_ Enjoos... Check. – Fabinho ajudou a mulher a levantar do chão, onde ela estava abraçada à privada – E enjoo do papai... Check também.

_ Cala a boca seu babaca. – resmungou Giane, apoiando na pia e pegando a escova de dente. Ela começou a limpar a boca, tentando tirar o gosto horrível de vômito, enquanto Fabinho limpava o chão.

_ Como alguém consegue fazer tanta sujeira? – o rapaz perguntou, com cara de nojo – Sério maloqueira, pode voltar pra época em que você não vomitava.

_ Considere isso um bom sinal. Quer dizer que seu filho está bem. – Fabinho riu, se aproximando a abraçando a esposa por trás, depositando a mão com carinho na barriga dela – Mas cê tá um macaco babão mesmo, é impressionante.

_ Eu posso fazer uma coisa? – ele perguntou mordendo o lábio inferior, parecendo hesitante. Giane concordou sem entender ao certo, enquanto ele a puxava para fora do banheiro e a deitava na cama, deitando ao lado. Mas ao invés de ficar no mesmo nível que ela, ele desceu a cabeça até a barriga dela, começando a acariciar – Hã... Oi bebê.

Um sorriso indiscreto se apossou do rosto de Giane ao entender o que o marido queria fazer. A verdade era que ainda não havia se sentido grávida, apesar de começar a enjoar, urinar e comer mais nos últimos dias. Por esse motivo, ainda não havia interagido com sua barriga, porque em sua cabeça, ainda não fazia sentido. Porém, ver que Fabinho queria fazer isso, a fez se emocionar.

Ô droga de hormônios.

_ Eu sei que você não pode responder, mas já me falaram que os bebês podem ouvir e sentir tudo, então eu estou deduzindo que você já está me ouvindo. – Giane começou a acariciar os cabelos do marido distraidamente, e ele sorriu – Eu só quero te dizer que eu estou muito ansioso para você nascer, que eu vou te amar muito, muito mesmo, que eu não vou deixar nada te faltar... E bom, que eu já te amo, demais.

_ Eu tenho certeza que ele também te ama. – garantiu Giane, enquanto Fabinho se apoiava na barriga dela e erguia os olhos na direção da esposa – Porque ele sente tudo que eu sinto, e nesse momento, eu te amo demais.

_ Melosinha, melosinha. – Fabinho brincou, recebendo um puxão no cabelo. Ele voltou a encarar a barriga dela, erguendo a blusinha que ela usava e depositando um beijo ali – Mal posso esperar para ela crescer, começar a ficar arredondada...

_ Você quer me ver engordar é? – a corintiana riu, acariciando a barriga – Se bem que eu já estou engordando... Meus jeans estão começando a ficar apertados.

_ E seus peitos estão ficando maiores. – ele comentou, começando a beijar novamente a barriga dela, subindo em direção ao colo – E sensíveis. – completou quando ela gemeu ao simples toque dos lábios dele.

_ Eu também estou com uma profusão de hormônios, bem descontrolada. – ela começou a puxa a camiseta dele, arranhando a base das costas do rapaz – E a consulta é só daqui algumas horas... Podemos aproveitar um pouquinho.

~*~

_ Bom, eu tenho uma reunião 13h, mas se até às 14h não tiver acabado, o Érico e a Silvia assumem para mim. – Fabinho terminou de abotoar a camisa, saindo do closet e encontrando Giane colocando a calça – Você vai contar pro Caio que está grávida ou vai esperar a barriga crescer?

_ Ele acabou de voltar da lua de mel, bezerrão. – lembrou a corintiana, jogando a camiseta por cima da cabeça – Ele passou um mês nas ilhas havaianas com a Camila, e agora que chegou, está curtindo os resultados de insolação e diarreia.

_ Bom, você precisa contar para ele. Você não vai poder ficar fazendo sessões de longas horas daqui algum tempo. Especialmente quando sua barriga começar a crescer e pesar. – o publicitário se aproximou, dando um selinho nela – Eu passo te pegar as 14h30.

_ A gente te ama. – gritou ela, ouvindo os passos dele na escada.

_ Eu também amo vocês. – ele gritou de volta, fazendo a esposa sorrir.

