Angelic Me escrita por Thaís Fonseca


Capítulo 13
Capítulo XIII - Me Angelizar




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Renee tentou me fazer ficar em Phoenix com ela mas eu consegui convencê-la de que deveria permanecer em Forks pelo menos até a formatura. Até porque já estou praticamente no ultimo ano e me transferir agora não seria bom. Depois eu faria faculdade por lá. Claro que tudo aquilo era só uma desculpa. Eu não queria sair de Forks por motivos óbvios, pelo menos para mim.

Havia passado uma semana desde que eu acordara naquele hospital de Phoenix e eu pretendia voltar a viver minha vida normalmente, na escola. Acordei aquele dia, um tanto nervosa pelas toneladas de perguntas que eu provavelmente receberia dos meus colegas.

Desci até a cozinha para tomar o café da manhã, mas me surpreendi ainda na sala, ao encontrar um Charlie animado e sorridente, conversando com... Edward. Juro que já cansei de querer entender porque ele sempre aparece do nada.

- Bom dia Bells! – meu pai interrompeu uma risada. Eu não podia imaginar Edward contando qualquer piada, mas preferi pensar que era esse o caso, do que tentar adivinhar do que falavam.

- Hum... bom dia pai. E Edward... – olhei para ele diretamente pela primeira vez. Seu sorriso era sereno mas misterioso demais pro meu gosto.

- Edward veio me pedir para levá-la para passear depois da escola. Não pude dizer não ao rapaz que salvou a vida de minha única filha.

- Claro, se você quiser... – Edward me olhava com esperança.

- Ah. Acho que sim. – disse meio atordoada. Ele estava ali cara a cara com meu pai e pareciam se conhecer há tempos. Aquilo me deixava um pouco febril.

- E também, se quiser, posso te levar à escola. – adicionou.

Apenas assenti com a cabeça e ele se levantou elegantemente, como sempre se movia, pegou a mochila dos meus ombros e se dirigiu ao meu pai.

- Bom, Charlie, obrigado pela conversa. O senhor e meu pai têm muito para se tornarem amigos, pelo que percebi. Agora se nos dá licença... não quero atrasar Bella para a primeira aula.

- Claro filho, vá. E diga a seu pai que quando quiser vir pescar comigo e Harry, está convidado.

- Direi. – Edward apertou a mão de Charlie e fomos caminhando até o portal. Eu, meio que carregada pela energia dos dois, admito. Meu pai abriu a porta e esperou que Edward saísse rumo a seu Volvo prata.

- Sabe Bells – ele disse, me fazendo parar na soleira da porta – gosto dele. É um bom menino esse Edward. E parece que toda a família é bem amigável. Se quer saber, gosto da companhia que ele faz a você.

- Ok pai. – ergui as mãos, como rendição. – Já entendi.

- Sem bronca. – ele disse descontraído, utilizando uma expressão que me ouvira dizer uma vez.

- Tchau pai – falei revirando os olhos e indo encontrar Edward antes que ele dissesse alguma coisa mais constrangedora.

Entrei no Volvo e vi Edward divertido demais.

- Você ouviu tudo né? – escondi o rosto nas mãos.

- Sim. E confesso que aprecio o comportamento dele.

- Ah, claro. – olhei pela janela enquanto ele arrancava com o carro.

- Não quer saber para onde vou levá-la mais tarde?

- Essa era a próxima pergunta. – falei receosa – mas não sei se quero saber a resposta.

- Não vou te dizer de qualquer jeito – ele disse.

- Ok, agora estou curiosa.

- Então crie teorias – Vi o carro parando na vaga costumeira muito antes do que eu esperava.

Eu ia contestar, mas antes que pudesse, Edward saiu do carro. De novo. Saí também e sem olhá-lo, falei:

- Já sei, nos vemos mais tarde.

- Se você quiser, sim. Mas pensei em te dar uma prévia sobre o que faremos mais tarde.

- O quê? – me virei para ele, curiosa.

Edward sorriu e caminhou até o meu lado. Sem dizer mais nada, ele segurou em minha cintura e me puxou, me beijando em seguida. Ele tinha o dom de me deixar sem fôlego, isso já era mais do que claro. E lá estávamos nós, nos beijando no meio do estacionamento da Forks High School.

