Quando os Youkais Dominavam a Terra escrita por Kaoru Higurashi


Capítulo 14
Capítulo 14: Prima


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Inuyasha não me pertence T_T'

Uma nova personagem aparece neste capítulo. Quem será...?



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- Sesshoumarusama, por que você nunca sorri? Por quê tem tantas figuras de cachorros por aqui? Por quê um castelo tão grande pra tão pouca gente? – essa era uma parte da chuva de perguntas com a qual a pequena e inocente Rin bombardeava Sesshoumaru há vários minutos intermináveis. Ele já tinha ouvido todo o tipo de perguntas, desde porque o céu é azul até de onde vêm os bebês. E, claro, ele não fez questão de responder a nenhuma delas. Por culpa do maldito castigo que seu pai lhe dera tinha que aturar aquela miniatura de ser humano que parecia ter a incapacidade de ficar em silêncio por mais de três minutos. Mas ele achava que se a ignorasse conseguiria ao menos fingir que ela não estava mais ali, e talvez, só talvez, incentivá-la a parar com as perguntas.

 

Ledo engano.

 

- Sesshoumarusama... quer que eu cante para o senhor? Eu conheço uma musica muito boa. – tagarelou alegremente, em seguida entoando uma cantiga infantil com sua voz fina e nada melodiosa (afinal, era uma criança de sete anos).

Sesshoumaru estreitou os olhos ao mesmo tempo que Inuyasha, do outro lado da mesa, ria largamente da sua cara. Claro, ele não perderia nunca a oportunidade de apreciar cada momento do suplício de seu ‘querido’ meio-irmão. O youkai fitou o irmão mais novo de maneira perigosa, quase assassina, enquanto segurava os ímpetos de levar as mãos aos ouvidos para bloquear a voz esganiçada e infantil que ainda cantava feliz da vida. Inuyasha quase rolava de rir.

 

- Rin! – chamou por fim, deixando de lado a idéia de ignorá-la, não estava dando certo afinal. A garotinha prontamente parou de cantar e olhou para ele, esperando que ele dissesse algo mais – Faça silêncio... Por favor. – acrescentou. Não que costumasse ser educado com escravos (nunca), mas apenas para que a garotinha não encarasse como uma ordem (apesar de ser uma) e não começasse a chorar, por ventura.

- Hai. – assentiu sorridente.

 

O hanyou parou de rir, de onde estava. Sesshoumaru sendo educado com uma escrava? Quem era aquele ser, e o que fizera com seu meio-irmão? Olhou para ele com se fosse um youkai camaleão disfarçado de Sesshoumaru e o encarou por um tempo com olhar desconfiado, tentando adivinhar o que se passava pela mente dele. Não sustentou o olhar por muito tempo, depois de quase ser atingido pelas navalhas mortais que saíam dos olhos do mais velho. Droga, nem ele suportava por muito tempo aquele olhar regelante e fixo sem aos menos retrucar.

- Bah. – resignou-se em seu canto, fechando os olhos e cruzando os braços, desistindo da hipótese de que seu irmão (infelizmente) não fora trocado por um ser com sentimentos.

 

oOoOoOoOoO

 

- Lorde Inutaishousama? – chamou o youkai mensageiro, curvando-se exageradamente em frente ao daiyoukai.

- Sim? – indagou, solenemente.

- Mensagem para o senhor. – e estendeu um pergaminho em sua direção, sempre com o olhar baixo.

Inutaishou tomou o pergaminho em mãos e sem cerimônia o abriu e leu ali mesmo. Depois de alguns segundos, tirou os olhos do papel com uma sobrancelha levemente arqueada.

- Bom... parece que teremos visitas... – disse, pensativo – Mas essa mensagem não deveria ter chegado ontem? – perguntou, fitando o mensageiro, após ter lido a data na mensagem.

- E-eu tive alguns contratempos e por isso me atrasei. Perdoe-me. – temeroso, ajoelhou-se com as mãos ao chão.

