Minhas malas estavam pesadas, mas o peso em meu coração era o que realmente me preocupava.

A carruagem só me levou até a entrada da cidade o resto teria que ir a pé. Fui andando até minha casa, não me achei no direito de ir até a mansão de Edward.

A cidade estava mudada, mas ainda assim parecia a mesma, acho que é assim quando saímos de casa.

Abri o portão e fui andando até a casa, bati na porta.

Mary atendeu. Ela olhou para mim, mas era como se não me reconhecesse.

– Posso ajudar? - perguntou ela. Sorri para minha antiga amiga.

E claro que ela não me reconheceria, quase dois anos longe de casa. Eu havia mudado tanto.

– Sou eu Mary, Isabella. - disse. Ela gritou alto e riu.

Mary pulou em cima de mim. Ri com ela.

– A senhorita Swan, está tão mudada! Seus cabelos como fez ficarem assim? Sua pele não está como antes, está mais corada, você parece uma mulher agora! - dizia ela entusiasmada.

– Acalme-se Mary, pode me chamar apenas de Bella, viajei o mundo, querida Mary. Não há nada em mim que seja da antiga Bella. - disse.

– Você se engana ae Bella, eu ainda vejo a bondade em seus olhos. Vamos entre seu pai saiu para trabalhar, passamos por várias coisas em sua ausência. - dizia ela.

– O que houve? - perguntei.

– A querida, sente-se. Quer algo para beber? - perguntou.

– Algo que tenha álcool de preferencia, talvez um vinho. Desculpe Mary, mas o mundo me ensinou que damas também tem seus momentos. - disse rindo. Mary riu e colocou vinho quente para mim. Comecei a beber enquanto esperada que ela me contasse o que estava acontecendo.

– Por onde começo? Seu pai comprou metade da cidade, ele agora é um Duque, e isso a faz uma Duquesa senhorita. Seu pai sofreu muito quando você foi embora, passou meses se remoendo, mas depois que a jovem Alice veio conversar com ele, ele melhorou. Ela vem aqui sempre que pode, as vezes três vezes ao dia e tem dias que ela dorme em seu quarto, a jovem sofre muito de saudades. A senhora Cullen também vem aqui, mas com menos frequência, o senhor Cullen veio jantar algumas vezes. A família Cullen adora seu pai, eles não o deixaram só uma única vez. Acho que é por isso que seu pai não chora com tanta frequência mais. Também há o senhor Edward... Bem não sei se devo contar. - disse ela parando de me encarar e olhando para outro canto. Parecia que ela não gostaria de ver em mim, o que a notícia causaria.

Ela me contaria que Edward se casou, que agora ele era feliz ao lado de uma dama. Eu não sabia se queria ouvir sobre a felicidade dele, era egoísmo meu achar que ele me esperaria claro. Eu estive tão perto de deixa-lo, de me casar com outro, porque com ele seria diferente?

– Pode me contar Mary, Edward merece ser feliz. Eu gostaria de ter vindo ao casamento. - disse. Era mentira claro, nunca iria ao casamento dele com outra.

– Que casamento? - perguntou Mary. A olhei confusa.

– O casamento de... Hum... Edward e a jovem dama. - disse.

Mary riu. Chegou a se dobrar para frente, seus olhos até começaram a lacrimejar.

– O senhor Edward está solteiro, querida. Talvez não mais agora que a senhorita voltou, mas ele está pelo mundo. Saiu a sua procura a um ano. - disse ela.

Ele não está aqui, continua me procurando.

Ele não desistiu de mim.

– Ele está me procurando? - sussurrei. Ele não podia, e a maldição? Ele precisava quebra-la.

– Ele a ama senhorita. - disse Mary.

Meu coração parou quando a ouvi dizer isso. Ele me ama.

Mas ele não podia, lembro-me que ele disse isso, não podia me amar. Por isso fui embora, ele precisava encontrar a mulher que o ajudaria. Como pode ser eu?

– Ele te disse isso? - perguntei pegando na mão de Mary. Talvez a apertando mais do que deveria.

– Não, ele disse a cidade inteira Bella. A procurou em todos os lugares, quando percebeu que a senhorita não estava mais na cidade ele partiu. A cidade inteira conhece a história, da Bela e a Fera. A jovem que fugiu do homem amaldiçoado, alguns terminaram a história dizendo que ele a encontrou casada com outro e se matou, outros que os dois morreram por não poderem ficar juntos e a aqueles que disseram que você voltaria e o encontraria, gosto mais dessa se me permite dizer. - disse Mary.

Eu precisava fazer alguma coisa, procura-lo, dizer que o amo. Que sempre amei.

– Mary preciso de ajuda, preciso encontra-lo, dizer que o amo. - disse. Então as lagrimas que prendi foram se soltando com a ideia de ter Edward para mim novamente.

– A senhorita,não sei se o encontrará. Ele partiu assim como a senhorita, se ele voltou, se mantém trancado na mansão. Ninguém mais o viu. - disse ela.