Ele me segurou com força e eu retribui, me segurando em seus ombros como se estivesse prestes a cair ou algo assim. Seus dedos me apertavam delicadamente, como uma massagem. E foi quando paramos juntos, com a respiração acelerada. Em sua expressão urgência e alguma forma de auto-controle.

- Nos vemos depois. – eu disse sem ar.

- É, melhor. – ele concordou e saiu andando para o lado oposto, indo para sua primeira aula.

Quando me virei para ir pro meu prédio, percebi que todos me olhavam e cochichavam. Obviamente falavam sobre o incidente em Phoenix. E graças a Deus, eu já tinha todas as respostas para as possíveis perguntas.

Sentei no mesmo lugar de sempre e logo vi Jessica aborrecida, caminhando em minha direção acompanhada por Angela, que parecia bem animadinha.

- UAU! O que foi aquilo no estacionamento? Você realmente fisgou Edward Cullen!

Senti meu rosto corar imediatamente. Então era disso que todos estavam falando a pouco. Será que o beijo foi mais intenso do que eu imaginei? Ou só comentavam porque era Edward? Como eu queria ser capaz de xingar Edward pelo pensamento e saber que ele me ouviria.

- Hã... aquilo não foi nada.

De que adiantava ter respostas, se não elas não serviam para aquelas perguntas?

- Ah, ok. Ele quase engoliu você no meio de todo mundo! Lá se foi o ultimo Cullen solteiro... – Jessica tentava soar engraçada, mas era evidente sua... inveja.

Eu queria mudar de assunto. Comecei a bater os dedos na mesa. Olhei ansiosamente para a porta mas o professor nunca entrava.

- Então vocês estão tipo, namorando? – Angela indagou.

- Não! Nós somos amigos. Aquilo foi... inesperado.

Cadê esse professor?!

- Ahhhhh, claro! Amigos não é? – Angela ria.

Foi quando por Deus, o professor entrou, e todos se calaram.

As aulas que se seguiram até o almoço, foram todas parecidas. Fui interrogada por todas as pessoas que tinham um mínimo de intimidade comigo. E foi quando eu agradeci aos céus por ser antissocial o suficiente para não ser amiga da escola toda.

Mike não falava comigo. Aparentemente o meu beijo com Edward fora demais para ele. Eric também parecia estranho. Mas tanto faz.

Entrei no refeitório e fui para a fila da comida, sem nem olhar em volta. Percebia os olhares nas minhas costas e aquilo me deixava tensa. A copeira teve que perguntar pelo menos umas três vezes, se eu queria hambúrguer de soja ou de carne.

Senti um braço envolver minha cintura, e por sua temperatura de menos cinco graus, eu já sabia quem era, antes mesmo de me virar para olhar. Edward sorria. Me beijou no rosto e orientou a copeira (que ficara tão extasiada com o fato dele estar meio que comigo quanto o resto dos alunos) a colocar várias coisas na minha bandeja. E eu sabia que não comeria nada daquilo. Não com um nó daquele tamanho na garganta.

- Você acha isso engraçado, não é? – comentei assim que caminhamos em direção a uma mesa vazia no meio do refeitório. Ele colocou minha bandeja sobre a mesa e puxou a cadeira, para que eu me sentasse.

- É divertido. – ele admitiu, se sentando ao meu lado. – Os pensamentos das pessoas. Sua expressão formada na mente delas devido a cada pergunta que faziam. Admito que não tenho uma manhã tão agitada em anos!

Revirei os olhos e peguei um nacho e mastiguei. Ele tinha gosto de isopor. Mas isso não era porque a cozinheira era ruim, mas sim, porque eu estava me sentindo embaraçada demais para sentir qualquer gosto.

Como não disse nada, Edward apenas pegou minha lata de Coca-cola e abriu. Fingiu tomar um pouco e me olhou novamente, cortando o silêncio.

- Já sabe para onde vamos depois da aula?

- Hm... pra um matadouro? Vou finalmente ser parte da sua refeição?

Ele riu e sacudiu a cabeça, sem dizer mais nada.

Na hora da saída, os comentários não haviam cessado. Agora, até professores e trabalhadores da escola, me olhavam. Ou talvez fosse só neura minha. Mas eu não gostava daquilo. Parecia que estava vivendo meu primeiro dia em Forks outra vez.

Alice apareceu do meu lado de repente, me assustando. Então era normal de vampiros, matar os outros do coração?

