Angelic Me escrita por Thaís Fonseca


Capítulo 6
Capítulo VI - Cale a Boca Humana Estúpida.




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Confesso que custei um pouco para poder assimilar tudo com clareza, mas quando consegui, percebi que podia conviver com aquilo afinal. Porque eles estavam se esforçando, não estavam? Eles viviam entre humanos, normalmente, e o pai deles era médico! Eles meio que eram quase normais!

Quando estava parada de frente para o meu armário, organizando os livros que usaria, Alice chegou para me cumprimentar.

- Bom dia Bella!

- Bom dia. – sorri em resposta, tentando demonstrar que estava tudo bem.

- Ainda bem que mesmo depois de toda aquela conversa de ontem, você não tem medo de nós, nem nada.

- Não, realmente não tenho. Eu acho que sei que não me fariam mal. Nem a ninguém.

- Exato! Amanhã o dia vai estar ensolarado, provavelmente vamos sair para caçar alguma coisa...

- Caçar...

- Sim. É divertido!

- Vocês tem um conceito peculiar sobre o que é divertimento.

Ela deu um risinho, e seus outros irmãos se aproximaram.

- E aí Bella! – disse Emmett sorrindo, abraçado a namorada.

- Emmett – fiz um sinal com a cabeça. – Olá a todos.

Jasper ensaiou um sorriso, mesmo mais distante que os demais. Rosalie apenas ignorou e Edward olhou para Alice.

- Vamos... o sinal já vai tocar.

- Mas estamos conversando!

- Alice...

- Não, tudo bem. A gente se fala mais tarde. – tentei quebrar o gelo.

Edward me olhou duramente, sem ódio, mas sem um mínimo sinal amistoso. Apenas caminhou pelo corredor, ao lado dos irmãos. Alice se despediu e saiu com Jasper a tira colo.

Quando sai da escola aquele dia, Jacob estava parado ao lado da minha caminhonete e sorriu abertamente ao me ver.

- Hey Bells!

- Oi Jake. Que faz aqui?

- Uau. É assim que me recebe?

- Ah, você me entendeu. Não seja marrento!

Ele riu, coçando a cabeça.

- Vim te ver, saber como estava.

Apontei para mim mesma, como se me exibisse para venda.

- Aqui estou, sã e salva.

- Sim, vejo que já temos um grande progresso aí.

Nós rimos e conversamos um pouco ali mesmo. Até que eu percebi que a expressão de Jacob mudou. Seu olhar se fixou num determinado ponto e se tornou sério. Eu diria até raivoso. E o pior: eu sabia para que direção ele olhava.

Virei a cabeça discretamente, confirmando minhas suspeitas. Edward estava com a porta de seu Volvo aberta, enquanto Rosalie entrava, seguida de Jasper e Emmett, que riam de alguma coisa. E pela primeira vez desde que o vi pela primeira vez, Edward olhava com raiva para outra pessoa que não eu. Só não entendi porque essa pessoa era o Jacob.

- Hey, o que há entre vocês?

A expressão dele mudou radicalmente, e de repente ele voltou a ser o velho Jacob.

- Entre quem? Eu e o Cullen? Nada! Acho que é sobre aquelas lendas idiotas. Nós temos um pé atrás com eles. E esse Edward em especial... ele é estranho Bella. Algo nele não me agrada, não consigo explicar.

- Ah... mas, não sei, é só coisa da sua cabeça Jake!

- Você sabe de algo?

- Saber de algo?! – Ri nervosa – o que eu poderia saber?

- Não sei... mas você parece esconder algo.

- Ahhh, calado! Vamos embora logo, entra aí.

Ele jogou sua bicicleta na caçamba da picape, e entrou no banco do passageiro. Engatei a primeira marcha e saí lentamente com o carro do estacionamento, sem olhar para os Cullen outra vez. Mas quase atropelei Edward, que apareceu bruscamente na frente do carro. Me assustei e brequei automaticamente. Não que bater o carro nele fosse causar qualquer dano. Não a ele... mas pobre Chevy!

