Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 21
Sobrevivendo


Notas iniciais do capítulo

Olá lindinhas.
Primeiro queria dizer que amei os comentários de vocês e a receptividade ao capítulo anterior.
Fiquei meio insegura de abordar esse tema, de vocês não aprovarem. Mas fiquei feliz com a recepção positiva.
Os próximos capítulos vão ter um enfoque maior na Giane, ok? Acho que já foquei muito no Fabis HUAHUAHUAHU



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_ Como vocês estão indo? – perguntou Malu, enquanto observavam Rafael, Marcela, Miguel e Isabelle correndo pelo campinho.

_ Exatamente assim... Indo. – suspirou Fabinho, virando a garrafa de cerveja – Ela chora, ela não chora. Fica bem, depois fica mal. Se eu tento abordar o assunto ela se esquiva. O pai dela disse que é melhor deixar, afinal, ela é assim. Mas eu não consigo não me preocupar.

_ Seu Silvério está certo. – concordou Bento – Logo ela vai acabar explodindo e soltando o que está sentindo, não adianta forçar.

_ Bento, ela acabou de perder um filho. – lembrou Fabinho – Nosso filho morreu dentro dela. Se ela já ficou um caco quando os gêmeos tiveram que ficar no hospital depois que nasceram, imagina agora?

_ Nesse ponto eu tenho que dar razão para ele. – concordou Camila.

_ É, eu também. – Malu suspirou – Ela está demorando.

_ Eu vou ver o que está acontecendo. Não deixa as crianças entrarem. – pediu Fabinho, se levantando e rumando para o interior da casa. Ele subiu direto para o quarto, sabendo que ela estaria lá – Pivete, está todo mundo esperando.

Ela estava sentada no parapeito da janela, encolhida, a cabeça apoiada no vidro. O rosto estava marcado por lágrimas, que ela tentou secar, mas Fabinho foi mais rápido. Ele sentou de frente para ela, acariciando o rosto da esposa.

_ Giane, por favor... Fala comigo. – implorou ele.

_ Mas eu falo com você.

_ Não tranqueira, fala de verdade. Me explica o que está acontecendo, me deixa te ajudar.

_ Fabinho, não tem mais o que ajudar. Já aconteceu. – ela tentou se levantar, mas ele impediu – Me larga fraldinha.

_ Não até você ser honesta. – ele retrucou, segurando o rosto dela – Giane, marido e mulher, lembra? Na saúde e na doença, alegria e tristeza, bons e maus momentos? Pro que der e vier?

_ Você quer mesmo saber o que está acontecendo? – ela perguntou com a voz rouca, erguendo os olhos cheios de dor – Eu matei o nosso filho, foi minha culpa ele ter morrido.

_ Giane, você sabe que não é verdade. Infelizmente abortos acontecem e...

_ Não Fabinho, é minha culpa. Quando eu descobri que tava grávida eu... Eu fiquei com raiva. – ela admitiu, começando a chorar – As crianças ainda são tão pequenas, eu acabei de voltar a trabalhar... Eu não queria ter que parar tudo de novo, mudar tudo que estávamos planejando. Eu desejei tanto que fosse alarme falso, tanto.

Ele soltou o rosto dela, deixando as mãos caírem no colo. Giane afundou o rosto nos joelhos, soluçando.

_ Você... Você quis perder o bebê? – ela não disse nada – Giane, por favor... Você fez alguma coisa? Me diz.

_ Não. – ela negou – Eu não fiz nada, eu não queria que o bebê morresse. Eu fiquei com raiva, fiquei chateada, queria que fosse alarme falso. Mas depois, quando nós fomos no médico com as crianças, que nós fizemos o ultrassom, eu esqueci isso. – Fabinho suspirou aliviado – Mas ainda é minha culpa. Porque eu não queria a gravidez, então...

