A Culpa é Minha e das Metáforas escrita por Larissa Waters Mayhem


Capítulo 1
Capítulo 1 - Aparição Gloriosa, a garota do Cilindro.


Notas iniciais do capítulo

Bom a aqueles que estão acompanhando a história, eu refiz este capítulo, contia muitas erros de português mas agora está tudo certo.

Obrigado aqueles que acompanham!



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Caro Peter Van Houten

Primeiramente escrevo-lhe este diário, pois um dia talvez vai dar um bom livro, e também quero mostrar a você o quanto você e o seu livro fizeram parte do nosso “pequeno infinito”.

Sei que você é um velho ligeiramente egoísta e vai guardar este diário somente para ti. E aproveitando esse seu egoísmo eu lhe peço, logo após a minha partida, espere uns três meses e avise a Hazel Grace que o escrevi, sei que ela vai ficar triste, mas sei que vai ficar feliz ao mesmo tempo.

Mandei um E-mail só para disfarçar, sei que a Hazel Grace vai procurar algo que eu tenha deixado escrito depois da minha partida. Quero fazer uma surpresa certo? Bom, quero pedir um favor, publique este diário, talvez daqui um tempo e depois da permissão da Hazel Grace, depois que ela lê-lo e aprová-lo, sei que não vai recusar isso, quem recusaria um favor de um defunto? (ou no caso, de um morto-vivo com os dias contados).

Já acompanhei a morte de alguém próximo, foi o caso de Caroline Mathers, eu senti a dor de vê-la partir, então eu sei o que a Hazel Grace está sentindo. Mas sabe o que é pior meu caro velho, a minha dor é maior, por que vê-la sofrer por me ver sofrendo acaba com o meu coração.

Pareço um cara totalmente forte, mas sou um simples clichê. Como disse no e-mail. Sou uma pessoa boa e um escritor de merda. Sem mais delongas, espero que leia esta história com atenção, que possa pegar todos os detalhes, se quiser jogar ou queimar esse diário, está livre para isso, mas saiba que irei te assombrar. Vou tentar escrever esse diário o mais rápido possível, pois ontem me senti completamente inútil, estou na fase de degeneração, mal pude comprar uns cigarros, não estou prestando nem ao menos para não fumá-los. A morte é mais rápida que a velocidade da luz. Cada dia é um lampejo da eternidade, e um pontinho pequeno dentro de todo um infinito.

Não quero a sua pena, nem sua compaixão. Apenas peço-lhe que aceite esta condição. Como eu disse no e-mail, eu aceito a minha. Não ousei fazer um final para Uma Aflição Imperial, pois foi isso que fez Hazel Grace me conhecer, foi isso que nos fez felizes.

E quanto a você meu velho, a única coisa que pode fazer por mim é publicar este livro, pois você não foi capaz de nem ao menos nos contar sobre Uma Aflição Imperial.

Mais um dia sendo um perfeito inútil, lendo pela vigésima vez O Preço do Alvorecer, no meu pequeno esconderijo, o porão. Enquanto sou o campeão na arte de não fazer nada, meus pais faziam encorajamentos em todos os lugares da casa, os encorajamentos são frases que eles colocam em placas etc, meus pais acham que a vida pode ser melhor se você a olhar por um lado positivo. '' Veja eu não tenho uma perna, mas veja pelo lado bom, eu podia não ter as duas pernas e os dois braços e parecer um palmito ambulante. Jogado na cama, com o meu pijama listrado a la presidiário, lendo a mesma frase do livro por meia hora, a cada minuto que lia uma frase parava para pensar na vida e quando voltava a ler esquecia em que parte eu estava.

Meu pai gritou da cozinha:

– Gus! Isaac está no telefone! - a cara, Isaac sempre estragando a minha vibe.

– Já to indo! - gritei, fui correndo, correr, isso me soava engraçado, não faço isso a mais ou menos um ano e meio. Então corri do meu jeito. Depois de um ano andando cheguei ao telefone.

– Por que não liga no meu celular? - falei.

– Pra você subir até a sua cozinha e exercitar suas pernas. - Isaac é meu amigo algum tempo, ele nasceu com câncer ocular, quando pequeno, um de seus olhos foram extraídos, o deixando apenas com um olho, e outro de vidro. Usando óculos fundo de garrafa, seus cabelos loiros caídos sobre o rosto. Eu o chamo de olho tonto Moody personagem do Harry Potter.

– Pelo menos tenho os dois olhos, e um não parece uma azeitona.

– É sério agora Gus, me acompanhe até o grupo de apoio hoje?

Isaac me falava desse raio de Grupo de Apoio a semanas, eu acho esses lugares deprimentes, sério, não é só por que tem algum tipo de câncer que tem que reclamar da sua vida pelo resto da vida. Creio que esses indivíduos devem seguir em frente.

– Ah cara, não dá... Preciso correr um pouco. - uma pitada de humor negro, é legal quando você tira sarro das suas próprias anomalias. - Por que não chama a Mônica?

– Por que... Hmm, deixe-me ver, ela não tem câncer graças a Deus! Por favor Gus, vamos! - ele insistia.

– Certo, certo, se você faz tanta questão da minha presença, eu irei. Passo ai daqui vinte minutos. - desliguei o telefone.

Fui até a cozinha, minha mãe continuava a fazer os encorajamentos, então eu disse:

– Mãe, vou ao grupo de apoio. - minha mãe abriu um sorrido gigantesco, seu rosto estava sujo com tinta azul.

– Ah querido! Fico feliz por você! - ela me abraçou. - Vou fazer tortilhas na janta.

– Uhu, que legal, vou para um grupo cheio de pessoas deprimentes e todos vão me contaminar com suas depressões inúteis! Eba! - disse levantando as mãos, sim isso foi irônico.

Minha mãe olhou para mim, suas expressões ficaram sérias, ela disse:

– Gus, as pessoas que estão lá, não são depressivas, elas apenas precisam de apoio psicológico.

Olhei para minha mãe, de fato não devo fazer esses tipos de comentários.

– Certo mãe, eu prometo que não zombarei mais desse raio de grupo de apoio.