Desci do carro, batendo a porta furiosa. Jacob logo atrás de mim.

- Você ficou maluco? Eu podia ter te atropelado!

Ele riu irônico, e eu vi seus dentes levemente afiados por uns instantes antes de recobrar a consciência.

- Afinal, o que você queria fazer?!

- Falar com você. – ele disse frio, olhando novamente para meu amigo quileute.

- Bella, tudo ok? – Jacob perguntou, preocupado.

- Tudo, está tudo bem.

Edward revirou os olhos, impaciente.

- Pode falar comigo ou não?!

A minha vontade era de falar um não bem firme, entrar no carro e bater a porta com vontade, saindo dali o mais rápido possível. Mas e coragem? O rosto dele me hipnotizava.

- Ela não quer falar com você, não tá vendo? – Jacob entrou em minha defesa.

- Não é com você que quero falar, por isso não se meta.

Jacob abrira a boca para responder, mas eu levantei a mão, fazendo um sinal para que ele se acalmasse.

- Tudo bem Jake, vou falar com ele.

Ele me olhou como se eu fosse maluca. Edward sorriu triunfante e caminhou até o meio-fio, distante o bastante para que ninguém nos escutasse. O segui, parando à sua frente, com as mãos dentro dos bolsos.

- E então?

- Não ande com ele.

Olhei para o Jake de longe, que nos observava com cautela.

- Por quê?

- É perigoso, Bella.

Agora quem riu com ironia fui eu.

- Jacob? Perigoso? Ora, por favor.

- Não ria Bella, confie em mim.

- Em você? E por que faria isso?

- Bom, porque... – ele se calou, aparentemente buscando uma resposta plausível.

- Viu?! Não há um por que! Eu confio no Jacob. Ele é meu amigo desde que cheguei aqui, e sempre foi muito legal comigo. O que não posso dizer de todos.

Edward pareceu desarmado com as minhas palavras e eu me senti bem com  isso. Vê-lo no papel mais frágil era bom. Sou vingativa?

- Bella, não fale isso...

- Estou mentindo? Desde que chegou, só soube me tratar mal e me humilhar. Agora vem, como se fosse meu melhor amigo, me dizer com quem eu devo ou não andar? Ora, por Deus! Se tem alguém aqui com quem eu devo ter medo de falar é você!

- E não tiro sua razão! Nunca disse que deveria se aproximar de mim, em momento algum. Eu não quero isso. Você deve ficar longe de mim.

- Mas e se eu não quiser? Não percebe que você não pode me dizer o que é melhor para mim?

- Não quer?

- O quê? – olhei com cara de maluca.

- Se afastar de mim.

- Não foi isso o que eu disse.

- Mas foi o que pareceu...

Permanecemos em silêncio, e eu senti minhas bochechas corarem como sempre. O dom que ele tinha para fazer com que isso acontecesse era incrível! Mas ele estava certo. Por mais que nunca tivesse sido amistoso comigo, eu sentia necessidade de me aproximar dele. Será que eu estava sendo seduzida pelos fatores favoráveis que um vampiro possuía? Estava correndo para ele, como um cordeiro corre para o leão?

Decidi que não havia mais nada a ser dito e dei as costas para ele, caminhando em direção a minha caminhonete. Ele segurou em meu pulso e me puxou. Sua pele exageradamente gelada me fez parar imediatamente.

- Por favor, me ouça Bella. Se afaste dele.

Juntei todo o ar que podia e disse:

- Não se intrometa na minha vida.

Eu sei que ele poderia continuar me segurando, e impedir com que eu fosse embora, mas ele não fez isso. Simplesmente soltou meu pulso e me deixou ir.

Entrei no carro, fechando a porta. Jacob entrou também, me olhando sem saber o que fazer. Liguei o carro e saí finalmente do estacionamento, indo em direção a minha casa.

- O que ele falou afinal? – percebi que apesar de sua tentativa, ele não evitava com que a curiosidade e a preocupação escapassem de sua voz.

- Nada, só me irritar. É o que ele costuma fazer...

