Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 25
Pandemonium


Notas iniciais do capítulo

Okay, okay, eu tenho muito o que falar aqui, então vamos em etapas:

a) Eu demorei alguns dias a mais por dois motivos, que foram minha internet ruim e a escola. Acreditem quando eu digo que, em apenas uma semana, eu já tenho cinco trabalhos, além de testes na outra semana e lições de casa de todas as matérias; meus professores são uns idiotas que acham que nós, alunos, precisamos viver inteira e perfeitamente para o colégio. Tipo, nós temos vida também! E obrigações fora da escola porque, diferente do que eles dizem, não somos só um bando de orangotangos inúteis.

b) EU RECEBI DUAS (DUAS!) RECOMENDAÇÕES! Pelo Anjo, eu estou tão feliz! Eu quase surtei aqui em casa quando li, ainda mais porque recebi essa notícia logo depois de saber que a minha amiga perfeita foi pra Disney e comprou uma varinha do Harry Potter pra mim u_u Muito obrigada à Naah Herondale e Anak, que recomendaram a história, vocês me fizeram muito feliz!

c) Eu não tenho tanta certeza, mas provavelmente (p.r.o.v.a.v.e.l.m.e.n.t.e) este é o antepenúltimo capítulo da fic. Estava pensando aqui, e preciso da opinião de vocês: Preferem uma outra fanfic Clace (com tema diferente dessa aqui) ou uma Sizzy? RESPONDAM!

d) Espero que não me odeiem por esse capítulo... Eu ando magoando muito meus leitores ultimamente, acho, mas eu não sou fã de histórias melosas, pessoal, acostumem-se a isso. Sofrerão um pouco nesse capítulo, mas eu espero que gostem de qualquer jeito. Não venham com tochas e tridentes atrás de mim (por favorzinho?).

É, isso. Boa leitura ^^



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A neve havia milagrosamente parado de cair, o que por si só já era uma grande benção, motivo até para sair de casa num final de semana. Eu não tinha nenhum programa, é claro, e estava ansiosa para sair de casa, sabe, deixar aquele ambiente depressivo em que meu quarto havia se transformado. Eu não desenhava havia dias, o que era incomum para mim, mas não estava com ânimo.

Bem, voltemos ao assunto. Eu estava escutando música, sentada perto da janela enquanto olhava para a rua abaixo. Havia duas garotas discutindo, apontando uma para a outra acusatoriamente. Era engraçado de se ver, porque elas pareciam realmente idiotas. De repente, um som estridente indicou que havia alguém ligando. Sem parar para ver o nome no identificador, eu atendi:

— Alô.

— Clarissa Fray! — era a voz de Izzy, parecendo irritada. — Eu vou te matar! Onde diabos se meteu nos últimos dias? Por que não atende minhas ligações? Você sumiu da face da Terra. Por acaso estava numa missão secreta do FBI?

Fiz uma careta. Eu não atendia muito o telefone ultimamente porque não tinha tempo para isso: estava ocupada demais indo à lojas de vestidos, arrumando o salão para o dia do casamento, que seria dali três semanas, e escolhendo opções de buffet com minha mãe. Não era só com Isabelle que eu estava sendo distante. Além do mais, eu não queria que ela perguntasse ou comentasse nada sobre Jace. Não queria falar sobre ele com ninguém.

— Eu estava numa missão — contei. — Mas não do FBI. Uma missão de casamento.

Isabelle demorou alguns segundos para responder, com outra pergunta:

— Que droga de casamento?

— A droga do casamento da minha mãe. Os convites devem ser enviados na terça, se eu não me engano.

— Sua mãe vai se casar? E quando você pretendia me contar isso, Clary? Com quem ela vai se casar? Algum artista nômade e hippie ou sei lá?

Revirei os olhos. Izzy era bem fã de esteriótipos.

— Luke Garroway — respondi. — Meu quase-pai. Costumava ser o melhor amigo da minha mãe. Ele sempre esteve por perto de nós, você sabe.

— Sinceramente, não faço a mínima ideia de quem seja — ela disse, num tom estranhamente desinteressado. — Mas não é por nada disso que eu liguei, na verdade é sobre...

— Não quero falar sobre Jace, Isabelle — interrompi-a, sentindo um nó começar a se formar na minha garganta. — Por favor.

Ela fez uma pausa, parecendo procurar o que dizer. Pude ouvir a boca dela abrir e fechar duas vezes antes de ela responder, com hesitação:

— Na verdade, eu pretendia te chamar pra sair um pouco, sabe. É sábado à noite, você não iria querer ficar presa em casa, não é? Aliás, o que tem Jace?

