Red Ice Klaroline escrita por Jenniffer, Pedro Crows Nest


Capítulo 19
Capitulo 19 - The Half-Blood Prince


Notas iniciais do capítulo

"Tardo mas não falho"

E é assim que começamos a nota de abertura desse capitulo.
Pedimos imensa desculpa pela demora massiva dessa vez, mas era o penultimo capitulo e nós precisamos namora lo um pouco antes de fechar!!

Mas em compensação pela espera temos aquilo que podemos chamar de capitulo duplo, e não, não é duplo porque tambem postamos o ultimo capitulo, é duplo apenas porque está infinitamente gigantesco!!

Esperamos que gostem :DD

Semana que vem tem mais, pela ultima vez!!



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"Thru' enchantment - into sunlight Angels touched your eyes
Your Highness -
Electric -
So Surprise" (Vangelis)

*** Esther ***

Não é exagero dizer que ser mãe muda a vida de uma mulher. Que a maternidade é o vínculo mais forte que existe na humanidade. Eu sei que meus filhos nunca entenderão que tudo o que eu faço por eles faço porque os amo. Eles não sabem o quanto é horrivelmente doloroso pra uma mãe carregar a culpa que eu carrego.

Eu não apenas ajudei a criar monstros, eu transformei em monstros os meus filhos. Os bens mais preciosos da minha vida foram violados de maneira impiedosa...por mim. Não há um minuto da minha vida em que eu não me pergunte como teria sido a vida deles, se eu as tivesse deixado seguir o seu curso. Se eu não tivesse condenado todos eles.

Eu sei que Michael os queria mais forte para que sobrevivessem, para que sobrepujassem os inimigos. Mas a maneira como escolhemos fazer isso foi um erro. Um erro que custou nossa unidade enquanto família.

Eu tenho tentado de todas as maneira possíveis consertar esse erro, mas sempre, por algum motivo que desconheço as coisas fgjem do controle e acabam não dando certo. É como se a natureza quisesse continuar a me punir por ter me voltado contra ela e ter quebrado o ciclo natural das coisas. Eu me sinto responsável por cada vítima que meus filhos fizeram em todos esses anos, todas as filhas que não voltaram pra casa porque tiveram suas gargantas cortadas por um deles; todos os pais e mães de família que não puderam voltar pra casa e encontrar seus filhos, porque em seu caminho, encontraram um dos meus. Me sinto responsável por todos os outros que foram criados por eles, direta, indiretamente. Todos aqueles que se deixaram seduzir pela "dádiva" da imortalidade. Que na verdade é uma maldição.

A minha última tentativa de por fim ao meu tormento, pondo fim a existência desastrosa de meus filhos e reequilibrando a natureza e o mundo finalmente deu certo. Tecnicamente.

Eu tive que recorrer as bruxas mais poderosas que eu conhecia, que estavam do outro lado. Aquelas que eram mais poderosas que eu jamais fui. Não é fácil chegar nessas bruxas, mas tendo Tessa como aliada, eu passei a ser uma pessoa confiável.

Elas passaram a acreditar que eu merecia alguma confiança e arquitetaram comigo o meu plano de redenção.

O que eu precisava para que tudo funcionasse era algo tão antigo, que cheguei a duvidar da sanidade mental delas, quando uma me disse: "tudo será resolvido com um feitiço de fertilidade". Não é preciso ser bruxa para fazer um feitiço de fertilidade, quantas mulheres não fazem isso até hoje como seus banhos,ervas, velas e simpatias? Mas aos poucos eu fui percebendo que não era um feitiço de fertilidade qualquer, nem destinado a gerar um ser qualquer.

A mais velha delas chamada Abnara falou lentamente, como se tivéssemos todo o tempo de mundo, ou como se eu não fosse capaz de entender se ela falasse mais rápido:

–Você um dia tentou unir todos os seus filhos para que a morte de um fosse a morte de todos. Isso não funcionou. E o filho de sua culpa é mais que um vampiro, é também um lobisomem. Um híbrido. Nós vamos ajudar você unicamente porque acreditamos que a única maneira de restabelecer o equilíbrio é que as duas espécies sejam extintas. E você tem o reprodutor perfeito.

–Então não precisamos de feitiço de fertilidade algum. O meu filho "reprodutor perfeito" vai ser pai, podemos usar essa criança para os nossos propósitos.

Tessa olhou para as outras bruxas que pareciam prestes a perder a paciência comigo e me explicou:

–Usar essa criança não vai funcionar para o seu propósito, ou melhor, o nosso propósito. Nós estamos gerando uma vítima para um sacrifício. Não podemos ser amadoras com as bruxas vivas em New Orleans que se encontram nesse exato momento andando em círculo por pura incompetência sobre o tema.

–Então...o que precisamos é encontrar uma mulher que possa ser o veículo para gerar essa criança....

–O que não é uma tarefa simples, levando em conta o temperamento natural do seu filho. Disse uma delas chamada Calina.

Eu ainda estava sem entender e ela continuou.

–Um feitiço de fertilidade como esse só funciona se pelo menos uma das partes envolvidas neles sentir pelo outro amor verdadeiro. A mulher deve amar o homem com quem quer gerar esse fruto. Ou o homem tem que amar a mulher que será mãe do filho dele. Se os dois se amam, então não há como o feitiço não funcionar. Mas esse não é o seu caso Esther. O seu filho não ama ninguém e ninguém o ama.

Eu não podia acreditar que tudo estava perdido. Que bruxas tão poderosas fossem precisar de um sentimento tão mundano para selar um feitiço. Mas eu não podia me dar por vencida. Eu pedi a elas uma semana. Eu iria observar cada passo do meu filho. Devia haver algum modo. Eu poderia enfeitiçar alguém para ama-lo e rezar para que ele não matasse a pobre criatura até que o feitiço fosse concluído.

E foi assim que descobri sobre Caroline Forbes. A garota vampira radiante que esteve na nossa festa de boas vindas era a mesma garota que encontrei sofrendo porque meu filho havia sido sequestrado. Seria poético, se eu estivesse procurando poesia. Aquilo era a minha oportunidade.

Só havia um problema...Caroline era uma vampira e vampiros não procriam. Ela não tinha um gene lobo pra "salvar a nação". Mas ok...eu estava trabalhando com três bruxas gregas antigas. Elas tinham obrigação de saber algo que pudesse dar um jeito nisso. E sobre "curas" e afins eu tinha a Tessa ao meu lado, se fosse preciso

Quando voltei a elas e falei sobre Caroline elas pareceram felizes. Pareciam ter ignorado a parte em que eu disse "uma garota vampira". Abnara percebendo minha inquietação explicou daquele jeito lento que eu detestava, porque ela sempre parecia subestimar minha inteligência:

–A mãe da criança é apenas um veículo Esther. Se ela ama seu filho há humanidade nela o bastante para que isso funcione...a partir do momento que o feitiço de fertilidade começar a atuar a estagnação do corpo vampiro começará a sofrer mudanças. A partir do momento em que ela conceber essa criança a vida que vai ser gerada dentro dela irá enfraquece-la tornando-a um misto entre imortal e mortal. No final de tudo, nós nos encarregaremos dela.

Eu respirei aliviada. Eu tinha em minhas mãos todas as peças que eu precisava e a situação ideal. Não foi difícil fazer todo o teatro de propor a Caroline o uso do corpo dela. Meu objetivo na verdade era selar o feitiço com sangue. As três bruxas antigas estavam lá comigo naquela hora, mas ninguém podia vê-las. Não havia como dar errado...até Elijah aparecer com o filho de Thanatus.

Quando as outras bruxas o viram fecharam os olhos em sinal de repugnância e intensificaram o nosso feitiço. A criatura viu todas elas sem entender o que fazíamos, esse foi o elemento surpresa que permitiu a Elijah feri-lo, fazendo com o que o sangue dele se misturasse ao meu, que era o instrumento veicular o feitiço, e ao de Caroline que era a receptora. Quando a criatura sentiu a ligação ele soube que trabalhávamos em um poderoso feitiço e me sugou para dentro dele me transportando para o submundo onde eles vivem e onde fui interrogada.