Ele a puxou para seus braços, aninhando-a ao seu peito. Ela se agarrou na camisa dele, soluçando. Ele deixou que ela se acalmasse, além de ele mesmo se acalmar, antes de começar a falar.

_ Eu também fiquei surpreso e confuso quando descobrimos, então eu também teria culpa. Se fosse culpa de alguém. Mas não é Giane, não é culpa de ninguém. Podem ter sido um milhão de circunstâncias que fizeram o bebê não vingar, não tinha nada que ninguém pudesse fazer. – ele disse com a voz doce, acariciando os cabelos dela.

_ Então porque eu sinto essa culpa me corroendo? Porque eu sonho com isso? – ela choramingou.

_ Porque você está se culpando. Enquanto você não parar de se culpar, isso não vai passar. – Fabinho ergueu o rosto da esposa – Giane, você é a melhor mãe do mundo, o Miguel e a Isabelle te falam isso todos os dias, qualquer um pode dizer a mãe incrível que você é. Se houvesse algo que você pudesse fazer para ter salvado o bebê, eu sei que você teria feito, sem hesitar. Mas não estava nem ao seu, nem ao meu alcance. Aconteceu. Nós podemos sofrer, era o nosso filho. Mas não podemos deixar que isso nos afogue e destrua, se não por nós mesmos, pelas crianças. Eles precisam de nós dois.

Ela afundou o rosto no peito dele, que a abraçou. Ficaram em silêncio por um longo tempo, apenas ouvindo a respiração um do outro.

_ Você vai estar do meu lado? – perguntou ela.

_ Enquanto você me quiser aqui. – garantiu ele.

_ Então se ferrou... Porque eu vou te querer aqui para sempre.

~*~

_ Olha quem melhorou. – Fabinho chamou a atenção dos filhos, que estavam sentados com os tios e primos comendo. Eles viram Giane sorrindo e levantaram correndo.

_ Saou mamãe? – perguntou Miguel, abraçado com a cintura dela.

_ Já sim meu anjo. – ela concordou, pegando-o do chão, enquanto Fabinho fazia o mesmo com Belle – Vocês cuidaram tão bem da mamãe, que ela sarou rapidinho.

_ Nossa, mas se são médicos tão bons, vou chamar eles quando eu ficar doente. – comentou Maurício, da churrasqueira.

_ Você vai é fazer um bife bem passado para a tranqueira aqui, e um mal passado para mim. – Fabinho retrucou, fazendo o cunhado revirar os olhos – E vocês dois? Comendo direitinho?

_ Num goto de tomati. – Belle fez careta, arrancando risos de todos.

_ Não precisa comer tomate princesa. Mas come a cenourinha, a batata e a alface, tá bom? – pediu Giane, e a filha concordou, sendo sentada de volta na cadeira – Você também Miguel.

Os dois voltaram a comer com os priminhos, enquanto Malu e Camila vinham abraçar Giane.

_ Você tá bem? – perguntou a pedagoga, e Giane concordou.

_ Eu vou ficar. – prometeu, indo abraçar Bento, Caio e Maurício. As duas mulheres viraram para Fabinho, que confirmou com a cabeça.

_ Papai, a mamãe pode jodar bola? – perguntou Miguel, mas Fabinho negou.

_ Ela já sarou, mas tem que ir no médico para ele dizer se ela pode jogar bola ou não. Só pra ela não ficar dodói de novo, tá bom? – o pequeno confirmou. Ele virou para Rafael, que encarava a tia, confuso – Que foi campeão?

_ Ade o dodói da dida? – perguntou ele, fazendo Fabinho, Malu e Camila rirem.

_ É um dodói dentro meu amor. Mas já sarou. – explicou a mãe, beijando sua cabeça – Agora termina de comer para vocês voltarem a brincar.

_ Mai eu num doto de vedinho. – reclamou Marcela, encarando a salada em seu prato. Camila bufou, enquanto Caio vinha rindo – Papai, num telo o vedinho.