— Disse que não queria falar sobre ele.

— Tudo bem, me desculpe, mas não vai conseguir adiar isso por muito tempo, vou permanecer insistindo.

Revirei os olhos novamente, e me afastei da janela. As garotas haviam parado de brigar, correndo uma para cada lado com os rostos cheios de lágrimas. Fui até a cozinha para pegar um copo de café enquanto Izzy continuava falando:

— Então, eu quero lhe oferecer uma ida ao Pandemônio. Lembra-se?

— É, acho que eu lembro desse lugar. Uma boate, certo?

— Exatamente.

Na verdade, eu pretendo ficar em casa e sentir pena de mim mesma o resto da noite, era o que eu queria dizer, mas não foi o que eu fiz. Depois de um breve instante pensado, respondi:

— Tudo bem, me encontre aqui às nove.

***

Eu tentava decidir se aquele vestido rosa-claro era vulgar demais. O decote e V não mostrava muita coisa, já que eu não tinha um busto avantajado. Tudo bem, eu quase não tenho busto, mas ignoremos. Enfim. A abertura nas costas seguia até o meu quadril, mostrando mais do que seria descente, e o vestido de tecido grosso seguia até um palmo acima do meu joelho. Bem, talvez não fosse tão vulgar.

Estava usando uma meia-calça cor de pele grossa para me proteger do frio, e o único calçado que eu tinha que não era um tênis verde: meu par de botas com saltos baixos. Havia deixado meu cabelo preso para trás, porque os nós estavam cansativos demais de se desfazer. As mechas vermelho-alaranjadas se enrolavam em cachos desarrumados.

Depois de me cobrir com um casaco vermelho quase grande demais, eu saí, remexendo em meu celular à procura de algo para fazer. Eu estava com uma espécie de ansiedade. Raramente ia à boates, e ficava me perguntando o que aconteceria se algo (eu não tinha uma definição para "algo") desse errado.

— Onde pensa que vai vestida assim, mocinha?

Quase tropecei sobre os meus próprios pés. A voz da minha mãe havia me assustado. Ela se apoiava contra a porta da frente, que estava trancada.

— Sair — murmurei, meio assustada. — Com Isabelle.

— Mas está frio lá fora. Não tem medo de congelar? E estas roupas não seriam decentes nem sequer no verão.

Segurei o impulso de revirar os olhos e dizer "Fala sério, mãe", porque não seria muito maturo da minha parte. Ajeitei minha postura enquanto guardava o celular no bolso e suspirei, procurando por argumentos, que eu não tinha.

— Eu não vou congelar — protestei. — Mãe, é Isabelle, pode confiar nela.

Ela levantou uma sobrancelha.

— Eu não teria tanta certeza, Clarissa.

Dessa vez não consegui evitar revirar os olhos. Pisquei durante alguns segundo para minha mãe e tentei soar razoável enquanto falava.

— Mãe, eu estou sob muita pressão agora, tanto na escola quanto aqui em casa. Será que não posso ter um tempo pra diversão adolescente? Apenas sair de casa por um tempo sem precisar me preocupar com nada.

Ela pareceu procurar para alguma coisa para acrescentar na lista de "contras", enquanto eu argumentava à favor dos "prós". Esperei enquanto ela pensava.

— Tudo bem — ela disse por fim. — Mas procure não se meter em encrenca; não volte depois de meia-noite; não seja tão estúpida quanto as outras adolescentes; e não volte grávida para casa.

— Mãe!

— O que?

Estava prestes a responder quando a buzina de um carro soou lá embaixo na rua. Bufei, me despedindo da minha mãe, e corri escadas abaixo. O carro preto dos pais de Isabelle estava estacionado, e ela ainda apertava a buzina com insistência, mesmo já tendo me visto ali.

— Poderia parar com isso? — fiz uma careta. — É irritante e desnecessário.

— Tudo bem. Então, sua mãe não pirou quando disse que ia numa boate?

— Ela só pediu para que eu não voltasse grávida para casa. Ah, e que eu estivesse aqui antes da meia-noite.

Isabelle deu de ombros.

— Minha mãe diz isso toda vez que eu saio da vista dela por três segundos.