Nós bruxas e os filhos de Thanatus temos tido uma coexistência de tolerância, mas nunca de confiança. Um dos pontos fortes de todos os acordos feitos entre eles e bruxas era que nada que pertencesse a forma corpórea deles poderia ser utilizada em um feitiço. Eles tem um tipo de energia poderosamente aterradora e o que é dos filhos de Thanatus deve ficar com os filhos de Thanatus. Eu e as três bruxas gregas tínhamos involuntariamente selado um feitiço com o fluido de energia corpórea materializado de um deles. Eles não iriam gostar do fato de nenhuma de nós saber as consequências disso e eu suportei todas as sessões de interrogatório até que que o feitiço fosse concluído.

Foram noites vagando dentro de criaturas fétidas e eu já estava sem forças. Mas eu sabia que teria que esperar até a noite do cometa porque a criança seria gerada em uma noite mágica. Os filhos de Thanatus haviam me deixado vagando em um lugar onde parecia eternamente noite mas eu soube exatamente quando o feitiço havia sido concluído. Um dos filhos de Thanatus levou-me de volta ao outro lado, onde Abnara, Tessa e Calina me olhavam num misto de aterrorizada e enraivecidas.

Eles haviam descoberto que naquela noite o mais poderoso e antigo feitiço de fertilidade foi concluído, um ser vivo foi gerado, dentro de um ser que devia estar morto. Ao saberem que o que estávamos fazendo naquela noite na floresta se tratava de um feitiço de fertilidade eles sabiam que de alguma forma estariam ligados ao ser que foi gerado. E o pior: sabiam que nosso objetivo era gerar uma vitima para o sacrifício que iria equilibrar a natureza. Mas, segundo Thanus, não as custas deles.

Se eu pudesse matar meus filhos com as minhas próprias mãos, o primeiro deles seria Elijah.

*** Klaus ***

– Sentar? Você sugere que a gente se sente? Fala logo o que você tiver a dizer e pare de enrolar Elijah. Nós temos coisas mais importantes que o chá da tarde para fazer!

Meu irmão ficou um pouco desconcertado com a agressividade explícita na minha atitude, mas eu já estava ficando nervoso. Todo mundo aparecia de um momento para o outro com uma grande novidade, um grande mistério, e chegava no final falavam, falavam, e não diziam nada. Minha paciência sempre foi muito limitada, e hoje eu estava no auge.

– Então Elijah, se você tem algo a dizer: prossiga. Ele concordou com a cabeça, Damon estava tranquilamente bebendo uma das minhas melhores garrafas de whiskey, como se nada daquilo fosse com ele. Stefan estava abraçando Caroline e eu estava a um passo de perder o controle e separar os braços dele do tronco. Mas Genevieve estava plantada que nem uma raiz do meu lado. Tudo isso estava me irritando, e todas aquelas pessoas desnecessárias estavam contribuindo para isso. Davina estava sentada calada, apenas olhando para Caroline como se estivesse na presença de algo absurdo. Eu estava muito mais interessado no que Davina tinha a dizer do que o que quer que seja que Elijah tinha descoberto.

Davina sabia mais sobre o estado de Caroline do que ela tinha nos contado. E ela continuava escondendo algo. E eu estava ansioso por obriga la a me contar qual o papel dela nisso tudo. Ou ela achava que eu não tinha percebido que ela era a fonte do Thanus? Que era através dela que ele ia e vinha de um mundo por outro? Se ela estava de conluio com aquele animal ela ia se arrepender do desplante de trazer aquela criatura para dentro da minha casa.

– Caroline está ligada a nossa mãe, desde do dia em que te resgatamos Niklaus!

Eu respirei fundo, tentei controlar minha expressão de pura ira se formando e dei um passo em direcção a Elijah, ignorando todo o resto da sala, e falando demasiado perto dele:

– Você garantiu que o feitiço não tinha sido concluído. Que a nossa mãe está encurralada num succubus! Eu cuspi essas palavras na cara dele, com um dedo apontado, deixando claro a quem eu culpava por toda aquela situação. Elijah colocou a mão aberta no meu peito e me afastou.

– A nossa mãe, não conseguiu o corpo de Caroline, como ela pretendia, ele olhou para Caroline de relance, e abaixou a cabeça em sinal de profunda vergonha, e depois voltou a prestar atenção em mim: mas quando o sangue de Caroline entrou em contacto com o dela e o do succubus, Caroline ficou ligada aos dois. Bruxas usam succubus para fazerem pactos de magia negra, elas vendem suas almas para pagar pela energia necessária, em troca os succubus nutrem seus poderes, garantem que tudo dê certo, de um lado e do outro. Ao entrar em contacto com o sangue de Caroline, o succubus que nossa mãe usou para o feitiço ficou com acesso a alma dela também. E é por isso que Caroline está nesse estado, ela está ligada a um ser morto que vive entre mundos e ele está consumindo a energia dela sempre que precisa faze lo.

– Como nós quebramos a ligação?

– Nós não podemos Niklaus. Não há nada que nós possamos fazer para quebrar essa ligação.

– Quem garante?

– Morgan. A bruxa que me explicou tudo isso.

– Eu vou procura la, e obter informações como deve ser. Elijah me seguiu, eu virei para trás e o empurrei. Você fica aqui. E veja se dessa vez você consegue tomar conta dela direito!!

– Eu ainda não terminei Klaus! Isso não é nem sequer a pior parte das notícias.

Eu dei meia volta, abri o braços como se estivesse apresentando um grande show e disse a Elijah:

– Talvez você queira nos esclarecer então.

– Não! Caroline levantou, e o que eu via nos olhos dela era uma mistura de piedade com … angústia? Seria isso? Talvez fosse só a dor toldando as reacções normais dela.

– Eu não acho que você precise dizer mais nada Elijah! Ela estava tentando impedir Elijah de falar porque? Se eu não estava entendendo nada, então agora tudo acabava de ficar mais confuso.

– Caroline, você é a pessoa mais afectada nisso tudo, você precisa me ouvir, você precisa saber que… Elijah não teve oportunidade de terminar, ela tapou a boca dele com os dedos, e eu vi pude ver nos olhos dela, o pedido silencioso de, por favor. Os olhos dela piscavam mais do que os de uma criança com poeira nos olhos, os lábios dela estavam vermelhos e secos, e eu podia ver as olheiras, ela parecia tão frágil fisicamente. Mas ainda assim ela conseguiu o que queria. Calar Elijah.

– Meus senhores, eu quero pedir a todos que saiam. Eu peço desculpa por ter incomodado a todos com os assuntos da nossa família. E peço que sigamos em privado.

– Damon foi o primeiro a sair, carregando uma garrafa, obviamente. Quase tão depressa quanto ele Davina levantou e seguiu caminho. Ficaram Genevieve e Stefan.

– Eu vou ficar bem Stefan. Está tudo bem. Caroline disse isso para que Stefan saísse sem mais delongas. Mas qualquer um podia ver que nem ela própria acreditava de facto no que estava dizendo.

– Genevieve? Você esqueceu o caminho da porta?

– Eu achei que você pudesse me acompanhar Klaus.

– Eu sugiro que você encontre seu caminho sozinha. E com essa frase ela saiu chispando, me odiando mais um pouco do que ela já odiava. Eu não estava com paciência para isso agora.

– Vamos Elijah. Fale de uma vez.

– Caroline está grávida!

Eu fiquei parado, aguardando que ele elaborasse aquele absurdo, mas ele só ficou esperando a reacção dela, que não veio. Ela estava impávida e serena esperando que ele continuasse, assim como eu. Como a afirmação anterior não obteve o impacto desejado ele continuou.

– Nossa mãe só queria a posse do corpo de Caroline, porque depois do feitiço Caroline voltaria a ser fértil, e ela poderia conceber, junto com você, a criança que destruiria todos os seres sobrenaturais da face da Terra. Ela queria estar sob controle do corpo de Caroline para garantir que essa criança fosse concebida no momento certo. Ela precisava de uma fonte exterior de força mágica. Eu não soube de nenhuma recentemente, mas deve ter existido. Eu esperaria algum evento celeste inusitado, algo desse estilo, mas eu não soube de nada. Eu não sei como a nossa mãe fez, mas ela foi bem sucedida, e Caroline carrega agora um filho teu Klaus. Filho gerado, para acabar com a vida de todos nós. O feitiço exigia muita energia, como a nossa mãe não tinha a certeza de que conseguiria seguir com o plano, ela fez um pacto, e agora todos os seres do submundo estão aguardando, para saber a hora exacta de exterminar essa criança.