~*~

_ Grávida? – Caio fez eco ao que a morena havia acabado de falar, sorrindo de orelha e orelha – Giane, isso é incrível. Parabéns, de verdade.

_ Valeu cara. – ela abraçou o amigo, sorrindo largamente – Eu descobri logo depois do seu casamento, mas não quis atrapalhar a lua de mel com a notícia.

_ É uma ótima notícia, sério. – o fotógrafo sentou na mesa, observando a colega de trabalho – O Fabinho deve estar nas nuvens né?

_ Só falta escorrer a baba. – brincou Giane, apoiando uma mão nas costas e começando a acariciar a barriga com a outra – Ele ficou todo bobo com a notícia, só faltou colocar no jornal.

_ Você também está toda cheia de si, já acariciando a barriga. – ele apontou o gesto dela, fazendo-a rir – Cê tá realmente feliz né?

_ Eu nunca tinha me imaginado sendo mãe... Mas sei lá, eu to gostando disso. Da ideia de ter alguém, meio eu, meio o fraldinha, crescendo aqui dentro. – contou ela – A tia Salma sempre disse que a coisa mais maravilhosa que uma mulher pode fazer, é gerar outra vida. Sei lá, eu to começando a entender isso.

_ Isso quer dizer que minha fotógrafa vai sair da empresa? – Caio perguntou com um bico, e Giane riu, negando.

_ Eu vou ter que diminuir o trabalho, pelo menos agora durante a gravidez. Uma sessão de doze horas vai ser meio puxada. – Caio concordou – E eu não pensei muito em quando o bebê nascer... Acho que no começo eu vou ficar em casa, pelo menos até ele ficar maiorzinho. Não quero ser dessas mães que põe o filho no mundo e dá pros outros criarem.

_ Eu acho que você está mais que certa. – garantiu Caio – Mas se você quiser, nós podemos analisar uma maneira de você continuar trabalhando, tudo no seu tempo. – a ex-modelo sorriu, abraçando o amigo – Só fico imaginando quanto tempo vai demorar para a Camila começar com essa de filho.

_ Que isso Caio, já enrolou a menina pra casar, não enrola ela para ter filhos também. – Giane riu, bagunçando o cabelo do amigo – Bom, eu vou lá para Casa Verde, ver meu pai e minha sogra-drasta, e esperar o Fabinho. Vamos fazer o primeiro ultrassom hoje.

_ Faço questão de receber uma foto ainda hoje. – Caio garantiu, abraçando a amiga de novo – Boa sorte lá.

~*~

_ Cara, eu to sentado na hora, praticamente. – Fabinho apanhou a pasta e a jaqueta, caçando as chaves do carro.

_ O ultrassom é que horas? – perguntou Érico, arremessando a chave para o sócio.

_ Às 16h... Mas tenho que ir buscar a Giane lá na Casa Verde ainda. – explicou Fabinho, suspirando – Eu to ansioso.

_ Sei como é cara... Eu senti a mesma coisa no primeiro ultrassom do Gabriel. – lembrou o sócio, se referindo ao filho de seis meses com Renata – Você vai ver quando chegar a hora... É emocionante demais.

_ Só me pilhou mais. – reclamou Fabinho, saindo depressa da agência.

Dirigiu o mais rápido possível até a Casa Verde, agradecendo o trânsito “suave”. Lá chegando, encontrou Giane conversando com Bento, Gilson e Salma, enquanto os três regavam as flores.

_ Desculpa a demora amor, não teve como sair da reunião. – o publicitário deu um selinho na esposa, que concordou – Tudo bem tio? Tia? Zé Florzinha?

_ Ótimos, Fabinho. Agradeço a preocupação. – respondeu Bento, balançando a cabeça.

_ E nossos pais? – ele perguntou para Giane, que riu.

_ Saíram ontem à noite, e ninguém viu os dois ainda. – explicou a mulher, se levantando e dando a mão para o marido.

_ Mas seu pai é muito aproveitador. – debochou o homem, suspirando – Bom, vamos então?

_ Mandem uma foto do bebê assim que possível, por favor. – pediu Salma, os olhos brilhando.

_ Pode deixar tia, assim que conseguirmos. – Giane prometeu, indo para o carro com Fabinho.