- Ela virá de qualquer maneira não é...? – perguntou retoricamente – Acho que não demorará muito. – disse, como se pudesse prever a aproximação da ‘visita’. Tornou a olhar o mensageiro – Pode ir agora. - mais do que rapidamente o youkai fez outra reverência e saiu do aposento.

 

Inutaishou seguiu até a grande entrada do castelo e se postou ali, não demoraria muito para que ela aparecesse, se a mensagem estava exata. Sesshoumaru viu o pai parado ali e aproximou-se, sendo sempre seguido por Rin, que incrivelmente conseguira ficar um pouco calada.

- O que faz aí? – perguntou assim que estava ao seu lado.

- Teremos uma visita....que chegará a qualquer momento.... – antes que ele pudesse terminar de falar, um pequeno grupo se aproximava, tomando o jardim e finalmente alcançando o local em que os dois inuyoukais esperavam.

Uma jovem youkai de longos e sedosos cabelos ruivos-avermelhados, presos em um largo rabo-de-cavalo e olhos de incrível tom verde-esmeralda aproximou-se de Inutaishou, com um sorriso no rosto.

- Ojisan. – falou alegre. – Há quanto tempo não venho aqui.

- Bem-vinda Ayame. Desculpe-me, se soubesse antes que viria, teria feito uma recepção melhor. – disse com um pequeno sorriso.

- Ora, sem problemas. – ao lado dela, se postavam duas escravas humanas que se curvavam e fitavam o chão. Mais atrás um youkai possuidor de frios olhos azuis e longos cabelos pretos, presos em um alto rabo-de-cavalo e trajando uma armadura, se aproximou alguns passos e fez uma rápida reverência com a cabeça.

- Oh, não sabia que Kouga, o principal general, viria com você.

- Ah, meu avô insistiu para que ele me acompanhasse. – respondeu, descontente, franzindo o cenho.

 

Kouga a acompanhou na cara de descontentamento, mas nada disse.

- Como está seu avô? – indagou Inutaishou.

- Mais mandão do que nunca. Acredito que me mandou pra cá para ficar fora dos assuntos políticos dele.

A youkai finalmente notou Sesshoumaru ao lado e a garotinha perto dele, praticamente agarrando em suas roupas com cautela. - Sesshoumaru...continua o mesmo de sempre. – seu tom não era alegre, porém – Mas por que está com uma garotinha humana? É seu novo brinquedo? – perguntou sarcástica.

A pequena Rin não gostou de ser chamada de ‘brinquedo’ e displicentemente mostrou a língua para a youkai.

- Acho que isso responde tudo. – disse Sesshoumaru, sorrindo superiormente.

 

Ayame decidiu ignorar aquilo. Kouga não pôde evitar um sorriso cínico diante da frustração da princesa. Logo ela voltou a sorrir e um brilho diferente tomou seus olhos.

- Mas ojisan... Onde está o primo Inuyasha? – perguntou alegremente.

- Achei que iria perguntar. – disse Inutaishou, sem se surpreender – Deve estar no quarto dele..

Antes que a sentença fosse concluída, a youkai passou como vento por ele, sumindo rapidamente de vista.

- Bem... – falou, depois de ser deixado no vácuo tão repentinamente – Vamos entrar.

 

[...]

 

Acabando de sair do próprio quarto, o hanyou tomava o caminho pelo corredor, caminhando sem pressa. Seria provavelmente um dia pacato, como a maioria, e procurava matar o tempo antes que o tédio o matasse primeiro. Logo o barulho de passos rápidos no chão de madeira encheu seus ouvidos. Olhou além do corredor de onde pôde distinguir o kimono rosa, de uma garota obviamente, e que vinha rápido em sua direção. “Ótimo” – pensou – “Talvez seja Kagome, que finalmente percebeu que falou demais e veio se desculpar”. Claro que ele mesmo não se convencera com esse pensamento, ainda mais depois de analisar melhor a figura se aproximando a alta velocidade. Desde quando Kagome tinha cabelo ruivo?

- Inuyashakun!

 

E essa com certeza não era a voz de Kagome.