– Eu nem quis saber de toda a lógica e ciência que aquilo que ele estava dizendo desafiava, eu não quis que ele explicasse mais nenhum detalhe, eu não queria acreditar que aquilo era possível porque eu lembrava perfeitamente qual foi a força mágica. O cometa, na noite em que eu fui ver Caroline. Na noite em que eu ….

– Elijah. Eu lamento te informar, mas eu acho que quem te deu essa informação estava muito enganado. Caroline falava calma, como se não estivesse afectada por nenhuma das coisas que Elijah disse. Como se estivéssemos falando de algo perfeitamente normal na rotina de vampiros.

– O que você quer dizer Caroline? Que você não está grávida? Que você não tem visitado o sub mundo ultimamente? Você também vai mentir para mim? É isso Caroline? Porque?

Elijah estava indignado com ela. Ele parecia realmente ferido pela negação de Caroline.

– Elijah, desde da noite do feitiço. Eu e o Klaus não estivemos mais juntos. Caroline olhou para mim antes de completar a frase que que ia fazer com que a minha cabeça se explodisse em pedaços de vergonha em segundos: Então, por muita magia negra que haja envolvida nisso, eu ainda não sei se é possível conceber uma criança apenas com isso. Se é que você me entende.

E essa era a hora em que eu enfiava o rabo entre as pernas e arrancava a minha própria cabeça que estava pesando mais que 3 mundos inteiros em cima do meu pescoço. Eu reuni toda aquela que eu podia chamar de coragem, e não deixei a poeira abaixar.

– Nós concebemos essa criança na noite do cometa Caroline.

Elijah olhou para mim e para ela alternadamente, tentando prever sem sucesso de onde viria o ataque, quando Caroline explodiria, e arrancaria a minha cabeça, como merecido. E eu apenas esperei. Mas mais uma vez a reacção não veio.

– Eu fiquei de frente para ela, e continuei. Nós dormimos juntos, uma vez mais depois do dia do feitiço Caroline. Eu me arrependi de te procurar, e apaguei a sua memória para que pudemos seguir em frente, sem manchas no caminho. Eu peço perdão por tudo que essa decisão repercutiu. Nunca foi minha intenção te magoar.

– Eu sempre vi muitos defeitos em você Klaus. Mas covardia, é novidade. Você não passa de um covarde nojento! Ela já foi virando as costas. Onde ela achava que ia? Ela achava que era a única que tinha algo a dizer sobre isso?

– Hey! Caroline! Eu segurei o braço dela. Porque você não parece nem um pouco surpresa sobre tudo isso? Eu perguntei baixinho, ameaçadoramente, esquecendo Elijah que ansiava por ser esquecido naquele preciso momento.

– Porque eu já sabia Klaus. Eu apenas queria te ver se contorcendo na sua própria vergonha.

– Você já sabia que estava grávida? Todo esse tempo você sempre soube? Eu não podia acreditar que ela estava dizendo aquilo com aquela calma.

– Não sempre, mas sim, não era novidade. Como seu irmão disse, e como você ouviu Davina dizer. Eu já estive no submundo. Desde de que eu engravidei, eu consigo me comunicar com os mortos, e eles são muito fofoqueiros se te interessa saber.

– Você sabia que estava grávida e não me disse nada? Dessa vez eu gritei, irado.

– Você transou comigo e apagou a minha memória!!

Elijah tossiu tentando chamar atenção. E anunciou que ia se retirar, e para o chamar mos se precisássemos dele.

– Quem você acha que é para apagar a minha memória?

– Quem você acha que é para carregar um filho meu e não me dizer nada sobre isso. Essa criança vai acabar te matando sua idiota!!

– Essa criança nem sequer existiria se você não fosse um fraco. Um covarde. Isso é tudo culpa sua. Culpa sua. Ela avançou em mim, tentando me bater. E conseguindo, mas ela estava tão fraca que chegava ser ridículo. Tudo culpa sua seu animal! Ela continuava dizendo, cada vez mais baixinho. Eu fiquei ali esperando passar. Enquanto ela descontava a raiva e as mágoas em mim do jeito que podia. Se fosse noutros tempos eu estaria todo unhado em carne viva, mas a minha leoa estava muito mal, e tudo isso era culpa minha. Essa era a coisa mais verdadeira que ela tinha dito desde de que eu a conheci. Ela estava gravida do meu filho. E tudo indicava que isso acabaria em morte. Dela, dele, de todos nós. Entre soluços de choro ela começou a ter dificuldade para respirar, eu pedi que ela se acalmasse mas ela não faz nada do que eu mando nunca. Ela respirava normalmente mas era como se não conseguisse oxigénio o suficiente, as pálpebras dela estavam começando a ficar roxas pela privação e eu comecei a ficar muito nervoso.

–Caroline. Caroline. Olha para mim. Respira devagar. Eu peguei ela no colo e segui com ela para a cama e deixei ela lá, enquanto enchi um copo com água.

– Toma. Por favor não discute comigo agora. Ela bebeu a água e quando ela largou o copo a borda estava suja de sangue, assim como os lábios dela. Eu não aguentava ver ela assim. Ainda mais agora sabendo que era tudo porque ela estava grávida de um filho meu. A minha vontade era de arrancar aquela criança de dentro dela imediatamente. Eu mordi meu pulso e dei meu sangue para ela. Ela bebeu por muito tempo, eu tive que a fazer parar, mas ela ficou melhor, o sangramento parou. Será que os órgãos dela estavam se degenerando? Porque o corpo dela estava reagindo ao meu sangue como um corpo humano?

Elijah… eu preciso de detalhes agora. Eu a deixei dormindo para ir saber exactamente o que estava acontecendo, e o que ia acontecer dali em diante. Eu sequer tive tempo de ficar feliz por ter um filho de Caroline. Porque claramente, aquela criança não ia nascer. Não se isso fosse custar a vida dela.

Falar com Elijah não ajudou grande coisa, para quem tinha muitos detalhes ele estava sabendo muito pouco. Ele não sabia se era a criança que estava fazendo aquilo com Caroline, se era o feitiço que a fazia ficar vulnerável e mais próxima da sua forma humana para que ela pudesse manter a gravidez. Ele não sabia se nossa mãe pretendia matar a criança e assim provocar a morte de todos os outros seres, ou manter a criança viva e usar o poder dela para isso. De uma forma resumida ele não sabia de nada que pudesse nos ajudar a sair daquela situação. Tudo que ele sabia era que todos estávamos conectados aquela criança de um jeito ou de outro, e que o que acontecesse com ela seria decisivo para todos nós. Como se eu não tivesse problemas suficientes.

*** Thanus ***

Aquela garota era definitivamente muito jovem pra ser bruxa. Tinha muitos poderes para ser tão jovem. Se as bruxas se gabavam de serem os seres que equilibravam a natureza, estavam dando provas de cada vez mais elas é que eram as desequilibradas. Alguma coisa me irritava em Davina. Acho que eu podia resumir como basicamente isso: ela era jovem demais, inexperiente demais pra ser tão poderosa. Eu suportava melhor o mundo dos humanos quando as bruxas que tinham realmente grandes poderes eram velhas e sábias.

Davina sabia pouco sobre o mundo sobrenatural e quase nada sobre o mundo humano. Todos os humanos que eu tinha conhecido tinam sido patéticos. Provavelmente porque os humanos que conheci tinham acabado de cometer suicídio quando eu vim busca-los.

–Você precisa me levar a mãe verdadeira da criança!

Ela despertou do sono e ia gritar. Mas depois viu que não adiantaria. Seria muito idiota da parte dela gritar, até porque eu estava na minha forma que os humanos gostavam...a forma de anjo...mesmo que fosse de anjo da morte.

–Eu não sei nada sobre essa tal verdadeira mãe da criança. A única grávida que existe aqui é a Hayley e eu ja lhe levei até ela e você foi, diga-se de passagem, extremamente mau educado.

