A Hard Love escrita por Raiane C Soares, Isa Lopes


Capítulo 17
A Special Gift


Notas iniciais do capítulo

Olá! Altas horas da madrugada, já devia estar dormindo, mas enfim..



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Ajeitei meu rabo de cavalo e peguei minha mochila, ouvi o som da buzina do lado de fora e corri, não querendo sair atrasada. Fazia exatos dois meses, desde que Rachel engessou a perna, e era o dia de sua volta na escola.

– Vamos nos atrasar! – Andrea gritou, de dentro do carro. – Vamos, Santana!

Ela buzinou mais algumas vezes, eu entrei no carro rapidamente e fechei a porta, ainda com Andrea buzinando.

– Pare com isso! – gritei, dando um pequeno tapa em seu braço. – Assim acordará os meus vizinhos!

– Todos precisam estar acordados! – ela deu a partida e riu. – Rachel Berry, futura esposa de Santana Lopez está voltando à escola!

– Andrea!

– Santana está tão apaixonada!

– Pare com isso!

– Oh, meu Deus! Você ficou vermelha!

Ela riu, parando em um sinal vermelho, revirei meus olhos e vi Quinn e Brittany passando em frente de bicicleta.

– Olá, meninas! – Brittany gritou, quase se desequilibrando.

– Onde estão indo? – Andrea perguntou, depois que as duas pararam.

– Ver como Rachel está. – Quinn respondeu. – Me parece que ela não quer sair de casa.

– Por quê? – perguntei.

– Eu não sei.

Olhei para Andrea, que sorriu e seguiu para o lado esquerdo, me deixando confusa.

– Vamos ver o que Rachel tem. – ela disse, respondendo à minha pergunta.

– Mas ela não queria me ver nesses dois meses.

– Se ela não quiser lhe ver, iremos direto para a escola e esperaremos por ela lá.

Me apoiei no banco e olhei pela janela, vendo Brittany passar Quinn, que ria abertamente, reclamando sobre algo. Depois de poucos minutos, Andrea parou o carro, vi as meninas se aproximarem, e logo correrem para dentro da casa, sem baterem na porta.

– O que faremos? – perguntei, tirando o cinto de segurança.

– Eu ficarei no carro, mas aconselho a você ir lá.

– Mas...

– Santana, meu pai sempre me ensinou que, quando temos coragem para algo, dura apenas quinze segundos, nada mais, nada menos.

– O que eu devo fazer?

– Vá até aquela porta, puxe todo ar que você puder e, em quinze segundos, faça tudo o que você quiser fazer.

– Eu não poderia, ou Rachel fugiria de mim.

Ela sorriu e se inclinou à minha frente, seus cabelos ficaram próximos ao meu rosto, assim eu pude sentir o aroma de chocolate, ela abriu a porta e virou seu rosto, sorrindo em seguida.

– Pare de ter medo e faça o que quer.

– Por que isso?

– O que?

– Por que está me ajudando? – seu sorriso sumiu, deixando seu olhar triste. – Por que foi falar comigo no corredor?

– Porque você é legal. – ela mentiu.

Eu sabia disso, pois Andrea passava a mão na nuca, como se algo estivesse a incomodando. Rapidamente ela voltou para o lugar e suspirou, olhando para a casa de Rachel.

– Por que você fica estranha quando falo disso?

– O que? Eu não fico estranha.

– Andrea... – me virei de frente para ela. – Quando nos conhecemos, você me perguntou por que eu virei amiga dela, e que todos estavam achando que eu só queria “transar” com ela. Mas... por que você queria saber isso? Por que você fica tensa quando falo sobre isso?

Andrea desviou seu olhar para mim, depois para qualquer lugar da rua e respirou fundo.

– Haviam me dito antes que você já tinha transado com quase todas as meninas no colégio, menos Rachel.

– Isso não é verdade. – a interrompi.

– Eu sei, até porque, nós duas nunca havíamos nos falado, e passar a noite juntas seria impossível, mas...

– Eu não sou o que todos estão pensando. Quero dizer, sou má com quem eu não gosto, mas não sou uma vadia que transa com todas.

– Santana, me deixe terminar. – ela olhava seriamente para mim, tentando controlar sua respiração. – Uma das meninas me disse que você odiava Rachel, e era estranho você estar virando amiga dela, e isso me preocupou, por isso eu fui falar com você e perguntar aquilo.

– Preocupada? Com o que?

– Bem... Rachel é uma garota ingênua e...

– Você a chamou de “maluquinha”.

– Eu sei, não precisa me lembrar disso.

Vi Quinn sair da casa com a mochila de Rachel, Andrea seguiu meu olhar e sorriu, logo voltando a olhar para mim.

– Quinze segundos... – sussurrei para mim mesma.

– Vá lá, Santana.

Me virei para sair, mas fechei a porta e olhei para Andrea, que franziu a testa.

– Qual é a sua real história?

– Como assim? – ela perguntou, novamente passando a mão em sua nuca.

– Você não teria se aproximado de mim se fosse apenas por isso.

