Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 23
Capítulo 22. LA PUSH


Notas iniciais do capítulo

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CAPÍTULO 22 – LA PUSH

Passei os vinte e cinco quilômetros de Forks a La Push sentada ao lado de Sara, a nova conquista de Peter. Ela não me pareceu ser tão ruim assim, bom, pelo menos durante todo o caminho ela me pareceu realmente animada com a nossa ida a First Beach e sincera em querer formar laços de amizade conosco. Em outras palavras, notava-se que ela era um tanto tímida no começo, mas a partir do momento em que se sentia mais à vontade – e esse momento não tardava a chegar –, ela se soltava, como uma criança no parque de diversões, e era capaz de brincar com todo mundo.

Ninguém podia negar, nem mesmo Gabi – e eu podia ver o quanto isso a incomodava –, que Sara poderia ser uma boa amiga se você tivesse a oportunidade de conhecê-la melhor. E, com certeza, esse passeio estava nos provando isso.

Chegamos ao estacionamento da First Beach com quinze minutos de atraso. Os garotos já nos esperavam lá, Tom sentado no chão – que não estava molhado por causa da milagrosa semana sem chuva em Forks e região, o que incluía La Push – juntamente com Ryan, enquanto Peter e Rick estavam de pé, os dois com os braços cruzados na frente, Rick encostado no capô do seu carro e Peter de frente para a entrada do estacionamento.

Eles conversavam animadamente e quando Peter nos avistou, abriu um enorme sorriso no rosto. Vi Gabi, na outra ponta do banco do carro, abrir um sorriso tímido enquanto Sara, ao meu lado, sorria eufórica e acenava para ele. Tornei a olhar para frente e me deparei com Peter retribuindo o aceno e os outros garotos virando o rosto na nossa direção. Voltei a observar Gabi a tempo de ver seu sorriso murchar. Não pude deixar de sentir pena dela. E mesmo que eu me odeie por sentir isso por uma pessoa – pois, da mesma forma, odiaria se sentissem pena de mim –, não conseguia evitar pensar no quão doloroso deve ser ver a pessoa de quem você gosta empolgada com outra que não é você e perceber que essa concorrente não é, nem ao menos, ruim o suficiente para ser odiável. Seria como admitir que você não é boa o suficiente, pelo menos para ele – a opinião que realmente importa –, e isso é de matar qualquer autoestima.

Saí dos meus devaneios com Nancy estacionando na vaga ao lado do carro de Rick. Descemos do carro e fomos cumprimentá-los. Ryan já abraçava Kali pela cintura, Sara logo ficou grudada em Peter e Tom já implicava com Nancy.

“Que demora, hein? Não sabe dirigir a mais de 10 por hora?”

“Não enche, Tom.” Nancy revirou os olhos. “A gente chegou, não chegou?”

“Com quinze minutos de atraso. QUINZE!” Ele frisou, fazendo uma carranca.

“Quinze não é muito, tá?” Ela bufou.

“Porque não foi você quem ficou QUINZE minutos esperando uma tartaruga dirigindo um carro.” Ele cruzou os braços em frente ao corpo.

“Pelo menos eu dirijo um carro.” Nancy retrucou com o tom de voz indiferente enquanto analisava suas unhas.

“O quê? Você está querendo insinuar que sou desmotorizado?” Ih... Tom descruzando os braços bruscamente não é um bom sinal, principalmente se reparar no olhar assassino que ele lança para Nancy.

“Se a carapuça serviu...” Agora ela também o encarava mortalmente. Se olhar matasse, amanhã teríamos um enterro duplo. É melhor parar já, antes que as coisas piorem.

“Parem já, casalzinho do ano!” Lisa gritou, se antecipando aos meus pensamentos.

“Nós não somos um casal!” Os dois gritaram juntos, desviando o olhar um do outro para fuzilarem ela.

“Não é o que parece.” Lisa respondeu sem se deixar abalar.

“Não mesmo, vocês parecem meus tios... Vivem implicando um com o outro, mas fazem um barulhão à noite...” Rick completou.

“Calem a boca!” Nancy e Tom gritaram juntos, ambos irritados. Tive que reprimir o riso com isso. Eles formam um casal e tanto.

Hmm, não tinha reparado antes, mas só agora eu percebi que o braço do Rick está ao redor da cintura da Lisa. Será que eles finalmente se acertaram?

