Just Love escrita por marcusabreu


Capítulo 2
Remember


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo fico meio... ãhm... gay demais, mas tudo bem, me lembra anime.
hauhauhau
Mandem reviews por favor!!!!!!!!
*chora muito alto*
*bate pé no chão*
Beijuxxxxxx



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Ele me mostrou onde estavam as toalhas e como fazia para ligar a água quente. Tomei um longo banho e quando sai o Kaio estava de baixo das cobertas de olhos fechados.


Quando acordei na manhã seguinte não havia ninguém no quarto e a tempestade havia dado lugar ao sol e ao olhar pela janela pude ver o reflexo da tempestade da noite anterior. Árvores caídas, carros bloqueados e quase um metro de neve onde as crianças brincavam em profusão.


Quando desci para tomar café Kaio já estava sentado a mesa se servindo de generosas porções de panqueca e cauda.


- Bom dia, bom dia! – eu disse cumprimentando a todos.


- Você dormiu bem? – perguntou Kaio ainda mastigando algumas das panquecas com um sorriso no rosto.


- Como uma pedra, parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim.


- Sente-se querido, coma. – disse Sue, a senhora que havia nos recebido na noite anterior, me servindo um prato de ovos com bacon e me puxando uma cadeira.


- Não teve nenhum pesadelo depois da cena que viu ontem – disse com um sorriso de lado meio sarcástico. E novamente fiquei vermelho como uma cereja.


Sentei-me a mesa e comecei a comer. Agora com a luz da manhã podia ver com mais clareza quem era o garoto o qual havia pegado sem roupas na noite anterior. Era magro e devia ter por volta de um metro e setenta e cinco. Lisos cabelos negros lhe caiam sobre a face em uma franja desfiada escondendo olhos muito negros e intensos. Tinha traços delicados, quase femininos, e uma pele muito branca e lisa além de lábios rosados e bem definidos. Vestia uma camiseta preta e justa de uma banda a qual não conhecia, calças azuis também muito justas e um All Star preto. Cintos e pulseiras de couro além de uma corrente prateada caindo do pescoço.


Tinha meus olhos fixos nele observando cada detalhe, e quando me dei por conta ele também me olhava de volta, como se quisesse saber o que se passava por minha cabeça. Virei meus olhos de pressa para o prato ficando vermelho novamente. Ele deu um sorrisinho de canto de boca e também virou-se para o próprio prato rosando levemente.


- Até quando vocês vão focar na cidade? – ouvi a voz do Kaio perguntar.


- Acho que até depois do ano novo. Tenho que voltar para o recomeço das aulas.


- O que você esta estudando?


- Inglês, e você? – perguntei


- Francês, mas eu já estou terminando meu curso.


- Deb disse que você estava pensando em ir morar em Toronto por um tempo para fazer um curso de inglês.


- É eu estou, eu tava até pensando em lugar um apartamento e trabalhar meio período em algum lugar. Lá é muito grande, deve ser fácil de arrumar um emprego.


- É eu imagino. Daqui a um mês eu já vou estar de volta para o Brasil. Você não sente falta de lá?


- É, bem, mais ou menos... A comida realmente me faz falta

– disse ele corando e fitando novamente seu próprio prato. Não sei por que, mas tive a impressão de ele estava evitando falar sobre sua vida no Brasil, talvez por ele ter ficado o resto do tempo em silêncio.


Logo que terminamos de comer, subimos para o quarto para escovarmos os dentes, sairíamos para dar uma volta no shopping e depois voltaríamos para jantar. Kaio subiu na frente e eu, pouco depois dele. Quando cheguei ao quarto ele estava trocando de camisa e não sei porque mas senti meu coração acelerar ao ver seu tronco magro, liso e muito branco, pálido. Talvez a lembrança da noite anterior ainda me afetasse, mas se não era esse o motivo, naquele tempo, não sabia o que mais poderia ser.


Aquele dia foi movimentado e cheio pelas compras e pelos passeios. Fomos um bonito shopping no centro da cidade, lotado pelas compras de natal de ultima hora. Sue, Cris, Deb e as crianças foram comprar presentes e roupas enquanto Kaio e eu fomos caminhar e nos encontraríamos em um hora na praça de alimentação para o almoço.


Caminhávamos e olhávamos as lojas distraídos com nossos próprios pensamentos, como se tivéssemos vergonha da presença do outro e tentássemos evitar conversar ou nos olhar. Caminhamos assim por alguns minutos até que a situação começou a ficar estranha e fomos forçados a falar.

No inicio tímidos e cada vez menos e quando nos demos conta já estávamos atrasados e deveríamos estar na praça para nos encontrarmos com os outros. Lutamos para abrir espaço pela multidão e chegar ao local combinado e mais um pouco para encontrá-los comendo em uma grande mesa:


- Até que em fim! – disse Deb – Achei que estivessem perdidos ou coisa assim!