Soltei uma risada abafada enquanto ela acelerava o carro pelas ruas. Ela dirigia rápido, quase que perigosamente, e eu tive que me segurar para não gritar que ela fosse mais devagar. Quando chegamos à uma rua cheia, onde uma fila se estendia por toda a calçada direita, ela parou e entrou em um estacionamento ao lado da construção onde as pessoas faziam fila para entrar.

— Então, esse pessoal todo quer entrar nessa boate? — perguntei, fechando a porta enquanto saía do carro.

— O Pandemônio é uma parte importante da vida dos adolescentes descolados, Clary.

Fiz uma careta para ela, mas ignorei aquilo.

— Ah, espere, eu preciso tirar isso — apontei para o casaco que vestia. Ela deu de ombros e abriu a porta do carro para mim. Tirei o casaco e o joguei no banco do passageiro.

— Uau, nunca imaginei que veria você usando um vestido, ainda mais algo assim — ela gesticulou para o meu vestido.

— É uma coisa que eu ganhei de aniversário de treze anos, mas ainda fica meio grande. Não estou muito orgulhosa de estar usando isso, não force a barra.

Ela soltou uma risadinha, entrando na fila de adolescentes agitados. Observei a estranheza das pessoas ali: garotas de cabeça raspada, garotos com cabelos coloridos, meninas com tops naquele frio... Na frente deles, eu parecia uma dama britânica. Okay, não exatamente.

Demoramos vários minutos para conseguir entrar. O lado de dentro era tão cheio de fumaça artificial que me fez tossir. Quando a crise de tosse passou, engoli em seco para evitar outra, e percebi que Izzy me observava.

— Desculpe por isso — murmurei.

A música alta abafou minha voz, então presumo que ela tenha simplesmente me ignorado. Descemos os dois degraus largos, os saltos de Isabelle produzindo sons altos mesmo com a música preenchendo todo o ambiente. Os garotos paravam para vê-la andar, mas eu já presumia isso. Quero dizer, Isabelle estava magnífica naquele vestido vermelho, com o cordão que eu havia dado a ela de Natal pendurado em seu pescoço, e seu cabelo negro caindo em ondas sobre os ombros. Ela havia passado uma camada extra de lápis em torno de seus olhos castanhos.

Ao lado dela, eu me sentia uma criança brincando com as roupas da mãe.

— Vamos tomar alguma coisa — ela sugeriu, já me puxando para o bar. — Gosta de tequila?

— Não sou muito fã — levantei as sobrancelhas. — Que tal refrigerante com sorvete?

Ela fez uma careta que dizia "Você está brincando, não é mesmo?". Senti meu rosto corar e dei de ombros. Ela pediu alguma coisa para o bartender, mas eu não escutei o que era. Depois de sorrir, o homem, que parecia mal ter vinte anos, se virou para preparar as bebidas.

— O que você pediu? — perguntei.

Ela sorriu, mas não respondeu. Suspirei, tentando imaginar o que ela teria aprontado. As pessoas dançavam freneticamente na pista de dança, alguns casais se entrelaçando em beijos calorosos. Senti um peso pousar sobre o meu peito e tentei afastar a sensação de que Jace era uma droga viciante, e eu estava sofrendo de abstinência.

Como se lesse meus pensamentos, Isabelle se pronunciou:

— Eu sei que não quer falar sobre Jace, mas eu queria avisar que ele já está em casa. Aquele cara se recupera rápido demais, se olhasse para ele nem diria que sofreu alguma lesão.

Suspirei, antes de oferecer um sorriso agradecido à Izzy pela notícia.

— Aqui está seu drinque, senhorita — o bartender empurrou um copo cheio de líquido rubro.

Fiz uma careta para Isabelle, mas ela já estava bebendo o seu drinque, idêntico ao meu, com goles rápidos e longos. Depois de alguns segundos, apenas dei de ombros e peguei o meu copo também. O que eu tinha a perder, na verdade?

Engoli tudo quase de uma vez só. Tinha um gosto esquisito, algo que eu nem sequer conseguia identificar, mas parecia de morango. Depois de já ter acabado tudo, olhei para o copo vazio e depois para Izzy.

— O que era isso?

Ela sorriu.

— É um segredinho meu. Venha, vamos dançar.

Isabelle nem sequer me deu oportunidade de resposta. Ela me puxou pelo braço quase com brutalidade, e eu tropecei atrás dela me sentindo repentinamente tonta. Fiquei preocupada por um momento, mas passou rápido.