- Oh, desculpe Bella. – Ela pareceu pouco culpada – Só vim para dizer para que você não se preocupe. Edward vai te levar em um lugar muito legal. E você vai adorar! Eu vi isso. – Ela disse a ultima frase, num sussurro.

Queria dizer para ela que aquilo não ajudava muito, mas sei que não adiantaria. Ao invés disso, só falei:

- Obrigada... – ou algo tão inteligente quanto isso.

Caminhei em direção ao Volvo, onde Edward já estava me esperando.

- Pronta?

- Não. – falei, nauseada.

- Ótimo. – ele sorriu e abriu a porta para que eu entrasse.

Dois segundos depois, já estávamos na estrada. Mas ao invés de Edward virar para a direção da cidade, ele fez o contrário. Foi em direção a floresta. Fiquei sem entender, mas continuei observando o caminho pela janela. Então, numa trilha estreita, quase no limite de Forks, ele entrou com o carro, seguindo morro a cima até chegarmos em uma parte em que a trilha continuava, mas estreita agora. Parou o carro ali e saltou, despreocupado.

O imitei, olhando tudo em volta. Estávamos no meio da floresta, não fosse a trilha de que vínhamos e o pequeno filete de terra que se seguia a nossa frente.

- Venha comigo. – ele disse, me estendendo a mão. Segurei-a e o segui, para dentro das arvores, deixando o reluzente automóvel prata para trás.

Fui pisando cautelosamente, prestando atenção em cada descida, cada pedra. Tropecei algumas vezes, mas ele não me deixara cair. Já parecia fazer uns dez minutos que caminhávamos e eu estava ficando cansada. Me equilibrar num chão tão irregular, não era tarefa fácil. Além do mais, parecíamos entrar cada vez mais na floresta e eu não conseguia enxergar o propósito de tudo aquilo. Edward percebeu minha respiração ofegante e parou, me olhando.

- Cansada? – disse preocupado. Eu sentia algumas leves gostas de suor na minha testa e as enxuguei. Mas olhando para Edward, me senti tão inferior. Seu rosto continuava tranqüilo. Não esboçava nenhum sinal de fadiga. Parecia não ter andado um passo sequer. Pronto para começar uma trilha de muitos e muitos quilômetros.

- Não. – menti. – podemos continuar.

Mas apesar da mentira, nada convincente, meus batimentos cardíacos e a falta de ar para completar as palavras me denunciavam. Edward apenas sorriu, entendendo meu recado oculto.

- Posso te levar. Vamos economizar muito tempo.

- Me levar? – o olhei, sem entender. – Como?

- Você confia em mim?

Assenti. Ele se virou de costas para mim, e abaixou o corpo.

- Segure-se em mim, com força.

Subi em suas costas como um filhote de macaco e me segurei com o máximo de força que pude. Ele colocou os braços em volta de minhas pernas, deixando meu corpo mais firme e ajeitou o corpo. Parecia que não fazia esforço nenhum. Apenas disse:

- Isso pode parecer meio estranho.

Antes que eu pudesse perguntar por que, ele saiu correndo. E não pense que ele correu, como aquele maratonista mais rápido que você conhece. Não. Foi mais. Mais rápido do que um carro de corrida, ou qualquer motor veloz. Talvez “correr” não seja o verbo certo. Mas ele simplesmente se movia com tanta rapidez que cada árvore, cada ser dali, se tornavam borrões. Flashes. Eu não conseguia ver nada. O ar passando tão rápido que parecia querer cortar minha pele ou algo parecido. Era estranho mesmo. Pense em toda a adrenalina que você já sentiu em seu corpo, quando foi naquela montanha russa, em um parque de diversões. Ou em um brinquedo que virava de ponta cabeça ou que te pendia no ar. Multiplique essa sensação por dez. Não, por mil! Era assim que eu me sentia.

Depois do que não pareceu ser mais do que cinco minutos (mesmo parecendo ser os cinco minutos mais longos de toda a minha vida). Nós paramos. Eu me sentia zonza, enjoada. Devia estar toda descabelada, e sentia claramente que apertava Edward com tanta força que poderia esmagá-lo. Se ele não fosse um vampiro extremamente forte, é claro.

