Reverie escrita por Zyzi


Capítulo 8
Jogos de azar


Notas iniciais do capítulo

Olá! alguém ainda aí? vou deixar vocês lerem e nos falamos nas notas finais.



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Corri pelas escadas até chegar à porta em dúvida se abriria ou não. Acabei respirando fundo e girando a maçaneta para encontrar um Jacob encostado no batente, com um aspecto não muito feliz, eu diria... Cansado.

— Oi. — sussurrou enquanto olhava para mim, não sei por que, mas não conseguia responder apenas o olhava estática na porta.

— Oi.— foi o que consegui dizer quando finalmente caí em mim.

— Será que... eu posso entrar?— Jacob perguntou enquanto coçava a nuca, em um claro gesto de desconforto.

— Claro!— cedi espaço para que ele passasse pela porta, para só então reparar em como ele estava.

Jacob estava com uma bermuda surrada, no entanto não era a mesma que estava quando nos encontramos no incidente de outrora, descalço e seus cabelos respingavam um pouco de água. Provavelmente deve ter havido uma chuva leve, já que em Forks isto era comum. Deus! Ele estava ensopado.

— Jacob, Você está ensopado! Venha vou arranjar uma toalha pra você. — puxei sua mão enquanto ele me olhava confuso.

Corri escada acima o levando comigo, procurando por uma toalha em meu closet, comecei a enxugá-lo, enquanto sentava-o em minha cama.

— Onde está com a cabeça! Não pode ficar andando por aí no meio da chuva, olhe só como você está?— ralhei enquanto passava a toalha por seus cabelos, e ele apenas riu de uma forma contida.

— Do que está rindo Jacob Black?— irritei-me.

— De você. — fiquei confusa e acho que ele percebeu, já que não tardou a se explicar.— Eu sou um lobo Ness, do que você tem medo, que eu me gripe? Acho que isso não vai acontecer.— virou-se para mim com uma face divertida.

Dizer que me senti envergonhada seria um eufemismo, eu queria enterrar-me em um buraco e só reaparecer daqui alguns séculos, o que havia passado pela minha cabeça? Jacob assim como nós era um ser sobrenatural, mas na maioria das vezes acabava por me esquecer disso, talvez por ele ser o mais próximo de humanidade com que convivia, ele parecia ser... Normal.

Não percebi que o silencio tinha se instalado ali, minhas bochechas deveriam estar em chamas de tão envergonhada que me sentia, evitei olhar para ele deixando minha cabeça baixa, enquanto deixava a toalha do outro lado da cama.

— Hey! Não precisa se sentir envergonhada.— disse enquanto segurava meu queixo, levando meus olhos aos seus.— Não é como se eu não tivesse gostado. Por mim você poderia fazer isso por todo o sempre se assim quisesse. — sussurrou.—  É  bom saber que se preocupa comigo. Mesmo que seja pelo motivo errado, afinal não é uma garoa que vai me derrubar.

Acabamos gargalhando com isso, essa com a mais absoluta certeza era a situação mais constrangedora e cômica que eu já passara em toda minha vida, rimos até Jacob parar e se concentrar em meu rosto, seu semblante ficou triste.

— Me desculpe, hoje mais cedo eu...—  Eu não acreditava, ele estava se desculpando.

— Não precisa!— Calei-o com as pontas dos dedos em seus lábios.— Jacob, eu agi de forma grosseira e totalmente infantil hoje, se alguém aqui tem que se desculpar, esse alguém sou eu.— ele estava surpreso.— Jacob Black, você me perdoa por ser uma criança mimada e imatura e por não ter me esforçado para entender seu ponto de vista? Sei que você se importa comigo e eu também me importo com você.

— Nossa... seu discurso de desculpas é infinitamente melhor do que o meu.  — gracejou.

— Jake! É sério. — enfadei-me — Não tente minimizar as coisas, por favor, eu fui muito desagradável.

— Eu já tinha te desculpado no momento que a vi na porta, sabia que é impossível resistir a esse seu jeito de olhar, senhorita Cullen? — estranhamente me senti envergonhada pela intensidade que ele colocava naquela simples frase, ou seria coisa da minha cabeça.

— Especialmente quando fica assim... corada. Será que sabe o quanto é linda? — disse enquanto deslizava a mão por meu rosto, e aquilo de certa forma de desconcertou. Nossa! Eu estava um pouco confusa. Pigarreei.

— Então!  Já que voltamos às boas. Será que eu ganho um abraço? — perguntei.

— Não precisa nem pedir!— ele me abraçou, e era reconfortante aquela sensação, Jacob era uma parte importante de minha vida e isso era incontestável.

Ficamos ali em meu quarto abraçados por um bom tempo, às vezes um gesto de carinho é capaz de superar qualquer tipo de situação, naquele momento um abraço representava tudo o que éramos um para o outro. Até Jacob quebrar aquele silêncio.

— Eu não quero estragar nada, mas onde estão seus pais? Não acredito que está sozinha!

