POV Alice

Então é assim que uma cidade parece quando chove quase todo o tempo, olhando Forks pela janela do carro uma palavra vinha em minha mente, verde. Aqui tudo que deveria ser de outras cores, era verde, os troncos da arvores, as calçadas, as paredes das casas, até as pessoas eram um pouco verdes, acho que por causa da falta de sol.

Não é uma cidade pequena, não longe disso, era uma cidade minúscula. Um total de 3.246 habitantes que acaba de passar a 3.247.

- Acho que você vai gostar daqui – Minha nova mãe falou do banco do passageiro.

- Parece legal – A minha voz não soava muito entusiasmo e eu acho que ela percebeu.

- Onde você morou antes Alice? – O meu novo pai quem fez a pergunta dessa vez.

- Seattle, antes disso em uma cidade perto de Spokane e antes em Tacoma – Eu falei olhando para a cidade.

Charlie e Renée eram meus novos pais adotivos, eles pareciam legais, mas a primeira vista eles todos são.

Charlie é o chefe do policia de Forks e Renée era enfermeira no hospital da cidade, ao que parece não podiam ter filhos, mas o serviço social não os achou aptos para adotarem um bebê então eles resolveram se torna um lar provisório para órfãos que ainda não encontraram uma família permanente.

Charlie estacionou em frente a uma casa simples, mas bonita. Ela fica em uma rua sem saída e pouco movimentada, não que qualquer outra rua de Forks pudesse sem assim. A casa era branca e tinha uma varanda na frente da porta de entrada com duas cadeiras de descanso.

Nós entramos na casa e Renée me guiou até o meu novo quarto, era como tudo nessa casa, muito aconchegante. Tinha o piso de madeira branca, uma cama na parede aposta a janela que dava para a rua, uma mesa de estudos com um computador e um armário do lado da janela grande o bastante para todas as minhas coisas.

Renée se virou para mim sorrindo.

- Eu espero que você tenha gostado – Ela falou e me soou muito preocupada em me agradar e meio sem jeito.

- É perfeito – Respondi também sorrindo.

Eu estava mais confiante agora que as coisas pareciam normais o bastante para que pudesse me sentir confortável e até em casa, pela primeira vez.

- Eu vou deixar você se acomodar e arrumar as coisas do seu jeito – Renée falou deixando uma das minhas malas em cima da cama – Quando o jantar estiver pronto eu te chamo.

Ela me deu mais um sorriso antes de sair do quarto e me deixar sozinha.

Sentei na cama e fiquei olhando para fora da janela, o dia estava firme com poucas nuvens no céu, talvez o google estivesse exagerando e aqui nem chove tanto assim.

Quando terminei de tirar tudo das malas e ajeitar o melhor possível nos espaços que tinha, resolvi tomar um banho antes do jantar. A água quente me fez perceber o quanto estava cansada. Logo que sai do banho vi o quanto as poucas nuvens me enganaram, estava começando a chover e aprecia que logo se tornaria em uma tempestade.

Nós jantamos em um silêncio desconfortável, depois eu me ofereci para lavar a louça e Renée ficou na cozinha secando-as e colocando nos devidos lugares, prestei o máximo de atenção para não ter que ficar pergunto onde tudo estava.

- Eu vou dormir estou cansada da viagem – Eu falei para ela quando terminamos com a louça.

- Claro querida, boa noite – Ela me falou sorrindo.

- Boa noite – Respondi já saindo da cozinha em direção as escadas, parei no começo dela e olhei para a sala, onde Charlie assistia a algum jogo – Boa noite Charlie.

- Boa noite Alice – Charlie parecia menos a vontade com a minha presença que Renée.

Eu tentei dormir, mas o barulho constante da chuva não permitia, resolvi sentar na cadeira perto da janela e ficar olhando para fora e com sorte o sono me pegaria.

Eu acordei de manhã, com o barulho do despertador, levantei da cadeira, onde tinha pegado no sono, o mais rápido que pude para desligá-lo.

Me arrumei e desci para o café da manhã, Renée estava servindo café para Charlie que lia o jornal.

- Bom dia – Os cumprimentei sentando ao lado de Charlie.

- Bom dia – Eles responderam ao mesmo tempo.

- Dormiu bem? – Renée perguntou me entregando uma tigela para que pudesse comer cereal.

- Sim, obrigada – Menti.

- Eu tenho que ir para a estação – Charlie falou levantando da mesa – Tenha um bom primeiro dia, Alice.

Eu apenas assenti e sorri sem jeito com a boca cheia de cereal.

Renée seguiu Charlie até a porta e se despediu dele com um beijo rápido, acho que eles estavam tentando não me constranger, mostrando mais afeto.

- E então nervosa com o primeiro dia? – Renée perguntou já tirando a mesa do café.

- Um pouco, essas coisas são sempre difíceis – Era fácil conversar com Renée, ela era mais aberta que Charlie.

- Você vai se sair bem – Ela me garantiu sempre sorrindo – Hoje eu vou te levar, mas amanha você já vai ter um carro. Charlie e eu compramos um para você, mas ele precisou de alguns reparos e isso levou mais tempo que o planejado.

- Um carro? – Eu estava impressionada.

Tudo isso era muito novo pra mim, pais adotivos não são sempre assim tão legais.

- Claro. Você vai precisar de um por aqui – Ela me falou ainda sorrindo.

- Uau, obrigada – Eu poderia não ter dormido muito bem, mas o meu dia certamente seria melhor.

- Não precisa me agradecer, nós estamos felizes em te ter conosco.

