Eu e Jace estávamos deitados na grama, os dias não estavam mais tão frios e a neve derretera por completo, o sol batia em nós e nos aquecia, a leve brisa quase não era percebida, e o aroma de final da tarde enchia meus pulmões, é claro que nem mesmo em Idris os mosquitos me deixariam em paz.

Ouvi leves passos, vindo em nossa direção. Era Aline. Logo atrás Izzy corria para alcançá-la.

–Pelo Anjo o que aconteceu? –Pediu Jace levantando em um pulo e logo me ajudando.

–Minha mãe sumiu. –Aline disse entre respiros.

–Meu pai também. –Izzy falou, olhando para Aline. –Isso não deve ser boa coisa...

–É claro que não! –Disse Alec que recém chegara. –As barreiras foram quebradas.

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–Clary! Fique em casa, por favor! –Jace segurava minhas mãos e me pedia novamente de joelhos em minha frente.

–Jace, me escute. –Peguei seu rosto com minhas mãos, e olhei em seus olhos. –Se você for lá sozinho ficara preocupado comigo e eu com você, isso será pior, vamos lá, juntos.

–Quanto tempo nós temos até os demônios chegarem?

–Simon calculou que em menos de dez minutos os mais rápidos, estejam aqui. –Falei, amarrando minha bota.

–Vou pegar as armas. –Ele disse e eu fui prender meu cabelo.

Jace voltou com um baú gigantesco.

–Por Raziel! Onde é que você escondeu isso? -Pedi para ele.

–Na lavanderia, do lado do meu estoque de gel.

–Isso explica tudo... –Disse abrindo o baú cheio de armas.

–Pegue três estelas, três serafins, coloque essas adagas no bolso da sua calça, pelo menos uma arma de longo alcance e mais...

–Jace, eu sei me arrumar. –Falei para ele.

–Jace cadê as armas? –Jocelyn pediu entrando no quarto, minha mãe fica mais ameaçadora ainda quando usa preto.

–Caralho só eu que não sabia dessas armas? E mãe, você não vai lutar! Nem deve lembrar-se de como luta, - ela caminhou até o baú e começou a analisar o conteúdo de dentro. –duvido que se lembre de como empunhar uma a...

Ela atirou uma adaga feita de prata que passou zunindo pelo meu cabelo.

–... Daga. –Disse olhando perplexa para ela.

–Você é quem não devia ir lutar, é nova demais e vai se machucar! –Ela falou para mim colocando duas adagas em cada bota preta.

–Eu disse para ela!-Jace se meteu na conversa. –Mas adianta pedir?

–Eu sei bem como ela é, nem adianta gastar meu tempo... –Ela disse saindo do quarto.

–Clary venha me fazer umas runas nas costas. –Peguei minha estela e ergui a camiseta de Jace, fiz uma no ombro de agilidade, no outro de exatidão, no meio das costas um de habilidade, velocidade, poder, força, precisão de ataque e um bem grande logo abaixo do pescoço de proteção.

–Não precisava tantas... Sua vez! –Ele disse.

–Já fiz as minhas...

–Não todas. –Ele falou fazendo outras três runas em minhas costas. –Quanto tempo falta?

–Uns cinco minutos, Alec deve estar chegando aqui.

–Aé, me esqueci, coisa de parabatais.

Ele sorriu e me abraçou.

–Deixa de ser ciumenta. Fray. –Ele falou, quase soletrando o meu sobrenome.

–Eu não sou. Herondale! –Fiz o mesmo com seu sobrenome. -Tudo bem, só sou às vezes...

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Jace pegou minha mão e começamos a nos dirigir a praça, Alec segurava um arco e flecha, feito de adamas, aço e ouro. Magnus usava roupas pretas que ficavam largas nele, provavelmente eram de Alec. Jonathan e Jenna vinham logo atrás. Já estava de noite e fomos no juntar aos outros que estavam no salão de acordos, já podia sentir o cheiro podre no ar.

Aline, Helen, Izzy, Simon, Jordan e Maia estavam do lado de fora, como os outros, e pareciam nervosos. Juntamos-nos a eles. Todos estavam cheios de armas, Izzy até trazia uma mochila com sigo, se duvidar estava cheia de maquiagem dentro...

–Eles estão a metros de chegar! –Maia falou.

–E nem sinal de meu pai. –Izzy disse.

–Nem de minha mãe. –Aline completou...

–Devem estar tentando achar um jeito de não morrermos... –Simon falou rindo.

–Seu otimismo me motiva a lutar... –Falei.

Um barulho ecoou em nossa frente. Chegaram. Alguns demônios passaram pela praça e pararam há alguns metros de nós, formando uma fila e deixando um corredor entre eles, logo vi porque, Robert, Jia e o Iblis mutante passavam entre os demônios.

Izzy estava em choque, Alec segurava o arco como se fosse atirar no olho de seu pai, não duvido de nada.

–Isso não pode ser verdade... –Izzy sussurrava.

Os três se colocaram a poucos metros de nós, os demônios que estavam atrás e os que ainda chegavam iam se ajoelhando e abaixando a cabeça ou o que tivessem no lugar dela. Deviam ser milhares de todos os tipos, cores e tamanhos.

–Caçadores de Sombras, vocês ficam lindos de queixo caído. –Robert disse rindo, seus olhos já não eram mais os mesmos.

–Vocês são tão ingênuos... Pegam armas a seguram, fazem uma mágica de vez em quando, mostram suas presas, garras e asas. Isso é tão patético... Louvam um Anjo que nem sabe da existência de vocês... E pior, vocês estão sempre do lado perdedor... –Jia riu em quanto mexia em suas unhas com desdém. Seus olhos também estavam diferentes.

Todos estavam sem reação, ninguém sabia como, porque ou quem fez isso com eles.

–Eles beberam do cálice? –Pedi.

–Sim, mas foram preparados antes de beberem, por isso não morreram, na verdade todos foram, até os demônios, usar o cálice com caçadores novamente era o ultimo plano que o Flurby tinha. –Jonathan me respondeu.

–Vocês ficam tão estúpidos quando estão sem reação. Bem... Por onde vou começar... Ou vocês se rendem ou vocês morrem, espera... Vocês não tem escolha, vão morrer de qualquer jeito. –Jia deu uma risada mais maligna ainda.

–Eu vou matar aquele desgraçado! –Alec disse indo descer as escadas, mas Jace o impediu antes de ele conseguir fazer isso.

–Não, ainda não. –Jace disse. -Maryse, quando atacamos? –Ele se virou pedindo a ela.

–Quando eu der o sinal. Se a coisa ficar feia demais eu quero todos vocês fora daqui, entendido? –Ela falou. E se juntou aos outros que estavam reunidos ainda sem entender se isso era verdade ou não.

–Eu e Jia mudamos de lado! Do lado perdedor, para o vencedor! –Robert gritou.

Tive tempo apenas para pegar minhas espadas.

–Agora! –Maryse gritou, e a luta começou.