Ele abaixou o corpo, se certificando de que meus pés tocavam o chão e me soltou. Eu tirei meus braços de seu pescoço debilmente. E assim que larguei completamente dele, minhas pernas me traíram, denunciando a sensação que tive daquela viagem maluca. Mas tão rápido, como ele sempre era (agora mais do que comprovado), Edward me segurou, sorrindo.

- Estranho. – consegui dizer, prestes a vomitar.

Seu sorriso se abriu mais. Ele quase ria de mim.

- Está tudo bem? – perguntou.

- Não. – fiz uma careta.

- Bella, você está mais branca do que eu! Vamos lá, foi só uma corridinha.

O fitei irritada, o que o fez explodir em uma risada. Me segurei no tronco de arvore mais próximo e puxei todo o ar que pude para dentro dos meus pulmões. Após repetir isso por umas três ou quatro vezes, já me sentia bem. Aquele era um dia comum para aquela área do país. O céu era nublado, sem raios de sol. Frio, úmido. Mas quando ergui os olhos, vi a luminosidade pintando o céu e batendo em o que parecia ser uma clareira, logo a frente. Em cima de nós, nada era iluminado. Tudo permanecia coberto de arvores e nenhum vestígio de calor entrava ali. Mas logo a frente...

Aquilo me chamou, de alguma forma. Dei dois passos para a frente. Edward me olhou e depois fitou a fenda que dava para a clareira. Ele entendeu o que eu queria fazer e se desviou para a esquerda, me dando passagem. Mas eu parei, ao me recordar do que ele era, e saber que sua espécie e o sol, não eram grandes amigos.

- Por que me trouxe aqui? – perguntei.

- Quero que você me conheça. Que saiba o que sou de verdade.

Olhei novamente em direção a clareira, os raios de sol refletindo naquele pedaço da floresta. Voltei a olhá-lo.

- O sol? – ele assentiu. – Mas, você não vai morrer? Virar pó? Não sei...

Ele riu, provavelmente me achando boba.

- Lendas Bella. Apenas lendas. Vá na frente, eu irei assim que estiver preparado.

O olhei por mais alguns segundos. Depois continuei caminhando, até finalmente entrar na clareira. O calor logo tomou conta de mim. O sol me atingia com força. Logo presumi que estávamos no alto de algum morro. E então eu reconheci aquele lugar: era a clareira dos meus sonhos.

A mesma grama verde, as mesmas flores bonitas e diferentes, espalhadas pelo gramado. Os pássaros pousando, borboletas... tudo era igual. Olhei para trás, mas Edward não estava mais lá. A principio, tive medo. De que ele me deixasse ali sozinha. Eu não saberia voltar. Mas então caminhei até o centro, onde o sol era mais forte do que nos outros lugares. Respirei fundo, o ar quente preenchendo meus pulmões.

- Antes que me veja. – ouvi a voz suave de Edward soar com receio. Ele estava usando sua coragem para aquilo, eu conseguia perceber isso. – Tente não se assustar.

Olhei na direção de onde sua voz vinha.

- Não irei.

Ele deu um passo a frente e consegui vê-lo, ainda nas sombras da floresta fechada. Mais um passo. O sol batia em metade de seu corpo, cortado por algumas plantas que ainda o cercavam. Nada aconteceu.

Juro que pensei que ele podia se dissolver. Mas não. Ele continuava ali. Seu rosto juntando o resto de coragem que lhe sobrara para fazer o que quer que ele estivesse fazendo. Foi aí que ele andou mais, e mais, e mais. E logo estava a mais ou menos cinco passos de mim. Mas não era mais Edward.

Bom, era Edward. Entretanto, se não for loucura demais achar que um ser tão perfeito, poderia se tornar mais belo, então posso afirmar: ele estava deslumbrante. O sol agora lhe tocava por inteiro. Onde sua pele se encontrava exposta, além do mesmo tom alvo de sempre, havia luz. Sim, luz. Sua pele reluzia, de alguma forma. Cada poro, era como pequeninos diamantes. Esplêndido, atraente, envolvente.

Como me assustar com uma criatura tão linda? Nunca achei que ele poderia me surpreender mais, mas sua beleza ao sol, não se comparava nem um pouco, a como ele era fora dele.

- Vê? Esse sou eu. – Ele suspirou e se aproximou, cauteloso. Como se esperasse que eu saísse correndo a qualquer momento.

Mas eu não corri, apenas sorri e disse:

- Você é lindo! – o que era algo idiota para se dizer, claro.

