E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 7
So this is where you fell


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa a demora. Foi a semana final da facul, beeem complicada.
Não tive tempo para nada, incluindo responder reviews, mas li e amei TODOS.
Curtam esse capítulo que ficou LINDO na minha opinião.



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Mayara bufou, nervosa pelo atraso de Maurício. Ela tentava ligar para o amante, mas logo caia na caixa postal. Começou a caminhar para longe da Casa Verde, para que ninguém ficasse se perguntando o que ela fazia parada em uma ruela.

Após algum tempo andando, percebeu que estava diante do Kim Park, o original. O lugar era bem maior e mais bonito do que quando era criança, na única vez que havia estado ali, para o aniversário de Bento.

Bento... Depois que o garoto havia ido morar com Wilson, voltara poucas vezes para a Casa Verde, mas nunca mais procurara Mayara ou Giane. Ele ia, via Gilson e Salma, e depois ia embora com o pai e os irmãos.

_ Olha, eu não devia fazer isso, mas... Mulher bonita tem ingresso de graça, se aceitar que eu seja o guia. – a jovem se virou, pronta para rebater, quando viu quem era.

_ Bento? – perguntou Mayara, reconhecendo o amigo de infância. O cabelo estava mais curto, lhe dando um ar de playboy. O rapaz a encarou curioso, avaliando o rosto dela.

_ Mayara? – perguntou, surpreso. Ela sorriu largo, sendo retribuída para ele – Meu Deus, Mayara.

Se abraçaram apertado, como faziam quando crianças. Por um momento, a moça esqueceu que estava indo encontrar o amante, que estava traindo a irmã, que estava com raiva dos pais adotivos. Se sentia protegida e segura, como quando ela e Bento ficavam ao redor da árvore que haviam plantado.

_ Meu Deus, quando tempo. – sorriu o rapaz, analisando a jovem – Você sempre foi linda, mas está ainda mais.

_ E você então. Tá aí todo chique, cheio de roupa de marca, corte de cabelo estiloso... – ela avaliou Bento – Realmente virou um Rabello.

_ E você? Agora é Amora do que?

_ Na verdade, é Mayara de Sousa. – ela sorriu para ele, que vincou a testa – O Silvério e a Samara me adotaram, poucos dias depois que você foi embora. E bom, meu nome é Mayara, é quem eu sou. – a garota sorriu para ele, parecendo meiga.

_ O tio Silvério? – ela confirmou – Quantos anos que não tenho notícias dele.

_ Você nunca mais apareceu depois que seu pai te levou embora. – bronqueou Mayara – Quer dizer, até apareceu. Mas nunca foi atrás de ninguém.

_ É complicado explicar. – garantiu o jovem empresário – Bom... Que tal entrarmos no parque? Como eu disse... Mulher bonita não paga, mas só se eu puder ser o acompanhante.

_ Vai ser um prazer.

~*~

Maurício bufou irritado, dando um soco no volante. Havia pegado um congestionamento infernal na marginal Tietê, e acabara se atrasando para chegar até a amante. Tentou ligar, esperou um pouco, deu algumas voltas, mas não a encontrou. Concluiu que ela teria voltado para casa e resolveu ir até lá. Não poderiam ir ao motel, mas talvez pudesse trocar alguns beijos com a namorada.

Ouviu o apito do celular e desviou os olhos da rua, procurando-o no console do carro. Não viu o sinal de pare, nem o carro que apareceu no cruzamento. Só o percebeu quando ouviu a buzina e ergueu os olhos. Pisou no freio depressa, mas já havia se chocado com o outro veículo.

_ Ai meu Deus. – gritou, abrindo a porta e saindo depressa. Deu a volta no carro, indo para o lado do motorista e abrindo a porta. A motorista, uma jovem que devia ter a sua idade, estava atordoada, piscando lentamente – Você está bem?

