Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 20
Capítulo 20 - Transformação


Notas iniciais do capítulo

- Então, bem, como vai ser? - eu perguntei, tentando quebrar o gelo.
Damon sorriu enquanto tirava a jaqueta e as botas. Havia um sorriso em seus lábios que me dizia que o que quer que fosse que estávamos prestes a fazer, não seria ruim.
— Tenha paciência, anginho. Achei que paciência fosse uma virtude angelical.
Eu caminhei até a cama e me joguei sobre ele. Damon me segurou e eu o beijei.
— Achei que vampiros não tivessem paciência. Achei que gostassem de morder pescoços.
Ele me segurou mais forte, passando os lábios e as presas na pele exposta do meu pescoço.
— E quem disse que eu não vou morder?



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Olhei para meu pai, imóvel olhando para mim. Ele não se moveu. Seus olhos estavam parados, como se ele não pudesse me ver.

- Pai?

Ele ainda não respondeu. Como eu estava ficando irritada com toda aquela situação, levantei-me da poltrona e andei até ele. Eu ainda podia sentir os olhos de Matt, Damon e Elena me seguindo, mas eu os ignorei. Parei em frente á poltrona do meu pai e segurei meu cabelo com as mãos, deixando o pescoço livre.

- Então, você vai me morder, ou o quê?

Meu pai sorriu e segurou minha mão.
- Não amor, não sou eu quem fará isso.
Agora eu estava pasma. Total e absolutamente pasma.

- Não?

Meu pai se levantou e caminhou a te Damon, segurando em minha mão e me levando com ele.

- Sabe como fazer isso, não é Damon?

Os olhos de Damon eram como esmeraldas líquidas, brilhando e irradiando toda a sua beleza e calor pela sala. Ele olhou em meus olhos, embora respondesse ao meu pai.

- Sim, eu sei.

Eu engoli em seco – Damon é que iria me transformar?

Senti que algo se agitava em meu estômago.

- Eu pensei que...

Meu pai me interrompeu.
- Transformar alguém é um ato de amor intenso, querida. Sei que Damon cuidará bem de você.
Uh! Amor intenso! Por alguma razão, me soava interessante.

