Meu Querido Chefe escrita por Callie Adraude


Capítulo 11
Onze


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aqui está mais um capitulo para vocês. Aproveitem e boa leitura.



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– Estamos ferrados. – Exclamo olhando para a rua.

– Vamos temos que arrumar um jeito de voltar para casa. – John diz prestes a sair do beco.

– John, não. – Grito.

– O que foi mulher? – Diz virando-se para trás para me encarar.

– Você está apenas de cueca.

– Puta merda. – Ri. John ficava engraçado falando palavrão.

– Espera aqui – Peço saindo do beco – Vou arrumar alguma roupa para você.

– Você não vai fazer o que estou imaginando, vai?

– Quer uma roupa ou não?

Ele assente com a cabeça. Cruza os braços e escora o corpo na parede. Saio pela rua e começo a pensar nas artimanhas que meus pais me ensinaram. Meus pais me ensinaram coisas que são proibidas para crianças. Filha de ladrões, ladrona é. É isso que vocês estão pensando, meus pais eram foras da lei. Graças a Deus que ao saberem da minha vinda ao mundo pararam com a bandidagem. Sendo assim me ensinaram tudo que sabem. Inclusive ajuda no meu trabalho. Fui eu que ensinei ao John como abrir uma fechadura apenas com um clip. Tinham que ver a cara que ele fazia à medida que o ensinava.

A rua estava um pouco vazia. Os caras que andavam por aqui tinham a pinta de não terem muito dinheiro. Ferrou o que faço agora. Olho para o outro lado da rua e vejo um cara todo engravatado. Feito, essa será a minha vitima. Deus me perdoe, mas é preciso. Seu terno marrom escuro estava bastante surrado, porém devia ter algum dinheiro na carteira. Tinha os cabelos encaracolados louros. É, dava para o gasto.

– Scott – Gritei correndo e o abraçando em seguida.

O coitado não reagiu. Entendo. Também não reagiria se algum estranho viesse me abraçar e me chamasse por outro nome. Não, mentira, eu reagiria. Daria um pé na bunda desta pessoa que ela voaria longe. Mas se ele fizer isso comigo eu quebro a cara dele.

– Hã?

– Manda um beijo para a sua mãe.

Afasto-me sem receber sua resposta. Seguro a carteira dos cachinhos dourados nas mãos e vou para a primeira loja de roupas que encontro. Que porcaria de loja. Chega dá dó de ver. Mas não tinha o que pensar. Abro a carteira e fico revoltada por achar apenas 20 pratas. Que cara pão duro. Isso aqui não dá nem pra comprar cueca. Pego o dinheiro e jogo a carteira em algum lugar da loja.

Entro na loja e os olhares indiretos as roupas que uso não são nada discretos e quando chegam perto de mim torcem o nariz. Sinto que estou cheirando a lixo e isto não é legal. Dou de ombros e rodo a loja atrás do que me interessa. Sinceramente, o dono dessa loja queria ficar rico rapidamente. Só existe um tipo de calça masculina por menos de 20 pratas. Uma calça preta de moletom horrível e custavam 15 dólares. É John, se não tem você vai você mesmo. Pego uma calça e vou para o caixa. Pago a calça e saio na rua novamente com a sacola amarela nas mãos.

Paro subitamente ao ouvir minha barriga roncando quando sinto o cheiro de cachorro quente. Que lindo, minha ultima refeição foi um hambúrguer no almoço de... Espera aí, estou tão distraída que me esqueci de completamente para saber que dia é hoje. Depois penso nisto, corro para o trailer onde um senhor vende os cachorros-quentes.

– Quanto é o cachorro? – Pergunto quase babando com o cheiro forte fazendo a minha barriga roncar novamente.

– Quatro pratas. – Respondeu indiferente e ainda tapando o nariz com a mão.

– Eu quero um. – Digo parecendo desesperada.

O senhor faz o cachorro quente com tudo que tenho direito. Entrega-me e eu o pego como uma morta fome. Pago e deixo-o ficar com um dólar que seria o troco. Dou uma mordida suculenta no cachorro quente, não sei há quanto tempo estou sem nada na barriga. Como tudo de uma vez, sei que era egoísmo meu, mas não estava a fim de dividir com John. A fome falou mais alto, não a solidariedade. Ao termino limpo as mãos e a boca para não deixar resquícios do “crime”. Volto para o beco onde um John agoniado me espera.

– Que demora. – Reclama arrancando a sacola com a calça das minhas mãos. Retira a calça da sacola, dá uma examinada na calça, mas a veste mesmo assim. – Uma calça de moletom, fala serio Claire.