– Santana, vamos conversar sobre isso depois. – Andrea penteou seus cabelos com os dedos e os prendeu com um elástico verde que estava em seu pulso. – Rachel pode estar precisando de você agora.

– Creio que ela possa esperar mais um pouco.

– Santana... – seu rosto começou a corar, Andrea virou seu rosto e pareceu secar alguma lágrima, me deixando mais curiosa.

Vi Brittany sair da casa, disse algo para Quinn, que soltou a mochila no chão e correu para sua bicicleta, pronta para ir embora.

– Isso fica para depois.

Corri para fora do carro e fui até Quinn, não deixando ela ir.

– O que você quer, Santana? – ela perguntou, irritada.

– O que aconteceu?

– Rachel é dramática demais! Às vezes eu não consigo ter paciência.

Fui até a porta da casa, deixando Quinn reclamando, Brittany tentou segurar meu braço, mas eu passei direto, abri a porta e vi Rachel encolhida perto do sofá, dando cotoveladas na parede, enquanto Shelby tentava acalmá-la.

– Rachel! – gritei, assustada.

– Santana, saia daqui. – Shelby disse, não sabendo se vinha em minha direção ou continuava perto de Rachel. – O que eu menos preciso agora é de alguém para...

– Eu posso ajudar. – respondi, me aproximando de Rachel.

– Santana, não.

– Rachel, olhe para mim. – murmurei, tentando não tocar nela. – Hey! Eu estou aqui. Olhe para mim.

Rachel resmungou algo, enquanto as lágrimas desciam de seus olhos, os mesmos estavam escuros, fixos em um ponto qualquer.

– Santana, vá embora. – Shelby disse, próxima à porta.

– Querida... – sussurrei, ignorando Shelby. – Olhe para mim, ouça minha voz... Eu ainda estou aqui.

– Terei que lhe expulsar. – Shelby avisou.

– Rachel...

Sem perceber, toquei minha mão em seu ombro, Rachel se assustou e começou a gritar, enquanto jogava suas costas na parede. Rapidamente me afastei, meus olhos se encheram de lágrimas e minhas pernas tremeram, enquanto meu coração batia cada vez mais rápido.

– Santana, saia daqui! – Shelby gritou.

Me levantei rapidamente e corri para fora, no mesmo instante senti dois braços me rodearem, e uma voz sussurrar em meu ouvido, mas eu não conseguia entender. Levantei um pouco meu rosto e vi Andrea secar suas lágrimas. Algo tinha de estranho entre Andrea e Rachel, e eu iria descobrir.

– Me desculpe, por favor. – ouvi Brittany murmurar em meu ouvido. – Eu sinto muito mesmo...

– M-mas... por quê?

Brittany me apertou e eu senti as lágrimas molhando meu uniforme, me deixando preocupada.

– E-eu disse à ela... – ela respondeu, com a voz rouca. – Juro que não tive a intenção. Eu estava conversando com Quinn e ela perguntou sobre o que falávamos. Eu não percebi o quanto era errado na hora, mas eu me arrependo profundamente.

– Brittany, de quem você está falando?

– Shelby.

Virei meu rosto para Brittany e vê-la chorar me doeu o coração, tanto quanto ver Rachel se torturar.

– O-o que você disse à ela?

Brittany chorou mais e correu até sua bicicleta, se atrapalhou para montar na mesma e se desequilibrou várias vezes, até conseguir equilíbrio e sumir. Corri até o carro de Andrea e entrei, a mesma respirou fundo e sorriu para mim, tentando esconder as lágrimas.

– Como ela está? – sua voz saiu rouca.

– Nada bem, e Shelby me expulsou de lá.

– E você saiu assim?

– Como assim? Eu não posso ficar lá dentro, se ela não quer minha presença.

– Mas Rachel...

– O que você tem com Rachel? – gritei, já irritada. – Você nem a conhece, não sabe o que se passa lá dentro, não sabe do que ela precisa!

– Eu só estou preocupada! – ela gritou de volta.

– Por quê?

– Porque Rachel é minha irmã!

O carro ficou em silêncio, Andrea rapidamente saiu do mesmo e foi para frente do capô, chorando descontroladamente. Esperei exatos quinze segundos, para sair do carro. Respirei fundo e me aproximei de Andrea, fazendo ela se virar de costas para mim.

– Como assim? – perguntei.

“Como assim?”... O estúpido do meu pai traiu minha mãe com outra mulher, enquanto fazia uma turnê! – ela se virou para mim, seu rosto estava completamente vermelho, próximo ao seu cabelo. – Você não faz ideia de como é ter nove anos e descobrir que tem uma irmã da mesma idade, à qual meu pai escondeu de mim e da minha mãe! Pior ainda, é saber que ela é autista!

– Andrea! – a repreendi.

– O que? Vai dizer que ótimo ter uma irmã maluca? – arregalei meus olhos, enquanto ela soluçava de tanto chorar. – Eu passei nove anos sem saber disso, e quando minha mãe descobriu, gritou aos quatro ventos o quanto meu pai era “cafajeste”, por ter traído ela e por ter uma filha bastarda, que mal sabia como amarrar os sapatos! Passei seis anos sem conhecer a garota, sem saber como ela era, sem saber se ela sabia da minha existência, até meu pai sumir novamente e deixar uma casa para minha mãe aqui.

