Pov Draco

–- Quem está aí? - ouvi a voz de Argo Filch, o zelador, gritar ao longe. Junto com ele estava Madame Nora, chiando como sempre.

Quis beijar Filch naquela hora. Mal acreditei que estava prestes a beijar a sangue-ruim da Granger! Saí correndo para meu dormitório e respirei fundo. Eu não conseguia entender... Na hora em que eu a prensei na parede, senti um arrepio, desde o primeiro fio de cabelo até a unha do pé, e acho que meio por instinto, me aproximei do rosto dela... Argh! E o pior de tudo, é que eu me sentia ótimo lembrando disso! Fui ao banheiro mais próximo e lavei o rosto. Chega de pensar nisso agora, Draco.

Entrei na Sala Comunal da Sonserina, onde Crabbe e Goyle me esperavam. Do outro lado, estavam Nott, Zabini e Pansy, que saiu correndo e veio me abraçar. Eu estava atordoado demais para tomar qualquer atitude, então deixei-a continuar agarrada a mim.

Ela era insuportável às vezes, principalmente quando insistia em demonstrações de carinho em excesso. Mas era sempre fiel a mim, portanto eu deixava que ela permanecesse no meu grupo de "amigos".

–- Draco? - ela disse, com aquela voz esganiçada. - Tudo bem?

–- Hã... Claro... Tudo bem...

–- Bom, vou para o meu dormitório. Boa noite! - ela disse, se espreguiçando e me deu um beijo na bochecha.

Fiquei por mais um tempo sentado na poltrona da Sala, tentando esquecer o que tinha acontecido. Mas estava difícil. Muito difícil...

Pov Hermione

Saí correndo para a Sala Comunal, que já estava vazia quando entrei. Fui para o dormitório das meninas, e encontrei Gina, sentada na cama. Eu devia estar muito pálida, pois ela desceu da cama e pôs a mão em minha testa.

–- Mione, o que...

–- Preciso te contar! - eu disse, num misto de sussurro e grito, com medo que as outras meninas acordassem.

–- O que foi?

–- Malfoy. Eu. Perto do corujal. Quase. Beijo. Socorro! - eu sussurrei, tentando fazer minhas mãos pararem de tremer.

–- Como é que é?! - Gina falou um pouco alto demais, e uma das garotas se mexeu.

–- Shhh! Elas podem acordar!

–- Sala Comunal. Agora.

Fomos silenciosamente para as poltronas da Sala, onde a lareira continuava acesa. Gina sentou-se, mexendo nos cabelos e me encarou, esperando uma explicação mais detalhada.

–- Então...? - ela perguntou, arqueando as sobrancelhas.

–- Aquela hora em que saí para esfriar a cabeça... Fui andando sem rumo e fui parar lá perto do corujal. Lá, acabei trombando com o Malfoy. Ele foi, todo prepotente, me avisando que poderia me dar uma detenção por eu estar zanzando por aí depois do toque de recolher. Respondi na lata que eu também poderia fazer isso, afinal ele também estava. Nisso, aconteceu uma coisa estranhíssima: ele me prensou na parede, e perguntou se eu o estava ameaçando. Naquela hora, eu senti um calor percorrer todo o meu corpo. Eu estava presa, mas eu estava gostando que ele me prendesse!

–- Meu... Deus... - a boca de Gina se abriu em um "O" perfeito.

–- E o mais horrível: ele suavizou sua expressão e começou a se aproximar de mim! Mas à medida que minha mente dizia não, meu corpo dizia sim! Por sorte, ouvi a voz de Fich no fundo, e o chiado daquela gata imunda! Isso que nos afastou! Argh! Eu quase beijei o MALFOY!

–- Hermione... - Gina estava chocada. - O Malfoy! Malfoy! Ele é a pessoa mais escrota, nojenta, arrogante, metida que nós conhecemos! Você não pode estar gostando dele! E fora que ele é da Sonserina! Sonserina e Grifinória são inimigos eternos!

–- E eu não sei? Acha que já não pensei em tudo isso? E a McGonagall quer que eu faça dupla com ele como monitores-chefe. A intenção de Dumbledore é fazer com que as casas parem de brigar.

–- O que deu nele? Dumbledore mesmo sabe que essa briga nunca vai acabar!

–- Ah, ele disse que "aceitou opiniões" dos diretores das casas, ministério ou sei-lá-o-quê...

–- Eles devem ter bosta na cabeça, só pode!

–- Nem fale... Agora eu estou preocupada. E se eu estiver gostando do Malfoy?

–- Acho que não... Você acabou de ser traída pela anta do meu irmão... Deve estar confundindo as coisas!

–- Pode ser também. Só espero que isso não atrapalhe no meu rendimento escolar.

–- Não vai. Você é a garota mais inteligente da Grifinória, senão de Hogwarts! Não vai se abalar nem por Rony, e nem pelo Malfoy.

Dei um muxoxo, lembrando da cena de Rony se atracando com Lilá. Por que? Eu não era boa o suficiente pra ele? Ele só estava me usando esse tempo todo? Com essa enxurrada de pensamentos, uma enxurrada de lágrimas saiu junto, e Gina me abraçou.

–- Ei... Ronald não te merece... Você é a garota mais incrível que já conheci! Vai sair dessa! - ela tentava me animar.

Enxuguei minhas lágrimas, e ela me ofereceu um lenço. Respirei fundo, e finalmente consegui me acalmar. O relógio de uma badalada e já eram uma da manhã.

–- Melhor irmos dormir. O dia vai ser cheio amanhã.

–- Oh meu deus! Já passa de uma hora! Vamos dormir!

Pov Draco

Deitado em minha cama, eu ainda não tinha conseguido tirar aquela cena da minha cabeça. Flashes do rosto dela iam e vinham, e quase me levavam à loucura. Eu, um puro-sangue, rico, bonito, esperto... Pensando naquela sangue-ruim horrorosa? Ah, faça-me o favor!

De tanto pensar, a exaustão me venceu. Dormi demais, e acordei com Crabbe me balançando.

–- Mas que m... - resmunguei alguma coisa, e vi que horas eram. Saí correndo, me troquei, arrumei e fui para o refeitório, onde Pansy pulou em cima de mim. Aquilo estava realmente cansativo.

–- Draco, meu lindo!! - ela disse em voz suficientemente alta, para que todos ali presentes pudessem ouvir. Alguns deram risadinhas. Puxa, valeu Parkinson!

Depois disso, não me reconheci mais. Pansy falava alguma coisa, mas eu não conseguia processar aquele falatório todo, principalmente quando Granger entrou. Não sei o que tinha acontecido, mas não consegui tirar os olhos dela.

–- E... Draco, você está me ouvindo?

–- Hã, Claro!

–- O que você tanto olha a Granger sangue-ruim?

–- Olhem como ela está horrenda hoje... Talvez tenha tentado reconquistar o perdedor do Weasley, mas só conseguiu ficar ainda mais ridícula! - eu disse, escapando do olhar penetrante de ciúmes de Pansy.

Apesar de dizer que ela estava horrenda, eu achava exatamente o contrário.

Cale-se, eu disse para mim mesmo. Eu tinha que fazer alguma coisa para esquecer a Granger. Ah, se tinha!