Fui trocar de roupa, coloquei uma calça jeans meio apertada, tentativa falha de parecer sexy. Uma blusa suja de molho de macarrão, que quando estava na oitava série dizia ser sangue de um valentão que tentou me agredir, mas dei um de Mike Tison e parti pra cima dele. Coloquei um all star bem velho que não lavei por três anos. E peguei minha caixa de cigarros tirando um e colocando-o na boca. Fui para a cozinha, minha mãe me fitou, colocou suas mãos na cintura e perguntou:

– Menino quando vai parar de não fumar os cigarros, hein? - perguntou a minha mãe. Uma breve explicação: Não eu não fumo, eu apenas sou um cara tão belo quanto metafórico. Veja: Eu coloco a coisa que mata entre os dentes, mas não a dou o poder de completar o serviço. Minha mãe não entende esse meu raciocínio, aliás, só uma pessoa entende, e ela está mais pra frente do capítulo.

– Mãe, por favor, dei-me com os meus cigarros não acesos em paz. - disse tirando o cigarro da boca e beijando suas bochechas.

– Até mais grande homem. - disse batendo nas costas do meu pai. - Vou pegar o carro.

Sai de casa e entrei no carro, que estava parado em cima da calçada. Não sou bom em estacionar, e os guardas não ligam, e também eles não me dão multas, só pelo fato de não ter uma perna, você ganha o mundo meu chapa. Isso se chama ''Os Privilégios do Câncer ''. Entrei no carro, ajeitei minha prótese e dei partida.

Cheguei à casa de Isaac e ele já estava na porta me esperando, buzinei e gritei:

– Quer que eu o leve para Howarts, senhor Olho Tonto Moody?

Ele sorriu e gritou também:

– Leve suas pernas também amigão! - ele veio caminhando até o carro. Sentou-se no banco da frente.

– Quando começa o Grupo de apoio?

– Daqui a pouco.

– Certo, então vamos.

Dei partida no carro e nós fomos. Eu corria muito, e dirigia muito mal.

– Se acalme Speed Racer! - disse Isaac, em seguida passei por uma lombada o carro saltou e Issac bateu a cabeça. - Meu olho de vidro vai saltar daqui a pouco.

– Temos que viver a vida intensamente meu caro! - no momento o farol ficou vermelho, mas não tive tempo de parar.

– Estamos indo para uma igreja Gus e não DIRETO PARA O CÉU! - Isaac gritou nas ultimas palavras porque eu quase matei um gato indefeso.

– Cara, quase você mata o gato.

– Vai chorar?

– Vou meio que chorar, por que só tenho um olho.

Chegamos a igreja, era uma igreja de pedra em formato de cruz. Olhei para a cara de Isaac, e ele olhou para mim.

– Você consegue. - disse ele. Nossa os encorajamentos dele são tão bons quanto os dos meus pais.

– Espero que tenha algo para comer, estou com fome... – disse colocando a mão na minha barriga, eu realmente estava com fome.

– Tem sim, biscoitos e limonada. – disse Isaac.

– Vamos!

Desci do carro, eu o estacionei em cima da calçada novamente, eu disse, ''pessoas com uma perna só, são outro nível ''.

Subimos uma escada que tinha, havia um elevador fiquei olhando para ele e me perguntei por que não subimos por ele.

– Cara, já sei o que você está pensando. Os que vão de elevador estão nas ''Ultimas''. – Disse Isaac.

– Nossa, que consideração. ''Você só pode usar o elevador quando estiver morrendo. '' – disse.

– Ou prestes a perder um olho e ficar totalmente cego. – disse Isaac.

Chegamos ao salão, havia uma roda de cadeiras e bem no meio uma cruz. E em um canto havia a mesa com biscoitos e limonadas.

– Beleza! - disse indo a caminho da mesa.

– Veio aqui só para comer. - disse Isaac.

Dei de ombros e mordi um biscoito.

– Cara, isso tem gosto de pergaminho.

Ele riu, nós ouvimos alguém chegar, então nos sentamos em umas cadeiras de plástico. E estávamos à espera da chegada do pessoal.

– Tem amigos por aqui Isaac? - perguntei.

– Não, só troco suspiros de tédio com uma garota.

– Falou o Don Juan.

– Ah Gus pare de graça.

As pessoas começaram a chegar, um cara esquisito com cara de quem gosta de Star Wars chegou e começou a cumprimentar todos. Quando chegou na vez de Isaac ele deu um tapinha em seu ombro e disse:

– Você está melhor?

– Melhor, impossível. – respondeu Isaac com uma pitada de sarcasmo.

Depois disso comecei a notar as pessoas que lá estavam, e logo vi uma aparição chegando e se sentando dois bancos de distancia do meu.

– É essa a menina Gus.- disse Isaac.

– Menina? Quem? – respondi, ainda olhando para a garota.

– A que eu disse que trocava suspiros de tédio... – respondeu.

– Nossa! Como ela é... Bonita. – disse.

Então a reunião começou ''o cara que tem cara que gosta de Star Wars'' se apresentou, seu nome era Patrick, ele teve câncer nas bolas, o que na verdade deve ser deprimente, bom, ele não tem bolas, e eu não tenho uma perna. Mas não prestava atenção no que ele dizia. Na verdade só estava prestando atenção naquela garota. Ela era baixa, tinha um cabelo curtinho, usava um Chuck Taylors com uma calça jeans e uma blusa amarela com uma banda estampada, cujo nome da banda eu não conhecia, seus olhos eram esverdeados, seu rosto tão redondo quanto a de um esquilo. Eu gosto de Esquilos. Ela andava com um cilindro de oxigênio e uma cânula que logo deduzi ser algum tipo de câncer nos pulmões, não desviei o olhar dela nenhum segundo, o que fez ficar vermelha. Logo depois ela começou a me encarar também, o que me deixou um pouco sem jeito, então sorri e desviei o olhar, quando olhei para ela novamente ela arqueou as sobrancelhas como que dizendo: Ganhei esse jogo.

Depois da ladainha de Patrick, ele perguntou a Isaac:

— Isaac, talvez você queira ser o primeiro hoje. Sei que está enfrentando um grande desafio no momento.

— É — o Isaac disse. — Meu nome é Isaac. Tenho dezessete anos. Parece que vou precisar ser operado em duas semanas, depois vou ficar cego. Não estou reclamando nem nada porque sei que poderia ser pior,
como no caso de alguns aqui, mas, quer dizer, ficar cego é, tipo, uma droga. Ter uma namorada me ajuda. Além de amigos como o Augustus. - ele balançou a cabeça em minha direção. Sabe fico feliz de saber que estou ''Apoiando'' Isaac neste momento, não é fácil ficar sabendo que nunca mais vai enxergar afinal amigos são para essas coisas, é bom ajudá-lo nesses momentos de angustia. - Pois é... - continuou Isaac — Não há nada que se possa fazer para mudar isso.

