muito natural. Isso e aproxima dele, mas me deixa confusa.

Ele estendeu a mão e perguntou: - Tá tudo bem?

Peguei a sua mão e respondi: - Sim, só estava pensando.

– Pensando no que?

– Não sei.

– Em ontem?

– Mais ou menos.

Nesse momento nossas mães chegaram e afastamos nossas mãos.

– Vamos Isaac? Hazel tem que descansar.

– Pois é. Tchau Haz.

– Você vai vir amanhã? – perguntei e ele sorriu.

– Talvez. – respondeu.

– Tudo bem, sabe como é ter que ficar sozinha aqui quase o tempo todo. – expliquei para esvair qualquer suspeita de nossas mães.

– Sei, sim. – respondeu e foram embora.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor, quero muito sabe o que acharam, e por favor não sejam leitores fantasmas.

Mereço recomendações? Por favoooooooooooorrr



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