Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Festa


Notas iniciais do capítulo

Ele não disse nada, apenas levou as mãos à minha cintura, trazendo meu corpo contra o seu. Uma onda de calor circulou por todo o meu corpo. Ele subiu os dedos por minhas costas nuas, queimando minha pele; e com a mão, encostou-me em seu peito. Seu rosto colado ao meu. Sua respiração balançava os fios de meu cabelo. Eu sentia seu hálito, seu cheiro me tirava os sentidos. Embora eu soubesse que deveria, eu não conseguia evitar. Não podia oferecer resistência, seus braços haviam prendido meu corpo. Damon me dominara.



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Quando o dia amanheceu, eu estava melhor, embora ainda estivesse com raiva de Damon, pela noite passada. Ainda me sentia um pouco fraca, então decidi que iria a um lugar especial – se eu teria que lidar todo dia com ele, era melhor estar suficientemente forte.

Stefan ainda dormia como um anjo – se é que isto era possível – deitado de lado em minha cama. A noite passara rápido demais, enquanto conversávamos sobre o passado. Algum tempo depois, ele se virou com um semi sorriso nos lábios e esfregando os olhos.

-          Stefan, tudo bem se eu ficar fora hoje?

-          Bem, por mim não tem problema. Alguma coisa especial?

-          Vou pra casa.

-          Divirta-se!

-          Como se fosse possível!

-          Vai voltar logo?

-          Vou. Estarei em casa antes do anoitecer.

Eu lhe dei um beijinho no rosto e sai.

Quando cheguei ao meu reino, senti uma agradável paz, trazida pelo cheiro que os campos de lavanda exalavam. Já fazia algum tempo e descobri que podia sentir saudades do lugar onde eu me sentia mais incomum.

Híade e Amarilys vieram correndo até mim, assim que me viram.

-          Ayllin!

Eu as abracei longamente. Estava com saudades de minhas lindas irmãs – quando digo lindas, quero dizer mesmo lindas. Híade tinha longos cabelos claros, quase brancos, assim como a pele; lindos olhos azuis celestes e usava um vestido azul marinho. Amarillys era ruiva, os cabelos claros e avermelhados caiam em cachos abaixo da cintura. Os olhos eram de um verde, quase tão profundo como os de Damon – até naquele bendito lugar, ele estava em meus pensamentos – e seu vestido de alças finas era verde como os olhos.

-          Sentimos sua falta! Disse Híade.

-          Muita falta! Completou Amarillys.

-          Eu também senti.

-          Porque demorou tanto se estava com saudades? Híade era quase tão impetuosa como eu.

-          É complicado. Não é tão simples assim.

-          Venha vamos conversar, tenho muitas coisas para perguntar sobre a terra.

Híade me pegou pela mão, puxando-me até o bosque norte, onde nos sentamos debaixo de uma grande castanheira. Amarillys recostou minha cabeça em seu colo, enquanto acariciava meus cabelos. Ela era doce e meiga, e sempre cuidara de mim como se fosse minha mãe, embora tivéssemos quase o mesmo tempo de existência.

Amarillys era desesperadamente apaixonada por Miguel – embora eu nunca percebesse nele, sentimentos deste tipo.

-          Conte tudo!

-          O que quer saber Híade?

-          O humano, como ele é?

-          Um bom rapaz.

-          Não é isto que quero saber. Quero saber se ele é bonito, sabe, se é bonito como o Vento

Vento era o “Brad Pitt” angelical, ou pelo menos, ele se achava.

-          Ele é muito bonito, Híade, muito bonito mesmo.

-          Eu sei!

-          Como assim, você sabe?

-          Dei uma passadinha por lá. Falando nisso, o que são aqueles olhos? Eu me perderia naqueles olhos verdes.

Espera aí, olhos verdes? Eu havia escutado bem? Mas, Stefan não tinha olhos verdes? Ah não, ela não tinha visto Stefan, tinha visto Damon!

-          Híade, aquele não é o meu garoto.

-          Como assim? Eu vi o jeito que ele te olhava, ele estava totalmente encantado!

-          Não, ele não estava! Aquele é Damon, o irmão do mal – coisa que, aliás, o próprio nome já diz! 