_ Minha cabeça tá doendo. – a jovem reclamou. Maurício abriu o cinto, a pegando no colo. Deu a volta, colocando-a no banco do passageiro do seu carro. Tirou o dela da rua, o estacionando e trancando. Correu de volta para o seu carro, dando partida e pegando o caminho para o hospital mais próximo.

~*~

_ Meu Deus Bento, esse lugar é realmente enorme. – riu Mayara, quando sentaram para comer cachorros-quentes – As outras filiais são assim também?

_ Um pouco menores, mas são bem movimentadas também. – Bento sorriu para ela – É difícil administrar um negócio tão grande, se quer saber. Sorte que somos em cinco... Acho que sozinho, meu pai não teria dado conta.

_ Vocês dois parecem se dar bem melhor agora. – comentou Mayara.

_ Ele não é aquele cara mau que nós víamos. Meu pai sofreu muito na época que eu nasci, sabe? Minha avó, mãe da minha mãe, separou os dois. A mãe dos meus irmãos, a Damáris, ela armou para que isso acontecesse. Mas a minha avó caiu nessa, e afastou meus pais. Minha mãe estava bem doente, e bom... Morreu logo que eu nasci. E então a mãe dela me entregou para o seu pai, lá na rodoviária, e disse para o meu pai que eu tinha morrido com a minha mãe.

_ Isso é horrível.

_ Eu sei... Meu pai sofreu muito, fundou esse parque com o dinheiro da Damáris e bom... Ele não era exatamente um bom pai ou bom marido, ele era muito focado no trabalho e fechado em sua dor. Até que ele descobriu que eu estava vivo. – Bento sorriu largamente – Ele se separou da mulher, claro, quando descobriu tudo que ela havia feito, mas ele se tornou um ótimo pai. Ele deu muito amor e carinho para nós quatro, sempre nos trazia para cá. E foi natural que, primeiro eu e Tito, depois Mel e então Vinny, pegássemos o gosto pela coisa. Acho que eu tinha 16 quando nós o ajudamos a fundar o segundo Kim Park, que é o Tito Park. Depois veio o Mel, o Vinny... E com os outros quatro, brincamos com nossos nomes.

_ Parece ser uma ótima família. – garantiu a jovem, e Bento lhe deu uma leve ombrada.

_ Você também não pode reclamar Mayara. Silvério, Samara e Giane? Quer família melhor do que essa? – perguntou o Rabello – Aposto que vocês são muito felizes.

_ Eles são ótimos, mas é tudo muito difícil. Todos trabalhamos muito, e muito duro, para conseguir manter a casa. – admitiu, fazendo seu melhor olhar de pena – E eu perdi meu emprego recentemente, e não sei o que fazer. A coitada da Giane trabalha de dia e vai começar a trabalhar de noite, o meu pai já devia estar se aposentando, mas está sempre pegando turnos extras na rodoviária.

_ Tem algo que eu possa fazer para ajudar? – perguntou Bento, surpreendendo a si mesmo. Não que fosse um cara sem coração, mas não era ligado nos problemas dos outros – Digo... Eu posso conseguir um emprego para você aqui no parque, lá na administração. Talvez como secretária. E se vocês estiverem com problemas, eu tenho uma boa poupança. Nada mais justo, considerando que foi seu pai que me levou para o lar do meu tio.

_ Não poderíamos aceitar Bento. – Mayara desviou os olhos – Digo... Você me arranjar um emprego só porque somos amigos?

_ Não há mal algum nisso. – garantiu o rapaz – Nós vamos falar com o meu pai agora. Eu e o Vinny estamos precisando urgente de uma secretária, só a do meu pai não dá conta de ajudar os cinco.

Ele puxou Mayara pela mão, correndo pelo parque. Ela tinha um sorriso meigo no rosto, mas por dentro já começava a fazer planos.

~*~

_ Sr. Vasquez? – o médico chamou, aparecendo no corredor – A moça está bem. Está apenas com um corte na testa, que precisou de pontos falsos. Mas já podem ir embora.

_ Obrigado doutor. – Maurício apertou a mão do homem, vendo a jovem sair pelo corredor – Sinto muito por isso.

