Love And Death escrita por Baabe


Capítulo 22
Deixe-me brilhar no céu com você


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: Nós passamos por um grande susto essa semana não é?
Quando eu fiquei sabendo que o Bill havia sofrido um acidente de carro eu entrei em choque.
Só conseguia pensar no acidente que eu tinha escrito aqui na fic. Depois eu soube que ele estava bem e eu me acalmei.
Me coração ficou apertado quando o Bill disse isso numa entrevista que ele cedeu:

"Penso todos os dias no acidente. Acho que ainda preciso de algum tempo para assimilá-lo. Pensei que não sairia de lá vivo. Definitivamente a morte nunca esteve tão perto! É um milagre ainda estar vivo. Nesses momentos, você percebe o que é realmente importante e aprende a apreciar sua vida do zero. "

Tudo isso me assustou muito. Eu acredito que a nossa mente tenha poder sobre a vida das outras pessoas, indiretamente, até sem ter intenção de ferir.
Eu posso tá parecendo boba flando isso, não quero dar a entender que ele sofreu um acidente por causa do que eu escrevi aqui. O que eu quero dizer é que as vezes o que a gnt mentaliza pode vir a acontecer, pode vir a se refletir na vida das outras pessoas. Por isso eu tomei a decisão de que eu nunca mais vou escrever nada que envolva nossos bebes em acidentes graves. :x



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U2- Sometimes you can’t make it on your own

Ouça o que eu tenho pra te dizer agora
Eu preciso que você saiba
Você não tem que agüentar tudo isso sozinho

E é você quando eu olho no espelho
E é você quando eu não atendo o telefone
Às vezes você não consegue fazer tudo por si mesmo.

Nós somos a mesma alma
Não me deixe aqui sozinho...



Tom

 Depois de horas no Hospital retornei ao meu apartamento. Estava visivelmente exausto e as fãs compreenderam muito bem isto. Via nos olhos de cada uma o desejo de me abraçar e de me acolher, os olhos delas nunca foram tão carregados de amor por mim e isso apenas intensificava a minha vontade de chorar. Ao me deparar com aquelas garotas à porta do Hospital, senti minha dor sendo dividida e compartilhada, aquela foi a melhor sensação de todas. Eu não estava totalmente sozinho.
Ao abrir a porta de casa o cheiro de meu irmão entrou pelas minhas narinas penetrando em minha alma e disparando meu coração. Ele estava simplesmente em todos os cômodos, em todos os móveis, em todos os cantos daquele bendito apartamento que foi decorado a gosto dele. Tudo lá tinha seu toque, seu talento e bom gosto para a decoração.
 Fui me rastejando até o quarto de Bill, meus olhos fitavam a escuridão que se encontrava a minha frente. Aquele quarto era o que mais tinha a cara de meu irmão, estava exatamente do jeito que ele havia deixado. A cama estava desfeita, os Cds estavam espalhados... Encontrei até uma cueca usada em baixo da cama. Sem mais forças deixei-me levar pelo peso de meu corpo e cai estirado naquela cama macia e impregnada com o perfume dele. Agarrei-me ao travesseiro e chorei sufocando-me neste. Minha mente gritava implorando para que Bill voltasse, eu esfregava meus olhos com força, dava socos em mim mesmo apenas para tentar despertar daquele pesadelo em que me encontrava. Quase pegando no sono vi minha mãe entrando pela porta da mesma maneira que eu havia entrando há minutos atrás. Depois senti o corpo quentinho dela encaixando-se por trás do meu, ouvi seu choro fraco e silencioso ao pé do meu ouvido, ouvi sua voz sair doce em forma de uma canção de ninar que ela costumava cantar para mim e para meu irmão quando éramos pequenos:


"Não, não deixe que as lágrimas venham
Você deve saber que não é bom
Deixe-o ir e executar o seu caminho de casa
Lá ele está sorrindo e um clima agradável

Esse pesadelo é uma mentira, isto ainda é uma mentira
Mas eu não estou mentindo
Deite em meus braços, eu vou te abraçar

E eu vou cantar para você uma canção de ninar
E você vai ver o tempo nunca vir
Levarei-te para longe da vista de todos
Porque você pode ser a luz da minha vida
Então deixe-me brilhar no céu com você
Viva comigo em uma terra de ninar

Chega de choro, chega de gritos
Eu vou te encher de alegria e sonhos
Estamos juntos em uma bela canção
E eu estou sempre a cantá-la para você

Esse pesadelo é uma mentira, isto ainda é uma mentira
Mas eu não estou mentindo
Eu prometo, tudo vai ficar bem
Então amor, por favor, fique comigo esta noite
Porque você pode ser a luz da minha vida
Então deixe-me brilhar no céu com você...”