– Olha aqui, não reclame. Foi à única coisa que consegui comprar por menos de 20 pratas.

– Está bem. – Diz se aproximando e abaixando o rosto cheirando o meu rosto. – Você está cheirando a cachorro quente.

– Só consigo sentir cheiro de lixo.

– Sei que estamos fedendo, todavia seu hálito está cheirando a cachorro quente.

– Impressão sua. – Digo dando um sorriso falso.

– Claire, sou detetive. – Avisa cruzando os braços. – Você comeu cachorro quente. Cadê o meu?

– O dinheiro só dava para comprar um. – Explico cruzando as mãos atrás do corpo para esconder a vergonha.

– Por que você não trouxe para dividir? – Pergunta indignado.

– Estava com fome. – Digo com a voz manhosa.

– Você acha que estou com o que? – Pergunta agora bagunçando o cabelo.

– Eu não ia aguentar ficar olhando para o cachorro quente de lá até aqui. – Digo agora me sentindo culpada.

– Tudo bem – Sussurra saindo do beco – Vamos, precisamos voltar para casa.

O sigo pelas ruas. Ele parece saber muito bem para onde está nos levando. A atenção da mulherada na rua ficou vidrada em John. Claro, um homem como ele descalço e com o peitoral nu vestido apenas com uma calça moletom enlouqueceria qualquer uma. Sem contar que também estava descalça e vestindo apenas uma camisa de botões, o que dava os olhares dos homens para as minhas pernas e isso me incomodava.

Uma duvida vem de súbito a minha cabeça. Nós havíamos descido naquele cano e John demorou um pouco para descer. Continuamos ao lado do prédio velho e os sequestradores não vieram atrás de nós. John ficou sozinho ali e não lhe aconteceu nada. Muito suspeito. Sei que não prestei atenção na conversa do sequestrador com John, todavia quando eu conversei com ele pude perceber que ele já o conhecia.

Levanto a cabeça para frente olhando para as costas nuas de John. Suas costas eram definidas e sua bunda naquela calça ficava mais avantajada. Claire, para com isso, não é hora para admira-lo. Você nunca fez isso por que está fazendo isto agora. Tenho que voltar as duvidas e precisava tirar isso a limpo.

– John, quem eram aqueles caras?

Ele para abruptamente e vira-se para me encarar.

– Isso não é da sua conta.

Cara isso foi igual a uma facada no peito. Ficaria com raiva se ele não tivesse matado uma das minhas duvidas.

– Ah, então você conhece aqueles caras.

– Não quero que se intrometa nisso, Claire. – Diz tentando dar o assunto por encerrado voltando a andar.

– John por que aqueles caras nos sequestraram? – Vou irrita-lo até que me diga a verdade – Você não é o tipo de homem que deve dinheiro. Você odeia ficar em divida com alguém.

Ele levanta os braços para bagunçar os cabelos, mania de quando fica estressado, nervoso ou irritado. Um jeito de tentar manter a calma.

– Não entendo por que eles não foram atrás de você no beco. – Começo a tagarelar – E lembrar que você ficou um bom tempo lá enquanto eu saí atrás de roupas. Será que eles desistiram do sequestro? Acredito que não. Do jeito que eles quebraram a sua cara não pareciam que queriam desistir.

– Quer parar de tagarelar e voltar a ser a assistente chata e irritante que você sempre foi. Por que você não se concentra na sua solteirice ao invés disso – Vira rispidamente me olhando nos olhos.

Aquilo me magoou mais do que “Isso não é da sua conta”. Então para ele eu era apenas uma assistente chata e irritante. Esses anos todos eu não sou nada para ele. Já devia saber. Ele não dá a mínima para mulher alguma, nem as valorizava, não seria diferente comigo. Pensei que pelo menos chegava a ser uma amiga para ele.

Fecho os olhos e sinto meus ombros caírem. Abaixo o braço para coçar a perna e escuto alguns assovios. Abro os olhos e demonstro o desprezo que estava sentindo por ele agora. John parece nervoso com a minha reação.

– Beleza. – Digo com indiferença começando a andar a passos largos.

– Claire desculpa. Foi brincadeira, era apenas para você parar de falar. – Tenta se desculpar tentando me acompanhar e conseguindo já que tinha as pernas largas.

– John, eu não lembro onde vi isso, mas infelizmente é verdade.

– O que você viu? – Perguntou tentando dialogar.