“Ok, pessoal. Já chega de discussão por hoje, né? Vamos logo para a praia.” Gabi intercedeu, encerrando a discussão.

“Quem topa uma missão de reconhecimento?” Nancy perguntou animada. Era incrível como o humor dela mudava tão rápido assim.

“Seja mais específica, marujo.” Tom voltou a implicar.

Ela revirou os olhos. “Vou fingir que não te escutei falar.” Ela deu as costas para ele. “Alguém quer caminhar pela praia?”

“Eu topo!” Lisa logo respondeu. Ela ama caminhar.

“Eu também.” Rick disse logo em seguida, fazendo todos os encararem. Ele ainda estava com o braço ao redor dela.

“Por que ninguém chama os dois de casal?” Tom perguntou indignado, apontando para Lisa e Rick, ambos corando.

“Oras, porque eles não fazem questão de negar.” Gabi respondeu dando de ombros, deixando Tom paralisado com a boca aberta.

“Fecha a boca para não entrar mosquito.” Nancy bateu no queixo dele, despertando-o e fazendo todos rirem.

“Ok, a gente vai ficar por aqui mesmo. Vamos preparar as coisas pra ascender a fogueira.” Peter disse, depois dos risos cessarem.

“Bom, eu vou caminhar.” Gabi respondeu. Acho que ela não queria ficar com Peter e Sara.

“Nós vamos ficar.” Kali anunciou com Ryan abraçando-a por trás e o queixo apoiado em seu ombro.

“Ok, eu não vou ficar de vela aqui. É melação demais para mim.” Disse Tom. “Eu vou com vocês.” Ele se uniu a Rick, que não estava mais junto de Lisa. Agora ela estava com Nancy e Gabi.

“E você, Luna? Vai ou fica?” Gabi perguntou, me lançando um olhar que dizia o seguinte: ‘me faz companhia? Não quero ficar de vela, mesmo que nenhum deles ainda tenha se assumido’.

“Eu vou.” Corri para o lado das garotas. Por mais que eu não gostasse de andar, caminhar ou correr porque, inevitavelmente, eu seria atraída para o chão, não deixaria Gabi sozinha, nem gostaria de ficar no meio dos casais que ficaram para ascender a fogueira.

Assim, despedimo-nos com um até logo e saímos caminhando pela estreita faixa de areia. Havia pedrinhas por toda a costa, de várias cores: terracota, verde-mar, lavanda, cinza-azulado, dourado-areia... Além, é claro, de gravetos e pedaços de troncos brancos como osso por causa do mar.

Tom e Rick iam uns dois passo a nossa frente, conversando alguma coisa sobre um jogo de sei lá o quê que não fiz questão de entender. Enquanto isso, Nancy começou um assunto que eu sinceramente tinha esquecido.

“Então, quem vocês chamaram para o Baile de Primavera?” Ela perguntou animada e com o tom de voz um pouco alto, atraindo a atenção dos garotos que andavam à nossa frente, fazendo-os nos olhar de esguelha e, em seguida, retomar a conversa deles.

“Bom,” Gabi começou. “Sabe o Tony?”

“Aquele que te passa cola na prova de Espanhol?”

“Ele não me passa cola, nós só... conferimos as respostas.” Ela deu um sorriso maroto.

“Ok, chame isso do que você quiser.” Nancy revirou os olhos. “Mas, então, você convidou ele?”

“Convidei, sim, por quê?” Gabi perguntou.

“Bom, ele não é lá essas coisas. Você com certeza encontraria algo melhor.” Nancy respondeu dando de ombros.

“Ah, eu ainda estava sob o efeito do choque quando ele”, ela enfatizou sem falar o nome do Peter. Os garotos não sabiam da quedinha dela e ela não queria que eles soubessem. “aceitou o pedido dela.” Ela fez uma careta triste, provavelmente pensando em Sara. “Mas o Tony parece ser legal. E aproveito para fazer a boa ação do ano.” Ela disse dando de ombros também.

Bom, não que Gabi não fosse realmente bonita e que ela não conseguisse arranjar alguém melhor, mas esse sentimento de superioridade me incomodou um pouco, afinal, ninguém é melhor que ninguém, certo? Exceto os Cullen, uma vozinha na minha cabeça sussurrou. Incrível! Não tem um único dia em que eu não pense neles?

“E você, Luna? Quem você convidou?” Nancy perguntou.