–Você me levou pra uma cilada.

–Você tem mania de perseguição. Eu não tenho culpa de você estar procurando algo no lugar errado.

–Eu sei que a mãe da criança está nessa casa.

–Bem, além de mim...que como você pode perceber OBVIAMENTE não estou grávida, tem a Hayley, que você já destratou e descartou...tem a Genevieve que acho que não seria capaz de gerar nem mesmo um cabrito. E....agora.........tem a Caroline...

–Me leve até Caroline. Agora.

–Escute aqui Thanus. Eu estou ficando cansada de todos os seres sobrenaturais resolverem me dar ordens. E outra coisa, eu não vou colaborar com qualquer tipo de maldade que você queira fazer com ela. E tem mais: Klaus ama Caroline. Ele pouco se importa com a Hayley e você viu como foi brigar com ele, mas Caroline...Caroline ele AMA. Você entendeu Thanus? Ele a ama!

–Eu não me importo com amor...nem mesmo acredito nisso. Leve-me até ela.

*** Genevieve ***

Eu não pretendia espionar Davina. Na verdade eu estava indo ao quarto dela para tentar colher o máximo de informações possíveis sobre como o Succubus tinha chegado até ela. Mas parar diante da porta e escutar a conversa dela com ele foi bem mais interessante e lucrativo. Então aquela garota loira indigente que entrou na sala carregada e puxou as atenções do Klaus sobre ela, como se fosse o centro de gravidade dele era a tal Caroline. Caroline, a mulher que segundo a minha amiga Davina, Klaus amava. A mulher pela qual ele lutaria....Muito proveitosa essa informação. Melhor ainda saber que aquela criatura horrenda estava procurando por ela encaixava perfeitamente com o que Elijah tinha dito.

Quem sabe não podíamos te-los como aliados na nossa luta para destronar Klaus? Succubus viajam entre os mundos. Eles teriam força o suficiente para arrastar os Originais para o outro lado.

Eu teria provavelmente colhido mais informações se não fosse o fato de Elijah estar subindo as escadas e se eu não fosse rápida, me pegar no corredor com o ouvido colado na porta, como uma típica fofoqueira. Isso seria baixo. E ele já não me respeitava nem um pouco. E eu não devia nem mesmo ainda estar naquela casa.

*** Davina ***

Eu abri um livro, não que eu quisesse ler, mas eu pretendia mostrar a Thanus que eu não ia mover um dedo, projetei uma espécie de escudo protetor na minha mente para o caso dele tentar me bombardear com lembranças amargas e fiquei em silêncio.

Passaram-se minutos que pareceram horas e ele apenas me olhava fixamente. O cabelo cor de prata inundado pela luz do sol que vinha da janela fazia-o parecer um fantasma, mesmo que ele não fosse agora tão aterrorizador.

–Eu não quero fazer mal a mulher que está grávida e nem a criança. Eu quero ajudar a protege-la porque ela está em perigo. Se Klaus realmente a ama como você diz, ele vai aceitar minha ajuda.

–Eu não sei se posso confiar inteiramente em alguém que não acredita no amor.

–Se você tivesse passado séculos transportando suicidas entre os mundos talvez você entendesse o que penso sobre o tema.

–Se a sua espécie fosse capaz de amar você entenderia. Eu disse isso e em seguida eu mesmo me achei rude e quis pedir desculpas, mas ele parecia soberbo demais pra se sentir ofendido e apenas se aproximou de mim e disse como se estivesse me contando uma história pra que eu dormisse.

–Três meses atrás. Eu estava embaixo, sentado em uma das pedras que ficava no fim do precipício onde ela se jogou. Eu vi o corpo dela vindo e vi sua alma aflita contemplando os pedaços dele. Eu devia ter assumido a minha forma aterradora, mas ela era tão jovem que eu tive pena. 16 anos. Filha única. Deixou mãe, pai e um cachorro que uivava enquanto eu a levava pra escuridão. E você sabe porque? Por causa de um garoto que dizia ama-la e mesmo com todo o amor professado em mil cartões, canções e palavras, resolveu dormir com a melhor amiga dela. Pior: resolveu que amava a melhor amiga dela. Ela não aguentou perde-lo e tudo o que veio com isso. Ridicularizada, humilhada, sem ânimo, morta...morta em vida. E o desespero, o caos...o suicídio. Isso é amor? Desculpe eu não gostaria mesmo de sentir algo parecido com isso. Seria ainda mais desastroso pra mim porque eu não posso simplesmente me matar.

–Nem todas as histórias de amor precisam ter uma final ruim.

Eu disse sem nem acreditar muito nas minhas palavras. Disse porque precisava dizer algo. Ele continuou me olhando fixamente:

–E é você mesmo que tem que me dizer isso?

Ok. Eu estava sem argumentos e iria chorar a qualquer momento. Se era ajudar que ele queria, eu devia leva-lo a Caroline. Talvez isso salvasse mais uma história de amor de dar errado. Não que Klaus merecesse, mas Caroline merecia. E Thanus merecia ter algo bom sobre amor pra contar. Talvez isso o fizesse refletir antes de machucar o próximo ser que falasse com ele sobre o tema, com toda aquela arrogância.

*** Caroline ***

Hayley bateu na minha porta. Eu estava passando mal, para não variar. E tudo que eu não queria era conversar com aquela vaca nesse momento, muito menos ter um momento de ligação entre futuras mães. Eu a deixei no vácuo. Sai do banheiro para pegar uma camisa e entrei pro banho. Eu precisava me livrar daquele aspecto fantasmagórico que eu vi no espelho a poucos minutos atrás. Eu olhei para a minha barriga. Eu já estava me sentindo meio gorda, embora todos dissessem que não dava para notar nada. Eu conheço cada milímetro do meu corpo, afinal, eu controlava doentiamente todas as minhas medidas. Bons tempos de líder de torcida, minha única preocupação era com qual carinha eu iria ficar, e que vestido me deixava mais gostosa. O único beneficio estético que a gravidez ia me trazer seriam os seios. Eu sempre quis ter seios maiores, por uma vez, eu teria. Embora a barriga enorme que irá acompanha los vá destruir toda a bela vista. Eu me peguei pensando no que a minha mãe iria dizer quando ela descobrisse. Ela iria matar o Klaus. Ou pelo menos querer. Eu ri. Minha mãe não tinha a mais pequena noção do perigo que ela corria todas as vezes que ela ameaçava o Klaus. Que não eram poucas, diga se de passagem. Ela o trata como um cara normal. Sendo que tudo que ele não é, nunca foi, nem nunca será, é normal. Eu sempre quis ser mãe, ter uma família, um marido que me ama, uma casinha ridiculamente bem decorada em Mystic Falls, claro que nos meus planos humanos, isso viria tudo com o tempo, muito tempo. Pelos meus cálculos eu casaria aos 30, teria o primeiro filho aos 33, e seguiria minha vida… Quando eu me transformei em vampira, eu pedi esses sonhos, esses planos, vampiros não procriam. E eu acreditei nisso. Eu nunca imaginei que uma bruxa louca pudesse convocar os poderes dos quintos dos infernos e alterar a natureza vampírica. Até agora eu ainda não sei bem o que ela fez comigo. O meu corpo esta mais humano que vampírico, mas eu continuo precisando de sangue, agora mais que nunca. Ontem eu cai da cama durante um pesadelo, e a marca roxa ainda esta na minha coxa. Essa vulnerabilidade é estupida, e irritante. Klaus acha que eu vou ficar beirando a humanidade até que a criança nasça. Se nascer. Ele diz que eu não poderia levar uma gravidez avante com minha forma vampira, e claro que ele tem razão, mas eu nem deveria estar grávida em primeiro lugar. Secretamente, depois do susto, eu sempre gostei de ser vampira, da força, do controle, da rapidez, da superioridade em relação aos humanos. E agora, eu meio que tinha voltado a mediocridade. Isso era depressivo, além de claramente doloroso. Eu me pegava perguntando, se eu pudesse escolher, se eu voltaria a ser humana. E a resposta é sempre não. Eu valorizo de mais todas as vantagens de ser vampira. Mas agora, com a criança, eu vejo que eu nunca coloquei na balança, um filho. Nada poderia alguma vez igualar aquilo que eu sinto por ele. Meu mini Klaus, que Deus me livre de Klaus algum dia descobrir que eu me refiro a criança assim. Ele me zoaria pela eternidade! Eu não sei o que activou isso que eu sinto pela criança, mas eu tenho certeza, que nunca antes na vida, eu senti nada tão pleno, tão certo, tão imensurável por alguém. A minha mãe sempre disse, que só quando eu tivesse um filho eu saberia o que era amor de mãe. E eu começo a entender o que ela quer dizer com isso. Eu ainda nem tive o meu filho e já coloco ele antes de mim em todo e qualquer plano que eu faço pro futuro. Outra coisa que eu nunca previ era essa descompensação emocional. Eu não sei se o facto de eu estar beirando a humanidade fez com que meu sistema hormonal voltasse a funcionar, e agora ele estivesse louco. Porque era assim que eu me sentia, louca por dentro e por fora. Algumas horas eu estava morrendo, querendo dormir e acordar só quando a criança tivesse nascido. E outras horas eu queria sair correndo até não aguentar mais e gastar toda a minha energia. Algumas horas eu tinha nojo só de pensar em sangue e outras eu só não drenava o Klaus porque ele não deixava. Outra coisa profundamente irritante, é que só o sangue dele tem me deixado precariamente estável. Qualquer outro tipo de sangue tem o mesmo efeito que agua. Ele tem ficado por perto, como um satélite me orbitando. Ele esta aterrorizado com a possibilidade de eu morrer por causa da criança. Ele não diz, mas eu sei que ele seria capaz de … eu prefiro nem pensar nisso. Eu acredito que mais cedo ou mais tarde eu vou ficar bem. Eu espero que sim. Não pode ser bom pra criança que a progenitora seja um lixo humano. Se existia magia para me deixar gravida, com certeza existiria magia para me deixar bem. Eu ia descobrir qual. Eu precisava disso. Eu não ia morrer. Não com meu filho esperando no meu ventre pra nascer. Eu sai do meu banho de horas, e nem me sequei direito, enrolei a toalha na cabeça, e coloquei a camisa. E quando eu entrei no quarto Hayley estava lá me esperando. Uma hora ou outra eu teria que parar de ignora la, parece que essa hora iria ser agora.