Híade me olhou com os olhos tristes. Ela estava decepcionada.

-          Mas, mas... eu senti.

Híade era uma apaixonada, tudo para ela se resumia em amores e beijos – provavelmente porque ela nunca havia beijado ninguém. Ok, eu também não, mas eu não ficava suspirando a cada vez que alguém olhava em minha direção, feito uma idiota.

-          Você não pode ter sentido nada, simplesmente porque não havia nada para sentir.

-          Mas quando ele estava olhando você dormir, eu senti, senti mesmo. Ele está, está...

Eu fui obrigada a interrompê-la antes que ela dissesse uma bobagem. Não havia absolutamente nada para ela sentir com relação a Damon e eu.

-          Vamos mudar de assunto? Eu perguntei rapidamente.

-          Vamos! – Amarillys me ajudou – quando vai voltar definitivamente?

-          Não sei, definitivamente é muito tempo!

Senti mãos pesadas em minhas costas e virei para olhar.

-          Miguel!

-          Ayllin, que bom vê-la. Eu estava com saudades.

-          Eu também, Miguel.

Miguel estendeu a mão para mim e levantou-me do colo de Amarillys. Caminhamos lado a lado, enquanto conversávamos – embora ele não tivesse dito nada, eu sentia a preocupação em seus olhos. Eu queria dizer que tudo estava em ordem, mas não conseguia, era mentira; e mentir para ele era simplesmente, impossível. Então e me calei.

-          Como vão as coisas na terra, querida filha.

-          Estão bem, Miguel, alguns contratempos, nada que eu não consiga resolver.

-          Sabe que pode voltar a hora que quiser, certo? Eu a espero, sempre.

-          Obrigado.

-          Quanto tempo ficará conosco?

-          Na verdade, estou de partida. Tenho uma coisa para fazer hoje, algo importante.

-          Quer o conselho de um velho anjo?

-          Sempre!

-          Pare de fugir de si mesma, não vai conseguir.

Eu queria dizer que ele estava errado, que eu não estava fugindo de nada, mas não pude. As palavras de Miguel entram em minha carne como uma espada afiada, ele tinha razão, como sempre.

-          Pode se despedir de minhas irmãs, por mim?

-          É Claro, minha pequena.

-          E pode me abençoar?

-          Sempre.

Miguel levantou sua mão forte e colocou sobre meu peito. Era como se tocasse em meu coração.

-          Que a sabedoria a ilumine, e que o amor a toque. Abençoada seja!

Voltei para a terra sentindo-me leve como uma pluma. Até, é claro, encontrar-me com o “terrível par de olhos escandalosamente verdes” – aquele garoto era capaz de tirar a paz de qualquer um! Não havia benção celestial que resistisse a ele!

Subi as escadas como se não o tivesse visto e entrei no quarto de Stefan. Ele estava se arrumando, não que ele precisasse, Stefan já era lindo.

-          Então, como foi o dia sem o seu “anjo da guarda”?

-          Senti a sua falta Ayllin.

Stefan virou-se para mim, só de calça, e me abraçou. Sua pele quente tocando o fino vestido angelical.

-          Calma aí, eu acabei de voltar do céu!

Ele sorriu e se afastou.

-          Tudo bem, vista algo mais humano.

-          Importa-se se eu for á festa? Quero dizer, com você e Elena?

-          Claro que não! Mas porque não vai com Matt?

-          Eu poderia, é só que, me sentiria mais á vontade se fosse com você.

-          Perfeito.

-          Vou me arrumar então!

Entrei no banheiro com o pacote que ganhara de Damon, apesar de ser presente dele, o vestido era lindo e eu estava sem opções.

Tomei um banho e coloquei o vestido preto, servira como uma luva e parecia ter sido feito em meu corpo. O único problema era o decote nas costas, deixava aparecer minha marca.

-          Nossa! Você está maravilhosa.

-          Obrigado Stefan, você é muito gentil.

-          Não, não é gentileza. Você está mesmo, maravilhosa. Onde conseguiu este vestido? Porque sem duvida não deve ter sido no céu!

-          Se eu contar, você não acredita!

-          Tente!

-          Damon me deu!

-          Damon?

-          O próprio!