Ele permaneceu calado durante todo o percurso e eu me senti grata por isso. Estava nervosa, alterada. Não queria que ele falasse qualquer coisa, ou insistisse nesse assunto, porque poderia acabar descontando nele, a raiva que sentia.

Quando chegamos, Billy e Charlie estavam sentados no jardim, bebendo suas estimadas cervejinhas. Aparentemente, hoje havia um jogo de futebol muito importante e Billy nunca perdia a oportunidade de assistir aos jogos  valiosos ao lado de seu melhor amigo Charlie e de suas amadas cervejas, ou vitamina R, como eles chamavam.

Parei o carro no mesmo lugar e respirei fundo. Saí acompanhada por Jacob.

- Olá meninos!

- Oi pai. Billy. – acenei com a cabeça para ele.

- Oi Bella. Como vai?

- Bem, obrigada. Quem joga hoje? – disse me dirigindo a Charlie.

- Ninguém. Precisamos de uma desculpa para ver nossos amigos?

Continuei olhando para ele, incrédula.

- Numa terça-feira a tarde?

Charlie revirou os olhos.

- Ok, você venceu. Há um jogo, mas nada de muito importante.

- Tá, se você diz. Bom divertimento. Vou ver se como alguma coisa.

- Eu vou junto. – se prontificou Jake em dizer.

Eu não queria companhia. Muito menos dele, que ia me indagar sobre o que acontecera no estacionamento. Chegamos à cozinha e eu abri a geladeira, procurando algo.

- Com fome? – perguntei.

- Não, obrigado. – ele respondeu diretamente.

Peguei um resto de frango do dia anterior e coloquei no microondas.

- E então? – Jacob disse depois que terminei de comer.

- Então...?

- Qual é Bells. O que o Cullen disse?

- Ah isso. – suspirei – já disse, ele não queria nada demais.

- Tá, e como foi que você passou de ‘Oi Jake, qual é?’ para ‘Adeus Jake, não enxe’?

- Eu não te disse nada.

- Mas está estampado no seu rosto, Bella. E acha mesmo que eu engulo isso de ‘só quis me irritar’? Conte.

Resolvi ser franca e abrir o jogo, afinal Jacob era meu melhor amigo. Se não se pode contar as coisas pro seu melhor amigo, para quem mais pode?

- Ok, vou falar. Ele queria me pedir uma coisa.

- O quê? – disse ele erguendo a sobrancelha.

- Bom. Ele falou para eu não andar mais com você.

- QUÊ?! QUEM ELE PENSA QUE É?

- SHIU! – olhei pra sala para ver se Charlie o Billy ouviam. – ele me disse que você é perigoso.

Jacob gargalhou irônico.

- Ok, essa é boa. Eu, perigoso. Pelo amor de deus, eu tenho 15 anos!

Dessa vez, eu tive que rir.

- Tá, isso não significa nada, eu sei. – ele continuou – mas você sabe, Bells, sou incapaz de...

- Eu sei Jake. Foi o que eu disse a ele.

- Mas o que esse branquelo acha?

- Ei, eu também sou branquela!

- Não como se estivesse morta.

Engoli em seco, mas ele continuou falando.

- Perigoso, ha. – ele falava meio que para si mesmo. – tudo bem que nós quileutes somos descendentes de lobos, mas isso é só uma lenda! Se fossemos capaz de nos transformar em lobos ou qualquer coisa assim, eu saberia. E outra, se essa lenda fosse real, eles seriam vampiros. Louco isso.

Ok, agora eu estava bebendo alguma coisa. E engasguei. Não de um jeito metafórico, mas sim literal. Eu devo ter ficado azul de tanto que engasguei. Jacob de imediato se levantou para me ajudar.

- Ei – disse rindo – calma aí, não vá morrer agora, ou o Cullen vai dizer que eu te matei.

- Lobo... – eu disse entre a tosse.

Ele revirou os olhos, divertido.

- Sim Bella, sou um lobo grande e faminto, prestes a acabar com você. Ah, por favor. Não queira me convencer de que existem vampiros em Forks!