– Oi Caroline.

– Oi Hayley.

O momento foi tenso. Nós não gostávamos uma da outra, e eu sabia que o meu filho estava ligado aos lobisomens mas Hayley não. Klaus quer fazer disso um segredo até que saibamos como lidar com a situação. Mas eu tenho a certeza que Hayley seria a primeira a querer acabar comigo se soubesse que o filho que eu carrego pode prejudicar de alguma forma a “família” dela.

– Caroline. Eu sei que nós não somos propriamente as melhor amigas, mas eu sei que você está grávida do Klaus. E quer você queira quer não, nossos filhos serão irmãos. E serão criados juntos. Eu acho que, pelo bem deles, nós temos que chegar a algum tipo de tréguas. Não vai ser fácil criar nossas crianças no mundo em que a gente vive. E eu acho que nós podemos ser aliadas nessa tarefa.

Hayley parecia ter memorizado aquele discurso. Fazia sentido. Mas ela estava enganada num ponto crucial.

– Eu não pretendo criar meu filho aqui Hayley. E se você for minimamente inteligente, você também não criará o seu.

– E como você pretende sair daqui sem que o Klaus te encontre e te traga de volta? Porque eu não consegui esse feito!

– Eu não sei. Mas eu vou dar um jeito. Eu não vou permitir que meu filho seja usado como moeda de troca pelos inimigos do Klaus. Eu não vou permitir que meu filho seja criado nessa loucura. Nessa guerra latente que é a vida em Nola. Isso simplesmente não vai acontecer.

– Você pretende fugir?

– Não. Mas se for necessário…

– Klaus nunca vai deixar que você se afaste com o “herdeiro” dele Caroline.

– Klaus já tem um herdeiro. E até onde eu sei, você pretende ficar em Nola. Você tem a sua “família” aqui, e eles vão ficar do seu lado.

– O seu filho também vai ser da família, ele vai ser irmão da minha filha. Ou irmã. Você nunca teve um irmão Caroline, eu também não. E eu acho que você sabe, assim como eu, que isso faz toda a diferença na vida de uma pessoa. Não tire isso dos nossos filhos. Eles merecem se ter um ao outro. Eles merecem essa ligação.

– Klaus expulsou Rebekah da cidade. Ameaçou a vida dela várias vezes. Tirou vários anos de vida dela, como se ele tivesse esse direito. E eles eram irmãos. Você está supervalorizando a ligação de irmãos. Algumas vezes, isso não é bom, pra ninguém.

– Isso não aconteceria com nossos filhos Caroline.

– Quem garante Hayley? Você? Ela levantou e colocou a mão no meu ombro:

– Nós Caroline. Nós garantiremos isso juntas. Porque nós vamos criar nossos filhos. E nós não vamos permitir que eles se odeiem. Rebekah e Klaus são doentes. Você não pode estar realmente comparando esses dois aos nossos filhos. Mas ainda assim, Klaus expulsou Rebekah, ela ficou extremamente feliz em obedecer. Eu te garanto que ela poderia ter ficado na cidade se ela quisesse. Klaus não seria capaz de mata la, ainda que ele diga o contrário. Eles podem se odiar mas eles também se amam.

Eu estava muito tonta, e me apoiei na cabeceira da cama antes de cair de joelhos no chão. Hayley me ajudou a levantar e gritou por ajuda. Eu senti Klaus me levantar e me deitar na cama mandando Hayley sair.

Ele deitou do meu lado, depois de me dar sangue, e ficou acariciando a minha cabeça e o meu braço.

– Esse garoto está acabando com você Caroline.

– Sai ao pai eu respondi, e ele riu.

– Isso não tem graça love.

– Claro que não. Dessa vez eu ri. Lembrei da vez em que estava pedindo que ele me arrumasse um vestido, e ele estava rindo de mim. Trocamos exactamente as mesmas palavras, mas agora tínhamos mudado de lado na conversa. Muita coisa tinha mudado desde então. Garoto? Você acha que é um menino?

– Eu não acho. Eu sei. Ele continuou mexendo no meu cabelo e fazendo caricias suaves até que em algum momento eu dormi. Eu lembro de sentir ele beijando meu ombro, em algum momento.

*** Davina ***

–Ele não deixa ninguém se aproximar dela. Ele está perdido, se sente culpado, não sabe o que fazer e eu te aconselho Davina a não se aproximar dele nesse momento.

Eu olhei para Elijah e disse, sem esperança alguma de que minhas palavras fossem surtir algum efeito.

–Mas é para ajudar Caroline.

–Ele não vai acreditar nisso. Eu conheço meu irmão há tempo bastante para saber que Klaus é assim. Ele está tentando encontrar uma solução, mas enquanto não encontra ele não quer correr riscos.

Voltei para o meu quarto, onde Thanus confortavelmente deitado na minha cama, folheava o livro que eu fingia ler mais cedo.

–Klaus não deixa ninguém se aproximar dela. Mas eu tenho uma idéia...eu tenho encontrado Caroline no submundo quando durmo. Sendo assim eu posso tentar encontrar com ela agora e explicar a situação.

–É uma atitude inteligente. Ele disse como se estivesse admirado de que isso pudesse partir de mim.

–Você vai ficar sentado aí, ocupando minha cama, enquanto eu preciso dela pra deitar, dormir, sonhar e encontrar a Caroline?

Ele levantou bruscamente, diria que meio sem graça. Segurou o livro e foi sentar na minha poltrona.

–No meu mundo quando as pessoas desejam usar algo do outro, elas pedem antes. Esse livro é meu... você devia ter me pedido autorização para folhea-lo. Isso é coisa que os pais ensinam as crianças...se bem que não sei se seres da sua espécie tem pais.

Ele levantou a cabeça, desviando a atenção do livro e disse:

–Se eu tenho pais? Você quer saber se eu tenho pais? Eu sou filho de deuses!

