Green Day - Good Riddance (Time Of Your Life)

Outro momento decisivo
Uma bifurcação cravada na estrada
O tempo te agarra pelos pulsos,
E te mostra para onde ir
Então tire o máximo proveito desse teste
E não pergunte "porquê?"
Isso não é uma pergunta,
Mas uma lição aprendida na hora certa.


É algo imprevisível,
Mas no final está correto.
Espero que você tenha aproveitado sua vida

Então pegue as fotografias
E as molduras de foto na sua mente,
Pendure isso numa prateleira
De boa saúde e bons momentos.
Tatuagens de lembranças
E cicatrizes em julgamento.
Pois aquilo que vale a pena,
Valeu a pena durante todo o tempo....

É algo imprevisível,
Mas no final está correto.
Espero que você tenha aproveitado sua vida

Bill

Entrei no carro e bati com força minha cabeça contra o volante na tentativa de transformar a minha dor psicológica em uma dor fisica. Meio zonzo eu dei partida e saí pela garagem já em uma velocidade consideravelmente alta. A chuva caia densa e me impedia de enxergar o que estava a minha frente, mas eu não podia parar, eu não conseguia. A morte pareceu-me convidativa e eu apenas conseguia relaciona-la com a palavra "Salvação".
Senti que algo faltava, notei que precisava de uma música. Nada melhor que ouvir a minha própria música, a minha própria voz dando vida a minha própria criação. Liguei o rádio e comecei a prestar atenção nas letras das minhas canções. A morte era um tema que eu sempre abordava de uma maneira romantica. Morrer por amor seria simplesmente fantástico, da mesma maneira que entregar minha vida a quem eu amo seria fantástico. Era isso que eu queria...Por que? Eu não sei, simplesmente foi esse o tipo de amor que eu busquei a minha vida inteira.
De repente lembrei-me de algo que iluminou meu pensamento e me tirou de toda aquela escuridão que eu me encontrava. Eu sabia justamente o que fazer naquele momento. Percebi aquela luz cada vez mais forte, ela me cegava...Custei a notar que era a luz que vinha do farol de um caminhão que encontrava-se a minha frente. Tomado de desespero joguei meu carro para o lado mas, era tarde demais, lembro-me apenas de ter ouvido as batidas de meu coração em meio a escuridão que novamente havia tomado conta de mim enquanto a imagem de Cléo e de meu irmão alternavam-se em minha mente.

Bill estava sendo levado às pressas ao Hospital. A ambulância seguia escandalosamente pela cidade despertando atenção e curiosidade. A essa altura, todos já estavam sabendo do acidente que ocorrera na principal rodovia de Hamburg e todos sabiam também que Bill Kaulitz, vocalista do Tokio Hotel, estava envolvido. Os noticiários televisivos davam destaque ao fato:

"É grave o estado de Bill Kaulitz. Neste momento ele está a caminho do hospital completamente inconsciente. São varias as tentativas para reanimá-lo, mas até agora os médicos não tiveram sucesso."

Melissa encontrava-se em sua casa comendo um pote de sorvete de chocolate em frente a Tv. Ao separar-se de Bill, sua vida tornou-se intediante e totalmente sem graça. Ao ver o noticiário daquela tarde entrou em estado de desespero.

- Bill! Não pode ser...Isto não pode estar acontecendo!

Vestiu-se rapidamente, passou as mãos na chave do carro e correu para o Hospital da cidade.

Tom

Procurei me distrair um pouco depois que Bill havia saído. Liguei a Tv mas, não tive paciência para ficar a frente dela, não conseguia prestar atenção em nada. Percebi a chuva um pouco mais fraca e fui para a sacada. Debrucei-me um pouco para ter visão da rua, meu corpo pesava, tudo girava e eu mal podia me manter de pé. Tirei meu boné deixando apenas meu lenço envolto com a intenção de arejar um pouco minha cabeça, mas o calor apenas aumentou. Caí de joelhos e vomitei tudo que havia comido naquele dia. Tentei me levantar mas não consegui, deitei naquela sacada fitando o céu que parecia querer revelar-me algo que eu simplesmente não conseguia decifrar. Meu coração batia forte a ponto de me fazer escuta-lo. O que está acontecendo comigo? Ouvi uma sirene chamando por mim. Ela foi ficando cada vez mais forte. Bill? É você não é? Não sei da onde tirei forças naquele momento, apenas saí correndo abandonando meu apartamento. Entrei no elevador deparando-me com o extenso espelho que tinha dentro deste. Vi a minha imagem misturando-se com a imagem de meu irmão, nunca me senti tão parecido com ele. Quando o elevador parou no terréo eu corri ainda mais atropelando todos que estavam a minha frente. Saí para rua sem medo de ser reconhecido e corri, corri além do que aguentava. Meu rosto queimava e eu já começava a chorar angustiado. Enquanto corria, algumas meninas pela rua gritavam o meu nome:" Tom é você? Onde você vai? Meu Deus é o Tom Kaulitz do Tokio Hotel!" Elas foram me seguindo...A quantidade de garotas aumentava cada vez mais, elas corriam mas não me alcançavam, era como se meus pés fossem rodas, meu coração o motor e o meu amor por Bill o combustível. A sirene me conduziu até o principal Hospital da cidade, quando cheguei a porta deste caí ofegante no chão e apaguei. Depois só me lembro de um enfermeiro me reanimando e Melissa, Georg, Gustav e Jost me encarando.

