Counting Stars escrita por yeahdrakons


Capítulo 1
Some far away


Notas iniciais do capítulo

Dedicamos esse capítulo para o Leo.



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Rafaela estava sentada embaixo de uma árvore, uma árvore extremamente velha, talvez a mais velha que existia naquele parque e que aparentava estar doente, mas ela não se importava, e tampouco se importou em sujar seus jeans já muito puídos, e lendo seu exemplar surrado de Perdida tinha perdido a noção de tempo, ainda mais com o céu nublado do jeito que estava, supunha que não tivesse passado do meio-dia. Viu um garoto e uma garota, mais ou menos de sua idade, andando de bicicleta ali perto, e se lembrou de que havia marcado de se encontrar com Hugo para almoçar, não que tivesse alguma importância, provavelmente ele estava dormindo, então quando acordasse, ligaria para ela, perguntaria onde estava e levaria algum lanche extremamente gorduroso, como sempre acontecia.

Hugo era seu melhor amigo desde que se lembrava por gente, assim como Angelina, irmã dele, era sua melhor amiga, ou melhor, eles eram seus únicos amigos, haviam crescido juntos, talvez fosse meio solitário ter só dois amigos a vida toda, não que a solidão a incomodasse, dizia a si mesma, tentando se convencer.

Ela era tímida, não era inteligente, não era bonita, ou engraçada, na sala de aula sempre ocupara o lugar de menos destaque, puro peso morto. Não entendia como Angelina era sua melhor amiga, ela era ruiva e do tipo escultural, palavras como incrível e perfeita descreviam-na muito bem, ao contrário de Rafa, que sempre usava roupas para pessoas com o triplo de seu tamanho, o que não era difícil de achar já que era quase esquelética de tão magra, na realidade, mal usava suas próprias roupas, algo bem comum de vê-la usando era moletons e blusas de Hugo, o que não ajudava em nada em sua aparência, que no geral já era bem sem graça, pálida e de cabelo preto.

E aprendi que uma vida simples podia ser a mais complexa de todas, a mais feliz de todas, principalmente se o amor da sua vida estivesse ao seu lado.”talvez um romance não fosse uma boa escolha, já que seu humor não estava dos melhores, mesmo assim tentou prestar atenção, tentativa totalmente fracassada, já que seu celular começou a tocar, era Angelina.

– Lina?

– Rafaela onde você está?- a voz, normalmente calma da amiga, estava demonstrando preocupação. O que? Não podia mais matar aula? Onde estavam os benefícios de ser maior de idade, se não podia fazer o que queria sem dar satisfações aos outros?

– No parque, e fale comigo direito, não sou tuas putas para você me tratar de qualquer jeito, não. – Rafaela fechou o livro e esperou a amiga falar, era estranho ela ligar aquela hora, mais estranho ainda ela era estar acordada antes das cinco da tarde.

– Vem pra cá, agora.- como a voz da amiga estava tensa e como parecia que ela tinha pego um resfriado, ou seja, como ela estivera chorando, Rafaela nem discutiu.

Uma hora depois ela finalmente chegava a casa da amiga, tentou ligar para Hugo para ver se ele sabia o motivo de a irmã estar tão aflita, mas ele não atendeu, e claro que talvez tivesse sido mais rápido chegar na casa deles se não tivesse trânsito e se o seu carro não fosse um fusca azul, ou que já fora azul, já que agora estava com a pintura completamente desgastada.

Angelina tinha passado a última hora andando pra lá e pra cá, de nervosismo, quando finalmente a porta abriu, soube que era Rafa, já que esta tinha uma cópia da chave, a primeira coisa que fez foi sair correndo e abraça-la.

– Qual parte do“agora” você não entendeu?- disse arrastando a amiga até o sofá, aquela não era uma notícia que se dava ali no hall de entrada, triste percebeu que Rafa usava um dos moletons de Hugo.

– Qual parte de “tenho um fusca e está trânsito” você não entendeu?- retrucou Rafaela se largando no sofá claro, com os tênis cheios de lama, Angelina não se importou, tampouco achou que a mãe se importaria, Rafa era a queridinha dela, mesmo não sendo sua filha- O que é tão importante assim que fez com que minha presença fosse requisitada?

– Hugo.- disse Angelina, mesmo sendo uma reposta muito curta, sua voz falhou.

– O que têm ele?- a amiga se endireitou, alarmada, e olhou para ela, falar olhando em seus olhos extremamente verdes não tornava aquilo mais fácil, sentiu-se a beira do choro mais uma vez.

– Ele e meus pais brigaram ontem à noite, ele saiu e não voltou mais, não atende o celular, não deu sinal de vida, já são três horas da tarde e ele ainda não deu sinal de vida!- a voz da Angelina, que esta planejou que saísse calma pra que não alertasse a amiga, saiu estridente, percebendo isso ela tentou se recompor, olhando para seus próprios pés, mas era tarde de mais, as lágrimas que ameaçavam vir a tona já transbordavam.

– Lina, calma, - disse Rafa, nada calma, abraçando Angelina, que não era de se descontrolar facilmente, afinal, por que Hugo não ligara pra ela como fazia sempre? Ou por que ele não fora para sua casa? Ou por que ele não atendera suas ligações?- ele já tem 20 anos, é de se esperar que saiba se cuidar sozinho, daqui a pouco ele aparece por aí.

– Ele não é de fazer isso, Rafa.- objetou Lina, enxugando o rosto com a manga do casaco, e já recomposta, olhou para a amiga.

– Não, não é, mas tudo têm uma primeira vez, ele não discutiu com seus pais ontem? Sobre o que foi a discussão?- Rafaela tentou se demonstrar o mais calma possível.

– Sobre os pais biológicos dele- Angelina franziu o cenho, achava idiotice o irmão querer saber tanto sobre seu passado, afinal, aquela era a família dele, ele não precisava de outra.

Então Rafaela começou a deixar de ficar preocupada e começou a ficar brava, ele a estava ignorando por causa de uma discussão que já ocorrera milhares de vezes, e que sabia muito bem que ela estava do seu lado. Antes que pudesse expressar sua raiva em voz alta, o pai de Angelina entrou na sala, nada surpreso em ver a melhor amiga da filha ali, na realidade, nem reparando muito nesse detalhe, apenas se largando em uma das poltronas, exausto.

– Oi, Tio.- cumprimentou Rafa, não importava que estivesse muito velha para chamar os pais das amigas, se tivesse mais que uma, de “tio”, mas o pai de Lina e de Hugo seria sempre “tio”.

–Alguma notícia dele?- Angelina disse, esperando outro “não” como resposta, como vinha recebendo desde que acordou, que havia sido alguns minutos antes de ligar para a amiga, sendo essa sua reação ao saber do desaparecimento do irmão.

– Sim.- disse o pai fechando os olhos.

–Onde ele está?- perguntou ansiosa Rafaela, olhando para a porta, imaginando que a qualquer momento ela abriria, e ele entraria ali, com um daqueles sorrisos que faz qualquer ator de comercial de pasta de dente sentir inveja.

– No Canadá.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado e que acompanhem cs, se gostaram divulguem como bons colegas, ou não né, enfim, bjão.- babi e duda
Obs.: O livro "Perdida" citado anteriormente, assim como um trecho do mesmo, é da autora Carina Rissi.