Depois do almoço eles foram continuar as compras e Kaio e eu ficamos conversando um pouco mais sentados na mesa.


Fomos para casa pouco tempo depois e passamos uma tarde em frente à lareira. Preparamos chocolates quentes, fizemos pipoca e eu e o Kaio fomos para a cozinha fazer o tão famoso doce brasileiro: o brigadeiro. "Depois agente não sabe porque engorda" mas depois de muita pipoca, duas latas de leite condensado na forma de brigadeiro e muitas xícaras de chocolate depois, fomos para cama enquanto ainda mais neve caia do lado de fora das janelas.


Kaio foi tomar banho primeiro e quando sai do banho ele já estava deitado de baixo das cobertas, mas dessa vez de olhos bem abertos:


- No que esta pensando? – disse eu sem nem mesmo ter pensado enquanto colocava meu pijama


- Um pouco de cada coisa, boas e ruins. Você não ia querer saber! – disse com um olhar perdido. – Hei! – disse ele rindo

– Você demorou muito no banho, o que mais tava fazendo ali dentro? Você devia arranjar uma namorada!


- Ha ha ha – disse eu sarcástico – Muito engraçado garoto! Pra sua informação eu não tenho uma namorada.


- Não sei porque eu já imaginava isso


Algumas pessoas têm o poder de ler nossas mentes e adivinhar o que sentimos mesmo que nem mesmo nós mesmos não tenhamos bem certeza de o que se passa dentro de nós.


Na época eu não soube o que ele quis dizer com aquilo e talvez tenha sido melhor assim, pois algumas coisas na vida são predestinadas a ser não importa o que façamos.


A véspera de Natal nunca havia parecido tanto com a dos filmes, quando eu desci e vi a casa toda enfeitada, uma enorme árvore (de verdade), e as meias sobre a lareira. Na cozinha havia gemada, tortas esfriando e um delicioso cheiro de peru. Sue me disse que iríamos sair novamente perguntou se eu não queria ir, mas antes que eu pudesse responder uma voz atrás de mim respondeu "nós vamos!".


Fomos a outro grande shopping e enquanto eles faziam compras eu e Kaio fomos dar uma volta e acabamos por nos sentar na praça de alimentação.


Não demorou muito para descobrirmos que tínhamos muita coisa em comum. Ele na verdade era de uma cidade vizinha a minha, São José dos Pinhais, e eu morava em Curitiba. Ele também fora mandado para cá pouco depois de começar a faculdade, dois anos para ser preciso, fazia faculdade de letras e pedagogia, o que era muita coragem da parte dele pelo pouco dinheiro que a maioria dos professores recebe. Disse que não se importava com dinheiro e embora isso nunca tivesse sido um problema pra ele, eu podia ver em seus olhos que era verdade.


Sim seus olhos... Eles me chamaram atenção a certo ponto da conversa sobre nossos futuros, eram negros e profundos como o mar e ao mesmo tempo claros como a água pura, como se eu pudesse ver dentro deles. Mergulhei neles assim como em meus pensamentos e quanto mais lutava para me livrar da maré que me arrastava mais para o fundo eu era tragado...


- Rafa! Ta me ouvindo? – disse o outro sacudindo a mão em frente aos meus olhos com cara enfezada.


- Ah, disculpa, disculpa me distrai – disse com a cara corada que ele já conhecia.


- As vezes você começa a "viajar". É estranho. – disse ele rindo e rindo mais ainda quando notou que eu rosara. "Maldita pele branca!".


- Ahhhh discupa!...


- Tudo bem, eu te perdôo, mas com uma condição: você tem que me dizer em que pensa enquanto fica "perdido" olhando pra mim.


Eu realmente penso que alguém em condições normais não deveria ficar tão vermelho assim. Mas convenhamos aquela não era uma condição normal e eu muito menos era uma pessoa normal.


- PORQUE VOCÊ FICA ME FAZENDO FICAR VERMELHO!? Até parece que você gosta de me ver sem graça! – "Garoto chato quem ele pensa que é?!".


- É que você fica tão engraçado desse jeito – disse abafando uma risada e apontando para minha cara.


O tempo passou rápido e logo já estávamos indo para casa para o jantar.


Quando chegamos, as crianças foram direto levar os presentes para baixo da árvore e nós dois subimos tomamos banho e assistimos um pouco de TV no tempo que esperávamos os outros terminarem de se arrumar e enquanto isso ouvimos os sons aumentarem onde os convidados começavam a chegar. Pouco a pouco a grande sala foi se enchendo de parentes e amigos sorridentes com seus suéteres vermelhos segurando taças de vinho enquanto as crianças corriam ao redor.