Damon tocou minha mão com a ponta dos dedos. O calor queimando minha pele. Fiquei pensando que aquela seria a última vez em que eu sentiria nossa diferença de temperatura. Tantas coisas passavam em minha mente naquele momento. Os dedos gentis de Damon continuaram tracejando os ossinhos dos meus dedos. De repente, ele estendeu a mão para mim.
- Venha minha amada, me deixe apresentá-la ao meu mundo.
Engoli em seco novamente. Não que não tivesse sido a frase mais romântica que eu ouvi em toda a minha longa vida, é só que, sei lá, me deu um pouco de medo.
Estendi minha mão e segurei a de Damon. Ele me abraçou e eu fechei os olhos, encostando minha cabeça em seu casaco de couro. Senti como se o mundo girasse, mas não abri os olhos.
- Já pode abrir os olhos, amor.
O som confortável daquela voz inundou meus ouvidos, fazendo com que uma sensação de proteção me enchesse. Quando abri os olhos, estávamos em um lugar que eu não conhecia.
- Onde estamos, Damon?
- Um lugar seguro.
Olhei pela fresta que as cortinas dexavam da janela. Era algum lugar no campo, porque não havia casas próximas. Quando aspirei o ar eu senti cheiro de floresta, algumas flores e frutos e um pouco de relva. Era um lugar bonito e o sol brilhava bem fraco lá fora. Eu sorri.
- Eu sabia que aprovaria - Damon me disse, puxando-me em seus braços.
Eu não podia negar que ainda estava nervosa. Por mais que eu confiasse em Damon - e sim, por mais que parecesse loucura, eu confiava - o medo do desconhecido ainda era muito forte. Eu não tinha idéia do que fazer. Sentia como se minhas mãos fossem bobas e não sabia onde colocá-las.
- Então, bem, como vai ser? - eu perguntei, tentando quebrar o gelo.
Damon sorriu enquanto tirava a jaqueta e as botas. Havia um sorriso em seus lábios que me dizia que o que quer que fosse que estávamos prestes a fazer, não seria ruim.
- Tenha paciência, anginho. Achei que paciência fosse uma virtude angelical.
Eu caminhei até a cama e me joguei sobre ele. Damon me segurou e eu o beijei.
- Achei que vampiros não tivessem paciência. Achei que gostassem de morder pescoços.
Ele me segurou mais forte, passando os lábios e as presas na pele exposta do meu pescoço.
- E quem disse que eu não vou morder?
Nós nos olhamos. Uma química intesa rolava em torno de nós. Eu sentia como se o desejo me consumisse compelindo meu corpo para o dele.
- Eu quero que relaxe, Ayllin. Quero que se prepare.
- E como eu faço isso?
- Feche seus olhos.
Eu obedeci.
As mãos quentes de Damon tocaram minha pele cuidadosamente, enquanto ele tirava meu casaco e meu all star. Ele me ajeitou na cama, de frente para ele.
- Eu quero ver como você é.
- Você está me vendo, Damon, eu estou aqui.
- Não. Eu quero que me mostre como é de verdade. Completamente.
- Sabe que eu vou te machucar.
- Eu aguento.
Suas mãos tracejaram meu estômago e subiram um pouco, tocando meus seios e minha clavícula.
- Me mostre.
Lentamente, eu deixei que minha forma cintilasse novamente. Lentamente, desdobrei minhas asas ao redor dele. Quando abri meus olhos, Damon me olhava fascinado. Eu sorri.
- Gosta?
- Muito.
Ele não desviou os olhos dos meus nem mesmo por um instante.
- Eu a quero assim.
Eu não havia entendido bem o que ele queria dizer até que senti a roupa escorregando por meu corpo. Ah então era isso!
Damon não parecia se incomodar com o frio da minha pele, nem mesmo com o quanto era desconfortável para ele tocar um anjo, e pior, um anjo nu. Suas mãos continuaram tirando minha roupa e ele me beijou. Um beijo tão intenso que eu não pude mais controlar o desejo que sentia dele. Minhas mãos seguraram a camiseta, enquanto eu a escorregava por seus ombros e braços e finalmente a jogava ao chão.
Damon me puxou em seu colo, eu não resisti. Passei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei. Mais forte, mais profundo, até que beijar apenas não era suficiente. Eu queria mais.
Minhas mãos encontraram os botões da calça jeans e um a um, eles se foram. Damon me puxou para si novamente, encaixando minhas pernas em seu quadril. quando o movimento se tornou mais forte, eu ofeguei.
- Eu te amo - eu disse contra sua pele.
- Sim, minha Ayllin, eu também a amo. E agora, você será minha completamente.
Seus lábios tracejaram a linha da minha jugular. Eu não entendia bem o que estava acontecendo mais eu imaginava.
Em toda a minha existência angelical, eu sempre soube que anjos não tinham sangue. Mas será que meio anjos tinham? Esta era uma das perguntas que ficaram sem resposta, até agora.
A boca do vampiro estava completamente colada a minha pele, sugando. Por mais ridículo que pudesse ser, especialmente para alguém que passou tanto tempo odiando a tal espécie, eu não queria que ele parasse. Enquanto seus lábios sugavam minha pele, eu sentia ondas de prazer por todo o corpo.