“Ah...” Eu dei um sorriso amarelo.

“Oh, meu Deus! Não me diga que você esqueceu do baile?” Lisa perguntou estupefata, parando de andar e me encarando descrente, as outras duas também pararam, me olhando com os olhos arregalados como se vissem um alienígena.

“Bom, não do baile... eu só esqueci que tinha que convidar alguém...” Respondi corando. É tão típico de mim, esquecer as coisas. Certo, admito que talvez eu tenha esquecido essa parte por botar na cabeça que eu não poderia convidar um determinado Cullen de cabelos de bronze porque ele simplesmente não aceitaria convite nenhum vindo de uma garota normal e, sinceramente, nenhum outro garoto chamou tanto a minha atenção.

“Você é incrível! Só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço.” Gabi exclamou, segurando o riso.

“Acredite, minha mãe me diz isso desde que me conheço por gente.” Não pude deixar de rir, deixando meus devaneios de lado. Estava acostumada a esquecer as coisas e mais ainda a rir dos meus lapsos.

“Mas não é tão tarde assim para arranjar um par. Com certeza consegue alguém legal para ir ao baile com você.” Lisa me animou.

“Bom, se eu não conseguir, eu vou sozinha mesmo.” O que talvez fosse o mais provável, acrescentei mentalmente. Não que eu não fosse capaz de convidar alguém, mas as poucas pessoas que eu conhecia e que eram legais provavelmente já tinham sido convidadas e, como sempre digo, antes só do que mal acompanhada.

“Que isso! Pensamento positivo que você consegue. Ir sozinha é o cúmulo!” Nancy se revirou os olhos na última parte.

“Ok, ok... Mas e você Lisa?” Ela me olhou surpresa. “Convidou alguém?” Indiquei Rick discretamente com a cabeça.

“Ainda não.” Ela corou furiosamente.

“Ah, que isso! Você também? Não. Vem, vamos resolver esse assunto logo.” Nancy a pegou pelo pulso, arrastando-a para frente. “Rick,” Ele se virou, curioso, “a Lisa quer te perguntar uma coisa.” Eu e Gabi trocamos um olhar divertido e apertamos o passo para alcançá-los.

Lisa tentava esconder o rosto no braço esticado pelo qual Nancy a puxava.

“Lisa?” Ele perguntou confuso.

“Ahn...” Ela o encarou nos olhos com rosto totalmente vermelho.

“Pode falar.” Ele sorriu e ela desviou os olhos para o chão.

“Vocêqueriraobailecomigo?” Ela falou tão rápido e tão baixo que quem não soubesse antecipadamente o que ela iria perguntar, não entenderia uma palavra da frase que saiu da sua boca.

“Hmm...” Rick inclinou a cabeça para o lado e a coçou. “Você pode repetir mais alto e devagar? Eu não entendi.”

“É que...” Lisa ergueu o rosto, mordendo o lábio inferior. “Bom, você quer ir ao baile comigo?” E ficou de um tom ainda mais vermelho do que já estava.

“Claro.” Ele sorriu e podia jurar que seus olhos brilharam. “Eu adoraria.”

E no segundo seguinte, eles estavam sendo ovacionados por nós.

“Tá bom, gente. Já chega!” Lisa, ainda corada, tentou nos acalmar. “Mas e você, Nancy? Já convidou alguém?” Ela perguntou para tentar, com sucesso, desviar nossa atenção.

Nesse instante, uma tensão estranha surgiu no ar. Me senti uma bolinha de ping-pong tentando observar as reações a seguir. Vi Tom parar de aplaudir, encarando Nancy, curioso pela resposta. E vi a mesma retribuí-lo com um olhar desafiador, ao passo que ele estreitou os olhos, desconfiado.

“Já sim, convidei o Nathan.” Ela deu um sorriso estranho enquanto ele trincava o maxilar.

“Não, você não fez isso.” Me arrepiei. Nunca ouvi Tom falar tão sério assim.

“Ah, fiz sim.” Ok, eu perdi alguma coisa aqui. Os dois se desafiavam com o olhar, ela o provocando e ele tentando não se deixar levar pela raiva que começava a brilhar em seus olhos.

Eu devia estar com uma cara de interrogação, pois Gabi se aproximou de mim e logo me explicou a situação.