Descemos pouco depois quando Sue veio nos chamar em nosso quarto dizendo que queria nos apresentar a alguns amigos e o resto da família. Acho que foi a coisa mais chata que fiz dês de que cheguei à casa deles mas fiz de bom grado e a julgar pelo sorriso amarelo do outro acho que ele concordaria comigo.


Por sorte a "tortura" não durou muito e logo o jantar foi servido como se para nos recompensar por nossa paciência. Tudo que se podia imaginar para uma ceia de natal havia naquela mesa: tortas, peru, assados, pernil, macarrão saladas e mais uma dúzia de coisas que eu não tinha certeza de o que eram, mas pareciam extremamente gostosas. E meio que sem cerimônia me servi de um pouco de tudo até de algumas daquelas coisas que eu não sabia o que eram.

Totalmente satisfeito passei mais alguns minutos na sala e pedi licença e subi para o meu quarto. Tomei banho, coloquei o pijama e deitei na cama sabendo que essa noite duraria para sempre.


Toda a saudade que eu sentia antes e que havia meio que esquecido nesses últimos dias parecia ter voltado com ainda mais força parecendo um animal faminto roendo minhas entranhas e dilacerando minha alma.

Os natais na minha casa eram muito diferentes. Nunca foram tão numerosos já que não tínhamos muitos parentes por perto. A maioria deles morava no oeste de SC com suas próprias famílias e suas próprias festas de natal e meus avós já haviam morrido não nos restando muitas opções. Mas mesmo assim duvido que pudessem existir natais mais lindo do que os nossos.


Lembro-me de um, há alguns anos atráz, eu tinha por volta de 16 e meu irmão acabara de passar na faculdade e ganhara um carro de meus pais. Não preciso dizer como ele estava feliz, ou pelo menos parecia.

Todos os natais em minha casa eram muito parecidos como uma tradição que nenhum de nós ousava quebrar. Nós jantávamos, trocávamos presentes e ficávamos conversando na varanda recebendo a brisa fresca da noite e refletindo sobre o ano que chegava ao fim. Quando nossos pais foram dormir meu irmão me puchou pela mão e me levou para o carro para darmos uma volta, dizia ele que queria ver as luzes de natal. Meia hora depois paramos em uma curva da serra, perto de um desfiladeiro de onde podíamos ver o céu e as estrelas:


- Rafa... Você é feliz? – a pergunta me pegou de surpresa, voltei meu rosto para o dele que continuava a olhar as estrelas.


- Ãhm... O que? Como assim?


- É, isso mesmo, você é feliz? Sabe... Do jeito que você é?


- Não sei – disse eu vacilante, então ele se virou e olhou para mim – acho que sim.


- Sabe Rafa – disse ele- tudo que se consegue na vida é furto do que fazemos. Nossos fracassos são frutos de nossas fraquezas e nossas vitórias são fruto de nosso esforço e de nossa coragem, é preciso acima de tudo coragem para enfrentar os obstáculos que aparecem em nosso caminho. Você nunca deve ter medo de enfrentar quem quer que apareça em seu caminho, pois eu não estarei sempre aqui para protegê-lo e orientá-lo. Sempre deve buscar sua felicidade mesmo se tiver que ir contra tudo e contra todos. Mesmo que ninguém acredite em você. Não cometa o mesmo erro que eu cometi...


Ao dizer isso uma lágrima solitária lhe escorreu pela face fazendo-o fechar os olhos.


A lua iluminava seu rosto como se acariciando sua pele enquanto as estrelas dançavam em seus olhos agora abertos. Parecia perdido, mas não me deixava enxergar mais profundo em sua alma. Seu olhar perdido no horizonte parecia tão triste, tão solitário, tão confuso... Tão bonito!


Eu o abracei também beijando-lhe a face:


- Por que esta me dizendo isso?!


- Um dia você vai entender. Apenas não quero que você cometa os mesmos erros que eu cometi – e me abraçou forte, mais forte do que jamais me abraçou – Prometa-me que sempre terá orgulho de si mesmo, não importa o que houver!


- Prometo! Prometo!


- Ah meu irmão, eu te amo tanto, apenas quero que você seja o melhor que puder. Queria poder te proteger de tudo, mas não posso.


- Irmão... Eu serei. Eu também te amo!


E agora deitado naquela cama, era o que estava fazendo, correndo atráz de meu sonho. Por que não me sentia completo? Por que não me sentia feliz?


Uma respiração tênue me tirou de meus devaneios me trazendo de volta à realidade. Kaio estava parado sob o batente da porta... Com os olhos fixos em mim! O que ele estava fazendo? Virei-me para ver melhor e ele desviou seu olhar para o chão murmurando "desculpe".


A dúvida tomou lugar da saudade e o sono tomou lugar da dúvida. Só acordei na manha seguinte com o grito das crianças a abrirem os presentes de natal.


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Notas finais do capítulo

MANDEM REVIEWSSSSSSS!!!!!!!!
TO MANDANDO EIN!



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