— Estamos do seu lado, Isaac — o Patrick falou. — Vamos lá, pessoal, digam para o Isaac ouvir.
E então todos nós, em uníssono, dissemos:
— Estamos do seu lado, Isaac.

Depois foi a vez de um garoto chamado Michael, ele tinha uns doze anos e sofria de leucemia.

Depois dele, foi uma menina, chamada Leda, era bonita e tal, mas não me chamou atenção como aquela menina ''que se parece um esquilo'', a tal Leda tinha câncer no apêndice, cara, eu juro que nunca ouvi falar. Depois umas cinco pessoas falaram. Depois chegou a vez do grande Augustus aqui, eu posso parecer extrovertido e tudo mais, mas eu não gosto de falar de mim, sério. Todos olhavam para mim, até a linda da Menina Esquilo, sorri para ela e comecei a falar.

— Meu nome é Augustus Waters — disse. — Tenho dezessete anos.
Tive uma pitada de osteossarcoma um ano e meio atrás, mas só estou aqui hoje porque o Isaac pediu.
— E como está se sentindo? — o Patrick perguntou.
— Ah, maravilha. —Dei um sorriso irônico — Estou numa montanha-russa que só vai para cima, amigão. – Assim que acabei de falar, foi a vez da garota esquilo.

— Meu nome é Hazel. – Tenho dezesseis anos. Tireóide com metástase nos pulmões. Estou bem. A hora passou rápido. Lutas foram recontadas, batalhas ganhas em guerras que com certeza seriam perdidas; a esperança virou tábua de salvação; famílias foram celebradas e recriminadas; foi consenso que os amigos não entendiam nada; lágrimas foram compartilhadas, e consolo, oferecido. – disse Hazel , não vou mais chamá-la de esquilo, ela me chamou atenção, era inteligente, e nem um pouco depressiva.

Ficamos em silêncio até que o Patrick o abençoado do Patrick resolveu me perguntar de novo:

— Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo. – Tenho medo que você faça mais perguntas das quais não tenho a mínima vontade de responder. Mas certo, vou dar uma chance pro cara:
— Meus medos?
— É.
— Eu tenho medo de ser esquecido — disse, de fato, eu tenho mesmo. Quando descobri que tinha câncer sabia que não iria durar muito, e cara, só de pensar que depois de morrer eu só vou me tornar um adubo para a terra e comida para os vermes, e depois disso, ninguém lembrar que eu já existi. — Tenho medo disso como um cego tem medo de escuro. – completei.
— Calma aí… — disse Isaac, abrindo um sorriso, eu juro que não fiz isso intencionalmente.
— Estou sendo insensível? — perguntei. — Eu posso ser bem cego quando o assunto são os sentimentos das outras pessoas. – o que é a pura verdade.
O Isaac estava rindo, mas o Patrick levantou um dedo, repreendendo.
— Por favor, Augustus. Voltemos a você e às suas questões. Disse que tem medo de ser esquecido? — É — respondi.
O Patrick pareceu meio perdido.
— Alguém, ahn, alguém gostaria de fazer algum comentário?

Então a Hazel Grace levantou a mão, o que me deixou muito feliz, iria escutar sua voz novamente, o que era muito agradável, tão agradável quanto o seu rosto de esquilo. Mas falando sério, eu realmente estava interessado no que ela iria falar.

— Vai chegar um dia — ela disse — em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui — ela fez um gesto abrangente — vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz. – Olhei para ela, estava encantado, ela era fascinante, todas aqueles palavras me confortaram, me fizeram cair na real, o modo como ela vê essas coisas, é maduro, adulto, para uma garota de 16 anos, ela era inteligentíssima e atraente, eu até a achava sexy, achava que nela iria encontrar a resposta de tudo. A meu caro, se existir amor a primeira vista, eu juro que o que eu estava sentindo era isso.

Uma Natalie Portman filósofa, e futura mãe dos meus queridos filhos, cara, ficar pensando nos futuros Augustinhos e Hazels filosofando dentro de casa.

Não deixei de elogiá-la, então disse baixinho.

– Caramba! Não é que você é mesmo demais?

Depois disso não falamos mais nada, Patrick acabou encerrando pedindo para que todos nós demos as mãos para fazer uma prece.

Senhor Jesus Cristo, estamos aqui reunidos em Seu coração, literalmente em Seu coração, como sobreviventes do câncer. O Senhor e somente o Senhor nos conhece como conhecemos a nós mesmos. Nos guie pela vida e para a Luz em nossos períodos de provação. Oremos pelos olhos do Isaac, pelo sangue do Michael e do Jamie, pelos ossos do Augustus, pelos pulmões da Hazel, pela garganta do James. Oremos para que o Senhor consiga nos curar e para que possamos sentir Seu amor e Sua paz, que excedem todo o entendimento. E nos lembremos em nossos corações daqueles que um dia conhecemos, amamos e que foram para a Sua casa: Maria, Kade, Joseph, Haley, Abigail, Angelina, Taylor, Gabriel…

Eram tantas pessoas mortas, que me deixava até triste, só de pensar que um dia meu nome possa estar lá, enquanto meu corpo está servindo de moradia para o verme e sua família debaixo da terra. No final todos gritaram VIVENDO O MELHOR DA NOSSA VIDA HOJE! O que realmente estava acontecendo. Estava torcendo para aquilo tudo acabar logo, para poder falar com a garota esquilo, Hazel Grace.

Fui em sua direção e parei em sua frente, um pouco distante. Ela olhou nos meus olhos, e ficou vermelha. Adoro isso.

– Qual é o seu nome? – perguntei.

– Hazel. – Ela respondeu.

– Não, seu nome completo.

– Ah, Hazal Grace Lancaster. – Eu iria a elogiar por aquele comentário espetacular até que Isaac chegou e estragou a vibe de tudo. Novamente.

— Só um instante – disse levando o dedo e me virando até Isaac. — Isso foi pior do que você tinha dito, na verdade.
— Eu disse que era um tédio. – Na verdade ele não disse isso, ele disse que era interessante.
— Por que você se dá o trabalho de vir aqui? – alem de ter o trabalho de me arrastar para cá também
— Sei lá. Meio que ajuda…? – Pois bem, meio que me ajudou também, meio que ajudou a encontrar essa Hazel Perfeita Grace.