Eu estava terminando de arrumar meu cabelo, deixando o pescoço nu, quando ouvi a voz melosa.

-          Acho que ouvi meu nome.

Ele entrou no quarto, só de calça e segurando uma camisa nas mãos.

-          Puxa! Não é que eu acertei!

-          Gostou?

-          Desculpe mas, vendo você assim a última coisa que eu penso é em um anjo!

-          A idéia é esta! Tenho que me enturmar.

-          Onde vai, vestida assim?

-          Vou á festa!

Damon andou até mim com um semi sorriso nos lábios, os olhos verdes cristalinos. Parou em minha frente e segurou minha mão, beijando delicadamente – eu senti cada pelo do meu corpo se arrepiar.

-          Não acho que seu amiguinho humano saberá apreciar um delicado channel, como este, bem como o que ele contém.

Suas palavras entraram em minha cabeça, enquanto eu aspirava o ar quente de seu hálito – eu não podia deixar barato.

-          Também não acho que sua namoradinha humana saberá apreciar um legitimo Armani, embora o que ele contém, ela já conheça bem.

Damon aproximou os lábios dos meus, fazendo-me corar.

-          Adoro mulheres observadoras.

Eu me afastei assim que consegui e continuei me arrumando. Coloquei um brinco pendente de diamantes e ônix e uma pulseira delicada. Calcei minhas sandálias e tentei não dar importância a Damon, até que ele se fez notar novamente.

-          Acho que deveria ir comigo.

-          Mesmo? O que aconteceu com Caroline?

-          Ela não ficaria bem em um channel.

-          Pena para você porque Matt ficaria lindo, em um Armani.

Dei as costas a ele e segurei no braço de Stefan.

-          Vamos Sr Salvatore?

-          É claro.

Quando já estávamos na rua e antes de entrar no carro, Stefan fez a pergunta:

-          O que é esta marca?

Todos notavam, era impossível esconder. Parecia uma daquelas marcas de gado, queimadas á ferro, só que um pouco mais delicada. Ficava bem no quadril, de lado. Uma lua crescente.

-          Longa história.

Stefan não perguntou mais nada e logo chegamos á casa de Elena. Assim que ela entrou no carro eu me desculpei.

-          Elena, me desculpe atrapalhar o encontro de vocês. Prometo que será apenas por alguns minutos, logo vou me enturmar.

-          Não se preocupe, não tem problema algum. E isso nem é um encontro.

Chegamos a residência do prefeito Lockwood e Stefan nos conduziu, uma em cada braço, até a porta de entrada. O prefeito nos recebeu, pedindo que entrássemos. Tão logo passamos pela soleira da porta, a primeira dama aproximou-se. Acho que pretendia perguntar algo á Elena. Eu não sentia muitas energias positivas vindo daquela mulher, ela era mesquinha.

-          Elena querida, quem é está linda jovem?

Stefan falou antes que Elena respondesse.

-          Permita que eu apresente Sra Lockwood. Está é minha prima, Ayllin Salvatore.

-          Muito prazer! É bom ter uma jovem como você em nossa cidade.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa – ou sair correndo dela, ou as duas coisas – a primeira dama arrastou-me pelo grande salão.

-          Já conhece meu filho Tyler?

É claro que eu conhecia o totalmente egoísta e com o ego inflado, Tyler Lockwood, que se achava bom demais para as meninas da cidade, engoli minha opinião – nada angelical, diga-se de passagem – sobre o jovem Lockwood e sorri.

-          Sim senhora, nós temos algumas aulas juntos.

-          Ótimo!

A mulher fez um sinal para o filho que estava tomando uma taça de champanhe, pedindo que ele viesse. Tyler caminhou até nós meio sem jeito – eu já havia deixado clara minha opinião sobre ele – e cumprimentou a mãe com um beijo.

-          Eu digo para Tyler, é com moças assim que ele deve conviver!

Tyler olhou para mim, eu olhei para ele. Era obvio que não existia nenhuma chance, mesmo assim, continuamos fingindo. Foi quando senti um frio na espinha.

-          Acho que deveriam dançar!

Meu sexto sentido estava aguçado naquela noite – por isso o frio na espinha – dançar e principalmente com Tyler Lockwood era tudo que eu não precisava.