– Que cinquenta por cento das coisas que se fala brincando é verdade. Que é só um jeito de falar a verdade sem magoar a outra pessoa. Desculpe te informar isso, mas você me magoou mesmo assim.

– Claire, não fique com raiva. – Pediu – Apenas não quero que se envolva nisso.

– Devia ter dito isso há sete anos quando me contratou. – Revidei.

Ele parece que se tocou e ficou em silencio.

– Claire não é por essa rua que devemos seguir. – Avisa puxando meu braço quando estava prestes a dobrar a rua.

– Então vá à frente seu espertão. – Respondo soltando meu braço com força.

Ele respira fundo e vai à frente me guiando novamente. Entramos em rua após rua e aquilo já estava me deixando cansada. Sem contar os meus pés que estavam bastante doloridos. Passamos por uma quitanda de frutas e peguei uma maçã. Quando estávamos longe o bastante da venda arremesso a maçã para a cabeça de John. Ele respira fundo e continua andando. Era impressionante o seu poder de conseguir se acalmar.

Olho a rua e vejo um casal de meia idade. Bate em mim uma súbita saudade dos meus pais. Acho que vou voltar para a Austrália. Vim para os Estados Unidos apenas cursar a faculdade e acabei ficando permanentemente. E agora estava me arrependendo de tê-lo feito. Continuo com os devaneios em minha mente quando sinto algo furar o meu pé.

– Aiii... – Dou aqueles gritinhos de dor me escorando na parede do edifício.

– O que foi? – John vem em meu encalço.

– Acho que furei o pé. – Respondo procurando algo para me sentar.

– Deixa-me ver. – Ele se ajoelha e segura o pé para olhar a sola. – Você pisou em um caco de vidro.

– Aiii – Grito novamente quando John mexe no caco de vidro.

John abre a mão mostrando o pedaço de vidro em sua mão. Fico aliviada, mas aí lembro que é o John e fecho a cara novamente. O problema é que a dor é insuportável. Vejo pingos de sangue no chão e percebo que é meu.

– Droga – John exclama trocando a mão que segura o meu pé e limpando na calça a que está encharcada de sangue. – Consegue andar?

– Ai meu Deus John. – Digo exasperada – Será que vou ter que amputar o pé?

– Claire, sem desespero. – Diz tentando me acalmar – Foi apenas um corte.

Mordo o lábio não muito confiante. Boto o pé no chão e tento andar, mas o peso do corpo faz o pé cortado doer pra cacete. Faço uma cara de dor e John suspira.

– Vem eu te carrego – Fala já enlaçando seu braço direito em minha cintura.

– Não, John – Porem era tarde, já estava em seus braços – John me coloca no chão. Eu sei andar.

– Só faltam duas ruas, você pode aguentar.

Cruzo os braços bufando. Essa não era a semana de trabalho que eu imaginava. As pessoas nos olhavam estranho e o meu pé continua sangrando, contudo não tanto quanto antes. Sentia-me estranha naquele momento nos braços de John. E sentir seu peito definido não estava ajudando em nada.

– Você pode enlaçar seus braços nos meus ombros. Seu cotovelo está me machucando. – Pediu – Por favor.

– Não – Nego rapidamente.

– Por favor, Claire.

A contra gosto coloco os braços ao redor de seu pescoço. Ele continua olhando para frente prestando atenção na rua. Meu olhar se foca em seu rosto. Seu nariz se encontrava ainda avermelhado e ao redor do seu rosto estava roxo. Todavia não diminuiu sua beleza. John é belíssimo, não entendo por que não casou durante esses anos todos. Vi varias mulheres se ajoelharem aos seus pés e ele rejeitar todas. Será que ele tem medo de compromissos? Deve ser isso. Tem também uma coisa que me intriga, a sua preferencia por louras. Outra coisa que não entendo.

– Por que está me encarando? – Pergunta de súbito me assustando.

– Ainda estou com raiva de você. – Respondo abaixando a cabeça.

Ele deu ar de riso e ficou em silencio. Depois de um tempo ele sobe uma escadinha da entrada de uma casa de três andares. A casa era muito elegante, só uma pessoa com bastante dinheiro moraria aqui. A rua era calma o que indica que só moram ricos. Ele me põe no chão calmamente e toca a campainha em seguida. Esperamos um pouco até que a porta ser aberta revelando uma senhora baixinha. Ela dá um grande sorriso ao ver John e vai abraça-lo.

– John, querido, há quanto tempo.

– Oi, mãe – Diz retribuindo o abraço da senhora – Eu sei que faz um pouquinho de tempo.


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Notas finais do capítulo

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