Ele riu, sarcástico.

- Lindo? Sou uma besta. Um demônio Bella.

Ignorei sua falsa afirmação.

- Então é por isso que vocês não podem sair ao sol?

- Sim. – ele disse. – Somos muito... chamativos.

- E lindos. – completei.

Ele revirou os olhos, mas sorriu. Se sentou na grama e eu o imitei, dobrando as pernas. Não conseguia parar de olhá-lo. Não há palavras para descrever sua beleza. É completamente celestial. Divina. Ele não podia ser nenhum demônio. Como demônios poderiam ser tão lindos?!

- Eu a trouxe aqui – ele disse, menos tenso. Parecia se acostumar aos poucos, que não me assustava. – para que você entendesse, por completo, o que sou. E se não fugisse, ou gritasse. Aí sim, eu poderia continuar com o meu plano.

Aquilo me intrigou e me tirou um pouco do êxtase de sua beleza.

- Plano?

- Sim. – ele abriu sua mão, esperando que eu o tocasse. Era como se ele ainda estivesse aguardando meu estado de choque. Mas eu coloquei minha própria mão sobre a dele e ele a envolveu com a sua. – Há muito que eu queira te dizer Bella.

Ele respirou fundo, como se aquilo fosse necessário. O céu, se tornando levemente amarelado. Um sinal de quem em poucos minutos, talvez uma hora, o dia acabaria. A lua dando sinal de vida do outro lado.

- Quando cheguei a essa cidade, jamais pude imaginar que encontraria minha maior prova. Nunca pensei que poderia sequer existir algo tão forte, tão chamativo quanto o seu sangue. Já te disse quanto isso foi duro pra mim. Se soubesse da gravidade, de como isso colocaria em risco todos os meus anos de auto-controle, nunca teria sequer pisado em Forks.

Me arrepiei àquelas palavras. Imaginar minha vida sem ele por perto agora, era algo doloroso.

- Mas seria idiotice – ele sorriu. – Se eu nunca tivesse te encontrado, toda a minha existência seria em vão. Eu esperei anos, décadas, por você Bella. E agora eu entendo. Tudo o que vi. Como Carlisle se apaixonou por Esme, como Rosalie se encantou por Emmett. Como Alice e Jasper pareciam ser um só. Eu achava tudo isso uma bobagem. E você sabe, quando gente da minha espécie nutre um sentimento, é eterno, é definitivo. Aquela paixão do começo, sempre continuará ali. Nunca vai se esfriar, nunca vai se cansar. Somos assim, congelados até em meio a sentimentos.

Ele fez uma pausa. Eu não pensava em nada que poderia se encaixar aquele momento, então permaneci calada, apenas escutando cada palavra que ele dizia. Seus olhos, que até agora estavam fitando nossas mãos, enquanto ele acariciava minha pele, se ergueram para os meus. Senti o ouro derretido que circulava em seus olhos me fitarem com intensidade. Senti-os atravessarem meus olhos e enxergarem meu ser. Não era apenas eu que via a verdadeira forma de Edward, ele conseguia ver a minha também. Mesmo não lendo meus pensamentos, seus olhos liam minha alma.

- Então, eu percebi que não era. No começo eu não entendi. Você é especial. Não é como as outras humanas. É diferente, num sentido bom. Não sei se isso é seguro para você. Talvez seja loucura. Mas, como Esme despertou em Carlisle o amor eterno que todos os humanos buscam, sem saber que nunca encontrarão, você despertou em mim. Não me sinto mais incompleto, não preciso mais de coisas vãs para preencher meu tempo. Não vejo mais minha existência como um desperdício. Porque desde que você apareceu em minha vida, me mudou, me transformou. Me deu sentido para tudo. E eu sei que talvez nada disso faça sentido, eu nem sou vivo. – ele falou rápido demais, nervoso. – mas se há alguma forma de sobrevivência em mim, alguma humanidade, ela habita em você, parte de você.

A cada palavra dita, meu coração batia mais debilmente. Minha respiração falhava mais. Eu estava prestes a me beliscar, para ver se aquilo tudo era real. Mas preferi não arriscar. Se eu estava sonhando, então que nunca mais acordasse.