Enquanto Izzy dançava com graciosidade, eu apenas me remexia um pouco, me sentindo mais desconfortável do que nunca. Minha sorte era que ninguém parava para prestar atenção em mim, pois estavam envolvidos em seus próprios passos de dança.

Depois de alguns minutos, eu estava tonta demais, porque estava meio que girando um pouco na pista de dança.

— Volto daqui a pouco, Izzy — gritei, tentando fazer minha voz sobressair a música.

Ela sorriu e assentiu para mim. Me afastei, cambaleando até o bar com certa indecisão. Me sentei no único banco que havia sobrado, ao lado de uma garota negra que parecia particularmente chapada. Joguei-me sobre o banco com pesar. Meu estômago estava levemente embrulhado, mas eu não ligava. Aquilo não era exatamente minha ideia de diversão, mas eu tinha que admitir que pelo menos não estava mais pensando em Jace.

Bem, pelo menos não até aquele momento. A imagem dos olhos dourados dele, que estavam sempre escondendo uma emoção, me veio à mente, e eu senti uma repentina vontade de chorar. Engoli em seco, tentando ignorar a queimação atrás dos meus olhos. Eu não choraria por Jace; não poderia chorar. Era tudo culpa minha, certo? Nada daquilo estaria acontecendo se eu não fosse uma completa idiota.

— Você parece mal.

Congelei ao ouvir aquela voz. Lentamente olhei para o lado direito, apenas para encarar a última e a única pessoa que eu desejava ver naquele momento: Jace, usando jaqueta de couro e segurando um copo com líquido marrom. Ele parecia pálido, mas talvez fossem só as luzes. Seu cabelo loiro estava jogado para trás, bagunçado, e havia bolsas escuras abaixo de seus olhos.

Só depois de alguns instantes que eu percebi que o estava encarando de boca aberta durante um longo tempo. Desviei os olhos rapidamente, sentindo meu rosto corar.

— É bom ver você também, Jace — murmurei fracamente, procurando por Isabelle freneticamente, mas ela não estava à vista.

Pude observar ele fazendo algum movimento suave com o canto do olho, mas não pude identificar o que era. Afastei uma mecha do cabelo que havia escapado do rabo de cavalo.

— Estou falando sério, você parece horrível — ele falou, e soava sério.

— Eu estou bem — não era exatamente verdade. Meu estômago estava se revirando agora, dando pequenas voltas, e minha cabeça latejava. — E você? Parece que está melhor.

— É, eu me recupero rápido — ele sorriu fracamente. — Voltei pra casa há três dias.

Olhei para as minhas próprias mãos.

— Eu não sabia disso.

Senti minhas bochechas corarem. Eu estava começando a me sentir tonta novamente. Agarrei-me na beirada do balcão para conseguir me equilibrar sentada e forcei um sorriso para Jace, que estava com as sobrancelhas franzidas.

— O que você veio fazer aqui? — perguntei.

— Ouvi Izzy falando para Alec que viria até aqui com você — ele murmurou, parecendo meio frágil. — Resolvi vir também, só por curiosidade.

— Curiosidade — repeti, e minha voz soou arrastada.

— Clary, é sério, tem certeza de que está bem?

— Eu estou...

Não consegui terminar a frase, porque uma pontada atingiu meu estômago. Fechei os olhos com força e me encolhi no banco. Senti a mão de Jace sobre minhas costas, e tentei ignorar o arrepio involuntário na espinha. Ele disse alguma coisa, mas eu não escutei. A única coisa que sabia era que, depois de algum tempo, eu o estava acompanhando na direção das portas.

— Para onde estamos indo? — perguntei, soando patética. — Eu preciso voltar, Izzy está...

— Vou te levar para casa, você está perigosamente pálida.

— Jace, eu não acho que...

— Na verdade, você não tem opções. Não importe o quanto negue, eu ei que você precisa ir para casa.

Eu estava prestes a protestar, mas havíamos chegado ao estacionamento. O ar "puro" de Nova York havia melhorado o embrulho no estômago ligeiramente. Talvez fosse toda aquela fumaça falsa que estivesse me fazendo mal. Respirei fundo, e percebi que uma constante inquietação tomava conta do meu peito. Eu sentia vontade de correr para longe de Jace, e ao mesmo tempo queria jogar meus braços ao redor dele e lhe dar o abraço mais duradouro do mundo.

Isso sim é o que eu chamo de pura confusão.

Enquanto caminhávamos na direção do carro (além do mais, por que ele estava com as chaves do carro dos Lightwood?), eu parei subitamente no meio do estacionamento deserto. Quando percebeu que eu havia parado, Jace parou também, e me encarou.