Então inclinei o corpo para que ela não pudesse ouvir e perguntei para Isaac.

– Ela vem sempre aqui?

– Bem, todas as vezes que eu venho, sim.

– Ótimo... Quer saber? – peguei Isaac pelos ombros e me inclinei para trás. – Conte a Hazel sobre a ida ao médico.

— Tá, é que eu fui ao médico hoje de manhã e estava falando para o meu cirurgião que preferiria ser surdo a ser cego. E ele disse: "Não é assim que as coisas funcionam." Aí eu falei, tipo: "É, eu sei que não é assim; só estou dizendo que preferiria ser surdo a ser cego se pudesse escolher, mas sei que não posso." E ele: "Bem, a boa notícia é que você não vai ficar surdo." Eu disse: "Obrigado por esclarecer que meu câncer no olho não vai me deixar surdo. É muita sorte minha ter um gênio como você me operando."

Então Hazel olhou para Isaac e disse:

— Ele é mesmo um gênio, vou tentar arrumar um câncer qualquer no olho para poder conhecer esse cara.

— Boa sorte. Então, tá. Já vou indo. A Monica está me esperando.
Preciso olhar bastante para ela enquanto posso.
Counterinsurgence amanhã? —Perguntei para Isaac.
— Com certeza. — O Isaac deu meia-volta e subiu as escadas correndo, pulando os degraus de dois em dois.

Me virei para a Hazel Grace e disse:

– Literalmente.

– Literalmente? – perguntou ela em duvida. Então respondi:

— Estamos literalmente no coração de Jesus… Achei que estivéssemos no porão de uma igreja, mas estamos literalmente no coração de Jesus.

— Alguém deveria contar isso para Jesus, quer dizer, deve ser perigoso ficar guardando crianças com câncer no coração. – Tão linda quanto hilária.

– Eu mesmo poderia contar, mas, para minha infelicidade, estou literalmente enterrado no coração Dele, então Ele não vai conseguir me ouvir. – disse. Hazel Grace sorriu, o que fez me sentir bem. Comecei a olhar para ela, cara, como ela era linda, sabe quando você começa a tomar coca – cola, mas quanto mais toma, com mais vontade fica? É assim com a Hazel Grace, quando mais a vejo, mais vontade de olhar dá.

Ela ficou meio sem jeito e me perguntou:

— O que foi?
— Nada — respondi.
— Por que você está olhando para mim desse jeito?

Sorri, e decidi abrir o meu coração:

— Porque você é bonita. Eu gosto de olhar para pessoas bonitas, e faz algum tempo que resolvi não me negar os prazeres mais simples da existência humana. — Um silêncio constrangedor se seguiu, mas não queria acabar com aqueles flertes diretos que estava mandando.

— Quer dizer, principalmente porque, como você deliciosamente observou, tudo isso vai acabar em total esquecimento, e tal…

Percebi o nervosismo dela, já que era para falar a verdade então resolvi falar da Natalie Portman.

— Você é tipo uma Natalie Portman milenar. Tipo a Natalie Portman em V de Vingança.

— Não vi esse filme – Como assim não? Um clássico, então resolvi descrever Natalie para Hazel:

— Sério? Garota linda, de cabelo curto, rejeita a autoridade e não consegue resistir a um cara que ela sabe que vai ser um problema. É sua autobiografia, pelo menos até aqui, pelo que posso ver. – Acho que estava tão desesperado para que a Hazel Grace não saísse correndo que resolvi flertar com ela diretamente deixando-a completamente envergonhada, queria deixar explicito que, em apenas três horas, estava afim dela.

Então uma garota no Memorial passou, era Alisa:

– Eaí Alisa, tudo bem?- Ela sorriu e balbuciou:
— Oi, Augustus.
— Gente do Memorial — expliquei para Hazel Grace, memorial era o grande hospital de pesquisas.

— Qual você frequenta? - perguntei
— O Hospital Pediátrico. – respondeu a garota esquilo, ops, Hazel Grace.

A conversa parecia ter acabado então ela começou a andar até a escada, inclinou o carrinho de oxigênio apoiando-os nas rodinhas. Comecei a descer junto a ela, mancando.

– Bem... – disse Hazel Grace — Então, a gente se vê na próxima, talvez? – Próxima? Que próxima! Vai demorar muito, quero vê-la todos os dias.

Então comecei o meu jogo de sedução Augustiano:

– Você deveria assistir, ao V de vingança, digo.

– Tá. Vou ver de acho pra assistir.

— Não. Comigo. Na minha casa. Agora. – Creio que fui muito indiscreto, ou meio safado? Eu lhe digo uma coisa meu chapa não gosto de perder tempo. Tentei fazer daquele momento o mais sexy possível. Ela parou de andar.

— Eu mal conheço você, Augustus Waters. Você pode muito bem ser
o assassino do machado. – Uhn, muito esperta essa Hazel Grace. Mas mesmo se eu fosse o assassino do machado, não à levaria para ver um filme, e sim para um parque e tal.

Então começamos a descer as escadas, em silêncio, fui na frente para poder dar um ‘’tempinho’’ sozinha para a Hazel Grace. Chegamos ao estacionamento, e penas avistei Isaac se atracando com Mônica, sua namorada, morena, bonita, mas nada Hazel Grace. Ela o prensava na parede na Igreja, enquanto se beijavam com fervor, enquanto um engolia o outro, estavam cometendo um pecado aos olhos de Deus.

Hazel Grace olhava meio abismada pra os dois, naquele momento já que o casal vinte estava se atracando, pensei em ir roubar um beijo da Hazel Grace, mas não sou tão cafajeste de fazer isso, mas uma coisa eu confesso meu caro, vontade não faltou.

Cheguei perto de Hazel Grace e disse:

— Eles são grandes adeptos de demonstrar afeto em público. – disse.

— Qual é a do ‘’Sempre’’? – Hazel Grace me perguntou. O casal vinte tinha um lema, e o lema era ‘’Sempre’’.

