Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 12
Kidnapping


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar na madrugada anterior, mas minha internet não estava pegando e.e Me desculpem
Aí está o capítulo. Boa leitura.



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Meus olhos estavam quase fechando enquanto eu observava a rua com pilhas de neve pela janela de um café caro demais. Isabelle estava ao meu lado, falando algo sobre ir comprar roupas.

— Pra quê roupas? - perguntei, repentinamente interessada.

Isabelle fez uma careta de leve.

— Olhe para as suas - ela murmurou, baixo o suficiente para que somente eu ouvisse.

Impulsivamente eu olhei para baixo, para um dos meus casacos amarrotados e a calça jeans, além da bota marrom. Dei de ombros.

— Precisamos de roupas para o que vamos fazer mais tarde - ela falou, um pouco mais alto.

Jace e Alec (que haviam convidado a si mesmos quando Isabelle me chamou para o tal café) automaticamente olharam para ela com um olhar curioso.

— E pra onde vocês vão? - Jace perguntou.

— Nossa mãe deixou? - Alec falou distraidamente.

Isabelle revirou os olhos. Ela havia me acordado às sete - sete! - da manhã naquele dia, com a desculpa de que eu precisava me distrair. Eu não havia entendido muito bem, até porque nós mal nos conhecíamos, mas pareceu uma boa hora para começar. Além do mais, eu não estava lá muito animada para passar um dia inteiro naquela casa medonha que parecia um cenário de filmes de terror.

— Vou convencê-la - Isabelle disse, balançando a cabeça desafiadoramente para Alec e depois se virando para Jace. - E eu não vou falar para onde nós vamos, tanto porque é um segredo, quanto porque eu não quero vocês dois indo atrás de nós.

— Por acaso vocês vão à alguma festa do pijama de garotinhas? - Jace riu.

— Cale a boca, Jace - Isabelle grunhiu e afastou seu prato ainda pela metade de si mesma. - Nós vamos a um lugar legal.

Que lugar? - perguntei. - Você não me disse que íamos fazer alguma coisa além de comprar roupas, o que não me parece uma coisa legal.

Isabelle suspirou e deu de ombros. Ela estava bonita naquela manhã, com um sobretudo vermelho, botas combinando e um batom cor de vinho. Parecia que iria para algum evento especial, não apenas tomar café.

— É surpresa pra você também, ok? Gosto de surpresa quando é com os outros.

— Nós podemos segui-las, já pensou na possibilidade? - insistiu Jace.

— Você não vai fazer isso.

— E o que te garante disso, Izzy querida?

— Hum, bem, talvez eu tenha que inventar alguma coisa para minha mãe sobre você, algo bem ruim. Vindo de você, nada é difícil de acreditar.

Jace sorriu e olhou para Alec.

Alec vai saber que é mentira e vai me ajudar, não é? - Jace estreitou os olhos para Alec.

Eu estava tentando não reparar muito em Jace, mas ele estava especialmente bonito hoje, com as bochechas coradas por conta do frio e o cabelo mais bagunçado que o normal - ele não parecia querer me ajudar na minha missão. A única saída que eu via era encarar qualquer outro ponto que não fosse ele.

— Vocês não podem ir - decretou Isabelle, cruzando os braços.

— Por que não? - Alec perguntou. - Vocês vão fazer algo que não podemos saber?

Alec fazia o tipo "irmão mais velho protetor", o tipo de cara que foi designado para ser o racional do grupo, e ele executava muito bem essa tarefa (às vezes, bem até demais). Ele não parecia gostar muito de mim, mas eu não ligava muito para isso também.

— Não é isso - Isabelle suspirou. - É só que vocês não podem se meter em tudo o que eu faço... Alec, você não é o tipo de cara que gosta de sair.

— Mas eu não estou com vontade de ficar muito tempo em casa, Izzy - ele trocou um olhar significativo com Isabelle, que corou um pouco e engoliu em seco.

— Mesmo assim...

— Nós vamos e pronto - Jace falou, com uma voz irritada.

— Não vão! - Isabelle falou tão alto que as poucas pessoas ao nosso redor a encararam.

— Vamos sim - a voz de Jace estava mais tranquila.

— Vocês não vão - Isabelle bateu as mãos com força na mesa. - Jace, você e Alec não vão nos seguir até o Pandemônio...

Isabelle arregalou os olhos e Jace riu, levantando os braços vitoriosamente.

— Eu deveria saber que você estava me enrolando - Isabelle gemeu em derrota, e me olhou com um semblante culpado. - Ele sempre faz isso, me enrola até que eu fale o que ele quer.

— O que é esse negócio de Pandemônio? O nome não soa lá muito convidativo, sabe - falei, franzindo as sobrancelhas. – Não fazem rituais satânicos lá, fazem? Porque o nome sugere algo do tipo...