Eu fiquei quieta, mas aquilo não saiu da minha cabeça. Era disso que Edward falava? Será que Jacob podia ser um lobo ou algo assim? Porque agora que ele mesmo disse isso, não é tão impossível. Se Edward é vampiro, por que Jacob não poderia ser um lobisomem? Dormi Bella e acordei Alice*, obrigada.

- Mas seria interessante – prosseguiu Jacob – se eles fossem vampiros, isso explicaria porque são tão brancos e esquisitos. E se eu fosse um lobo, explicaria o porque estou crescendo e ganhando músculos tão rápido.

OOOOOI, ME TIREM DAQUI, POR FAVOR.

- Jake...

- Verdade Bella. Sem contar o jeito como aquele loiro olha as pessoas. Caramba, o cara parece um psicopata, prestes a matar alguém.

Eu não havia avaliado as coisas daquela maneira. Quando Jacob me contou sobre as lendas quileutes, eu me foquei na parte sobre os “frios” e esqueci do outro lado da história. É claro que poderia ser! Se os Cullens eram vampiros, os quileutes podiam ser lobos. A probabilidade era igual. Se existiam vampiros, eu  não duvidava mais de nada.

Fiquei calada, pensando, e confesso, que com um pouco de medo. Em que mundo eu vivia? É como se tudo o que eu vivenciei até hoje (não que eu tenha vivenciado muita coisa, porque só tenho 17 anos) fosse mentira. Ou pelo menos apenas uma pequena parte. Um mundo humano e relativamente ideal, ocultando seres míticos e realmente perigosos, que alguém, alguma vez descobriu e relatou em filmes e livros, para que a população achasse que era apenas um conto qualquer com o qual, não precisavam se preocupar.

Entre duas opções, eu teria que escolher uma: ignorar tudo isso e fingir que nada aconteceu, ou perguntar a única pessoa no mundo que conhecia outro mundo e que falaria sobre ele para mim, Alice. Não preciso dizer qual opção escolhi.

- Já volto – disse levantando rapidamente.

- Onde vamos?

- Onde eu vou. À casa dos Cullens.

- Bella! Você não pode!

- E por quê? Alice é minha amiga sabia?

- Alice – ele bufou – desde quando você é amiga dos branquelos? Não vá Bella, não vê que eles não gostam de você?

- Jacob, por favor. Você não sabe de nada.

- Ou talvez eu saiba.

Aquilo me deixou mais intrigada e a certeza bateu contra o meu rosto. Eu precisava falar com Alice o mais rápido possível. Peguei meu casaco e o vesti. Passei pela sala, parando próximo à porta.

- Pai, vou ver os Cullens.

Ele ergueu a sobrancelha. Me ouvir dizendo que ia visitar alguém não era algo comum. Mas, por fim, ele pareceu feliz.

- Ok Bells, demore o tempo que quiser.

Billy, ao contrário, me olhou com pena.

- Não, não demore.

Charlie o olhou como se ele estivesse louco.

- Ora, eles são boas pessoas.

Vi que Billy relutou com aquela afirmação, mas não quis expressar isso.

- Tudo bem, mas hoje é terça. Bella deve ter muito dever de casa, sabe. Só me preocupo com a sua garota. Vamos lá Charlie, você sabe que tenho mais experiência com crianças do que você.

Crianças. Pelo amor de Deus, eu estudava biologia com um vampiro!

- Ok, você venceu. Se divirta, mas não demore. – Charlie me olhou, tentando fazer papel do pai preocupado. O que não caía muito bem com ele, por sinal.

- Na verdade pai, não tenho nenhum dever. Ontem fiz todo o trabalho de álgebra e ainda coloquei em dia algumas matérias, então, fica frio.

- Fica frio? Vocês inventam cada uma! – ele riu pra si mesmo. Sim, meu pai era meio atrasado. Não no vocabulário, mas mentalmente. – Ok, se você diz, vá e demore o tempo que quiser.

- Ok, ok. Posso ir?