— ‘’Sempre’’ é o lema deles. Sempre vão se amar, e tal. Pelos meus
cálculos, e sendo bastante conservador, eles devem ter trocado quatro
milhões de mensagens de texto com a palavra sempre no ano passado. – enquanto explicava a Hazel Grace, dois carros chegaram, levando Alisa e Michael, então ficamos nós cinco e meio. Eu e a minha perna inteira e a outra meia perna, Hazel Grace e seu cilindro de oxigênio, Isaac e Mônica e suas trocas de salivas infinitas.

— Imagine a última ida de carro até o hospital — falou baixinho. — A
última vez que você vai dirigir um carro. – Nem prestei atenção direito, estava observando aquela troca de germes salivar, o amor adolescente, não é belo?

— Shh Você está atrapalhando a minha vibe aqui, Hazel Grace. Estou
tentando observar o amor adolescente em sua esplendorosa estranheza. – disse à Hazel Grace.

Isaac começou a apertar os seios de Mônica, cara, Isaac parecia um leão faminto, ahh Isaac apertar os seios de uma garota não é o jeito mais fácil de chegar ao coração dela.

– Acho que ele está machucando o peito dela. – comentou Hazel Grace, que creio que estava pensando o mesmo que eu.

— É. É difícil saber ao certo se ele está tentando excitar a menina ou
fazer um exame de mama. – Respondi.

Então coloquei minha mão no bolso pegando o meu maço de cigarros metafóricos tirando um de lá e colocando na boca, Hazel Grace me olhou reprovando a minha metáfora.

— Isso é sério? — perguntou indignada — Você acha isso legal? Ai, meu Deus,
você acabou de estragar a coisa toda. – Ela pensa que eu fumo de verdade, aliás todos pensam que sou um fumante, e ela disse ‘’Coisa Toda’’ quer dizer que tem ‘’Alguma coisa’’ entre nós.

— Que coisa toda?

— A coisa toda em que um garoto que não é pouco atraente ou pouco
inteligente ou, aparentemente, de forma alguma pouco tolerável me encara
e chama minha atenção para utilizações incorretas da literalidade e me
compara a atrizes e me convida para ver um filme na casa dele. Mas é
claro que sempre tem uma hamartia e a sua é que, ai, meu Deus, mesmo
você TENDO TIDO UM RAIO DE UM CÂNCER ainda dá dinheiro
para uma empresa em troca da chance de ter MAIS CÂNCER. Ai, meu
Deus. Deixe eu só dizer para você como é não conseguir respirar? É UM
INFERNO. Totalmente decepcionante. Totalmente. – Caramba, que lição de moral eu levei agora. Beleza. Ah, mas eu não sabia o que era Harmatia.

— Uma hamartia? – perguntei.

— Uma falta trágica. – ela explicou. Legal voi aderir essa palavra no meu vocabulário Agustiano.

Hazel Grace começou a andar, me deixando para trás, então vi um carro dando partida e Hazel Grace parar em frente dela.

Fui atrás de Hazel Grace para explicar o porquê dos cigarros, peguei em sua mão mas ela a puxou a minha mão e se virou para mim.

– Eles não matam se você não acender. – expliquei. E eu nunca acendi nenhum. É uma metáfora.
Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o
poder de completar o serviço. – Ela sorriu ‘’Aliviada’’ e disse:

— É uma metáfora — falou Hazel. Havia uma mulher muito bonita esperando Hazel dentro de um carro, deduzi ser a mãe dela. — É uma metáfora – repeti.

— Você determina seu comportamento com base nas ressonâncias
metafóricas… - disse Hazel Grace. Cara, como ela me deixava sem jeito. Dei um sorriso meio bobo. E disse:

— Ah, é, Sou um grande adepto da metáfora, Hazel Grace.

Então Hazel Grace se virou e bateu na janela do carro, que logo se abriu.

— Vou ver um filme com o Augustus Waters — falou. — Grave, por
favor, os próximos episódios da maratona do ANTM para mim.

Caara! Ela aceitou o meu convite! Beleza! Parabéns grande Augustus, você é um belo de um galanteador.

Eu dirigia muito mal, acho que estava nervoso pelo fato de estar levando Hazek Grace para casa, Hazel Grace, uma menina gata, inteligente, e cara, perfeita, para assistit V de Vingança. Tinha vergonha da minha caminhonete Toyota mal acabada, a cada 100 metros eu dava um tranco, e Hazel Grace ia para frente.

Resolvi explicar o porquê de eu dirigir tão mal assim.

— Fui reprovado três vezes no teste de direção.

— Não diga. – A beleza da Hazel Grace era tão grande quanto a sua ironia. Então ri e balbuciei.

— É que eu não consigo sentir nada com a boa e velha prótese aqui, e não me acostumo a dirigir com o pé esquerdo. Meus médicos disseram que a maioria dos amputados consegue dirigir sem problemas, mas… bem.
Não é o meu caso. Aí eu cheguei para o meu quarto teste de direção e ele rolou mais ou menos como agora. – Ao sinal ficar vermelho, parei e dei um tranco Hazel foi para frente levando o cinto de segurança. Rapidamente me desculpei.

– Foi mal. – disse - Juro por Deus que estou tentando fazer tudo devagar. Mas, aí, no fim do teste, eu estava certo de que tinha sido reprovado de novo, e o instrutor disse: "Seu jeito de dirigir é incômodo, mas não é arriscado, tecnicamente falando.’’

– Acho que foi mais um caso de "privilégio do câncer". – disse Hazel Grace.

Acho que entendi o que ela quis dizer sobre os Privilégios do Câncer, é quando alguém ‘’leva vantagens’’ só pelo fato de ter câncer. Cara, na moral, ganhar uma camisa autografada ‘’pelos privilégios do câncer’’ não vai devolver a minha perna. Mas para ser gentil eu apenas digo, ‘’ nossa você mudou a minha vida. ’’

– É. – concordei.

O sinal ficou verde, me segurei no banco, e pisei fundo no acelerador.

— Então, você estuda? – perguntou Hazel Grace.

– Estudo, Na North Central. – respondi. – E você? – perguntei.

A principio ela fez um silêncio, mas logo respondeu:

— Não. Meus pais me tiraram da escola há três anos. - não disse nada, fiquei em silêncio.

Então Hazel Grace contou resumidamente o seu ‘’Milagre’’ como ela diz.