_ Só um pouquinho bonequinha, para ficar bem bonitona. Aí o papai vai trazer franguinho e carninha para vocês quatro. Mas tem que comer um pouquinho de verdinho, tá bom?

_ Tome Ma, é gotoso. – Miguel mostrou os pedacinhos de cenoura que estava comendo. A menina comeu, sorrindo, e Caio bufou indignado. Fabinho e Camila, por outro lado, caíram na risada.

_ Qual é a graça? – perguntou Giane, abraçando o marido.

_ O playboyzinho tá bravo porque nosso filho já laçou a Marcela. – explicou Fabinho, fazendo Giane rir – Esquece cara, a Marcelinha vai ser minha nora.

_ Voltamos a conversar sobre isso no futuro. – resmungou ele, voltando para a churrasqueira.

_ Giane, já vou começar a ver os detalhes do casamento. – cantarolou Camila, saltitando atrás do marido, arrancando risos do casal marrento.

~*~

_ Gostaram de todo mundo ter vindo aqui hoje? – perguntou Giane, enquanto secava Isabelle depois do banho.

_ Gotei. – a pequena sorriu – O tio Bento vai me leva na Tasa Veide, plantai floi tom ele.

_ Ah, tá roubando o lugar da mamãe, é? – perguntou a mais velha, ajudando a filha a colocar o pijama – Eu que plantava flores com o tio Bento.

_ Mai agoa você tira foto tom o tio Taio. – a garotinha sorriu travessa, fazendo a mãe rir.

_ Isso princesa. Agora vamos deitar na cama para dormir?

_ Tadê o papai? – questionou a pequena, enquanto a mãe a deitava na cama e cobria com o lençol de princesa.

_ Colocando o Miguel na cama. Depois ele vem te dar um beijo. – explicou Giane – Lembra? Cada dia, um coloca um na cama. Eu coloco um dia, o papai coloca outro.

_ Mai a gente tava domindo com vocês. – lembrou Belle, se ajeitando no travesseiro.

_ Porque a mamãe tava doente. Mas agora, cada um dorme na sua caminha. – a corintiana acariciou os cabelos da filha – Acho que precisamos cortar isso.

_ Ah não mamãe, eu goto dele tumpido. – a mulher riu dos errinhos da filha – Mamãe?

_ Fala minha vida.

_ Você saou memo? – perguntou a pequena, preocupada.

_ To sarando meu amor. – garantiu Giane, sorrindo para ela – Não é tão rápido assim. Mas eu já to bem melhor, não to? – a criança concordou – Então... Devagarzinho eu vou ficar totalmente bem de novo.

_ E tuando o Papai do Céu vai manda o maninho? – perguntou ela, fazendo a garganta de Giane apertar.

_ Não sei. Vai ser surpresa, para todos nós. – ela explicou – Mas quando acontecer, nós todos vamos gostar, não é?

_ É... Tonta Bela e a Fea? – pediu Isabelle, indicando que a mãe deitasse ao seu lado. Giane o fez, contando a historinha que a filha havia pedido. Quando achou que ela dormia, ligou o abajur e beijou a testa dela, se levantando para sair – Mamãe?

_ Fala meu anjo. – a corintiana pediu da porta.

_ Ti amo. Muito. – resmungou Belle, abraçando o ursinho e fechando os olhos. Giane sorriu, fechando a porta e indo para o quarto de Miguel. O menino já havia bagunçado as cobertas, jogado a bola de pelúcia longe, e se espalhado pela cama. Ela riu, o arrumando e beijando sua testa, antes de ir para o próprio quarto.

Fabinho ainda não estava lá, devia estar no banheiro. Giane colocou o pijama, deitando na cama. Ele saiu de lá só de bermuda, encontrando ela dormindo em paz pela primeira vez em dez dias.


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Notas finais do capítulo

Bom, como sempre aguardo os reviews, ok?
Beijos flores ;@



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