_ Deveria ter prestado atenção ao trânsito. – reclamou ela, o encarando. Franziu o cenho, curiosa – Maurício Vasquez?

_ Malu Campana. – ele sorriu – Como não te reconheci antes?

_ Talvez porque estivesse desesperado por ter batido no meu carro. – ela sorriu irônica, mas logo ficou preocupada – Cadê meu carro?

_ Eu deixei estacionado lá... Tranquei e tudo, fique tranquila. – explicou Maurício, entregando a chave da moça – Bom, vamos para lá. Pegamos seu carro e vamos para uma oficina, e mandamos arrumar. Não precisa acionar o seguro, eu pago sem hesitar.

_ Fique tranquilo Maurício, eu tenho dinheiro.

_ Mas eu causei o acidente. – ele continuou, enquanto saiam do hospital – Mas me diga... O que fazia na Casa Verde?

_ Fui encontrar o meu irmão... Lembra do Fabinho? – o rapaz assentiu – Ele foi lá visitar o casal que cuidava dele antes do meu pai encontrá-lo. Aí a mulher, a Salma, convidou ele para almoçar, e como íamos almoçar juntos, ele me chamou.

_ Droga, eles devem estar preocupados. – comentou Maurício, pegando o celular – Tem o número da minha namorada, a Giane... Liga para ela, que ela conhece a Salma e o Gilson. Pede para ela avisá-los que estamos a caminho.

_ Giane? Porque só tem ligações para essa tal Mayara? – Maurício corou e desviou os olhos – Bom, isso não é da minha conta.

_ Eu agradeceria se você pudesse não falar nada sobre isso. – pediu o rapaz, e Malu deu de ombros – Não é da minha conta.

Ela discou, logo começando a falar com Giane. Maurício voltou sua atenção para a rua, desviando dos grandes olhos azuis de Malu, e lembrando do dia em que conheceu Giane e Mayara, quando pichava esses mesmos olhos azuis no muro da Casa Verde.

~*~

_ Nossa, obrigada por ligar de volta depois de quarenta minutos. – Giane atendeu a ligação do namorado, irritada.

_ Hã... Não é o Maurício. – uma voz feminina fez o sangue de Giane ferver – Aqui é a Malu, o Maurício bateu no meu carro. Eu estava indo para a casa da Salma e do Gilson, almoçar com eles e o meu irmão, o Fabinho. Mas depois do acidente fomos para o hospital, e eu to sem o meu celular. Eles devem estar preocupados. O Maurício disse que eu ligasse para você, e pedisse que você os avisasse que nós estamos a caminho.

_ Oh meu Deus, mas o Mau está bem? Você está bem? – perguntou a jovem, aflita.

_ Sim, seu namorado não se machucou. Eu estou com um pequeno corte, mas nada sério. – garantiu Malu – Bom, em vinte minutos devemos estar aí.

_ Tudo bem, eu aviso. Obrigada. – Giane desligou o celular, correndo para fora de casa e se dirigindo para a casa de Salma e Gilson. Não havia ido para a Para Sempre, já que Charlene ligara dizendo que não precisavam dela lá.

_ Ah, Giane, é você. – Salma parecia desapontada. Giane viu Fabinho aparecer na sala, com o celular na orelha.

_ A sua irmã ligou pelo celular do meu namorado. Eles bateram os carros e foram para o hospital, mas o celular dela ficou no carro dela. Eles já estão chegando aqui, e estão os dois bem. – disse num fôlego só, vendo Fabinho suspirar aliviado.

_ Obrigada querida. – Salma abraçou a jovem, suspirando – Estávamos aflitos pela falta de notícias. Entre, por favor.

_ Mas ela está machucada? – perguntou Fabinho, preocupado.

_ Pelo que ela disse, apenas um cortinho. Mas não sei mais detalhes. – Giane explicou – Ela disse que em meia hora estarão aqui.