 

Em frações de segundos ele se viu lançado ao chão com extrema violência e envolvido num caloroso abraço de urso. Assim que se recuperou da ‘queda’, abriu novamente os orbes dourados para fitar os verde-esmeralda sobre si.

- Ayame? – indagou, reconhecendo a figura – Por que está aqui?

- Uh, não está feliz em ver sua prima de novo? – disse, fazendo bico – Você está ótimo. – e deu outro de seus sorrisos brilhantes.

- Eu já não disse pra não pular em mim desse jeito? – retrucou, nervoso. Depois constatou que ainda estavam na mesma posição de um segundo atrás – Quer sair de cima de mim?

 

Ela levantou-se de cara emburrada, mas ainda feliz em rever o tão querido primo.

- Vou passar algum tempo aqui – disse sorridente, assim que ele já tinha se recomposto.

- Quanto tempo?

- Alguns dias... – disse vagamente. – Agora venha, me mostre o castelo. – e passou um braço envolta do dele, praticamente o arrastando dali.

- Mas você já conhece o castelo. – falou arqueando uma sobrancelha. Seu comentário foi facilmente ignorado...

 

[...]

- É por aqui Kougasama. – dizia a escrava enquanto guiava o youkai lobo por um corredor repleto de portas em ambos os lados. Ele a seguia, fitando entediado cada detalhe. Já havia estado ali umas poucas vezes, mas o suficiente para que não se impressionasse com mais nada que eventualmente viesse a ver. Torceu o nariz para uma litografia de cão na parede, odiava cães, e agora tinha que residir um tempo no mesmo local que inuyoukais...irônico. A humana finalmente parou em frente a uma das portas e olhou na direção dele.

- É aqui que o senhor vai ficar. Espero que seja de seu agrado. – e assim dizendo ela abriu delicadamente a porta do quarto, em seguida entrando neste e sendo logo seguida por Kouga.

 

Era um quarto simples se comparado aos outros. Havia um espaçoso futon quase ao centro, um móvel médio de madeira para acomodar itens pessoais, as paredes não eram cobertas com figuras lendárias ou estandartes e o cômodo parecia não ter sido visitado há muito tempo, pois o leve cheiro de mofo se fazia presente. Bem, ele era apenas um general, não era um lorde, príncipe ou algo parecido, então não podia pedir muito, mas ele sabia que esse não era o único motivo para ficar com o quarto.

- Quem ocupa o quarto ao lado? – perguntou à escrava.

- Ayamesama ficará nele, senhor. – respondeu, sempre de olhos no chão.

- Entendo... – certamente as ordens para isso estavam expressas na carta enviada a Inutaishou mais cedo. O avô de Ayame sempre fora muito cauteloso... – Pra mim está bom. – disse dando de ombros – Agora pode ir. - ordenou, e a escrava fez uma reverência e saiu, fechando a porta atrás de si.

 

[...]

Kagome se entretinha arrumando seu quarto: dobrando o futon, tirando o pó, colocando as coisas no lugar. Desde que fora trazida para o castelo ferida e desacordada, aquele cômodo se tornou só seu, enquanto as outras escravas dividiam um quarto grande, onde futons eram espalhados pelo chão como se fossem carpete, tornando quase impossível a locomoção pelo local. Tão distraída estava, que não ouviu passos se aproximando no lado de fora. Logo a porta foi empurrada para o lado e uma senhora com sua nuvem de cabelos brancos presos em coque olhou pra dentro do quarto.

 

- Kagome? – chamou a velha voz de Kaede, já quase dentro do quarto.

- Sim, Kaede obaachan? – respondeu, virando-se em sua direção, depois de uma leve surpresa ao ouvir a voz repentina.

- Essas são Akake e Sachiko. – apresentou duas jovens mulheres ao pé da porta, ambas de cabelos e olhos escuros e vestindo kimonos simples – Elas são servas pessoais de Ayamesama, e quando não estiverem com ela, ficarão aqui neste quarto com você. Tudo bem?

 

Kagome as fitou por um tempo, analisando e depois respondeu sorrindo:

- Claro, seremos amigas. - as duas jovens sorriram timidamente em resposta – Mas... quem é Ayamesama? – perguntou curiosa.