Ele voltou a baixar os olhos e ler o meu livro, como se fosse dele. Eu me concentrei para dormir, para desligar daquele ambiente estranho que Thanus infligia a mim com sua presença.

–Davina.

Eu abri meus olhos e estava no submundo outro vez. Caroline estava lá, segurando o meu braço, como se quisesse me despertar de um transe:

–Está tudo bem, Davina. Você estava chamando por mim.

–Caroline. Eu tenho algo para te dizer...existe alguém que pode te ajudar, se você for a pessoa que ele procura.

–Quem ele procura?

–Ele procura a mãe de uma criança que foi gerada em uma noite mágica....o povo dele está ligado ao destino dessa criança de uma forma que eu não sei como. Ele veio me procurar e eu o levei até Hayley porque ela é a única mulher grávida de um ser sobrenatural que eu conheço, mas ele disse que não era ela.

–Ela não é a única grávida que você conhece. Eu estou grávida Davina. Eu vou ter um filho do Klaus. Nós não falamos isso pra ninguém aqui, ele não confia em ninguém e eu não sei em quem confiar. Mas com você eu sei que posso contar. Quem é o seu amigo e de que povo é ele?

–Os chamam de Succubus.

–A bruxa disse a Elijah que estou morrendo porque estou ligada a um succubus. Como ele poderia querer me ajudar?

–Nós não somos Succubus, senhora.

Eu olhei e vi Thanus no meu sonho. Mas algo nele estava diferente e não falo de aparência. Ele não estava sendo arrogante, ele estava sendo respeitoso com Caroline. A havia chamado de senhora.

–Succubus e Incubus são seres que tomam a forma humana e copulam com seres humanos, roubando sua energia vital. Nós somos filhos de Thanatus, conhecidos originalmente como anjos da morte, nós podemos também absorver e energia de seres humanos e por isso o senso comum não consegue nos diferenciar deles. Mas nós não fazemos o que eles fazem. Não que alguns de nós não sejam fracos os suficientes para se envolverem com humanos...mas nós somos de uma linhagem de deuses.

– O que uma linhagem de deuses tem a ver com o meu bebê. Porque você quer me ajudar?

–Nosso fluido corporal foi usado no feitiço de fertilidade que permitiu que essa criança fosse gerada. Nosso acordo com bruxas reza que o que é dos filhos de Thanatus, permaneça com os filhos de Thanatus. As bruxas queriam gerar uma vítima para um sacrifício, não sabemos o que o sacrifício do seu filho pode significar pra a nossa "espécie". Não pretendemos deixar isso acontecer.

Os olhos de Caroline pareceram iluminar-se.

–Nós precisamos falar com Klaus. Ela disse.

–Eu tentei fazer isso, mas ele não deixa ninguém se aproximar de você. Ele não quer nos receber.

–Ele vai receber vocês. Nós vamos receber vocês.

Eu acordei e Thanus estava sentado, lendo o meu livro, como se nunca tivesse saído dali.

*** Klaus ***

Caroline parecia dormir profundamente mesmo que seu corpo sacudisse algumas vezes. Ela estava fraca, pálida, como a luz de uma vela se extinguindo aos poucos, mas ainda assim o brilho interior que ela possuía não a havia abandonado. Ao contrário...ela estava ainda mais cheia luz.

Eu ofereci a ela todos os tipos de comida humana normal que eu conhecia...ela vomitava sempre que pensava nelas. Ela apenas conseguia manter no seu corpo sangue, de preferência o meu mas nem isso a saciava por muito tempo. Eu propus que ela se alimentasse direto da veia de alguém e ela não brigou comigo porque não tinha forças, mas seus olhos me fuzilaram.

Eu ia dizer que não era hora dela pensar nas ideologias dela, mas no bebê que estava dentro dela. Mas era difícil parar e pensar nessa criança, era ainda mais complicado do que parar e pensar na criança que Hayley carregava.

Ela havia me dito mais cedo que não importasse o que acontecesse com ela, eu cuidasse dele. Que eu não fizesse isso porque a morte dele poderia representar a minha, mas porque ela o amava. Ela amava aquele ser que poderia a estar destruindo.

Ela gemeu e eu voltei a realidade e a vi pousar a mão delicadamente em seu ventre. Sim, o corpo dela estava mudando, como o de uma humana muda pra receber e nutrir uma criança, havia uma pequena elevação onde a mão dela repousava. Eu levei minha mão até lá, hesitante, como sem saber se eu devia fazer isso.Parecia algo tão íntimo entre ela e ele.

Eu coloquei minha mão mais abaixo da dela e eu pude sentir e ouvir o coração do ser minúsculo que estava alí dentro. Ele batia forte, como o de um guerreiro enfrentando uma batalha. Ela colocou a mão dela sobre a minha fazendo com que toda a extensão da minha mão tocasse o ventre dela...Eu não sei se foi impressão minha, mas eu podia jurar que senti os batimentos dele acelerarem e depois acalmarem, se tornarem mais compassados. Eu ergui os olhos pra olhar pra ela e Caroline estava chorando.

–Vai dar tudo certo, Caroline. Foi só o que eu consegui dizer.

Ela acariciou minha mão que ainda repousava sobre o nosso filho e disse:

–Por favor, mande chamar Davina e o amigo dela. Nós precisamos da ajuda dele.

*** Klaus ***

Caroline insistiu tanto que, dadas as circunstâncias eu não pude negar a visita de Thanus. Que veio trazendo novidades. Ele acredita que o nosso filho terá poderes sobre o mundo dos mortos. Quando o sangue de um deles foi misturado no feitiço que minha mãe fez, eles passaram a fazer parte dessa equação magica e a criança está ligada também a eles, tanto quanto está ligada aos lobisomens e vampiros. Enquanto que as bruxas querem sacrificar meu filho para destruir toda a minha raça, eles querem protege lo porque não sabem o que a morte da criança significaria para o povo deles. Os filhos de Thanatus dão valor a sua existência, e não querem perder o acesso a este mundo, o que aconteceria certamente,se meu filho morresse. Assim como as bruxas perderão seus poderes se ele morrer. Afinal, se o mundo estará em equilíbrio, sem espécies sobrenaturais, não serão necessárias bruxas para equilibrar a natureza. Eu duvido que elas estejam cientes disso. Elas clamam toda honra e blá blá blá, mas no jogo de poderes elas são as mais egoístas de todos nós. Elas não abririam mão dos seus poderes para “equilibrar a natureza”, pelo menos não as bruxas que eu conheço. Claro, tem Davina, ela faria isso. Mas Davina é só uma criança, sonhando em ter uma vida normal. Ela não valoriza os poderes dela. Nem sabe usa los sequer. Com Thanus e os seus do nosso lado, essa história acaba de ficar interessante, afinal, como as bruxas vão se virar contra aqueles que fazem com que os planos delas funcionem? Eu vou gostar de ver isso. Elijah continua falando do acordo. Da paz em Nola, mas cada vez mais eu sinto que isso não vai acabar bem. Eu espero que exploda logo. Esse clima de receio, de espera pelo que está por vir está acabando comigo. Por mim teríamos logo guerra, afinal, como você pode declarar que algo é seu se não lutou por isso? Como Elijah espera que todos me obedeçam se a única coisa que os faz honrar a hierarquia é um papel. Ele não entende. Medo, é a única coisa que move as pessoas, para o bem e o para o mal. Medo de morrer, faz com que as pessoas lutem pelas suas vidas, e a valorizem. Medo de perder seus amigos e familiares faz com que cuidem deles, que os protejam e tratem bem. Medo de ficar sozinho, faz com que você queira todos eles por perto. Medo faz com que você se proteja, com que você viva, com que você trace prioridades. E essas prioridades mudam, conforme mudam os seus medos. Isso é a regra da vida. É o nosso instinto tomando o lugar que lhe é devido. Eu quero paz em Nola, eu quero que Caroline seja feliz, que o nosso filho seja tudo que ele desejar. Eu quero que dê tudo certo pra gente dessa vez. E para isso eu preciso de paz em Nola. Mas eu preciso de uma paz conquistada, eu preciso de uma paz incontestável. Eu preciso que todos saibam que estar contra mim é estar contra eles próprios, porque eu vou matar cada um que esteja no meu caminho. Eu vou ter dois filhos. E nenhum deles vai saber o que é sentir medo. Eles viverão de outro jeito, de outra forma. Eles não serão movidos por esse sentimento mesquinho, pequeno, limitante. Eu não tive escolha, eu fui criado no medo, criado pelo medo. Meu pai teve medo de me assumir, minha mãe teve medo de me aceitar, aquele que eu pensava ser meu pai teve medo da minha existência, medo daquilo que eu representava, medo do monstro que ele próprio criou. Mas meus filhos terão escolha. Sempre. Eles não serão como eu. E aparentemente meu filho ainda nem nasceu e está reinando de uma forma ou de outra.