— Eles foram caçar. E sim Black, eu estou sozinha. Qual a surpresa?

— Não é sempre que uma princesa fica sem sua guarda hã? É perigoso. — riu, enquanto nos separávamos.

 — Muito engraçado. Fique sabendo que eu sei muito bem me defender, não sou uma donzela indefesa! — dei um tapa em seu braço.

— Mesmo assim não posso deixa-la sozinha, isso quer dizer que tenho a obrigação de lhe fazer companhia, até que eles cheguem.

— Uh! Então quer dizer que você foi de lobo alpha a dama de companhia em menos de doze horas?— zombei.

— Eu prefiro chamar de guarda costas, soa mais másculo.— dessa nem eu consegui me conter e acabamos gargalhando.

— Hey! Não quero ser chato, mas é melhor nós sairmos daqui. Edward não vai ficar nada satisfeito em encontrar um cara na cama de sua filhinha.— gracejou.

— Ah! Para Jake, também não é assim. Você não conta!— ri.

— Nossa! Nessie, assim você fere meu ego sabia? Vou acabar ficando traumatizado. O que você pensa de mim?

— Não! Não foi o que eu quis dizer...— tentei me retratar.

— Para Nessie, eu estou brincando. Vamos para a sala, porque eu conheço o sangu... Edward.

— Tudo bem chefe! — brinquei para afastar a situação constrangedora que há pouco havia se instalado. — Mas já aviso que eles costumam demorar e você vai acabar se cansando de me acompanhar.— avisei enquanto descíamos as escadas.

— Eu nunca vou me cansar de você Renesmee. Acredite!

— Voce que não pode duvidar de minha capacidade de entediar alguém, eu posso ser muito cansativa meu caro!

Sentamo-nos no sofá e ali se instalou um silencio perturbador, aquilo estava se tornando quase constrangedor.

— Está vendo como pode ser chato me fazer companhia?

— Ah sério! Nós podemos inventar uma forma de passar o tempo até papai e mamãe urso chegarem.— rimos da situação—  Que tal perguntas e respostas?

— Prefiro assistir tv. — Jacob fez uma cara desgostosa. — Tudo bem! Vamos lá. Eu topo! Você começa.

— Por que não ir a  La Push?— suspirei pesarosa, e lá íamos nós de novo.

— Por causa do tratado. Nada de vampiros lembra!

— Você não é uma.

— Mas não o deixo de ser. Minha vez.— adiantei-me. — Porque não vai as festas que é convidado? — resolvi pegar leve, mas aquele jogo acabaria por me ajudar a suscitar algumas duvidas.

— Por que lá não tem nada que me interesse.— respondeu olhando em meus olhos, e sorriu.— agora sou eu! Quem é Josh? E o que ele é?— Por favor, aquela história de novo não, aquilo já estava passando dos limites da implicância infantil.

— Foram duas perguntas! Isso não vale. —  revirei os olhos.— Não vou responder! Vocês estão passando de qualquer limite com essa história.

Nunca tinha visto tamanha implicância, primeiro de minha família, agora até mesmo Jacob! Aquilo já estava indo longe demais, e já tinha perdido qualquer graça. A intenção de todos era mesmo me constranger.

Todavia Jacob não parecia estar se divertindo com aquilo, parecia até um pouco sério demais, naquele ponto já era para ter caído em gargalhadas enquanto zombava de mim. Afinal não era aquilo que todos faziam?

— Tudo bem. Vamos esclarecer isso de uma só vez, não aguento mais explicar essa situação. — Bufei.

— Joshua Collins. Meu parceiro de aula no ultimo ano que frequentei, divertido, mas surpreendentemente orgulhoso e irritadiço, uma criança em um corpo adolescente, que aparentemente gostava de me ter por perto. — falei de uma vez. — Nada de mais! Se não fosse uma família obstinada em me envergonhar. Tudo resolvido?

— Sim. Sua vez. — ele estava estranho.

— Ah! Eu não quero mais brincar, não é muito divertido.— embirrei.

— Vai dizer que não tem nada que queira saber sobre mim.— disse.

— Não. Se houvesse algo que fosse de meu interesse, voce já teria me contado, não há motivo algum para esse tipo de interrogatório.— refleti.

— Bom saber que não se interessa nenhum pouco por minha vida.— Jacob ironizou.

— Claro que me interesso e me importo, a questão é que há coisas que são exclusivamente da individualidade de cada um, o fato de ser sua amiga não me dá o direito de esmiuçar cada partícula do que pensa ou sente.— coloquei de forma branda.— As vezes o que pensamos é de tamanha complexidade que nem nós mesmos podemos compreender, que dirá explicar a outro. Infelizmente não há uma ciência exata para a personalidade de cada um. — Jacob apenas me observava.

— Você é tão madura e racional que nem parece uma garota norma...— Jacob não completou sua fala, percebendo onde seu raciocínio chegava.