Hazel Grace foi diagnosticada com câncer de tireoide em estágio IV aos treze anos. Os médicos disseram que era incurável, depois passou por uma cirurgia chamada dissecação radical do pescoço, (esse nome chegou a me dar arrepios, prefiro nem saber o que fazem nessa cirurgia) depois foi fisioterapia, radioterapia para os tumores no pulmão, que diminuíram mas cresceram de novo depois. ( Isaac me disse que tumor é tipo uma ex- namorada, some mas de repente volta para atazanar sua vida ), então resumindo história da Hazel Grace, que a principio me deixou meio triste, mas não deixei que ela percebe-se isso. Ela toma uma droga chamada Falanxifor, dando a ela mais alguns anos de vida (quando ela disse ‘’mais alguns anos de vida, essa frase não me agradou muito) Então devo agradecer a esse Falanxifor, por fazer a ‘’minha’’ Hazel Grace viva até o momento que ela me conheceu.

Então tentei contornar o assunto, sabe, deixar essa história triste e deprimente.

– Então você precisa voltar a estudar.

— Na verdade, não dá — explicou —, porque já peguei meu certificado de conclusão do ensino médio. Por isso tenho assistido às aulas no MCC. — Que é a faculdade comunitária da cidade.

Uau! Uma universitária? Isso explica sua intelectualidade, e pura inteligência! Acho que ela é ‘muita areia para o meu minúsculo caminhãozinho’

– Uma universitária, isso explica a aura de sofisticação. – eu sei puxar o saco quando eu quero.

Ela empurrou o meu braço, consegui sentir suas quentes e pequeninas mãos no meu braço, acho que ela sentiu os meus músculos (modestamente falando), sei que não foi maliciosamente, não me incomodaria nem um pouco se fosse... Ei Gus, tire esses pensamentos chulos da sua mente...

Fui fazer uma curva que, juro, nós quase saímos voando.

Um tempo depois chegamos a minha casa, descemos do carro, e andamos até a porta, reparei que a Hazel Grace olhava os benditos dos encorajamentos. Entramos em casa, e ela observou uma frase acima do cabideiro: ‘’Amigos de verdade são difíceis de encontrar e impossíveis de esquecer’’ então comentei:

— Meus pais chamam isso de Encorajamentos — expliquei. — Estão espalhados por toda parte. – literalmente, até no banheiro, frases que você lê quando está fazendo suas necessidades, muito inspirador.

Meus pais estavam na cozinha fazendo tortilhas, entrei na cozinha com a Hazel Grace e a apresentei para os meus pais:

— Esta é Hazel Grace – disse.

– Só Hazel. – disse a Só Hazel.

— Como vai, Hazel? – perguntou o meu pai, que acho que a assustou pois meu pai se parece com o pé grande.

— Tudo bem — respondeu Hazel Grace.
— Como foi lá no Grupo de Apoio do Isaac? – perguntou meu pai. Minha vontade era de dizer, deprimente, tosco e grotesco. O único lado bom era de eu ter conhecido essa incrível garota que adora colocar palavras que eu desconheço em suas frases. Hazel. Mas decidi usar a minha arte em ser ótime em ironia e respondi:
— Foi inacreditável.

— Você é um tremendo desmancha-prazeres – disse mamãe. – Hazel você gosta de lá? – Daí eu me pergunto, quem é que gosta de lá? Tipo, você entra mal e sai pior ainda cara.

— A maioria das pessoas é bem legal. – disse Hazel Grace, creio que ela só que ser gentil, mas sinto que no fundo ela não gosta daquele grupo de desapoio deprimente.

— Foi exatamente o que achamos das famílias no Memorial quando estávamos no meio do tratamento do Gus. – disse o meu pai. - Todo mundo era muito gentil. Forte, também. Nos dias mais sombrios, o Senhor coloca as melhores pessoas na sua vida. – Que belas palavras meu caro pai, creio que irei chorar agora.

— Rápido, cadê a almofada e a linha, porque isso precisa virar um Encorajamento. – disse sem pensar, e logo depois percebi a feição triste e machucada do meu pai. Bom, então tentei contornar a besteira que eu disse:

— Só estou brincando, pai. Eu gosto desses malditos Encorajamentos. De verdade. Só não posso admitir isso porque sou adolescente.

Meu pai revirou os olhos, e então mamãe pergunta a Hazel:

— Você vai ficar para o jantar?

— Acho que sim — respondeu Hazel Grace. — Tenho de estar em casa às dez. Ah, só tem uma coisa… Eu não como carne… - Achei aquilo engraçado, e ao mesmo tempo encantador... Bela, não come carne, universitária, essa aura carregada de requinte. Só digo uma coisa. Perfeita.

– Não tem problema. Vamos vegetarianizar algumas delas. – disse mamãe.

— Os animais são fofos demais? – Não deixei de fazer uma pergunta constrangedora.

— Quero diminuir a quantidade de mortes pelas quais sou responsável. – Pelo menos iria sobrar um boi para contar a história, pensei, mas não comentei nada.

Minha querida mãe, que está acostumada com os meus tios Cowboys do Texas que não hesitam em um bom e grande pedaço de carne, raramente vê vegetarianos, a não ser na novela das nove.

— Pois eu acho isso uma coisa maravilhosa.

Bom depois meus pais começaram a falar o quando as nossas enchiladas da nossa família eram as melhores, e também disse que o meu toque de recolher era as dez, bem eu e a minha boa e velha prótese, precisamos descansar, não é?

Para contar aquele assunto meio chato, eu lembrei de uma coisa que me deixou mais interessado na Hazel Grace garota esquilo, ela é universitária, o que a deixa mais sexy possível

– ela é universitária – minha mãe e meu pai olharam para mim tipo ‘’nossa Gus, muita areia para o seu caminhãozinho’’

– Eu e Hazel Grace vamos ver ao V de Vingança. – disse. - para que ela possa ver a doppelgänger cinematográfica dela, a Natalie Portman do século vinte e um.

— A sala de estar é toda de vocês – disse meu Pai, piscando pra mim.

— Na verdade, acho que vamos ver o filme lá no porão. – disse. É não custa tentar.

— Boa tentativa. Sala de estar. – disse papai, ele realmente acha que eu tenho segundas intenções com a Hazel Grace? ( que na verdade estou meio em duvida, se sim, ou não )

– Mas eu quero mostrar o porão para a Hazel Grace – insisti.

– Só Hazel. – disse ela.

