Dois anos se passaram desde meu casamento com Natsu, e apesar de todas as dificuldades que enfrentamos nesse curto período de tempo, ainda nos amávamos incondicionalmente.

O nosso primeiro ano de casado foram flores, tudo ocorreu bem. Morávamos num pequeno e confortável apartamento num subúrbio de Tóquio. Ele era gerente de uma loja de eletrônicos e eu balconista em uma famosa confeitaria da cidade, não eram os empregos dos nossos sonhos, mas pagavam bem, o que nos permitia ter uma vida um tanto confortável.

No segundo ano as coisas começaram a desandar. Durante o primeiro semestre Natsu sofreu um grave acidente de carro, ficou internado por quase um mês e acabou perdendo os movimentos das pernas. Logo que saiu do hospital recebeu a conta a ser paga do mesmo, e em seguida descobriu que havia sido demitido.

Como se não bastasse todas essas fatalidades, recebi um aviso que o nosso aluguel estava atrasado e que se não o pagássemos, seriamos despejados.

— Tem certeza Natsu? — Indaguei com os olhos lacrimejados, ele assentiu e eu me pus a chorar.

O seguro-desemprego dele iria todo para quitar a divida com o hospital. Já o meu salário não era o suficiente para quitar os dois meses de atraso, mais o mês seguinte. Estávamos sem chão.

Naquele mesmo dia Natsu se jogou de uma escada, com cadeira de rodas e tudo, achando que assim conseguiria se matar para me deixar livre do seu fardo. Novamente eu chorei.

— Não importa o que aconteça, eu nunca vou te deixar. — Sussurrei, sabia que mesmo estando desacordado ele conseguia me ouvir.

— Eu sei. — Sua voz saiu tão fraca, mas mesmo tão fraca conseguiu acalma meu coração.

E foi naquele momento que eu percebi o céu poderia estar caindo, os prédios desabando, o mundo acabando, mas eu nunca o deixaria, porque nós dois juntos, eramos algo muito certo.