Graças aos céus, o garoto titubeou e o improvável aconteceu – Damon me salvou!

Ele chegou de mansinho, com seu sorriso sedutor e colocou a mão sobre meu ombro.

-          Se me permite, senhora, eu gostaria de uma dança com minha priminha querida.

A mulher olhou para Damon, depois para Tyler, totalmente sem jeito. A diferença era gritante. Damon era elegante e sedutor, do alto de seus vinte e cinco anos humanos e séculos vampiros. Ele vestia um belo terno italiano preto, com camisa branca e gravata. Os cabelos caindo sobre o rosto, os lindos e sedutores olhos esverdeados. E Tyler, bem, Tyler era só... só um garoto, e nada mais.

A mulher não sabia o que dizer.

-          Você deve ser...

-          Damon Salvatore, a seu dispor – disse Damon segurando e beijando a mão da Sra Lockwood.

-          Bem, fiquem à vontade.

-          Obrigada, e com licença.

Nunca pensei que algum dia de minha existência, eu teria o que agradecer a Damon – naquela noite, eu tinha.

-          Obrigado!

-          Viu só! Eu não sou um monstro em tempo integral!

-          Que bom para você! Agora se me der licença...

-          Ei, você me deve uma dança.

-          Acabou o teatro Damon, eu já agradeci.

-          Não foi um teatro. Eu quero mesmo dançar com você, e acho que mereço, afinal, eu a salvei dos predadores.

Respirei fundo e tentei me concentrar nas palavras de Miguel – eu queria dançar com Damon, por mais idiota que a idéia me parecesse, eu queria. 

-          Uma música Damon, apenas uma música.

Damon sorriu.

-          Eu não disse que queria mais.

Aquele garoto sabia ser irritante até quando eu estava de bom-humor! Agradeci por estar tocando uma música agitada e todos estarem dançando separados.

Eu devia mesmo ter feito algo de muito ruim, deveria, sei lá, ter mordido a mão de todos os anjos do céu! Bem na hora que íamos começar a dançar, a musica mudou.

Uma doce melodia, envolveu o salão. A luz baixou, e todos se abraçaram. Os olhos de Damon brilhavam ainda mais, e seus dentes; expostos em um sorriso convencido.

Ele não disse nada, apenas levou as mãos à minha cintura, trazendo meu corpo contra o seu. Uma onda de calor circulou por todo o meu corpo. Ele subiu os dedos por minhas costas nuas, queimando minha pele; e com a mão, encostou-me em seu peito. Seu rosto colado ao meu. Sua respiração balançava os fios de meu cabelo. Eu sentia seu hálito, seu cheiro me tirava os sentidos. Embora eu soubesse que deveria, eu não conseguia evitar. Não podia oferecer resistência, seus braços haviam prendido meu corpo. Damon me dominara.

Por alguns minutos, pelo tempo de uma música, eu me esqueci do monstro, e do anjo. Por alguns momentos, éramos apenas eu, e ele.

Quando sua boca encontrou a pele fina do meu rosto, eu estremeci. Seus lábios quentes e úmidos, roçando minha pele. Eu quase – e quando digo quase, é quase mesmo – me esqueci com quem estava. A música lentamente acabou. O grande salão com piso de carvalho encerado, ficou em silêncio. Damon não me soltou. Suas mãos ainda estavam à minha volta, seus olhos fechados.

-          Bem, o trato era uma música. Certo?

Ele abriu os olhos, como se acordando de um sonho. Quando olhei em seus olhos, encontrei o monstro novamente, frio e dissimulado.

-          Confesse, você gostou!

-          Gostei de quê? Seu bobo!

Ele soltou seu riso debochado e saiu, estragando o que me restava de festa. Afinal o que havia de errado com aquele garoto? Ou comigo em quase acreditar nele?

Eu voltei à festa e sentei-me no balcão de um bar improvisado. Tentei organizar meus pensamentos enquanto esperava que me servissem uma taça de vinho – sim os anjos tomam vinho, ou pelo menos eu tomo.

Estava de costas para o salão, absorta em meus pensamentos, quando senti uma mão pesada e quente na pele de minhas costas.

-          Quer fazer o favor de tirar a mão da minha pele?