~*~

_ Giane de Sousa Queiroz Campana? – chamou a assistente da médica, e o casal se levantou – Última porta a direita.

_ Acho que eu devia ter pego só um dos seus sobrenomes. – reclamou a corintiana.

_ Agradeça que ainda não pegou o Fiori da mamãe Irene. – Fabinho riu, abrindo a porta para ela.

Conversaram brevemente com a médica, narrando os sintomas que estava aparecendo, comentando mudanças que haviam notado e tirando algumas dúvidas básicas. Ela examinou a futura mãe, prescrevendo algumas vitaminas, e passou ao momento mais aguardado do dia.

_ Trouxeram o DVD? – ela perguntou, pegando a embalagem que Fabinho entregou – Bom, então vamos ver o filho de vocês dois.

Giane deitou na maca, erguendo a blusa e abrindo o jeans. A médica despejou o gel, fazendo-a estremecer, e começou o exame.

_ Muito bem, muito bem... Vamos começar com a melhor parte: ouvir o coraçãozinho. – a médica sorriu, aumentando o volume do monitor – Estão ouvindo? Como é forte?

_ Caraca. – sussurrou Fabinho, beijando a mão de Giane, que sorria emocionada. O som era realmente muito intenso e forte, mais até do que eles esperavam, e só servia para provar uma coisa: tinha realmente alguém ali dentro.

_ Tá tudo bem? – perguntou Giane, vendo a expressão da médica mudando para surpresa.

_ Oh, está tudo ótimo. É só que... Bom, vejam por vocês mesmos. – a médica deu alguns cliques e virou o monitor para o casal – Parabéns papais... São gêmeos.

_ SÃO O QUE? – gritaram em uníssono, observando a marcação “bebê A” e bebê B” na tela – Dois? Tipo, um mais um?

_ Sim Fábio, um mais um. – a médica riu, observando o monitor – E são bivitelinos, ou não idênticos. Quer dizer que foram formados por dois óvulos.

_ Tá, disso eu lembro. – garantiu Giane – Mas como eu soltei dois óvulos de uma vez?

_ Acontece, não sempre, mas acontece. – explicou a mulher – Bom, está tudo bem com ambos. A força do ritmo cardíaco se deu por isso, eram dois coraçõezinhos batendo.

A médica passou a mostrar cada pequeno detalhe que era possível ver no ultrassom. Logo, o choque foi substituído por alegria e entusiasmo, enquanto os futuros papais se maravilhavam com cada pequeno detalhe de seus filhos.

_ Bom Giane, a gravidez de gêmeos é igual a uma gravidez normal, mas demanda alguns cuidados a mais. Eles provavelmente vão nascer prematuros em algumas semanas, mas não deve ser nada alarmante. Você terá que vir me ver uma vez ao mês, para termos certeza de que está tudo nos conformes. E ficar atenta a tudo, mas isso você já teria que fazer de todo o jeito. – a médica sorriu, entregando as fotos e o DVD para o casal – No mais, é só curtir a espera pela chegada da duplinha aí.

_ Muito obrigada Dra. Carla. – agradeceu Giane, saindo de mãos dadas com Fabinho.

Foram em silêncio até o carro do rapaz, entrando e ficando parados por alguns segundos, finalmente absorvendo a notícia. Fabinho deslizou a mão até a barriga de Giane, e ela colocou a mão sobre a dele.

_ É pivete... Eu realmente não faço nada pela metade. – brincou o publicitário, recebendo um beliscão.

_ Cê acha que a gente dá conta de dois? – perguntou ela, temerosa.

_ Nós vamos dar um jeito, relaxa. – prometeu Fabinho, lhe dando um selinho – O importante agora é comemorarmos que tem uma duplinha a caminho.

_ Nós vamos ter dois bebês, cê consegue acreditar nisso? – ela perguntou rindo, e ele a abraçou apertado – Tem duas pessoinhas aqui.

_ Obrigado por isso maloqueira. – ele beijou a testa dela – Muito obrigado mesmo.

_ Não precisa agradecer. – ela brincou, beijando-o – Agora que tal irmos para casa? Preciso escanear essa foto e mandar para todo mundo. Estão todos curiosos.

_ É hoje que a gente mata uns dez do coração. – Fabinho gargalhou, ligando o carro e saindo rumo a casa deles.