Ele acenou positivamente, enquanto Billy parecia preocupado. Coisa da minha cabeça, ou ele achava que quanto menos tempo com os Cullens, melhor? Acho que esse lance de vampiros está me deixando paranóica.

Saí de casa apressada, fui caminhando a passos largos e cheguei na mansão casa dos Cullens em cinco minutos. Bati na porta ansiosa. Eu sei que não era necessário, mas era educado. Mas o que eu não sabia, era que Edward abriria a porta. Quero dizer, Alice me veria vindo, não veria?

- Quero falar com Alice. – fui logo entrando na casa. Não queria falar com ele, não depois de todo aquele monólogo sobre Jacob.

- Ela não está em casa. – ele fechou a porta logo quando entrei, se virando para me olhar.

- Então... – pensei em outra possibilidade – Carlisle está? – sei que não tinha falado muito com ele desde que chegaram na cidade, mas o pai era simpático e atencioso. E provavelmente sabia que Alice meio que havia me confirmado toda a situação. Então, acho que podia contar com ele.

- Ninguém está em casa, Bella. Saíram.

Foram caçar! Claro, me esqueci do que Alice disse sobre o dia amanhã estar ensolarado, mas espera...

- E por que você não foi? Por que te deixaram sozinho?

Ele deu um riso breve.

- Sózinho. Estou acostumado, já que vivo rodeado de casais.

Claro. Edward era o solteirão da família.

- Mas... – olhei nos olhos dele e percebi que estavam tão dourados como nunca. – entendo. Você não precisava...

- Não precisava do quê? – ele realmente parecia não saber do que eu estava falando.

- Caçar. Eles foram caçar, não foram?

Parece que minhas palavras o deixaram mais surpresa do que qualquer outra coisa no mundo. Mas logo tudo se converteu em ódio. E lá estava o Edward que eu conheci.

- Por que você teima em ser enxerida? Por quê tem que se envolver no que não te diz respeito?

- Hey, vai com calma aí. Eu só disse que sei que vocês caçam.

- E sabe disso porque é uma metida. Porque é curiosa. Ninguém te pediu para se envolver na minha vida e da minha família.

- Isso se diz respeito a mim também. E não pense que você é importante o bastante para que eu queria saber alguma coisa da sua vida... ou da sua morte. Como posso chamar?

Acho que mexi com ele nesse momento, porque ouvi ele rosnar.Eu juro, ele rosnou!

- Garota impertinente. Sai, SAI DAQUI.

- Não começa, eu não vou sair.

- Eu não te quero na minha casa.

- Ah, cala a boca. Eu vim aqui para falar com a Alice, e não saio até conseguir.

- Não seja por isso, quando ela chegar, eu mando ela ir te ver. Agora vai embora.

- Não.

- Ah, é seu passatempo preferido investigar nossas vidas não é? O que quer? Que eu te deixe subir, entrar nos nossos quartos e fazer anotações? Se não trouxe um caderno, eu empresto um.

Babaca irônico. Odeio ele, ODEEEEIO.

- Eu não sou nenhuma enxerida. Já disse que tive meus motivos para procurar saber o que você era.

- E qual motivo era esse?

- Ué, você entrou na frente de um carro e simplesmente o empurrou com uma mão. Sem contar que em um segundo estava do outro lado, e no momento seguinte, estava ao meu lado. Não é de se investigar.

- Você não tinha o direito.

- Ah não? E você me tratar como um monte de lixo desde que me viu, também não é motivo?

- Não.

- Ah, então você acha que eu não ia querer saber que alguém quer me matar? Que nos seus maiores desejos, se vê me mutilando e tomando meu sangue?

Ele me olhou de uma forma, que sei que se pudesse, seus olhos pegariam fogo exatamente agora.

- Cale a boca humana estúpida.

- Não enxe, vampiro ridículo.

Ele respirou fundo. Para quê?

- Você quer o que veio procurar não é?

- Nossa, está me ameaçando?

- Não, estou te avisando.

- Por quê? Vai me matar? – me aproximei dele, o desafiando.

- É o que me pede.

- Não tenho medo de você, sangue suga.