- Tom, o Bill está aqui... - Melissa me disse baixo com os olhos fartos de lágrimas. Eu apenas olhei para ela e me rendi ao choro também.

Bill despertou ainda na ambulância. Sua respiração estava fraca, estava inconsciente, mas dava pequenos sinais de vida. Chegou ao Hospital em estado de coma.
Cléo chegou ao Hospital praticamente na mesma hora e no mesmo estado de Bill, em coma. Logo foi encaminhada para a UTI onde apenas os aparelhos a mantinham viva.
Dulce foi guiada para a sala de espera, lá ela encontrou-se com o pessoal do Tokio Hotel.

- Sra Hilmann, o que faz aqui? Está passando bem? – David Jost aproximava-se dela visivelmente abatido.

- Minha filha entrou em coma hoje. – ela respondia baixo com os olhos marejados.

- O que? Quer dizer que Cléo entrou em coma hoje também? - Tom levantou-se indo em direção a Dulce.

- Sim, coincidência não? - ela respondeu fraca a ele.

- Coincidência? Não...Só pode ser destino. - ele deu um sorriso de canto em meio as lágrimas.

- Eu...- Dulce abaixou a cabeça - Eu acho que lhe devo desculpas. Eu estava muito descontrolada quando bati em você, espero que me perdoe.

- Tudo bem. Eu em seu lugar também teria enchido de porradas qualquer marmanjo que raptasse a minha filha.

- Será que eu posso...- Dulce aproximou-se de Tom vagarosamente, este percebeu a intenção dela em abraça-lo e abriu os braços a recebendo com carinho. - Vamos compartilhar esta dor juntos. ninguém aqui é capaz de sentir o que nós estamos sentindo agora. - ela apertou os olhos para chorar ainda mais.

Tom não conseguiu dizer nada, simplesmente sentiu todo calor e proteção de uma mãe nos braços de Dulce e chorou até soluçar com ela. Falando em mãe, naquele momento, Simone, mãe dos Kaulitz estava a caminho de Hamburg, já que morava em outro estado com seu marido.

Melissa permanecia sentada em silêncio no sofá, não havia falado com ninguém, estava na mesma posição há muito tempo. Um arrependimento horrível havia tomado conta dela, uma magoa terrível. Ela chorava para si, sufocando-se na própria dor. Havia se arrependido do que fizera a Cléo, estava naquele estado também por Bill. Ela apenas pedia a Deus para perdoá-la.

Melissa

Não posso deixar de me sentir culpada por tudo que aconteceu, como pude ter descido tão baixo assim? Como pude ter sido capaz de fazer isso ao Bill? Quando soube que ele havia me traido tornei-me um monstro com sede de vingança, não pensei nas consequências, agi automaticamente. Automática, o Bill sempre me chamava assim e eu nunca me importei, sempre achei bonito não ter sentimentos, esta era uma maneira de me proteger e mostrar quão fria eu era. Mas eu não sou assim, eu não sou desumana... Eu também tenho sentimentos e eles estão a flor da pele hoje. O que mais me dói? Ver Tom neste estado. Ele mal olha para mim e isto me mata por dentro. Prefiro mil vezes ouvir todas as implicâncias e as piadinhas dele para mim do que ser simplesmente ignorada e deixada de lado. Tudo que eu mais queria agora era correr para os braços dele e mostrar o quanto eu estou sentindo esta dor, quero que ele saiba que apesar de tudo, eu estou ao lado dele para o que der e vier.

Uma multidão de fãs estava à porta do Hospital juntamente com a mídia. Todos sabiam que Cléo, a fã doente dos TH, estava em coma lá dentro junto com Bill. Todos assistiam aquele fato com muita tristeza e expectativa.
Mika e Kamilie haviam chego ao Hospital também.

- Meninas que bom que chegaram. - Dulce as abraçou carinhosamente.

- Meu Deus quase não nos deixaram entrar. Centenas de fãs estão lá fora esperando noticias do Bill. - Mika dizia tremula.