— Normal Jacob. Pode falar! Não pareço por que não sou. E esse é o ponto central. — Falei enquanto me levantava do sofá em que estávamos e ficava de costas pra ele.

— Nessie... Não foi o que eu quis dizer. — sussurrou constrangido de onde estava.

— Eu sei. Mas o seu raciocínio é simples e absolutamente correto.— eu me virei novamente em sua direção. — Jacob, eu não sou como as garotas que frequentam a mesma universidade que você... e também não sou como minha família. Este é o grande dilema: o que eu sou? Onde eu me encaixo? Quem eu sou de verdade? O que eu quero?— vi a confusão que se formava no semblante de Jacob.

— Eu não sei Jacob... eu não sei, você não sabe, ninguém sabe!— eu ri.— caramba! Eu nem sei o que realmente quero, sempre tomaram decisões por mim e... eu me sinto perdida.— sussurrei enquanto me sentava em sua frente no chão e observava sua face perplexa.

— Não é isso que todos querem saber? Como eu me sinto. Agora você sabe.— sorri sem nenhum humor.

— Nessie, eu... não sei o que dizer, o que fazer eu...—  Ele me tomou em um abraço forte e reconfortante.— Eu só queria poder te proteger e afastar todos esses pensamentos que te rodeiam. Estar perto. — sussurrou em meu ouvido.

— Será que você não se vê! Você é perfeita, o melhor que há entre os dois mundos, e cada vez mais concordo com Bella, você é um milagre em nossas vidas.— disse enquanto segurava meu rosto em suas mãos.— Eu não posso e não vou aceitar que pense isso de você mesma. Você é a garota mais doce, inteligente e prestativa que eu já conheci. Você tem razão quando diz não ser igual a ninguém, não há normalidade nem palavra que defina tudo o que você é.

— É só uma casca Jacob... — me desvencilhei de seus braços.

— Não! Não é. Eu sei.— disse enquanto se aproximava de minhas costas.

— Você não sabe, nem eu mesma sei...— virei-me em sua direção.

— Porque você fala assim?

— É a verdade!

— Não. Não é!— negou.

— O que voce sabe sobre mim Jacob? Sei que me conhece desde sempre, mas... eu não sei parece... eu realmente não sei...— sorri sem graça.— é... estranho. Você está sempre por perto de mim... de nós. — sussurrei.— Não é natural.

Ele se afastou enquanto passava as mãos pela cabeça, em um claro gesto de desconforto.

— Por que não é natural Renesmee?— se aproximou.— Olha eu não sei o que está acontecendo com você. Se é uma crise de adolescência, algo parecido, ou sei lá o que. Eu sei é que não gosto dessa auto depreciação, e sei que estou por perto simplesmente porque quero e gosto. Gosto de falar e principalmente estar com você!— enfatizou.— E eu quero que se dane o que é ou não natural, e isso é o suficiente para mim... o que eu sinto, nunca preciso de mais respostas. Me diga: é o suficiente pra você?

Ele parecia tão convicto do que dizia, que seria um crime contestar tal fato, mas, por qual motivo eu não me sentia tão confiante?

— Sim... quer dizer eu... eu não sei.— refleti em voz alta.— eu... me perdoe.— desculpei-me enquanto o abraçava em um impulso.— eu estou confusa. Não vamos mais falar sobre isso hã?— pedi enquanto me agarrava a seu pescoço. — Você é uma das coisas boas que eu tenho Jake... Só fique por perto sempre.— sussurrei.

— Por todo sempre Nessie.— prometeu-me enquanto seus dedos emaranhavam-se por meus cabelos.

Por mais estranho que tudo aquilo pudesse parecer, estar com Jacob fazia com que me sentisse protegida. Após todos aqueles anos vivendo longe de Forks, estar ali fazia com que eu ficasse segura, como se tudo se encaixasse em um sincronismo universal, e meu amigo sem duvida fazia parte daquela realidade em que me sentia em paz.

Depois do jogo da discórdia e toda aquela conversa que havíamos tido, Jacob e eu ficamos apenas assistindo TV enquanto implicávamos um ao outro e esperávamos meus pais, enquanto isso pedi para que ele tentasse manter segredo sobre o que havíamos falado e minhas confusões mentais, não seria agradável ter que lidar com meus pais, ele aceitou com uma condição, no entanto não me disse qual, sob o pretexto que falaria apenas no momento certo. Seja qual fosse, eu aceitaria de bom grado.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo está longe de estar bom, eu sei, mas ele já está pronto há séculos e eu ainda não consigo achá-lo razoável. Sei que não interessa a ninguém, mas a minha vida estava uma confusão até pouco tempo atrás, então por isso eu me afastei da escrita e estou voltando apenas agora e vou precisar me reconectar a fic e seus rumos, peço mil desculpas e prometo que tentarei postar nem que seja uma vez ao mês e finalizar a história, mais uma vez, perdoem-me pela demora. bjs!