-  Isabella. – ele disse meu nome com suavidade. – Inexplicavelmente, tudo em você desperta o que há de melhor em mim. Você consegue humanizar até os meus sentidos mais selvagens. Sua vida, me torna vivo. Sua alma, me faz ter a esperança de que ainda resta algo bom para mim. E eu sei que é meio irônico, talvez pecaminoso dizer, mas sua existência consegue, de alguma forma me... “angelizar”. É como se eu fosse um ser divino. Por alguns momentos, acredito que não sou de todo ruim. Que não existo apenas para ser predador. Eu estou aqui, por você, para você. Tudo em você, sou eu. E eu tive que esperar durante noventa anos, para ver que a razão de tudo, existe! Ao seu lado, eu consigo enxergar um anjo, habitando em mim. Posso me sentir útil, fiel a algo. Você é o espelho da minha alma, minha divindade, minha angelizadora, se é que posso brincar assim com as palavras.

Ele sorriu mais uma vez. O tipo de sorriso que você nunca encontrará nos rosto de ninguém. Porque é único. Algo que só ele conseguia fazer. O sol caia, e o céu se tornara laranja, a medida que a noite tomava seu lugar. A lua agora, brigava por seu espaço e a pele do anjo em minha frente, não brilhava mais. Ele olhou para cima, como eu, e continuou a falar.

- O crepúsculo. Bem na hora. – comentou consigo mesmo, como se algum deus tivesse combinado de fazer aquilo, naquele momento. Voltou a me olhar, serenamente. – Esse é o fim de mais um dia, mas não um dia qualquer. E é diante de um fenômeno tão puro e essencial como esse, diante do que eu realmente sou para você e de tudo que isso possa significar, que eu preciso saber. – Com a outra mão, ele retirou do bolso uma caixinha de veludo azul, e a abriu. Não era uma aliança. Era um anel. O mais lindo de todos. Cravejado em diamantes só não mais belos dos que preenchiam seu corpo diante do sol. Um anel de compromisso. – Me perdoe se estiver sendo rápido ou precipitado demais, mas... você concordaria se eu, não você, eu me comprometesse em cuidar de você e estar com você para sempre, por todos os dias que restarem de minha existência, vivendo para você e te fazendo ser e ter tudo o que sempre sonhou? Você aceitaria ser minha?

O vento balançava as arvores com suavidade, compondo uma canção. Uma música só nossa. Que só nós dois poderíamos escutar. A luz da lua nos iluminava, assistindo aquele momento, dando o complemento final. Ele segurou em minha mão, de uma forma diferente, fazendo com que o anel entrasse em meu dedo e preenchesse seu lugar. Como se sempre tivesse que ter estado ali. Como se sempre fosse estar.

- Eternamente sua. – Eu disse, praticamente chorando e me coloquei sobre o seu corpo, o beijando com toda a intensidade que o momento pedia. Ele não cedeu, não hesitou. Apenas deixou-se ser acariciado pelos meus lábios e me segurou próximo a ele. A canção da natureza continuava em meus ouvidos, assim como tenho certeza de que permanecia nos dele, tão mais sensíveis a sons.

Assim, Edward se inclinou sobre mim, deitando seu corpo sobre o meu. Suas mãos passeavam pela minha pele, me acariciando como seda. Seu beijo, tão quente que me aquecia de qualquer brisa gélida que ousava passar entre nós naquela hora. Cada toque e movimento especialmente projetados para mim. Meu anjo, meu Edward.

Naquele momento, pude ser dele em todos os aspectos. Aquela noite, poderia ser apenas a primeira, mas seria a mais inesquecível das muitas que viriam. Anos, décadas, séculos. Nada era demais ao seu lado. Desafios, lutas, guerras. Nada era impossível, que juntos não podíamos enfrentar. E eu não poderia ser mais feliz.

Afinal de contas era eu, angelizando-o. Tornando-o divino, belo e especial. E ele, por sua vez, me fazendo ser dele eternamente.

THE END.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos os que leram, pelo carinho, pela compreensão por toda a demora que essa autora desnaturada lhes provocou. Espero de coração que tenham gostado da história. É minha primeira fanfic oficial e terminada. Prometo escrever novas histórias, em breve. Qualquer coisa, me deixem mensagens que responderei. Principalmente obrigada a Nessa, por nunca me abandonar nesse quase um ano de fanfic e por mostrar admiração em cada capítulo, te amo amiga! Mais uma vez, agradecida a vocês. Tha Pattz.