- Como é?

- SANGUE SUGA.

Ele riu, mas voltou a me olhar com raiva. Percebi, que seu corpo ficava cada vez mais curvado. Provavelmente de forma inconsciente. Como em posição de ataque, notei.

- E não tem medo?

- Não. Deve ser covarde. Do contrário teria me matado logo aqui, quando nos vimos pela primeira vez.

- Estúpida! Não sabe que não o fiz, não por covardia, ou falta de vontade. Mas por respeitar tudo o que aprendi com meu pai. Por não querer destruir sua vidinha.

- Ora, por favor. Não tente ser menos covarde.

- EU NÃO SOU COVARDE! – ele segurou em meus pulsos, forçando-os. Isso doeu, eu admito.

- Para me deixa em paz.

- Agora está com medo? Eu mandei você sumir.

Eu estava com medo. Os dentes dele brilhavam, e eu via os caninos afiados me ameaçando. Agora sim, eu estava perdida. Era o meu fim. Jacob avisara. Billy tentara impedir. Mas eu, teimosa como sempre, estava aqui, frente a frente com a morte. E que morte mais linda!

- Eu vou. Me deixe ir.

- Não. Sou covarde? Você vai ver.

Ele aproximou o rosto de mim, e mordeu meu pescoço. Não com força, mas senti seus dentes começarem a furar minha pele. E eu comecei a chorar. Sério, eu chorei. Ele se afastou e me olhou, me largando.

- Vampiro inútil! Se quer matar, faz isso logo.

Ele permaneceu em silêncio, me olhando de um jeito estranho, enquanto eu continuava a chorar, sem querer.

- Vamos. Acabe com isso de uma vez! Sou frágil, sou humana. Meu sangue te atrai não? É doce? Cheira bem? Vamos Edward, ME MATA. FAÇA ALGO DE ÚTIL.

Me aproximei dele o ameaçando, enquanto ele permanecia parado como uma estátua de mármore. E isso só me irritava mais. Eu estava com medo, mas também com raiva. Ele podia me matar, mas não antes que eu o humilhasse. Não antes de ouvir tudo o que eu tinha para falar. Então, quando vi estava batendo nele. Sim, dando murros no peito dele. Admito que deveria doer muito mais em mim, do que nele. Porque era como esmurrar uma pedra. E ele não se mexia. Que raiva!

- Esqueça todos. Esqueça o Carlisle e deixe seus instintos falarem por você. Mate a humana. MATE!

Finalmente ele se mexeu, piscando e olhando agora diretamente para mim. Enquanto eu batia nele, ele segurou em meus pulsos novamente. Pelo que percebi, não usava de força, mas eles ainda estavam doloridos. E eu gritava coisas absurdas a ele. Coisas que me envergonho. Eu o desafiava, por medo. Sim. O medo era tão forte, que eu queria que acabasse logo, que ele não adiasse mais. Mas ao invés disso.

- CALA A BOCA BELLA! – ele gritou. – Humana, idiota. Frágil e... tentadora.

- O que...

“...você quer dizer?” era o que eu ia falar. Mas, não sei se para controlar meus murros irritantes, ou por pura vontade, Edward me puxou bruscamente, fazendo com que meu corpo se chocasse com a pedra de que era formado o peito dele. E me beijou com a mesma urgência, que me fez ceder e parar de bater nele. Eu não queria mais nada. Senti meu corpo fraquejar e não sei como me mantive de pé. O medo fora embora tão rápido que não deixara nenhum vestígio. Suas mãos foram soltando meus pulsos, que uma fez liberados, se pousaram contra seu peitoral. Mantive as mãos fechadas, com medo de tocá-lo. Mas me entreguei ao seu beijo, tão maravilhoso quanto ele o era. Seu hálito era suave e doce. E apesar de sua temperatura corporal ser abaixo de zero, seu beijo tinha a temperatura mais elevada que um vulcão. Permaneci ali, entregue em seus braços, mais frágil do que se ainda estivesse no papel de presa.


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Notas finais do capítulo

*Alice no País das Maravilhas



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