— Então mostre o porão para a Só Hazel — meu pai disse. — E depois volte aqui para cima e assista ao seu filme na sala de estar. – cara, meu me sinto extremamente mal por o meu pai não confiar no meu filho querido, Gus.

— Tá bem. – respondi. Levantei, eu e Hazel Grace a garota esquilo fomos para o porão. Eu estava sentindo uma sensação estranha, borboletas no meu estômago.

Meu porão, era tipo, a minha toca. Eu tinha muitos troféus de basquete, havia minhas duas cadeiras em formato de L, e o meu fiel vídeo-game. Peguei ela observando os troféus.

— Eu jogava basquete - expliquei.

— Você devia ser muito bom. – disse Hazel Grace, meu coração disparou como uma Ferrari, levar um elogio de uma garota perfeitamente legal, bonita e universitária aos dezesseis anos de idade.

— Não era de todo ruim, mas esses tênis e essas bolas são Privilégios do Câncer.

Fui até a minha estante e peguei ao V de Vingança, enquanto explicava a minha jornada Augustiana.

Eu era, tipo, o protótipo do jogador de basquete estudantil de Indiana , estava todo empenhado em ressuscitar a arte esquecida do arremesso de meia distância. Mas, um dia, enquanto praticava arremessos livres da cabeça do garrafão na quadra do ginásio da North Central, pegando as bolas de um carrinho, de repente me perguntei por que estava jogando um objeto esférico através de outro, toroidal. Parecia ser, de todas, a coisa mais idiota do mundo. Aí comecei a pensar nas crianças pequenas que tentam encaixar blocos cilíndricos em círculos vazados e em como tentam isso várias vezes durante meses até descobrirem como se faz, e em como o basquete era basicamente uma versão só um pouquinho mais aeróbica desse mesmo exercício. Bem, de qualquer forma, por um tempão segui encestando os lances livres. Acertei oito bolas seguidas, meu recorde absoluto, mas, enquanto continuava, me sentia cada vez mais como uma criança de dois anos. E aí, por algum motivo que não sei qual, comecei apensar em atletas que praticam corridas com obstáculos. Está tudo bem?

Hazel Grace tinha se sentado na beira na cama, deduzi que deveria ter cansado de ficar em pé, creio que aquele cilindro deve pesar muito.

— Tudo bem só estou prestando atenção em você. Atletas que praticam corridas de obstáculos? – disse Hazel Grace.

— Pois é. Não sei por quê. Comecei a pensar neles correndo naquelas pistas de atletismo, saltando aqueles objetos totalmente arbitrários colocados no meio do caminho. E aí me perguntei se esses corredores já teriam pensado em algo como: Essa corrida seria mais rápida se nós simplesmente nos livrássemos dos obstáculos.
— E isso foi antes do diagnóstico? — perguntou. É acho que antes de você fazer um diagnóstico você fica pensando o quanto as coisas são inúteis, e o quanto elas vão ser depois que estivermos mortos.
— É, bem, tem isso também. – sorri. Por coincidência, o dia dos lances livres carregados de existencialismo foi meu último como bípede. Só tive um fim de semana entre o agendamento da amputação e o "dia D". Meu vislumbre particular do momento pelo qual o Isaac está passando agora.

Ela sorriu para mim, um sorriso que é pró- na arte de fazer minha bochecha ruborizar, o que só os privilegiados conseguem, ou se alguém me der um soco.

– Você tem irmãos? – perguntou a Hazel, só que eu acho que demorei um pouco para responder, estava meio que ‘’perdido’’ naquele garota perfeita que no meu quarto estava.

– Hein?

— Aquilo que você disse sobre ver crianças brincando. – eu sinceramente gosto de crianças, acho que elas são as únicas que dizem a verdade, eu me lembro que eu estava no supermercado, e eu me sentei em um banco para amarrar o meu tênis, um garoto chegou do meu lado e viu a minha prótese, o que eu achei estranho uma criança perceber isso.

– Nossa! Que maneiro! – ele sorria – É tipo, capitão gancho, um pirata! - disse o garoto entusiasmado.

E se eu colocar um tampão, vai ficar maneiro? – perguntei sorrindo para o garoto, que logo saltitante disse:

– Claro! Vai ficar bem maneiro!

Depois disso o garoto foi ao banheiro, e de vez em quando eu o vejo pelas ruas, e ele sempre me chama de Capitão Gancho. Bom resumindo, eu adoro crianças e eu tenho um leve desejo de ser pai.


— Ah, não. Eu tenho sobrinhos, das minhas meias-irmãs. – respondi - Mas elas são mais velhas. Elas têm… PAI, QUANTOS ANOS A MARTHA E A JULIE TÊM?
— Vinte e oito! – gritou o meu pai.

— Elas têm vinte e oito anos. Moram em Chicago. As duas são casadas com advogados muito importantes. Ou banqueiros. Não lembro direito. E você, tem irmãos? – perguntei.

Ela fez que não com a cabeça. Bom então um silêncio momentâneo dominou o quarto, então decidi fazer uma pergunta, só pra quebrar o gelo.

— E aí? Qual é a sua história? – perguntei, me sentando ao lado dela, meio distante, pois eu não quero que ela me ache um pervertido, pois eu era conhecido como Gus o guri perfeitamente cavalheiro. Ok, eu não devia ser escrito isso, e muito menos pensado... ‘’Gus o guri perfeitamente cavalheiro’’ que inutilidade eu penso.

— Já contei minha história para você. Fui diagnosticada quando… - disse Hazel, pensando que eu me referia a história do câncer, que na verdade, eu não gosto de falar de câncer, tipo, é meio chato.

— Não, não a história do seu câncer. A sua história. Seus interesses, passatempos, paixões, fetiches etc. – ‘’Fetiches’’ certo, isso foi desnecessário, mas não seria mal se ela garota perfeita Hazel Grace tivesse um fetiche, não que eu fique pensando nisso...

— Humm... – murmurou a mesma.

— Não vá me dizer que você é uma daquelas pessoas que encarnam a doença. Conheço tanta gente assim… Dá até pena. Tipo, o câncer é um negócio em franco crescimento, certo? O negócio de tomar-as-pessoas-de assalto. Mas é claro que você não deixou que ele saísse vencedor assim tão cedo. – disse. Eu realmente não gosto das pessoas que encarnam o câncer, eu tive, arrancaram a minha perna, mas eu estou aqui, firme, forte e Agustiano. Eu. Não deixei a doença me matar, na verdade eu creio que nem mesmo é a doença que acaba te matando, e sim a depressão e a baixa vontade de viver.

