Uma picape entrava em uma pequena vila em plenas cinco horas da tarde, automaticamente os moradores viravam seus rostos incrédulos, se perguntando que tipo de louco poderia ir para um local tão remoto quanto esse. As lavadeiras jogaram a roupa que estendiam de volta aos cestos de palha, assim como as crianças escanifradas largaram suas pipas e carrinhos improvisados.

- Será que enviaram mais um foragido? – uma senhora a porta de sua casa comentou assustada.

- Aposto que são traficantes – disse a vizinha torcendo a cara – malditos estadunidenses jogam todo o seu lixo aqui.

Os dois garotos na cabine da caminhonete divertiam-se com os comentários, claro que o garoto no bagageiro não podia acompanhá-los, não ouvira os comentários, não percebera a chegada, apenas sabia que o sol estava mais quente que o cigarro entre seus dedos.

- Vamos Ryan! Anime-se, geralmente você se divertia quando chegava ao México e as pessoas faziam comentários maldosos pensando que você era americano – dissera o garoto que gritava do banco passageiro.

- Faça o que quiser Tadeu – Ryan dissera soltando uma lufada de fumaça no ar – me deixe pensar o que vou fazer.

- Como se houvesse inúmeras coisas para fazer em Bueno Tiempo – disse revirando os olhos.

Assim que a caminhonete parou Ryan desceu rapidamente, um tanto zonzo da viajem, mas precisava continuar, sua irmã corria perigo na mão daquele maldito vampiro. E assim que a resgatassem voltaria para Mystic Falls e daria um jeito de fazer sua mãe melhorar, precisava da sua família unida novamente.

Os outros dois garotos seguiram pela calçada até uma sombra para fumar. E Ryan seguiu o caminho oposto, enquanto passava, podia sentir vários olhares lhe queimando as costas, cochichos maldosos se espalhavam, mas quem ligava?

Andou no automático seguindo por ruelas e becos cheios de mendigos e crianças farrapentas deitadas no chão, cobertos por um lençol de poeira vivendo as margens das ruas, e habitando a marginalidade da sociedade, escapou por pouco de ser uma delas. Conhecia a cidade como a palma de suas mãos, não ficava muito longe de sua cidade natal.

Andou pelas ruas de barro, não havia uma rua que fosse asfaltada, isso ele tinha certeza, não mudara muito de cinco anos para cá. Virou-se para uma casa, simples de cercas apodrecidas, de quintal mal cuidado, os cachorros das casas vizinhas latiam raivosos. As cortinas se mexeram minimamente, mas ele percebeu, assim como conseguiu ver rapidamente a menção de um rosto nas frestas.

A porta se abriu, revelando um homem forte de um metro e noventa, cabelos castanhos e pele morena. Ele parecia está confiável, mas Ryan sabia que o volume na cintura garantia tal confiança.

“Falei para não voltar aqui” disse entre dentes “Seu maldito pai não está aqui, aliás por que ainda não desistiu por todos esses anos?”.

“Na verdade já o achei, e estou procurando ele novamente, não pelos mesmos motivos de cinco anos atrás. Mas por outro lado uma frase sua me fez ficar mais atento”.

“Do que está falando?” murmurou desconfiado.

“Você me falou: Ah se você soubesse da verdade, garoto”.

Ele jogou a cabeça para trás rindo fortemente.

“E o que isso tem haver?” perguntou.

“E se eu te dissesse que eu sei da verdade?”.

“Diria que deveria procurar um psiquiatra com urgência”.

“Claro, posso pedir para meu pai vampiro me levar”.

Lá estava o ultimo tiro, o homem arfou chocado. Enquanto Ryan elevava um dos cantos da boca.

“Você caça vampiros, e eu preciso que você investigue apenas um. Então acabe com essa palhaçada, nós temos um vampiro para arrancar a cabeça”.