Caroline acordou, Thanus deu a ela um amuleto para funcionar como barreira à magia que as bruxas do outro lado estavam mantendo contra ela, não era só o facto dela ter sofrido todas as mudanças entre a forma vampírica que a estavam deixando fraca, mas sim a magia da qual ela estava sendo vitima constante por causa da ligação do bebe com as bruxas, com minha mãe. Ele também trouxe algo para ela beber, segundo ele iria faze la sentir melhor. Eu proibi ela de beber o que quer que fosse, afinal, quem garantia que podíamos confiar nele, mas claro que ela me ignorou e bebeu o que ele trouxe quase me fazendo ter um colapso nervoso quando a vi engolindo o líquido. Eu não sabia quem eu matava primeiro, Thanus por envenenar a minha mulher e o meu filho ou Caroline por ser sempre tão idiota. Mas no final das contas ela ficou bem, como ele havia prometido. E agora que ela me olhava com aquela cara insuportável de quem tinha razão e está se corroendo para não dizer: Eu te avisei.

*** Algum tempo depois ***

*** Klaus ***

Eu olhei da janela e Nola parecia extremamente calma naquela noite. Caroline dormia. Ela estava com um aspecto bem melhor do que o que tinha quando chegou o que significava que a presença de Thanus realmente era necessária na minha casa, mesmo contra a minha vontade.

Se eu não tivesse percebido a tensão entre interesse e repulsa que existe entre ele e Davina eu não o deixaria tão próximo da minha mulher. Davina tinha razão quando dizia que Thanus era arrogante, mas em relação a Caroline ele era extremamente servil, polido, educado. Claro que era por causa da criança. O meu filho.

Meu filho era um como um elo entre três espécies sobrenaturais diferentes, ele herdaria evidentemente todas as habilidades que eram próprias dessas espécies, isso faria dele um ser muito poderoso, ainda mais que eu. Mas por enquanto ele era uma criança lutando pela vida no ventre da mãe dele e era minha função de pai protege-lo e garantir que ele tivesse um reino para governar quando chegasse o tempo.

Eu sabia que a calma em Nola era aparente e eu queria que Caroline ficasse bem o mais rápido possível para que eu pudesse fazer reinar o tipo de calma que eu preciso ali, do meu jeito. Eu não quero viver com a sensação de que há inimigos a espreita ou tentando adivinhar quem seria mais útil matar. Mas agora o que eu tinha fazer era cuidar de Caroline e isso me mantinha de certa forma de mãos atadas.

–Eu acho que o bebe também vai ser um artista como você, ou pelo menos alguém que sabe apreciar a arte.

Eu olhei e Caroline estava desperta...ou mais ou menos desperta. Ela parecia se espreguiçar continuamente como se ainda não tivesse certeza se tinha despertado ou não.

–Porque você diz isso, love?

–Eu estava olhando sua silhueta contra a luz da janela e imaginei como seria pintar isso. Mas eu não tenho habilidade alguma para pintura e nunca tive pensamentos do tipo.

Eu sorri pra ela, e me aproximei, eu ensaiei um beijo na testa porque na realidade eu estava me aproximando mais propriamente para checar de perto as pupilas dela, mas ela me roubou um beijo, e depois outro, eu consegui falar entre as tentativas delas me enlaçar:

–A gravidez está fazendo aflorar sua criatividade artística.

– E não só, ela respondeu com uma cara safada que eu tinha sentido saudades de ver. Isso era sinal que ela estava se sentindo bem. E eu não consigo explicar como saiu meio mundo das minhas costas só de saber que aquele único ser humano está bem. É inexplicável a conexão que eu tenho com essa mulher. Eu não nunca vou entender. E já parei de tentar.

–Você parecia ansioso olhando pela janela. Como se esperasse ou procurasse algo...algum problema?

–Não exatamente. Mas não é fácil governar essa cidade e você nunca sabe o que pode acontecer em 10 minutos ou 500 anos.

Ela me olhou franzindo as sobrancelhas, depois levantou os olhos daquele jeito que ela fazia quando queria ler minha alma.

–Você não quer ir lá fora checar o seu reinado?

–Não. Hoje eu quero ficar aqui e cuidar de você. É isso que vou fazer até esse garoto resolver ser bonzinho com você. Eu me aproximei dela e falei perto da elevação em seu ventre:

–Você vai ser bonzinho com a sua mãe Henrik pra que o seu pai possa cuidar da sua cidade ok?

–Henrik? Ela falou, na verdade quase gritou, você o chamou de Henrik?

–Você tinha pensado em algum nome em especial?

–Primeiro, nós não sabemos se ele é um garoto.

–Eu sei que é um garoto. Próximo ponto.

–Segundo, eu tinha pensado em comprar um livro com nomes e significados e escolher algo baseado no significado do nome...como os pais normais fazem.

–Você não gosta do nome Henrik?

–Não se trata de não gostar....se trata de...porque Henrik?

Fazia tempo que eu não falava sobre o assunto, mas agora ele vinha em minha mente como se fosse uma história que precisasse ser contada.

–O meu irmão mais novo que foi morto pelos lobos, quando estava em minha companhia. Ele se chamava Henrik. Então, eu pensei que… eu pude ver os olhos dela mudando então eu calei minha boca antes que ela surtasse. Ela segurou minha mão e me puxou pra perto dela me abraçando.

–Ok eu entendo. Mas é horrível.

– Está tudo bem se você não quiser porque não gosta do nome, ou porque esse nome carrega uma história triste. Mas eu prometo a você que o nosso Henrik vai ter sua própria história e ela será uma história de triunfos.

Ela segurou meu rosto com as mãos e falou suavemente e ao mesmo tempo dando as suas palavras a força necessária para me convencer sobre o que ela pensava.

–Quando eu soube que estava grávida, quando eu percebi o que isso significava tudo o que eu fiz foi me perguntar se eu conseguiria ser uma boa mãe e sobre o que uma boa mãe faz. Eu sei exatamente tudo o que está sendo dito e o que se espera desse bebê, eu sei sobre que circunstâncias ele pôde ser gerado. Eu não me importo se ele nascerá com o potencial de ser um poderoso híbrido com poderes sobre o mundo dos mortos. Ele é um bebê. O meu bebê. É a minha criança e isso que quero que ele simplesmente seja pelo tempo que normalmente qualquer um precisa ser: criança.

Eu percebi onde ela queria chegar. Mas eu deixei que ela continuasse.

–Eu não quero cria-lo isolado dos seres humanos. Eu não quero que meu filho ou filha cresça em um ambiente sombrio e nem que ele ou ela se sinta pressionado a atender as expectativas das pessoas. Eu quero que ele brinque em parques, frequente a escola, tenha amiguinhos, receba a visita da avó, que ele simplesmente viva. Eu não quero cria-lo em um ambiente sombrio, com inimigos sempre a espreita. É isso que uma mãe faz, ela faz tudo pra que o filho seja feliz.

–Você não está esperando um mero bebê humano. Nosso garoto tem mais poder que você, eu, que a irmã dele, que qualquer um de nossa família. Isso faz dele não só um soberano, mas também um alvo. Nós não podemos cria-lo alheio a isso, Caroline. Alheio ao mundo do qual ele faz parte. Ele precisa saber desde cedo que tem inimigos e que deve enfrenta-los. Ele precisa saber que não pode ser fraco ou deixar que se aproveitem da força dele. Henrik vai ser rei, Caroline. Você é a mãe de um rei. Não pode cria-lo como seus pais criaram você.

