Para completar a sequência de aulas perturbadoras, a próxima era História da Magia. Já era uma matéria chata, para piorar quem lecionava era o professor fantasma, o Sr.Binns. Isso tornava a aula mortalmente tediosa. Sem contar que ele surgia do nada. Os alunos estavam todos sentados conversando e ele atravessava as paredes, o quadro negro ou um próprio aluno para entrar na sala. A voz dele era arranhada e monótona também.
Madison entrou na sala quase se arrastando e Isabelle se recusou a entrar. Safira foi quem agarrou-a pelo braço e a puxou para dentro da sala. Procuraram se sentar nas últimas cadeiras. Ninguém estava afim de prestar muita atenção. A aula em si não era chata, era maravilhoso saber sobre feitiços antigos, poções que pararam de ser preparadas e consumidas, e também sobre o que acontecera nos tempos em que Merlin perdeu as botas, como dizia Isabelle.
O Prof. Binns atravessou o quadro negro de repente e todos ficaram meio sobressaltados. Já se passara quatro anos e não haviam se acostumado com o aparecimento e desaparecimento do professor. A aparência dele é de uma tartaruga velha e enrugada e dizem por aí que ele certa vez adormeceu em frente à lareira e quando acordou deixou seu corpo para trás, indo dar aulas normalmente, sem perceber que morrera. Não era uma versão muito concreta.
― Vamos falar hoje sobre os faunos ― anunciou o professor com sua voz de aspirador de pó velho e sem emoção.
Madison se endireitou na cadeira. De repente a aula estava tomando um rumo interessante. Achava Faísca escorregadio e misterioso demais. Preciava saber mais sobre os faunos e toda a sua cultura, ou sejá lá o que fosse. Ela parecia ser a única interessada. Adam já estava dormindo. Merlin, como ele dormia de maneira... fofa? Ela não sabia dizer se essa era a palavra. Ele parecia um anjo dormindo. Os outros alunos estavam semiconscientes.
― Os faunos antes de tudo eram criaturas maléficas ― começou Binns flutuando. Até Emma começou a prestar a atenção ― Odiavam os bruxos e a magia que faziam. Com o passar do tempo, eles conseguiram se transformar numa espécie dotada com os poderes dos elementos com a ajuda de um bruxo, Magno Pontency, e passaram a se chamar faunos elementares. Quando um fauno consegue dominar todos os elementos, tem que escolher um bruxo para jurar lealdade e proteção até a sua morte em consideração à Magno. São criaturas bem enigmáticas, geralmente falam em forma de profecia, com sempre uma mensagem oculta.
― Madison ― Emma sussurou e ela olhou ― Faísca escolheu você para jurar lealdade e proteção. Foi por isso que ele te convidou para aquela festa que vai acontecer ano que vem. Ele não é malvado então. Ele não iria prejudicar alguém que está prestes a jurar proteger até a morte.
― Eu posso estar indo lá de convidada ― Madison explicou ― Nunca nenhum bruxo foi à essa festa. Talvez eles não escolham nessa festa. Deve demorar algum tempo, sabe, analizar as opções.
― Tanto faz ― Emma continou ― Só digo que não há motivos para desconfiarmos de Faísca.
O professor fantasma continuou falando entretando, Madison já havia escutado o que lhe interessava. Faísca lhe parecia perfeitamente confiável e amável.
* * *
Pela felicidade de Isabelle, todos já sabiam que era hora do almoço. Ela saltitava pelos corredores acompanhada de Madison. Safira estava com Trevor em algum lugar do castelo e Emma afirmou que iria conversar com os elfos domésticos na cozinha sobre as funções deles no castelo. Apenas curiosidade.
Colin passou do lado das duas e Isabelle tropeçou. Madison revirou os olhos e Colin sorriu amigavelmente. "Ótimo, todas apaixonadas" pensou ela com um certo humor enquanto caminhavam em direção ao Salão Comunal. No trajeto esbarrou com as piores pessoas de todo o castelo: Emília Breathe e Amanda Hunger. Trocaram olhares ferozes mas não passou disso.
As duas se sentaram na mesa da Grifinória e o almoço já estava servido. Isabelle não perdeu tempo, começou a colocar o máximo de comida que conseguiu: coxinhas de frango, empadão, uma salada que de saudável não tinha nada e sopa de cebola. Adam entrou no salão sozinho e se sentou perto de Madison. Algumas garotas começaram a cochichar, dar risadinhas e acenar para ele. E como sempre, ele sorriu radiante.
― É hora do almoço, vocês deveriam parar de rir e comer. Algo de errado com o banquete? Não. Exatamente, vão comer! ― antes que Madison percebesse já havia falado.