 Nossa mãe nos cantava essa canção quando tínhamos medo de dormir sozinhos, então ela nos juntava na mesma cama onde ficávamos os três abraçados, um olhando para o outro, sentido-nos protegidos até pegarmos no sono.
 Nunca me esqueço de uma noite em que acordei depois de um pesadelo horrível que tive com a nossa mãe. Estávamos em 2006 e o sucesso do Tokio Hotel já era de se notar. Acordei aos gritos naquele quarto de Hotel chamando por ela, mas a única pessoa que encontrei ao meu lado foi Bill, que estava encolhido em sua cama chorando por ter tido justamente o mesmo pesadelo que eu. Não foi preciso dizer nada um ao outro, nos comunicamos apenas com os nossos olhares que se cruzaram aflitos de preocupação e saudades de casa... Então meu irmão pulou em minha cama, me abraçou e começou a cantar esta mesma canção de ninar que a mamãe nos dedicava quase todas as noites:


“... Estamos juntos em uma bela canção
E eu estou sempre a cantá-la para você...
Esse pesadelo é uma mentira, isto ainda é uma mentira
Mas eu não estou mentindo
Eu prometo, tudo vai ficar bem
Então amor, por favor, fique comigo esta noite
Porque você pode ser a luz da minha vida
Então deixe-me brilhar no céu com você...”



E ele a cantava tão docemente quanto a nossa mãe, a sua voz confortava e me aquecia, suas mãos de irmão protetor me ninavam e eu apenas me entregava ao sono que vinha em seguida.

Durante toda a minha infância onde dormia no mesmo quarto em que Bill, a última coisa que meus olhos fitavam antes de se fecharem era a imagem de meu irmão adormecido profundamente na cama ao lado da minha, então eu pensava: “Bill já está dormindo, eu apenas preciso fechar os olhos e dormir também.” E eu dormia tranqüilo porque sabia que meu irmão estava bem, estava ao meu lado já em um mundo de sonhos, eu não permitia que meus olhos se fechassem até eu ter certeza de que ele estava ali, seguro ao meu lado. Era isto que minha mãe queria que eu soubesse naquele momento... Bill ainda estava conosco, ele apenas estava dormindo tranquilamente em seu mundo de sonhos e nós precisávamos apenas dormir também. A única diferença era que no dia seguinte nós acordaríamos para as nossas vidas, mas meu irmão permaneceria com os olhos fechados eternamente.

 Aquilo era tudo que eu precisava ouvir naquele momento, algo que me remetia ao passado em que éramos uma família completa e feliz, quando éramos só nós três. Conforme minha mãe cantava, eu ia adormecendo em seus braços como um bebê, meus olhos turvos e pesados iam fechando-se aos poucos e, como sempre havia sido em toda minha vida, a última coisa que eu enxergava antes de adormecer era a imagem de meu irmão que desta vez apenas sorria para mim.

                            "Deixe-o ir e executar o seu caminho de casa
                              Lá ele está sorrindo e um clima agradável."




 O dia amanheceu nublado, monótono. O velório de Bill estava aberto ao público, atendendo aos pedidos de muitos fãs. Estes podiam ver o caixão do ídolo de perto, apenas uma faixa e alguns seguranças os separavam.
 A família Kaulitz e amigos permaneceram ao lado do corpo o tempo todo. Mika e kamilie haviam sido convidadas e Dulce também estava lá.

 Muitas meninas avançavam em direção ao caixão, ultrapassavam a faixa, mas eram pegas pelos seguranças. Isto ocorreu varias vezes. O desespero  em ver o vocalista da banda predileta delas naquele estado era de cortar o coração. Várias foram às homenagens feitas. Várias foram as demonstrações de amor e veneração. Umas passavam cantando músicas do TH, - o que deixava os meninos da banda muito emocionados-  outras gritavam, se rastejavam... Caiam no chão, choravam, ficavam imóveis, desmaiavam. Costumavam fazer isto nos shows, mas agora se tratava de um outro “espetáculo”.


 A pedido de Bill, a música tocada no velório foi “Magic Dance” do David Bowie. Ele havia comentado em uma entrevista que gostaria que esta canção fosse tocada em sua morte, pois ela havia marcado a sua vida.

 O momento do enterro foi desesperador. Muitas tentaram se atirar na cova. O tumulto era ainda maior, até a policia precisou comparecer. Tom abraçava a mãe com força, se a soltasse, esta seria capaz de tentar se jogar na cova também. Ver o caixão preto de Bill descendo aos poucos, ver depois a terra sendo jogada por cima, tudo tão horrível, tudo tão irreal.