– Preciso tentar Mary. Por favor diga a meu pai que voltei e que vou ficar, diga que o amo, mas preciso resolver isso. Preciso encontrar o homem para quem deixei meu coração. - disse. Mary sorriu e concordou.

Deixei todas as minhas coisas com Mary, fui até meu quarto e tentei refazer meu penteado, um coque com alguns fios soltos. Meu vestido estava sujo, então o troquei por um azul de mangas longas que encontrei em meu antigo armário.

Sai do quarto as pressas e passei por Mary sorrindo.

– Agora é minha vez de encontra-lo.- disse. Mary sorriu e me mandou ir rápido.

Não me lembro como consegui correr tanto, passei por árvores e pela grama saudável, era primavera.

Os portões da mansão pareciam nunca chegar. Olhei para os lados procurando algo familiar, não havia nada que me lembrasse o caminho para casa de Edward. Olhei em volta começando a me desesperar, isso era algo tão normal para mim, ficar perdida. Supirei e me sentei em um tronco.

Cheguei tão perto, eu poderia ter conseguido, poderia ter chegado até ele. Coloquei minhas mãos no rosto tentando me acalmar. Então como se não pudesse mais conter comecei a soluçar, o choro era tão forte que ficava sem ar.

– A Edward, como pude ser tão burra? Pensar que poderia conviver apenas com a sua felicidade, viver vendo você amar outra. Sinto tanto a sua falta, meu coração está partido a tanto tempo que nem me lembro como é ter ele inteiro. - choraminguei. Era o fim, a história da Bela e a Fera terminava assim, a jovem morreu na floresta, tentando chegar até o homem que amava.

Ouvi alguns passos se aproximando. A morte veio antes do que imaginava.

– Porque sempre que a encontro você está perdida? - me perguntou uma voz. Meu coração a respondeu se acelerando. Levantei o rosto, mas mantive os olhos fechados, não suportaria se isso fosse apenas mais um sonho.

– Porque está aqui? - perguntou Edward se sentando ao meu lado. Seu cheiro era exatamente o mesmo. O perfume que eu tanto tentava me lembrar.

– Eu estava te procurando. - sussurrei. Senti sua mão passear pelo meu rosto. Abri meus olhos e encontrei os olhos dele. O verde selvagem, o mesmo rosto perfeito, ele não havia mudado nem um centímetro. A não ser o olhar triste que me direcionava.

– Estou aqui meu anjo. - sussurrou ele. Puxei Edward para mim e o beijei.

Ele me apertou mais a si, tentei manter cada centímetro meu perto dele. Não podia deixar nada em mim longe, fiquei tanto tempo sem isso. Assim que o beijo terminou e estavamos procurando ar, beijei suas bochechas, seus olhos, seu nariz, seu rosto. Eu o amava tanto.

– Meu amor, senti tanto a sua falta. Porque não me encontrou antes? Porque parti? A Edward, eu te amo. Amo tanto. - disse enquanto ainda distribuía beijos em seu rosto. Ele riu.

O som mais doce que já ouvi.

– Meu anjo, minha Bela. Não consigo acreditar que está mesmo aqui, sonhei tanto com isso... Se isso for a morte, tudo bem. Sendo em seus braços eu a aceito. - disse ele encostando sua testa na minha.

– Você não pode morrer meu amor. - disse sorrindo.

– Eu morri Bella, durante um ano e quatro meses. Não sentia nada, a maldição foi tão mal vista por mim antes que quando voltei a sentir não pude deixar de desejar que ela voltasse. Eu sentia a dor Bela, era terrível. Como se meu coração estivesse em outro lugar, eu estava oco. O burraco em meu peito doia mais a cada dia longe de você, pensei em morrer tantas vezes. Mas eu tinha que pensar em você, em minha família. Esme disse que você voltaria quando estivesse pronta, mas eu não consegui esperar eu te segui Bela, mas sempre quando chegava você estava a um passo a minha frente. Eu voltei derrotado Bela, fiquei tanto tempo preso na mansão que não sei dizer de fato quandos dias ou meses foram, então senti seu cheiro. Eu o sentia as vezes mas não como hoje, eu segui até aqui e a vi, a Bela. - disse ele e me beijou novamente.

– Eu te amo Bela, amo tanto que não consigo viver sem você. Amo tanto que senti falta de suas loucuras, ou de quando você sorria, quando chorava, quando brincava com Alice, eu senti falta de tudo Bela. E mais do que isso, senti falta do meu coração, pois você o levou consigo. - disse ele.Comecei a chorar novamente e o beijei de novo, dessa vez com mais urgência, meu Edward me amava. Ele estava ali e me amava.

– Estou aqui agora meu amor, e não vou te deixar nunca mais. - jurei.

– Eu te amo. - disse ele.

– Eu te amo.- respondi. Então algo começou a brilhar perto de nós, Edward me olhou surpreso e eu o puxei para mais um beijo.

Afinal eu podia beija-lo o quando quisesse ele era meu.