- Mais...
A palavra saiu entrecortada, porque eu não conseguia mais controlar meus gemidos.
Damon não respondeu, mas eu senti que sua boca se moveu, mais forte sobre a minha pele. A ponta fina e cortante de suas presas atravessáram-na em único golpe.
- Hum...
Eu gemi mais forte.
Eu sentia o movimento de seus lábios em minha pele, sugando, sugando. Eu não queria que ele parasse. Era como se meu corpo todo fosse dele. Não haviam mais reservas minhas, ele possuia tudo.
Os gemidos saiam mais fortes, menos espaçados, como se meu corpo exigisse se manifestar naquele momento. Eu agarrei seu pescoço, sustentando meus braços e deixei o pescoço pender um pouco para trás, dando melhor acesso á ele. Damon colocou a mão por trás da minha cabeça e a segurou firme, enquanto a outra mãos segurava meus quadris para que nossos corpos continuassem no mesmo movimento de fazer amor.
Quando abri meus olhos, eu estava sozinha na cama. Sentia como se meu corpo pesasse uma tonelada e quase não conseguia me mover.
- Damon?
Um segundo depois, a porta do banheiro se abriu.
- Estou aqui.
Tentei me levantar, mas uma vertigem me levou de volta á cama. Eu sentia como se o quarto estivesse em movimento. Minha visão estava turva e minha pele meio azulada. Eu não estava mais brilhando.
- Eu morri?
Okay, pergunta idiota - mortos não falam! Mas depois de tudo, ninguém pode me culpar por fazer perguntas idiotas.
Damon sorriu. Sua pele estava resplandescente, como se minusculas estrelas se acendessem nela. Quando suas mãos tocaram minha pele, eu percebi que ele estava mais frio.
- O que aconteceu?
Agora, eu estava desesperada.
- Tenha calma. Você não morreu, ainda.
Forcei meu corpo para a frente e consegui ficar meio sentada na cama.
- Como assim, ainda?
Os dedos de Damon tocaram meu rosto. Ele fechou os olhos enquanto me acariciava. Suas mãos tocaram meu ombro e braços e foram até minhas asas. Ele tocou as plumas brancas com cuidado e delicadeza. Um sorriso brincando em seus lábios.
- Eu sempre quis saber como eram.
Ontem, isto teria sido completament impossível. Damon nem mesmo poderia tocar a minha pele sem se machucar. Sem dúvida, alguma havia acontecido quando ele bebeu de mim.
- O que aconteceu? Porque você não está mais quente? Eu vou morrer?
Damon sorriu e me puxou em seus braços. Eu encostei a cabeça em seu peito.
- Vamos lá, vou responder suas perguntas. Primeiro, Eu mordi você, como você deve ter sentido, por isso não estou mais tão quente.
- Eu tenho sangue?
- Não.
- E como isso é possível, eu senti você bebendo.
- Sua essência, foi isso que eu bebi. É por isso que Katherine tem sua mãe por perto. A essência de vocês nos deixa mais fortes.
- Você é mais forte que Katherine, agora?
- Não, amor. Infelizmente.
- Continuando. Não você não vai morrer, porque eu vou te dar o meu sangue.
Eu engoli em seco novamente. Okay, tudo bem que batatas fritas e coca-cola nunca soaram tão bem para mim, mas sangue? Sangue, sem dúvida, não estava em minha lista de coisas apetitosas.
Damon levou o pulso a boca e o mordeu. Rapidamente, a linha escarlate começou a pingar, em direção á mim.
Eu senti uma náusea vindo e tentei me concentrar - vomitar com certeza não era uma opção.
Fechei os olhos e aspirei o ar. Um cheiro ferroso e adocicado me assaltou.
- Sim, Ayllin, você quer. Você sempre quis, sempre esteve em seu sangue.
Ele aproximou a mão da minha boca, esfregando o sangue em meus lábios. Minha língua tocou o líguido grosso e eu engoli. Enquanto atravessava minha garganta eu podia sentir uma onda de desejo ainda mais forte crescendo dentro de mim.
- Beba!
Damon me ofereceu seu pulso novamente.
Enquanto minha língua brincava no ferimento, o sangue jorrava mais rápido. Damon jogou a cabeça para trás e gemeu.
- Dói? - eu lhe pergntei, parando de sugar.
Ele sorriu.
- Não, não dói.
Eu continuei brincando com o sangue em seu pulso, enquanto Damon gemia com os olhos fechados.
- Sugue, eu quero que sugue Ayllin.
Segurei pulso com as mãos e o comprimi contra minha boca. Quanto mais eu puxava o líquido para dentro, mas ele jorrava da ferida. Quanto mais eu engolia, mas o desejo me dominava.
Afastei minha boca do ferimento e lancei meu corpo ontra o dele. Damon me segurou. Eu me sentia forte, forte como antes. Não, eu me sentia forte como nunca. Minha boca procurava pela dele. Um beijo forte e sufocado, absurdamente prazeroso, com o gosto do sangue e do beijo misturados.
Damon segurou meus quadris e puxou-me para si, livrando-se da toalha que o cobria. Éramos um novamente, mas ainda não era suficiente, eu precisava de mais. Eu precisava daquele gosto, daquele poder novamente dentro de mim. Minha boca encontrou seu pescoço e eu comecei a beijá-lo. Damon gemia contra minha pele, arrepiando cada ponto dela.