Dei um passo em sua direção, mas Andrea se afastou e se virou de costas para mim, soltou seus cabelos e os amarrou novamente, parecendo querer ocupar suas mãos. A rua estava silenciosa, só se ouvia o som dos soluços de Andrea.

– Ela sabia que Rachel não tinha culpa, que Shelby não tinha culpa, que eu não tinha culpa, mas nos culpava por isso. – ela continuou, tentando se manter calma. – Minha própria mãe disse que a culpa era minha, por meu pai ter viajado e traído ela.

– Por que a culpa seria sua?

– Porque eu estava lá! – ela gritou, voltando a me encarar. – Ela ficou grávida de mim!

– Mas...

– Ele tinha nojo dela, por estar grávida! Ele a evitava sempre, dizia estar com dores de cabeça, dava a desculpa de ter que compor... e a culpa era minha, por estar lá!

– A culpa não é sua, nunca foi.

– Eu sei! A culpa é do idiota do meu pai! A culpa é toda dele! – ela se jogou no chão, por sorte, estava de calça. – Eu passei nove anos pedindo ao Papai Noel uma irmã mais nova, pedia por uma companhia, uma irmã para eu amar, mas... no momento em que eu descobri a existência de Rachel, passei a odiá-la. – seu soluço aumentou. – Eu ouvia minha mãe pedir à Deus para que tudo fosse um pesadelo, para que Rachel sumisse de nossas vidas!

Me abaixei em sua frente e a abracei, não aguentando mais ver Andrea chorar.

– Está tudo bem... – murmurei, não sabendo o que dizer.

– Não está tudo bem! – ela se afastou e escondeu seu rosto com as mãos. – Eu queria que Rachel morresse, Santana! Eu não queria conhecer ela, não queria viver com ela, não queria ser dividida com ela!

– Pare... – pedi, não querendo mais ouvir.

– Eu queria ser única... – sua voz falhou. – Eu queria ser única.

– Você é única.

A abracei novamente, a levantei e a puxei para nos sentar no capô do carro, que já estava menos quente. Instantaneamente, me deitei, puxando Andrea para se aconchegar em meu corpo, para assim, ela se acalmar.

– Eu sou tão egoísta... – ela murmurou, escondendo seu rosto em meu ombro. – Eu sou tão mesquinha.

– Não, Andrea...

– Eu não gosto do meu jeito... Eu me odeio.

Fiquei calada, sabendo que ela não iria parar, até se sentir melhor, afaguei suas costas e senti seu corpo acalmar um pouco.

– Quando você veio para cá? – perguntei, quase sussurrando.

– Eu tinha 15 anos, meu pai ligou para minha mãe, dizendo sobre a casa, e que, a casa onde estávamos morando, ele perdeu em um jogo de aposta. – ela bufou e deu uma pequena risada, levantando um pouco seu rosto para me olhar. – O que eu menos queria era morar em Ohio, por saber que Rachel morava aqui, e de um dia para o outro, descubro que meu pai apostou a casa onde morava, e que só tínhamos uma única opção.

– Mas... não existe apenas aquela escola em Ohio.

– Eu sei. – ela respirou fundo. – Minha mãe havia me dito que não poderia me colocar em uma escola particular, e a mais próxima era aquela, então...

– Você não sabia que Rachel estudava ali?

– Não. Apenas descobri quando a vi cuspindo em uma garota do clube de literatura.

– Como você sabia que era ela?

– Eu já tinha visto fotos dela. Shelby mandava fotos para meu pai todo ano, no aniversário de Rachel, que é dois meses depois do meu. Eu simplesmente pegava as fotos sem que alguém soubesse e a conhecia, todo ano.

– Bem... eu poderia dizer que sinto por isso, mas eu não sinto.

– Não sinta, realmente. Rachel não merece uma irmã como eu.

– E... Shelby sabe sobre...

– Oh, não! – ela se sentou rapidamente, eu a imitei. – Não posso dizer à ela sobre isso.

– E os quinze segundos?

– Eu não teria coragem suficiente. – ela olhou para a casa e sorriu. – Mas agora, sabendo que Rachel não precisa de mim, eu quero me aproximar.

– Seu presente sendo entregue. – ela sorriu mais e afirmou com a cabeça.

– Um lindo presente, devo dizer.


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Notas finais do capítulo

Eu ia estender esse mistério sobre Andrea, mas eu iria ficar sem ideias para o meio disso tudo, então revelei logo.
Pois bem, a parte mais importante! Hoje essa fic completa um ano, e ainda não está terminada, na verdade, tem menos caps do que eu havia previsto quando comecei a escrever, mas é tão amada que me deixa bem feliz. Ontem (27) foi meu aniversário, mas quem ganha presente são vocês. Espero que tenham gostado do cap.
xoxo



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