- Como a Cléo está? - Kamilie apertava os olhos para chorar.

- Mal, muito mal minhas queridas.

- Senhora Hillmann, tentamos ligar para Cléo várias vezes quando soubemos que ela estava tendo um romance com o Bill, ficamos simplesmente boquiabertas quando vimos as revistas, mas, nós não conseguimos mais falar com ela. - Mika se lembrava.

- Eu prometo que depois eu lhes contarei tudo que aconteceu. - Dulce acariciou a testa da garota.

- Mein Gott in Himmel Mika olha só quem está ali. - Kamilie paralisou ao ver o TH reunido ao lado delas - Acho que vou ter um treco.

- Agora não é hora de histerias de fã Kamilie, este é um momento muito triste. - Mika a repreendeu não tirando os olhos dos meninos.

- Venha, eu apresento vocês a eles. - Dulce foi conduzindo as garotas até a sala de espera onde seus maiores ídolos encontravam-se.

Todos se levantaram rapidamente quando avistaram o Dr. Kellerman se aproximando. Ele estava cuidando do caso de Bill.

- Tenho uma boa e uma má noticia. Qual desejam ouvir primeiro? – Kellerman perguntava a todos com ar de sério.

- A boa primeiro. – Tom disse com pouca esperança.

- Seu irmão acordou.

Todos vibraram com a noticia, menos Tom que ainda estava preenchido por um sentimento de vazio e angustia.

- E qual é a má? – ele perguntou com desanimo

- A má é que não sei por quanto tempo ele conseguirá se manter vivo. Ele despertou apenas para dizer algo a você, ele deseja vê-lo antes de partir.

Tom engoliu seco naquele momento. Ele não conseguia mais chorar, tentava se manter forte para ir se despedir de seu irmão. Dr. Kellerman o guiou até a UTI.

Tom havia ido se despedir de Bill, mas todos na recepção esperavam pela sua vez. Depois de meia hora, o gemêo mais velho retornou completamente desolado.

- Meu irmão acaba de morrer. – ele disse baixo olhando para o chão. Não agüentou por muito tempo e caiu em um choro profundo.

Georg e Gustav abraçaram o amigo. Os três permaneceram juntos chorando por vários minutos. Ninguém ousava atrapalhar aquele momento onde o Tokio Hotel compartilhava a dor da perda de seu líder. Não só um líder, Bill era o irmão que estava faltando. A cena comoveu a todos. David Jost se juntou ao abraço dos três. Ele era o pai do TH e acabara de perder um filho. Não se pode descrever a dor, a agonia, o desespero, principalmente vindo de Tom. Este viu a vida completamente sem sentido naquele momento.
A noticia foi dada à mídia:

"Foi confirmada agora a pouco a morte cerebral do vocalista do Tokio Hotel. A noticia foi dada pelo irmão gêmeo Tom, que foi o ultimo a ver Bill Kaulitz vivo."

Fãs de todo mundo choravam a dor da perda de seu maior ídolo. Ele havia partido, mas a sua voz estava viva no coração de todos. A sua imagem tão marcante ainda era vista. Aquelas garotas a porta do Hospital não conseguiam acreditar, não conseguiam se conformar. Ainda esperavam receber uma boa noticia, ainda tinham esperanças de ouvir: “Seu ídolo está bem, ele irá se recuperar, o Tokio Hotel não perdeu a sua voz.” Mas era tarde demais...

Depoimento de uma fã

“É tão difícil descrever um sentimento tão triste e desesperador com palavras. É tão difícil encarar a morte de alguém que amamos tanto. Simplesmente não conseguimos acreditar. Voltar para casa e olhar a imagem de Bill Kaulitz no fundo de tela dos computadores, nos pôsteres colados na parede sabendo que ele não está mais entre nós. Escutar as músicas, ver os videos... Tudo isso nos faz querer mergulhar no mundo em que ele se encontra agora, nos faz querer trazer ele de volta para nós.Como explicar um amor de fã? Ele existe. Este amor é forte e especial porque nós o carregamos por muito tempo. São pouquíssimas as vezes em que podemos chegar perto de nossos ídolos, então cada vez que isto acontece, nós vivemos aquilo com toda intensidade, nós agarramos aquele momento e o transformamos em algo único, como se fosse o acontecimento mais importante de nossas vidas. Então continuarei guardando meu amor de fã aqui comigo, porque sei que mais cedo ou mais tarde nós nos reencontraremos com a mesma intensidade da primeira vez. Somos capazes de esperar meses para encontrar nosso ídolo em um show e somos capazes de esperar uma vida inteira para reencontrá-lo em outra vida.”