–Devo cria-lo como seus pais lhe criaram?

Eu não respondi porque nesse momento percebi algo nos olhos dela. Eu não queria que aquilo fossem lágrimas. Eu a abracei e senti ela me abraçar mais forte que o normal.

–Você está bem?

– Eu não quero brigar com você. Hoje é o primeiro dia que eu tou me sentindo bem em muito tempo e eu quero celebrar. Ela respirou fundo ainda me abraçando. Ela se aproximou mais e percebi que estava lentamente tentando desabotoar minha camisa.

– O que você está fazendo Caroline?

– Tirando as suas roupas, o que vai ser muito mais fácil se você começar a colaborar comigo!

– Você não pode. Eu tirei as mãos dela do meu corpo e segurei o rosto dela firmemente mas sem apertar. Você estava passando mal até ainda agora, você só está bem por algum milagre do Thanus, e eu não quero que essa situação se altere porque você resolveu que queria comemorar com sexo selvagem, estamos entendidos?

– Quem falou em selvagem? Ela voltou a me roubar alguns beijos enquanto eu pensava no que responder mas eu não conseguia me concentrar porque ela estava definitivamente disposta a tirar minha camisa. Se estivesse mais forte com certeza a teria rasgado. Ela agora tentava se livrar da blusa dela.

– Caroline, por favor pára. Eu tou falando sério. Eu sentei na cama para poder me focar nas razões pelas quais ela não devia estar me torturando e ao mesmo tempo dificultar que ela tirasse minha roupa com facilidade. Claro que não foi uma boa ideia, porque ela sentou em mim, destruindo todo o meu plano.

– Ca ro li ne.

– Eu.

Eu não disse mais nada, apenas fiquei respirando fundo várias vezes, e ela rindo de mim. Ela continuou sentada, mas quieta, pelo menos ela não tava rebolando como ela costumava fazer para me arruinar, ela estava parada, pincelando meu rosto com uma mecha de cabelo. Como que me pintando em mim mesmo. O cheiro dela, o calor, era sobrenaturalmente impossível não me deixar levar por aquela tortura lenta. Ela passou o pincel improvisado nos meus lábios e me beijou. E dessa vez ela teve uma resposta forte.

Ela devia estar tentando me fazer sentir melhor quando disse:

– Você sabe que pode fazer mal pra criança negar os desejos de uma grávida? Então você não esta fazendo nada de errado. Eu quero você e quero muito. Pelo menos eu não estou te fazendo correr meio mundo para encontrar um doce que ninguém nunca ouviu falar. Viu como eu sou boazinha?

– Você é uma bruxa.

– Você acha? Ela subiu minhas mãos pros seus seios que estavam maiores que da última vez e nesse momento muito rijos. Ela se moveu abrindo espaço apenas para conseguir desabotoar minhas calças.

–Você ligou pra sua mãe? Aliás...sua mãe já sabe?

–Klaus, você vai mesmo querer falar sobre minha mãe agora?

–Caroline, eu não sei se a gente deveria....

–Você está maluco?

–Você está grávida e está muito fraca ainda e estava muito mal até poucas horas atrás...

–E estou cheia de tesão agora. Ela disse isso da forma mais lacónica e descarada possível.

–Caroline nós não sabemos...

–Então a quem temos que perguntar? Minha mãe? Thanus? Davina? Elijah? Ligue agora e pergunte...ou você pretende passar meses sem me tocar? Ela demorou 2 segundos para passar do modo normal para o modo maníaca, e se afastou ligeiramente antes de perguntar:

– É porque meu corpo mudou e eu não estou mais tão interessante como antes? A cara dela nesse momento era de indignação.

–Não, por favor, eu quase bufei como um adolescente indignado. Só o facto dela pensar algo assim era ridículo, principalmente porque ela não estava longe o suficiente pra poder dizer que não notou minha erecção que eu tanto tentei evitar. Você está linda. Você continua tão linda e desejável como antes, eu só estava tentando cuidar de você, você não tem noção de como eu fiquei quando eu te vi daquele jeito… Ela interrompeu o meu discurso me beijando e descendo as mãos, colocando-as dentro da minha calça, me deixando louco como ela sempre fazia. Depois colocou minhas mãos entre as pernas dela e começou a se movimentar e gemeu no meu ouvido:

–Eu prefiro que você cuide de mim assim.

Então eu perdi o resto do juízo que tinha, como sempre acontecia quando se tratava de Caroline.

*** Caroline ***

Ele dormia do meu lado na cama e eu o observava como fiz inúmeras vezes. Eu devia estar feliz porque ele tinha cedido ao meu jogo de sedução, mesmo que ele tivesse sido o tempo todo extremamente cuidadoso, preocupado em não me machucar e em impedir que eu fizesse algo que me machucasse.

Eu queria poder fazer amor com ele o resto da minha vida, que é eterna, e sempre teria a mesma sensação ao observa-lo dormir do meu lado depois disso. Ele parecia tão vulnerável, tão tranquilo, tão em paz. Ele não parecia rei, ele não parecia impiedoso, ele não parecia vestido em mil armaduras, ele não parecia amargo, nem prepotente. Ele era simplesmente o meu Klaus. O pai da criança que estava no meu ventre, que ele insistia em dizer que era um menino e tinha decidido que se chamaria Henrik.

Agora mais do que nunca, tudo o que eu desejava era que nossa vida fosse trivial. Mas não era. Se ele acordasse agora eu teria que explicar as lágrimas que escorriam em meu rosto e ele certamente acharia que havia me machucado. Mas eu não estava fisicamente machucada, eu estava emocionalmente dilacerada porque aquela tinha sido provavelmente a última vez que eu fiz amor com ele.

Eu o amo com todas as minhas forças, mas o nosso filho agora é o ser que eu amo mais que a ele e que a mim. Eu e Klaus podemos nos quebrar agora e nos consertaremos mais cedo ou mais tarde e mesmo que nunca exista pra nós um conserto, somos adultos e podemos viver com isso, mas nosso filho não. Ele ou ela não pode crescer quebrado como ele cresceu.

Se essa criança será um ser tão poderoso ela precisa ser educada de maneira a entender que o mundo não precisar ser tão sombrio, que sempre podemos viver e ser feliz com ou sem habilidades especiais. Eu não quero criar uma máquina de destruição, um ser amargo, uma arma poderosa.

É por isso que ele ou ela não pode ser criado em Nola. Eu quero que meu filho conheça a luz. Eu quero que ele seja criado da forma mais humana possível, mais simples. Não quero que ele cresça entre as sombras, amedrontado ou amedrontando pessoas e outros seres. Não é na minha vida que devo pensar agora, nem na vida de Klaus, mas no futuro do ser que carrego comigo. O pequeno centro da minha vida, tão amado quanto o pai dele.

Eu me sentia agora a pior pessoa do mundo. Porque a minha decisão envolvia afastar os dois. Klaus nunca me perdoaria, talvez o meu próprio filho um dia me odiasse por isso, mas era o que eu achava correto fazer agora. Eu juro que não haverá um dia em que eu não fale pra ele ou ela sobre o pai. Em que eu não diga o quanto ele é capaz de amar. E quando ele ou ela puder escolher seu próprio caminho eu farei esse reencontro acontecer, mesmo que isso custe minha vida. Porque será justo que Klaus me mate depois disso.

Eu precisava da ajuda de Davina e Thanus para sair de Nola. Eles eram os únicos com os quais eu poderia contar. Poderosos o bastante para nos defender e mesmo que pareça paradoxal, "humanos" o bastante para entenderem minha decisão, mesmo que eu também esperasse que secretamente eles me considerassem cruel, porque era assim que eu me considerava agora.

Klaus dormia ao meu lado, sereno, parecia feliz. Enquanto eu arquitetava o plano que impediria que ele visse o nosso filho crescer...eu estava impondo uma distância entre os dois. Isso parecia completamente injusto, mas no momento era o que eu conseguia considerar certo. Como algo injusto poderia ser certo? Isso eu não sabia.


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Notas finais do capítulo

Espero que vossos espíritos ainda estejam connosco e não tenham se perdido pelo submundo!! :P