— Não tenho nada de extraordinário.
— Eu me recuso a acreditar nisso. Pense em alguma coisa de que você goste. A primeira coisa que vier à cabeça. – eu sei que qualquer coisa que ela faça é extraordinária.

— Humm. Ler? – eu gosto de garotas que lêem, como diz o Isaac, garotas que lêem é tipo sexy há uns dois anos ele dizia que o maior fetiche dele era Mônica ler o Mágico de Oz em uma voz sexy, o que me fez caçoar dele até hoje. Bom voltando ao assunto Hazel Grace, eu adorei o fato de ela gostar de ler, eu também gosto, Ficção principalmente, eu sou vidrado em coisas que não existem e que certamente eu não viverei a tempo de poder vê-las se um dia existirem.
— O que você gosta de ler?
— Tudo. De tipo, romances hediondos a ficção pretensiosa, poesia.
De tudo um pouco.

— Você também escreve poesia? – cara, eu deduzi que ela escreve-se poesia, pois ela é tipo, uma garota combo, vem tudo dentro, universitária, poetisa, bonita, inteligente...
— Não. Eu não escrevo.
— Taí! — falei quase berrando, o que a fez tomar um baita de um susto. — Hazel Grace, você é a única adolescente nos Estados Unidos que prefere ler poesia a escrever poesia. Só isso já diz muito sobre a sua pessoa. Você lê um monte de livros maneiros com M maiúsculo, não lê?
— Acho que sim.
— Qual é o seu livro favorito?
— Humm — murmurou.

— Meu livro favorito é, provavelmente, Uma aflição imperial – cara, eu nunca ouvi falar desse livro, nunca mesmo.

— Tem zumbis? — perguntei, com uma ponta de expectativa
— Não — respondi.
— Stormtroopers?
Hazel Grace fez um sinal negativo com a cabeça
— Não é esse tipo de livro.
Sorri.
— Vou ler esse livro horrível com um título sem graça que não contém stormtroopers — Pois é meu caro, o que não fazemos para a garota dos nossos sonhos?

Bom já que a Hazel Grace gosta de ler, pensei em dar o meu livro inspirado do meu jogo favorito, O Preço do Alvorecer, como sou um cara bem ligeiro, peguei uma caneta e anotei o meu número no verso do livro.

Estendi o exemplar para ela, que rapidamente ela o pegou, o que fez nossas mãos se entrelaçarem, sua mão era pequenina, comparada as de uma boneca, eram frias e brancas. Mas, perfeitas.

— Fria.
— Mais desoxigenada que fria — falou a Hazel Perfeita Grace
— Adoro quando você usa termos médicos comigo. – Tái, o meu fetiche, Hazel Grave usando termos médicos comigo. Segurei a mão dela até chegarmos a escada.

**

Assistimos o filme alguns centímetros afastados, eu acho que se eu tentasse alguma coisa ela simplesmente não olharia para a minha cara mais, sabe, Hazel Grace é tipo aquelas garotas dignas e feministas, e eu aprecio isso nela. Ela deixou a mão na metade do caminho, acho que ela queria que eu desce a mão para ela, mas, eu estava tão nervoso, céus, eu não sei explicar.

O filme era perfeito, o cara morria heroicamente pela vida da Natalie Portman, eu venero aquele cara. Os créditos do filme rolavam e eu disse a Hazel Grace.

— Muito maneiro, né? – disse.
— Muito maneiro. – Hazel Grace concordou, mas eu não senti a magia vindo da fala dela, aliás acho que esse tipo de filme não agrada muito as garotas.

— Preciso ir para casa. Tenho aula de manhã - disse Hazel Grace. Ah cara, só por que eu tinha me acostumado com a idéia de Hazel Grace ficar aqui por toda a eternidade. Levantei-me e fui procurar as chaves, enquanto mamãe se sentou ao lado da Hazel Grace e disse:

— Adoro esse aí. E você? – mamãe referia-se ao encorajamento que havia em cima da TV, ‘’ Sem dor, como poderíamos
reconhecer o prazer?’’ eu particularmente adoro essa também.

— É — disse Hazel Grace. — Um pensamento agradável.

Depois disso Hazel Grace foi dirigindo até a casa dela, acho que ela não me achou muito seguro dirigindo, fui no banco de carona e mostrei algumas músicas da minha banda favorita, The Hectic Glow, aquelas músicas me causavam um impacto grande, tomara que um dia eu possa dançar uma dessas músicas com a Hazel Grace.

Paramos na em frente da casa da Hazel Grace, ficamos parados ali por um momento, um silêncio. Pensei em abraçá-la, ou beijá-la, mas eu pensei duas vezes, não sei, mas fazia um ano que eu não beijava ninguém acho que eu esqueci como se faz isso.

Então depois de pensar tanta baboseira eu apenas disse:

— Hazel Grace. Foi um prazer inenarrável conhecê-la. – um pouco de sensualidade na minha voz, porque eu sem bem fazer isso.

— Igualmente, Sr. Waters – disse Hazel Grace, meio envergonhada, o que deixou o meu coração meio que desmanchado.

— Podemos nos ver de novo? – disse ansioso, aquele dia foi tão perfeito com a Hazel Grace, que eu mal posso esperar para ter outro dia perfeito com ela.

— Claro.
— Amanhã?
— Paciência, Gafanhoto – disse Hazel Grace. - Assim vai parecer que você está ansioso demais.

— Exatamente. Foi por isso que falei "amanhã". Quero ver você de novo hoje à noite. Mas estou disposto a esperar a noite toda e boa parte do dia de amanhã. – disse. Hazel Grace revirou os olhos.

— Estou falando sério — disse.
— Você nem me conhece direito. — Hazel pegou o livro de dentro do console — Que tal se eu ligar para você assim que acabar de ler isto?
— Mas você não sabe qual é o número do meu telefone — disse, sim eu havia colocado no verso do livro, mas eu queria testá-la.
— Tenho motivos para acreditar que você anotou o número no livro. Abri um sorriso, meio bobo, sim ela passou no meu teste, ela é perfeitamente compatível comigo, isso quer dizer que eu quero passar o resto da eternidade ao seu lado.
— E você ainda diz que a gente não se conhece direito. – disse


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