Nathan e Tom já tinham sido amigos desde a infância, mas há alguns anos, mais precisamente quando a turma toda – Gabi, Lisa, Nancy, Kali, Peter, Rick, Ryan e Tom – definitivamente se tornou mais unida, esse laço de amizade foi rompido quando Nathan roubou a namorada do Tom, descartando-a logo em seguida. Bom, ela não tentou reatar com ele e, a partir de então os dois ex-amigos passaram a competir em tudo. Pelo que parece, Tom realmente gostava daquela garota.

Mas mesmo assim, não entendia toda essa provocação entre Nancy e Tom. Por que exatamente eles não assumiam logo o que sentiam um pelo outro?

“Bom, acho melhor voltarmos.” Decidi interromper a batalha de olhares, dissipando o clima.

“É mesmo. Antes que não sobre mais nenhum lanchinho pra nós.” Gabi concordou comigo.

Logo estávamos de volta ao local da fogueira, Peter e Sara sentados num galho e Kali e Ryan em outro, estavam conversando quando chegamos.

Percebi Gabi se encolher ao meu lado ao avistarmos o resto do grupo, mas rapidamente se recuperou.

“Ah, Luna,” Ela chamou minha atenção enquanto nos aproximávamos dos troncos que serviam de bancos. “Já viu uma fogueira azul?” Me perguntou.

“Azul?” Repeti incerta, afinal, quase nunca eu vejo fogo – principalmente por existir um alto risco para me queimar – e quando eu vejo, ele costuma ser vermelho. Ela confirmou com um movimento de cabeça. “Não.” Respondi.

“Então se prepara porque você vai ver.” Chegamos próximo o suficiente para eu poder avistar a fogueira, logo nós duas estávamos sentadas num galho próximo a ela.

“Uau.” Não tinha palavras para descrever aquelas chamas. Elas eram de um tom azul, mas às vezes ficavam verdes e dançavam diante os meus olhos como tecidos de seda ao vento.

“Lindo, né?” Me perguntou com os olhos fixos na fogueira.

“Aham.” Voltei minha atenção para as cores estranhas e para o crepitar do fogo.

“É azul por causa do sal.” Me explicou. “Quando nós éramos crianças, vínhamos aqui com nossos pais e outros amigos e sempre ascendíamos uma fogueira. Era como mágica, sabe? O fogo azul, tão diferente, tão...”

“Fantástico.” Soltei.

“Isso.” Ela sorriu, o semblante distante, presa nas lembranças.

As chamas consumiam os galhos brancos e secos. Elas pareciam tão frias por causa da cor, mas emanavam um calor que aquecia meu corpo. Era como se fossem labaredas de gelo esvoaçantes, incrivelmente belo e aparentemente gélido, porém não era como meu corpo sentia, ele estava confortavelmente quente. Estranhamente, pensar na fogueira dessa maneira me lembrou de um certo alguém que povoa meus pensamentos desde que o vi pela primeira vez naquele refeitório. Não sei ao certo o que me levou a lembrar dele. Talvez por ambos serem incrivelmente belos e a palidez de sua pele ser anormalmente branca como a neve que me lembra do frio do inverno, ao mesmo tempo em que observá-lo aquece meu peito por dentro de uma forma inexplicável que nem mesmo eu entendo.

“Lanche?” Lisa se aproximou, segurando três lanches na mão e se sentou ao nosso lado.

“Claro.” Gabi e eu respondemos, cada uma pegando um.

“Suco de uva ou coca?” Nancy chegou com algumas latinhas na mão.

Acabei pegando uma coca. Adorava tomar coca quando precisava recuperar as energias.

Ficamos jogando conversa fora enquanto poucas nuvens circulavam no céu, embora não encobrisse os raios de sol. A temperatura devia estar próxima ou superior a 16 ºC – o que era quente para Forks nessa época do ano – quando nós decidimos ir às piscinas naturais lá pela uma hora da tarde. Fazia tempo que eu não ia lá, mais precisamente depois da experiência de quase afogamento. Mesmo com algum receio, decidi ir, afinal, ninguém me deixaria morrer afogada lá e, além do mais, já estava na hora de vencer esse trauma por completo.


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Notas finais do capítulo

Só mais um capítulo e um extra pra chegar ao ponto em que parei nos outros sites em que eu posto.
Fica pro Natal, acho. Ou antes se der. E, claro, comentários. Tenho uma fic velha-nova no site! Leiam: Descobertas >> Está no meu perfil.



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