Jace riu novamente, ainda parecendo feliz por ter arrancado a informação de Isabelle. Suspirei. Por que ele tinha que ter um riso tão bonito?

— É um tipo de boate para adolescentes - contou Jace, e depois engoliu o último pedaço de sua torrada amanteigada. - É o lugar preferido de Izzy, eu deveria ter adivinhado.

— Você é um idiota - vociferou Izzy, com uma carranca.

— Uma boate? - balancei a cabeça levemente. - O que te faz pensar que eu iria querer ir à uma boate?

Isabelle não respondeu. Nós terminamos o café e pagamos. Do lado de fora, a neve havia parado de cair, mas ainda estava frio pacas. Apertei meu casaco em volta de mim e olhei para o outro lado da rua, onde crianças brincavam de jogar bolas de neve umas nas outras.

— Nós vamos comprar roupas – Isabelle colocou as mãos na cintura. – Os garotões por acaso querem vir conosco? Talvez experimentar um vestido?

— Eu sei que ficaria adorável em um vestido – disse Jace. – Mas eu vou recusar a proposta dessa vez.

Ele e Alec se viraram para caminhar de volta para casa. Isabelle entrelaçou seu braço no meu e me arrastou pelas lojas de Nova York como se fossemos as melhores amigas mais patéticas do mundo.

***

— Isso não é vestido que se use no inverno – declarei, cruzando os braços sobre o decote em V do meu vestido roxo, que eu pretendia jogar no caminhão de lixo assim que aquela semana acabasse.

— Duvido que você vá sentir frio – Isabelle falou, pensativamente. - Tudo bem, vamos experimentar outro.

Ela se inclinou sobre as roupas que havíamos comprado com um semblante concentrado. Parecia diferente agora, seu cabelo estava preso num coque desgrenhado e ela usava uma simples blusa de mangas e calça jeans - mas mesmo assim ainda parecia algumas milhares de vezes mais bonita que eu. Com um murmurio de aprovação, ela pegou a única coisa que eu havia escolhido para mim: uma jaqueta de couro preta, daquelas que as garotas duronas usam em filme adolescentes clichês. A jaqueta não fazia exatamente o meu tipo de roupa, mas Isabelle havia mandado eu escolher alguma coisa daquela loja idiota no centro, a Katt's, e a jaqueta foi a única coisa mais ou menos atrativa que eu havia encontrado no meio de tantas e tantas roupas caras e extravagantes.

— Talvez, com as roupas certas... - seus olhos iam de mim para a jaqueta, e da jaqueta para mim. - É, pode ser.

Ela se inclinou novamente sobre as roupas espalhadas na cama e começou a trabalhar em alguma coisa enquanto falava distraidamente:

— As pessoas que vão lá geralmente gostam do estereótipo gótico - e então se virou para mim, segurando uma blusa longa com estampa de caveiras e uma calça de couro sintético. - E você, mesmo que não goste, também vai fazer parte disso.

Quando eu abri a boca para argumentar, ela disse:

— A decisão não está aberta à discussões. Obrigada, de nada. Vista isso e me encontre lá embaixo em meia-hora, antes que o idiota do Jace apareça também.

E ela saiu - simples assim.

Suspirei, balançando a cabeça. Isabelle era doida. Totalmente pirada. Maluca. Com sérios problemas mentais. Mas não era exatamente como se eu quisesse ficar em casa enquanto ela e os outros saíam. Além do mais, no tempo em que nós ficamos perambulando pelo centro, eu até havia esquecido um pouco do negócio com Simon...

Ah, droga. Por que eu tive que lembrar disso?

Caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido - e quente, claro. As roupas, apesar de terem ficado um pouco largas, ainda assim serviram. Quando eu estava prestes a decidir como arrumar meu cabelo, a porta voou aberta e Isabelle entrou, com um vestido de tecido grosso, também preto, que ia até seus tornozelos e cobria seus braços quase por inteiro. Ela usava um bracelete em forma de cobra se enroscando em seu braço direito.

— Isso parece um chicote - falei, distraidamente, apontando para seu bracelete.

— Vou arrumar seu cabelo - ela ignorou minha declaração e se aproximou de mim.

Eu nem sequer tive tempo de formar um protesto considerável para que ela se afastasse do meu cabelo, porque apenas alguns minutos depois ela já havia acabado.

— Ótimo - ela sorriu, orgulhosa de si mesma.

Bufei e caminhei até o banheiro para me olhar no espelho. A massa semi-incontrolável e vermelha do meu cabelo estava presa em um rabo de cavalo no alto da minha cabeça, alguns cachos escapando propositalmente do penteado. Eu estava quase - apenas quase - bonita.

— É, eu sei - Isabelle disse, observando meu olhar para o espelho, apoiada na moldura da porta. - Você está quase bonita.

Olhei de lado para ela.