-          Não!

-          Como assim? Não!

-          Novamente você perguntou se eu quero, eu disse que não. Só respondi sua pergunta.

-          Como você consegue?

-          Consigo o que, ser assim tão charmoso?

Ele encostou-se no balcão, debruçado no cotovelo.

-          Não. Ser tão irritante!

Peguei minha taça e sai. Eu queria ficar sozinha. Passei pelo salão sem enxergar nada e principalmente ninguém. Andei pelo jardim, procurando algum refúgio. Todo o lugar estava tomado de gente.

Andei até os fundos da casa e aproveitei que estava sozinha para subir e sentar-me no telhado – anjos adoram lugares altos.

O dia estava fresco e uma leve brisa tocava meu rosto, estava agradável e principalmente silencioso.

-          Então, veio esconder-se aqui!

Ah não! Até no telhado aquele garoto me encontrava! Eu devia mesmo ter jogado pedras na cruz.

-          O que você quer Damon? Já desempenhou bem o seu papel de me irritar hoje, pode dormir feliz.

-          Ei, eu só vim pedir desculpas.

-          Ok, está desculpado! Agora dê o fora.

Damon caminhou até mim, sentando-se ao meu lado.

-          Você me odeia tanto assim?

Respirei fundo e pensei em Miguel, ou melhor, em suas palavras e em seu conselho, e resolvi ser sincera com ele.

-          Eu não te odeio, Damon. Eu não odeio ninguém! Eu sou um anjo, lembra-se?

-          Posso te fazer uma pergunta?

-          Você já fez, Damon.

-          Ei, só estou tentando estabelecer uma conversa.

-          Tudo bem, pergunte.

Damon escorregou o dedo por minha pele, até a marca.

-          Qual é a da marca?

-          É uma longa história Damon, uma longa história.

-          Tudo bem, eu tenho uma longa vida mesmo, posso escutar.

Eu estava cansada de não dizer, estava cansada de omitir sempre algo sobre mim. Por alguma razão inexplicável, eu queria conversar com ele; ou talvez só precisasse falar com alguém, sei lá. Mesmo assim, aproveitei a presença dele. A vantagem de ele ser o que era, era que eu não precisava medir as palavras, poderia falar o que quisesse, não espantaria Damon.

-          Lembra-se que eu disse que era um “meio anjo”?

-          Sim.

-          Nunca se perguntou qual era a outra metade?

-          Imagino, mas prefiro que você me conte.

-          Um vampiro!

-          Como assim?

-          Meu pai,era um vampiro.

Eu esperei que Damon tivesse muitas atitudes. Sei lá, que saísse dando risada, que debochasse de mim, que ficasse com raiva. A atitude dele me espantou, ele não fez absolutamente nada. Apenas pegou a taça de minhas mãos, dando um gole em meu vinho e falou:

-          Faz sentido.

-          Como assim, faz sentido?

-          Por isso me odeia tanto.

-          Já disse que eu não te odeio, e vamos combinar, você contribui bastante para que eu não goste de você!

-          Não é isso.

-          É o que então?

-          Quando você olha para mim, lembra do seu pai.

-          Ridículo!

-          Eu nem o conheço! Além disso, ele não é meu pai realmente, ele só doou alguns genes. Miguel é meu pai!

-          Mesmo assim, ele te marcou.

-          Ele não... ele... você não entenderia, é que... ah que bobagem! Eu não tenho que explicar nada para você!

-          Talvez não tenha mesmo, mas precisa explicar para você mesma.

Eu me levantei, irritada e totalmente sem rumo. Ele conseguira mais uma vez, eu estava fora de mim.

-          Pode para de bancar o psicólogo comigo! Seu, seu... ah, que seja!

Desci rapidamente e saí. Eu não queria ver Stefan, não queria saber de Elena, nem de nada! Eu só queria ficar sozinha. Andei pelas ruas desertas até a ponte do velho cemitério. O lugar estava deserto, só era possível ouvir alguns animais noturnos. Fechei os olhos e relaxei. Não sei se estava mais irritada com Damon, ou comigo! Eu não queria pensar nisso, não queria pensar naquele... naquela... coisa! Damon tinha razão, e isso me irritava ainda mais.

 


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