Eu apenas sorri e a ajudei terminar de arrumar a cozinha.

- É melhor nos apresarmos, senão você vai se atrasar – Ela me falou já pegando o casaco de chuva no gancho perto da porta.

- Claro – Eu também vesti meu casaco que tinha deixado junto com as minhas coisas, no pé da escada.

A escola de Forks era como a cidade, pequena.

Renée parou em frente ao prédio que tinha uma placa escrito SECRETARIA.

- A secretária vai te informar onde tem que ir – Renée me falou quando já estava pronta para descer.

- Obrigada – Eu falei antes de fechar a porta e correr para fora da chuva.

- Tenha um bom dia – Ela falou saindo da vaga que estacionou e acenado para mim.

Eu entrei na sala e a mulher atrás do balcão veio falar comigo.

- Bom dia, no que posso ajudar? – Ela perguntou sorrindo.

- Eu sou Alice Brandon – A informei e ela sorriu ainda mais.

- Claro, seja bem vinda a Forks, Alice.

Eu apenas sorri e assenti, ela se virou para pegar alguma coisa em sua mesa.

Me entregou meus horários, um mapa da escola e uma caderneta que os professores deveriam assinar. Agradeci e deixei a secretaria para encontrar minha primeira aula.

Quando estava andando em direção os prédios das salas, minha visão escureceu e eu me vi em outro lugar, não saberia dizer que lugar era, mas havia fogo que me impedia de sair.

POV Jasper

Eu e os outros chegamos na escola e logo soube o quanto esse dia seria longo, fazia algum tempo que eu não caçava o que dificultava muito conviver com todos eles.

- Quer parar – Edward chamou minha atenção para me desviar das idéias que estavam crescendo em minha mente.

Apenas assenti e tentei me concentrar em outra coisa.

Olhando em volta meus olhos pararam em uma garota, ela devia ser a nova aluna que todos estavam aguardando ansiosamente.

Ela estava parada e imóvel, sua visão estava fora de foco com quem vê sem enxergar. De repente ela se sentiu com medo, aterrorizada na verdade, piscou várias vezes e balançou a cabeça. Olhou o papel em suas mãos e em volta tentado decidir para onde ir.

- Vamos Jasper – Rosalie me chamou impaciente.

Eu desviei o olhar da nova aluna e segui para a minha primeira aula.

O primeiro horário passou tranquilo, mas eu sabia o quanto as coisas tendem a piorar com o tempo, eles parecem cada vez mais com comida a cada instante que fico na mesma sala.

Eu precisava caçar e urgente, senão poderia perder o controle facilmente.

- A gente vai caçar hoje, relaxa – Edward me falou quando estávamos na aula que tínhamos juntos antes do almoço.

Forcei um sorriso e tentei me concentrar no professor na minha frente. O sinal para o almoço finalmente tocou e eu resolvi não me juntar aos meus ‘irmãos’ na lanchonete.

Precisava de um pouco de ar fresco, então andei até a floresta perto da escola e encostei na primeira arvore que encontrei.

- Você é um covarde, sem auto controle – Falei pra mim mesmo e permaneci imóvel até escutar o sinal da escola ao longe.

Hora de voltar e enfrentar isso mais um pouco.

Cruzei com a Bella no caminho para minha aula e ela sorriu solidariamente, mas eu sabia o quanto ela estava preocupada que eu causasse mais um incidente que nos fizesse mudar as pressas.

- Vai ficar tudo bem – Ela me garantiu e entrou na sua sala.

Todos eles tinham tanta fé em mim que até eu acreditava que era possível me controlar.

Desde que me juntei aos Cullen, passei a viver um dia de cada vez, exatamente como os viciados em reabilitação. Me considerava um viciado, também, passei quase um século matando humanos cruelmente, que agora tentar mudar parecia quase impossível.

Sentei no meu lugar e afastei minha cadeira o máximo que pude de todos. A aluna nova entrou na sala acompanhada de outra aluna, que não me importava o bastante para saber o nome.

- Bom dia Srta Brandon, você pode se sentar ali – A professora indicou o lugar que ficava na minha frente.

Tudo o que eu precisava, um cheiro novo perto de mim, logo que ela se sentou na minha frente minha garganta queimou com o veneno e a minha mente começou a funcionar criando formas que eu poderia matá-la sem mesmo que qualquer um nessa sala percebesse, nem mesmo ela.

Parei de respirar e abri o meu caderno para fazer qualquer coisa que me distraísse, mas minhas tentativas foram em vão. Eu ainda estava muito atento a cada movimento seu, percebi que ela se virou, se falar comigo só vai tornar as coisas ainda piores.

- Oi – Droga ela está falando comigo, continuo com a cabeça abaixada, ela provavelmente vai achar que eu sou arrogante como o resto dos alunos.

Ela estava sendo simpática e eu podia sentir seu sorriso,não pude mais evitar e olhei para ela.

- Eu sou Alice Brandon – Ela falou sorrindo ainda mais.

Assim mais perto podia ver o quanto ela é linda, com o seus cabelos curtos e a pele levemente dourada, provavelmente de morar em algum lugar com sol o ano todo.

- Jasper Hale – O impulso de me apresentar foi mais forte do que a necessidade de segurar o ar dentro dos meus pulmões.

- É um prazer – Eu estava tão hipnotizado com aquele rosto e sorriso magnífico que até esqueci o que acontecia a minha volta.

Ela queria ser minha amiga, podia sentir isso.

Fui trazido de volta quando ela virou para a frente para prestar atenção na professora e tudo que eu conseguia fazer era encarar a sua nuca.