- Oh sim, você ainda não a conhece. Ela é sobrinha de Inutaishousama. Veio passar alguns dias conosco. – explicou Kaede, sorrindo como sempre.

 

Depois dessa breve explicação e anciã deixou as garotas sozinhas para se conhecerem. Akake e Sachiko eram meio caladas e tímidas (talvez por que ser escrava exigia discrição) mas logo se entrosaram mais com Kagome e em pouco tempo já conversavam animadamente. Elas contaram um pouco sobre Ayame. Contaram que ela era uma princesa e que seu avô era quase tão importante na região norte quanto Inutaishou no oeste. Disseram também que a jovem youkai viera passar uns tempos no castelo inuyoukai por idéia de seu avô, que não queria a neta envolvida demais em seus problemas. Mas ela não teve nenhuma reação negativa diante dessa idéia; pelo contrário, parecia ter ficado bastante feliz.

 

[...]

- Ah! Manda ele ficar longe de mim! – gritava a youkai ruiva, enquanto se escondia atrás de Inuyasha, praticamente aos prantos.

- Ele não vai te atacar. – tentava explicar o hanyou pacientemente, apesar de sua paciência já estar se esgotando.

 

Em frente a eles estava um gigante e curioso cão branco, balançando alegremente a cauda para seu dono e farejando o ar ao redor para tentar reconhecer Ayame. Bem, fora idéia dela passear pelo jardim, mas Inuyasha não imaginou que ela ficaria com tanto medo de Shiromaru, apesar deste não apresentar nenhuma ameaça no momento. O enorme cão se abaixou nas patas dianteiras, do mesmo modo que faz um filhote brincalhão quando se prepara para pular em alguém, balançou a cauda peluda e deu um latido alto, que fez Inuyasha contrair as próprias orelhas. Ayame soltou um gritinho agudo e saiu correndo dali, temendo o que o animal fosse fazer agora.

Shiromaru se animou na ‘brincadeira de pega’ e logo foi atrás da garota. Agora o que se via era uma cômica cena de uma assustada Ayame correndo e chorando de medo, enquanto perseguida alegremente por um ofegante cão gigante. Inuyasha sentiu vontade de rir daquela situação, mas precisava ‘salvar’ a prima, ou seu avô pensaria que ele a deixou ser atormentada por sua ‘mascote’ por mera diversão. Mas não deixava de ser divertido...

 

Adiantou-se e correu rapidamente à frente ao youkai cão, fazendo-o derrapar com as quatro patas no chão - levantando poeira - pra que não atropelasse o próprio dono, parou a centímetros deste. A jovem youkai parou de correr e olhou para trás, contente por finalmente ter sido salva, voltou até onde estava o primo e se postou cautelosamente atrás dele.

- Está bem Shiromaru, deixe a Ayame em paz. – falou em tom entediado.

 

O cão piscou e abaixou as orelhas, chegando com o focinho bem perto do hanyou. Perto de mais para Ayame, que soltou um gritinho abafado e enfiou a cara nas costas do haori branco do hanyou, enquanto apertava o mesmo entre os dedos, tremendo. Inuyasha afagou o a cabeça do cão, que abanou a cauda, agradecido. Depois sinalizou uma direção, e o animal sumiu em meio às árvores.

- Pronto, ele já foi. – disse, bufando.

- Você viu o que ele quase fez comigo? – gritou esganiçada.

- Ele só queria brincar. – retrucou.

- Eu não quero brincar com ele. – respondeu, contraindo os lábios numa careta de desagrado.

- Mas achei que queria se divertir no jardim. – falou, sorrindo cinicamente.

- Vamos voltar pro castelo. – ela disse, agora com a voz levemente chorosa de novo.

- Ta bom. – suspirou o hanyou, e caminhou de volta, com Ayame praticamente grudada em seu braço. Talvez não fosse só Sesshoumaru a estar sendo castigado afinal.


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Notas finais do capítulo

Ojisan: tio
obaachan: vovó



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