As garotas olharam para ela envergonhadas e foram para a outra ponta da mesa. Isabelle interrompeu seu momento sagrado de comer e olhou para Madison com os olhos assustados. Adam também olhava para ela, entretanto com um sorriso divertido nos lábios.
― O quê? Elas estavam perturbando o meu almoço! ― argumentou ela para Isabelle.
― Engane quem você quiser, priminha, menos eu ― Isabelle deu de ombros e voltou a comer.
― Potter, já ouviu o ditado "Os incomodados que se mudem"? ― Adam perguntou fazendo a olhar para ele ― Você deveria levá-lo a sério. Aquelas garotas não estavam atrapalhando ninguém, e se tivessem que atrapalhar, seria a mim. E eu estava adorando, viu como aquela loira era bonita? Gosto de loiras.
Isabelle engasgou. Fez tanto escândalo que todos os alunos se voltaram para ela. Ela começou a beber suco de abóbora desesperada e levantava os braços para desengasgar. Madison olhava para ela sem entender o motivo daquilo tudo. Adam ignorou e começou a comer despreocupadamente, logo Nick entrou acompanhado de Safira e Trevor no salão.
― Perdi alguma coisa? ― perguntou Safira se separando de Trevor e sentando perto de Isabelle ― Você está muito vermelha, Isabelle.
― Ela engasgou ― Madison explicou ― E não, você não perdeu nada.
― Ótimo ― Safira sorriu ― Vim trazer ótimas notícias. As aulas de hoje a tarde foram canceladas. O Prof. Haver encontrou Trevor e eu nos jardins e pediu que avisássemos. Bem, ele não parecia muito desapontado com isso. A explicação foi que McGonagall disse que precisamos de tempo para ficarmos apresentáveis para Beauxbatons e Durmstrang. E antes que eu me esqueça, Madison, o seu professor de Astronomia não quis cancelar a aula, concordou em adiantar. Hum, vai ser agora.
― O QUÊ? ― Madison gritou ― Mas, nem escureceu. Não dá para ver nem uma estrela no céu.
― Ele só disse que é um dia muito importante e que a aula vai ser teórica. Pare de reclamar e vá correndo para a Torre de Astronomia ― Safira respondeu rapidamente.
Madison bufou. Agarrou os livros que estavam em cima da mesa e saiu correndo para a Torre de Astronomia. Adam passou correndo mais rápido na frente dela, parecia desesperado. Para piorar toda a situação, Layla Bucker estava esperando pela prima.
― Mad, eu preciso falar com você ― gritou quando Madison passou por ela andando rapidamente.
― Só se você falar no caminho porque eu estou atrasada ― explicou Madison e Layla correu até ela para acompanhar o passo e falar o que tinha que falar ― Ande, não enrole, por favor. Tenho que chegar na Torre de Astronomia.
― Você sabe se o Adam tem namorada? ― ela perguntou diretamente
― Não ― respondeu o mais rápido possível.
― Você não sabe ou ele não tem?
― Eu não sei. Mas, provavelmente não tem ― ela disse sem muito interesse enquanto olhava para o chão, estava andando rápido e seu robe arrastava no piso, tinha medo de tropeçar e cair.
― Isso é uma boa notícia ― comentou Layla com um olhar sonhador ― Fale de mim para ele.
― Já falamos sobre isso, Layla ― Madison disse ríspida ― Eu não converso com ele. Eu o odeio e ele me odeia. Quando converso com ele é sobre Astronomia ou nos jogos de Quadribol, já que ele é o capitão.
― Um ótimo capitão ― suspirou Layla e Madison revirou os olhos. Nunca imaginou que Layla pudesse ser tão irritante.
― Ele só é capitão porque eu deixei a goles cair no último jogo ― argumentou Madison ― Do contrário, eu seria a capitã. E eu seria melhor que ele!
― Enfim, se vocês se odeiam, você poderia falar para ele o quanto eu não me pareço nadinha com você. O quanto eu sou calma e não o odeio, que tal? Bem, se ele odeia você, e eu for justamente o oposto ele gostaria de mim, não? ― Layla disse tudo muito rápido e com uma animação que chegava a estressar.
― Pela linha de raciocínio, isso faria ele gostar de você ― Madison respondeu ― Mas, nunca se sabe. Adam é imprevisível. Eu não garanto nada, Layla, eu posso tentar. Escute bem: eu disse que vou tentar, não que vou conseguir.
― Você é a melhor prima do mundo ― Layla deu um pulinho ― Boa aula ― ela se virou e correu na direção oposta.