- Sim Ayllin, Assim mesmo.
Meus dentes mordiscavam a pele e eu sentia necessidade de mais, muito mais.
- Morda! - Damon exigiu entre gemidos de prazer.
Eu não tinha idéia do que fazer, mas eu queria. Eu queria como quis poucas coisas em minha vida. Eu queria tanto que podia sentir a dor em minha gengiva.
- Morda, me morda.
Apertei meus dentes contra a pele dele e ela se rompeu. Era tão estranho como prazeroso. Rapidamente o sangue encheu minha boca e eu senti Damon apertando minha carne. Era como se estivessemos em conexão completa, como se realmente fossemos um. E então, as coisas mudaram. Eu senti como se algo se rompesse dentro de mim. Meu estômago começou a se revirar e minha barriga a se retorcer. Meus olhos ardiam e eu sentia o suor se formando em minha testa. A dor era tão grande, que naquele momento, morrer teria me parecido uma boa idéia.
Damon me segurou e me colocou sobre os lençóis. Eu estava vagamente consciente do que ele fazia, mas não conseguia me mover. Eu sentia como se meu corpo quebrasse de dentro para fora. Como se todos os ossos estivessem arrebentando. Eu queria, eu precisava morrer. Fechei meus olhos, buscando algo que diminuisse a dor.
No fundo da minha mente, eu encontrei a minha mãe. Ela estava diferente, era como eu sonhava novamente. Minha mãe sorria para mim e eu queria tanto ir até ela. Sua mão estava estendida para mim. Seus olhos eram doces e seu sorriso angelical.
- Mãe?
- Sim, meu amor, sou eu.
- Porque fez isso? Porque nos traiu?
Minha mãe baixou a cabeça. Ela não me respondeu. Eu caminhei até ela e apoiei meus braços em seus joelhos. Ela levantou o rosto novamente e tocou meu rosto com suas mãos.
- Eu te amo tanto - eu lhe disse - eu preciso de você, eu sempre precisei.
Ela desviou os olhos dos meus, como se não encontrasse resposta.
- Eu quero ficar aqui.
- Você não pode meu amor. Você precisa voltar.
Eu me agarrei a ela.
- Não mãe, está doendo. Dói tanto.
- Vai passar.
Suas mãos eram gentis em meus cabelos.
- Seu pai precisa de você - ela suspirou e continuou - eu preciso de você.
E então eu acordei.
Damon ainda estava ao meu lado na cama. Observando enquanto eu abria meus olhos.
O mundo parecia incrívelmente estranho e os sons me incomodavam. Eu afoguei. Tossi e pigarreiei e então tive que apertar os olhos para que a luz não os machucasse.
- Como se sente? - Damon me perguntou.
- Estranha.
Olhei para baixo e percebi que estava vestida. Damon havia me vestido com um camiseta. Minha pele estava estramente lisa e quente. Eu podia sentir o calor da minha própria pele. Quando suas mãos me tocaram, eu não senti diferença alguma. Era como se tivessemos a mesma temperatura.
Esfreguei meus olhos novamente. A luz me incomodava muito.
Refletida na parede, uma sombra escura atrás de mim vez com que eu me virasse. Minhas asas, negras. Balancei-as, fazendo um pouco de vento no quarto. Ainda eram minhas asas, mas não eram mais como antes. Elas eram como as asas do meu pai. Eu fechei um pouco de um lado e toquei as plumas com a outra mão. Suaves e quentes, como as do meu pai. Eu sorri.
- Aconteceu, não foi? Agora eu sou uma vampira.
Damon me prendeu em seu oceano esmeralda.
- Sim, meu amor, agora você é como eu.
Eu não estava triste. Levantei-me e caminhei até o espelho. A figura que aparecia ali me fez sorrir. Não que eu não gostasse de ser um anjo, mas é que aquilo, aquilo que eu via no espelho agora, se parecia muito mais comigo. Analisei cuidadosamente a figura no espelho.
- Gostei!
Damon me puxou em seus braços, tirando meus pés do chão. Eu me segurei em seu pescoço, enquanto minhas asas circulavam seu corpo.
- Minha Ayllin.
Ele me beijou, docemente.
- Como eu disse quanto a conheci, você é minha, sempre foi e sempre será. Eu a vi primeiro!
Eu sorri, me lembrando daquela bendita peça de teatro, onde ele havia me beijado pela primeira vez.
- Eu te amo - eu sussurrei.
- Eu também, para sempre - Damon me respondeu.
Pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia bem. Pela primeira vez em incontáveis anos, eu sentia que estava onde deveria. Algo me dizia que aquilo era realmente meu destino. Não se pode fugir do destino, eu sei disso, sempre soube.
Naquela noite, naquela cabana eu havia descoberto algo que tentei esconder até de mim mesma - eu sempre havia sido uma vampira. Por mais que eu quisesse negar, era o que eu era, e agora que eu não negava mais, o mundo parecia mais feliz e mais esperançoso. Eu finalmente havia entendido a minha missão.

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