— O que foi? — perguntou.

Suspirei, sentindo frio de repente.

— Não me sinto muito... confortável com isso, Jace — murmurei. — Você deve saber por que.

Ele sorriu de lado, sarcasticamente.

— Eu só estou te levando para casa porque parece estar passando muito mal, Clary — ele disse. — Não é como se eu estivesse disposto a... — Jace lançou um olhar esquisito para mim. — Bem, deixe pra lá. Me deixe apenas te levar para casa, sim?

— Não seria melhor que eu pegasse um táxi? Afinal, Izzy precisa voltar também.

— Posso vir buscá-la depois.

Depois de um instante, resolvi concordar. Eu me sentia mesmo mal, mas não iria admitir isso. Segui Jace até o carro, mas então ele parou antes de abrir a porta. Dessa vez, não parecia tão decidido. Se virou lentamente para mim, sem me olhar nos olhos, sem falar nada.

— Jace, o que foi? — perguntei, depois de um tempo impaciente.

Ele suspirou, e finalmente direcionou seu olhar dourado para mim.

— Não... Não é nada. Só precisava fazer uma coisa.

Levantei as sobrancelhas, surpresa por ter visto Jace gaguejar pelo menos uma vez na vida. Depois de um segundo de hesitação, eu perguntei:

— Fazer... o quê?

Ele gesticulou para que eu me aproximasse, e eu me perguntei se o tremor em suas mãos era apenas minha imaginação. Com passos trêmulos — minha cabeça ainda parecia prestes a explodir —, eu me pus à sua frente. Jace permaneceu imóvel por alguns segundos antes de segurar meu queixo com uma das mãos. Ele apenas me encarou.

— Sabe, ficar longe de você é torturante, Clary Fray — murmurou, de um jeito que fez os pelos da minha nuca se eriçarem.

Pisquei os olhos, meio assustada. Tentei procurar por uma resposta, mas não conseguia achar nenhuma. Tudo o que fiz foi suspirar, ficar na ponta dos pés e... Bem, beijar Jace com toda a energia que eu ainda tinha.

Entrelacei meus dedos atrás de seu pescoço, puxando-o para mais perto, enquanto tentava desesperadamente controlar o impulso de gritar de felicidade e auto-decepção ao mesmo tempo. Quando já estava sem fôlego, me afastei de Jace num movimento rápido, desencostando totalmente dele. Jace parecia confuso, feliz e triste ao mesmo tempo. Não consegui identificar exatamente em que ele estaria pensando.

Eu estava feliz, é claro, mas não poderia deixar de lembrar da raiva — tanto de mim mesma quanto de Jace — que havia sentido no dia em que Jace havia, bem, me dispensado.

— Também é torturante para mim — murmurei. — Mas você queria dar um tempo, lembra? Não acho que menos de uma semana possa sequer ser considerado tempo suficiente.

A dor na minha cabeça se intensificou, mas eu fiz o máximo que podia para ignorá-la.

— Clary...

— Vou para casa de táxi, Jace.

— Não seja teimosa, me deixe pelo menos levar você para casa.

Balancei a cabeça e gesticulei negativamente para ele com as mãos.

— Não precisa, eu já me sinto melhor — falei, e era uma total mentira. — Pode ficar. Aliás, eu vi umas garotas bonitas lá dentro, talvez queira conversar com elas.

Ele falou mais alguma coisa, mas eu não estava escutando mais. Havia uma espécie de chiado no meu ouvido, que era mais irritante do que incômodo. Um apertado nó surgiu na minha garganta, e eu nem sequer tentei evitar as lágrimas.

Pensei que Jace me chamaria, viria atrás de mim ou algo assim; mas não. Ele apena ficou lá parado, ao lado do carro preto, me olhando com uma máscara de neutralidade. Aquilo me deixou mais machucada ainda.

Apertei o passo para fora do estacionamento, tentando ignorar a voz que gritava para eu dar meia-volta.


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Notas finais do capítulo

Me odeiam? Sim, vocês provavelmente me odeiam de verdade agora... Me desculpem por isso! Acho que até eu tô com raiva de mim xD Acreditem quando eu digo que foi difícil pra mim também, desenvolver esse capítulo e tal.
Aliás, chegamos à 100 leitores! Que emoção! c:

Mandem reviews, e recomendem também, porque eu amo recomendações u_u
Beijinhos!