Tom fez um pequeno discurso muito emocionante:


“Você Bill é a minha alma gêmea, sangue do meu sangue, carne de minha carne. Muitas pessoas não conseguiam enxergar a nossa semelhança, mas nós enxergávamos. Nós nos víamos um no outro, nós sentíamos as mesmas coisas, nós tínhamos os mesmos sonhos, até os mesmos pesadelos. Nada no mundo é capaz de explicar o quão mágico era a nossa sintonia, o quanto nos amávamos e cuidávamos um do outro. Vivemos tantas coisas juntos, não me lembro de nenhum momento realmente bom em minha vida em que você não estivesse ao meu lado. Acordar todas as manhãs indo até o seu quarto lhe desejar bom dia, depois sentar a sua frente na mesa para comer todas aquelas porcarias que nós gostávamos, irmos juntos ensaiar, olhar para o lado e te ver em cima do palco guiando nosso show, abraçar um ao outro depois de ganhar um premio importante... Os meus dias nunca mais serão os mesmos, a minha vida nunca mais será a mesma. A sua perda me dói tanto, dói mais em mim do que em qualquer outra pessoa, você sabe muito bem disto. Mas... Obrigado por ter feito parte dos meus dias, obrigado por ter sido parte de mim. Não consigo te dizer adeus, porque sei que um dia estaremos juntos novamente, nós somos eternos. A única coisa que posso dizer agora é até mais meu irmão, onde você estiver, não se esqueça nunca de mim porque eu me lembrarei de você, cada vez que me olhar no espelho, cada vez que olhar a minha volta, cada vez que respirar...”


 Tom sentiu que faltava algo mais a dizer, mas ele simplesmente não encontrou as palavras certas. Olhou a sua volta deparando-se com a dor que exalava de todos ali e concluiu que palavras não significavam nada diante de um sentimento de amor tão profundo que tinham por Bill. Cada lágrima que escorria do rosto de cada um significava “eu te amarei para sempre Bill Kaulitz”.
Tom Finalizou seu discurso tocando uma rosa vermelha com os lábios e a jogando sobre o caixão do irmão.

 Assim que o enterro foi finalizado, uma forte chuva começou. Aos poucos todos foram indo para casa, mas algumas fãs permaneciam lá embaixo da chuva como se estivessem provando o amor que sentiam por Bill.
 
- Nada mais importa, sem o Bill minha vida não tem mais sentido algum. Eu quero morrer. - uma fã aos prantos deitava sob o caixão do ídolo.

- Está louca menina? Saia já daí! - um policial a retirava com brutalidade.


Tom quis ir embora para seu apartamento, era doloroso demais permanecer ali naquele cemitério tão tenebroso.

- Eu e Gordon iremos com você até seu apartamento filho. - Dona Simone dizia acariciando o rosto dele.

- Eu aceito a companhia de vocês mãe, não quero ficar sozinho nenhum instante.

- Tom, eu quero que você passe um tempo conosco lá em Loitsche. Será bom para nós permanecemos juntos.

- É isso mesmo que eu vou fazer mãe. - ele a beijou nas mãos. - Não conseguirei continuar morando naquele apartamento sozinho, mas também não quero vende-lo porque Bill amava aquele lugar...Preciso pensar bem no que farei com ele...

Tom olhou para o lado deparando-se com Georg e Gustav conversando desanimados, sem pensar duas vezes foi até eles.

- Do que vocês estão falando?

- A gente estava pensando...O que será de nós? O que será do Tokio Hotel sem o Bill? - Georg respondeu com lágrimas nos olhos.

- É essa pergunta que eu me faço a todo momento sabia? - Tom disse sentido.

- Apesar do Bill ser único e insubstituivel, eu não vejo motivos para acabarmos com o Tokio Hotel, se rompermos com a banda, destruiremos os sonhos de todas as nossas fãs. - Gustav manifestou-se.

- Acho que Bill deseja que nós continuemos firmes e fortes a tocar o Tokio Hotel para frente. Nossa banda é nossa vida. - Georg disse decidido.

- Subir num palco sem ter meu irmão guiando os nossos passos e dando voz ao nosso espetáculo? Eu não sei se eu consigo lidar com isso. Acho que nunca mais terei forças para por meus pés em um palco. - Tom balançava a cabeça negativamente enquanto fitava o chão. - Se vocês quiserem continuar com o Tokio Hotel, continuem, mas não contem mais comigo. Meu sonho acabou aqui, junto com o do meu irmão. - Tom os observou com tristeza e retirou-se dali rapidamente.

 


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Notas finais do capítulo

O último Adeus é sempre tão doloroso. Não se esqueçam que Cléo permanece no Hospital com o coração de Bill.
Será que ela terá oportunidade de se despedir dele?
Os nossos sonhos simplesmente nos levam aonde mais desejamos estar.
Não percam o próximo capitulo.

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