— Você é tão delicada com as pessoas, Izzy.

— É, eu sei. Agora vamos terminar isso.

Ela me puxou novamente, pegando alguma coisa na pequena bolsa prateada que trazia. Só depois foi que eu percebi que era um batom, cuja cor vermelha era tão forte que eu quase recuei - não fosse pelo aperto de ferro das mãos finas de Isabelle.

Depois de realizar todo o tratamento que ela queria, me levou para fora. A casa estava deserta quando passamos pela porta e caminhamos até a garagem. Estava quase entrando no carro quando me lembrei que havia esquecido o celular.

— Já volto - falei. - Esqueci meu celular lá em cima.

— Tudo bem, mas volte logo, antes que Alec e Jace deem sinal de vida - ela murmurou, entrando no carro preto de seus pais.

Me virei, saindo da garagem. Era um pouco tarde, talvez dez da noite. Minha mãe e os pais de Isabelle já haviam ido dormir e, depois de muita insistência e persuasão de Izzy, eles nos permitiram ir (mesmo assim, eu acho que minha mãe não deixaria se Robert e Maryse não estivessem lá).

Um pouco familiarizada com o local, eu consegui vagar pelos corredores sem olhar freneticamente para trás à procura de, sei lá, espíritos demoníacos tentando se apossar da minha alma. Pensando bem, Maryse e Robert poderia muito bem ser um daqueles casais que praticam exorcismo, expulsam demônios da nossa dimensão e etc.

Quando cheguei no meio do caminho para o meu quarto provisório, um pigarro soou atrás de mim e eu congelei. Lentamente me virei para trás. Soltei um suspiro de alívio quando vi Jace parado ali. De repente enrubesci, começando a notar que eu estava parecendo uma gótica maluca.

— Droga - murmurei. - Você me assustou.

— É, essa casa parece assustadora no começo - ele gesticulou impacientemente. - Mas eu não estou aqui para falar dos aspectos aterrorizantes da mansão Lightwood.

Suspirei, tentando conter meu rosto queimando. Clarissa, pelo amor de Deus, se contenha!

— Então sobre o que você veio falar? - perguntei, minha voz fraquejando um pouco. - Estou atrasada. Aliás, pensei que você e Alec iriam atrás de nós...

Ele fez um barulho sufocado que soou impaciente e se aproximou mais. Senti minhas bochechas queimarem mais e praguejei mentalmente meus ancestrais pálidos.

— Eu vou te sequestrar, posso? - ele murmurou.

Prendi a respiração e engoli em seco. Eu precisava de uma resposta.

— Muito educado da sua parte me pedir permissão - falei, sem olhar nos olhos dele. - Embora eu ache que não tenha muita opção.

Eu sei que a imagem de um Simon totalmente decepcionado deveria estar na minha mente, mas tudo em que eu conseguia pensar era em como os olhos de Jace brilhavam na leve escuridão daquele corredor...

— É, você tem razão - Jace disse, agarrando meu pulso fortemente. - Então, o que você acha de uma surpresa?

— Você ama surpresas, não é?

Ele ignorou minha pergunta, e continuou me levando pelo corredor.

— Hum, Izzy está me esperando lá embaixo - falei, quase decepcionada. - Ela não vai aprovar esse seu sequestro.

— E é por isso que vamos pela porta dos fundos.

Nós havíamos chegado à um pequeno corredor com uma porta de madeira fina no final. Jace a abriu. Levava à um pequeno jardim e um portão que batia um pouco acima da minha cintura, e do outro lado havia a rua - e, na rua, um longo carro prata.

— Onde arranjou isso? - perguntei, minha voz soando menos surpresa do que eu desejava. - Por acaso, além de sequestrador, você também rouba carros?

Jace sorriu orgulhosamente.

— Eu conheço um cara.

— Eu também conheço uns caras, mas não tenho carros.

— Uh... É. Azaro seu. Vamos.

Ele passou o braço a redor dos meus ombros. Eu tentei conter um arrepio no estômago e suspirei. Jace abriu o carro, e eu nem me importei em perguntar se ele sabia ou poderia dirigir. Simplesmente entrei no banco do carona - afinal, eu "estava sendo sequestrada".

Depois de ligar o carro, Jace olhou para mim de lado e disse, com um sorriso idiota no rosto:

— Não se preocupe, vai ser o melhor sequestro da sua vida.

Dei de ombros e olhei para a janela, encarando os fundos da mansão medonha dos Lightwood. Havia começado a cair uma chuva fina e gelada, típica do inverno.

— Yupi - falei, ainda sentindo como se meu estômago estivesse congelando.


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Notas finais do capítulo

Hum, pra quem quer saber: a Clary não vai ir para o Pandemônio tão cedo '-' E eu não vou contar para onde eles vão (embora não seja nada de tão especial assim e.e)
Mandem reviews!