_ Ótimo, e então você e o Maurício almoçam conosco. – sorriu a mais velha – Vou terminar o almoço.

Ela saiu, deixando os dois jovens sozinhos. Fabinho sentou no sofá, enterrando o rosto nas mãos e suspirando aliviado. Giane sentou ao seu lado, colocando a mão em seu ombro, e lembrando de uma acontecimento da infância de ambos.

Fabinho estava sentado em um banco da praça, de noite. Ele observava a lua, pensativo, abraçado aos joelhos. Giane estava marchando para sua casa emburrada, após Bento tê-la ignorado mais uma vez por conta de Mayara e da tal árvore dos dois. Porém, ao ver o amigo, foi ao seu encontro.

_ Fazendo o que fraldinha? – perguntou, sentando ao seu lado.

_ Não te interessa maloqueira. – rosnou o garoto, fazendo Giane bufar – Você não devia estar babando no Bentinho? Afinal, é aniversário dele e todos estão fazendo isso, porque ele não pode ir ao parquinho.

_ Ele está com a Mayara. – reclamou a menina, encarando a lua – O que tem de tão interessante lá? Que você está olhando tanto?

_ Eu tava pensando nos meus pais. – admitiu ele, em voz baixa – Amanhã é meu aniversário, sabe? E bom... Eu fui falar com a Odila, perguntei da minha mãe. Ela disse que minha mãe a procurou uma vez, perguntando de mim. Mas... Porque ela nunca veio atrás de mim? Ou o meu pai? Porque os dois me abandonaram, se ela quis saber de mim depois? Era nisso que eu tava pensando, olhando para a lua.

_ Bom, já me falaram que podemos fazer um pedido para a lua. Porque você não pede para eles te encontrarem? – perguntou Giane, vendo Fabinho assumir um ar pensativo.

_ Você acha que isso funciona?

_ Bom, não custa tentar. – ela deu de ombros – Faz assim: fecha os olhos e segura minha mão.

_ Eca, cê quer que eu te dê a mão?

_ Claro, tudo que eu mais quero é segurar essa mão suja. – Giane bufou – Eu vou fazer que nem a minha mãe faz. Toda noite, quando eu vou dormir, ela me dá a mão e reza comigo. Aí, ela diz para eu fazer um pedido para a lua.

_ E o que você pede? – perguntou Fabinho, curioso.

_ Para o Timão ir bem nos jogos, claro. – a garota revirou os olhos – Anda, dá a mão.

Ele segurou as mãos da garota, os dois fechando os olhos. Giane foi dizendo a oração em voz alta, e Fabinho acompanhou alguns pedaços, já que nunca havia aprendido a rezar direito. Quando ela disse amém, os dois abriram os olhos.

_ Agora pede para a lua. – ela sorriu, vendo-o encarar o céu e sorrir também.

_ Tá pensando no que pivete? – perguntou Fabinho, tirando-a dos seus devaneios.

_ Quanto tempo depois do seu aniversário, o Plínio apareceu aqui? – perguntou a moça e Fabinho franziu o cenho.

_ Dez dias, acho. Por quê?

_ Seu pedido para a lua se realizou. – ela disse simplesmente, antes de se levantar – Vou ver se a tia Salma precisa de ajuda.

O rapaz franziu o cenho, forçando a memória. De repente, um sorriso iluminou seu rosto.

_ Eu quero uma família, a minha família. – ele fez o pedido, encarando a luz no céu. Sentiu Giane apertando sua mão e a encarou – Gostou de segurar minha mão maloqueira?

_ Vai se catar fraldinha. – ela soltou a mão dele, levantando – Espero mesmo que seu pedido se realize. Assim você me deixa em paz.

Ela saiu batendo o pé, e Fabinho ficou rindo. No dia seguinte deixaria que ela lhe vencesse no futebol, só para desemburrar.


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Notas finais do capítulo

Benmora sendo Benmora,Mauli sendo divos e Fabine... AI PUTA QUE PARIU, MEU CORAÇÃO