Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

..''ele me pega no colo e me deita na cama e mais uma vez todo o resto não tem a menor importância quando estamos juntos e a única coisa que eu quero é ele''...



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Eu acordo com a mesma sensação estranha no meu estomago, é como se tudo estivesse se revirando dentro de mim e mesmo estando dormindo me incomoda e eu acordo rapidamente, ao contrário do cuidado que eu sempre tenho pra sair da cama sem acordar Peeta hoje eu simplesmente puxo minhas pernas que estavam por baixo da dele e praticamente pulo da cama, eu vou correndo pro banheiro e novamente sem nenhum cuidado eu abro a porta rápido e a deixo bater com força por que eu simplesmente não tenho tempo de ser cuidadosa, eu chego em frente ao vaso no momento exato em que não aguento mais e coloco tudo pra fora como ontem.
– Katss, o que foi? – a voz preocupada do Peeta atrás de mim me faz virar a cabeça pra olhar pra ele mas quando faço isso sou obrigada a voltar pra posição anterior e mais uma vez colocar tudo pra fora, ele segura meus cabelos enquanto eu continuo assim, quando eu finalmente consigo parar, ele está em silêncio apenas me olhando preocupado, eu me levanto vou até a pia, lavo meu rosto, minha boca e respiro fundo encarando meu reflexo e o de Peeta no espelho, ele está bem atrás de mim me observando nervoso sem saber o que fazer.
– Eu estou bem! – eu falo forçando a voz o mais firme possível.
– Não, você não está! – ele discorda sério, enquanto se aproxima de mim.
– Sim, eu estou! – eu confirmo me virando pra ficar de frente pra ele – É só meu estomago!
– Katss, eu nunca vi você assim! – ele fala se aproximando e passando os dedos no meu rosto.
– Por que eu ainda não tinha comido aquele cozido da escola! – eu falo fazendo uma cara feia.
Ele continua sério me olhando, eu passo os dedos pelo rosto dele também.
– É sério Peeta, eu estou legal! – eu falo forçando um sorriso – Só não foi uma boa ideia almoçar na escola!
– Eu vou ficar em casa com você! – ele fala decidido.
– O quê?
– É isso aí, já que você não tem aula hoje eu vou ficar em casa também! – ele fala dando de ombros – Você não vai ficar doente sozinha em casa! – ele fala decidido e sai do banheiro.
Ele anda em direção a cama e se senta.
– Você tem que ir trabalhar! – eu falo recusando a ideia e saindo do banheiro também.
– Não! – ele fala firme – Eu vou ficar com você!
Eu respiro fundo sabendo que vai ser difícil convencer ele do contrário mas eu vou ter que conseguir, por que tem uma coisa que continua soando na minha cabeça e cada vez mais alto e mais insistente, a voz de Greasy me dizendo que eu posso estar grávida, por mais que eu queira negar isso a verdade é que eu não posso, por que a única coisa que impediria isso é meu receio em ser mãe e isso não é um argumento muito convincente. E pra acabar de uma vez com essa dúvida eu vou precisar ter certeza absoluta, eu preciso ir ao médico, mas eu não posso falar pro Peeta que vou ao médico por que ele vai querer ir comigo e eu vou ter que falar dessa suspeita, o que vai fazer ele ter falsas esperanças e depois se decepcionar, por que eu sei que eu não estou grávida, então eu faço a única coisa que posso no momento, eu minto.
– Peeta, você não pode ficar em casa comigo, por que eu não vou estar em casa! – eu minto mas me forço a parecer convincente.
– Como assim? – ele pergunta preocupado e me encarando.
– Eu tenho que ir lá na loja da Effie por que ontem ela falou por horas no meu ouvido sobre um vestido que chegou e se eu não for lá você sabe que ela vai trazer tudo aqui pra casa, não sabe? – eu pergunto encarando ele, ele sorri por que ela já fez isso antes.
– Tudo bem! Eu vou com você – ele fala se levantando da cama.
– E ficar me esperando por horas enquanto ela me faz experimentar tudo? Nem pensar! – eu falo sorrindo – Eu te amo demais pra te torturar assim!
– Eu não me importo. Eu vou! – ele fala decidido.
Eu coloco as mãos na cintura parada em frente a porta do banheiro e encaro ele, ele também me encara e não mostra nenhum indicio de que vai desistir, o que me obriga a ser mais convincente.
– Depois de ir na Effie eu vou lá na Hazelle – eu falo tentando parecer natural – Já faz um bom tempo que eu não a vejo e eu tinha prometido pro Vick que eu levaria ele na floresta um dia desses, então como eu vou ter que ir lá mesmo! – eu falo dando de ombros.
– Você precisa ir a floresta hoje? – ele pergunta sem acreditar.
– Preciso! – eu falo firme – Eu tenho que ver a plantação de morangos, por que na ultima vez a cerca estava revirada, acho que algum bicho tentou pegar eles – eu falo e não estou mentindo nessa parte por que realmente é verdade.
– Katniss, você está doente! – ele fala me encarando – Você não pode fazer isso outro dia.
– Em primeiro lugar, eu não estou doente – eu falo pausadamente enquanto me aproximo dele que continua sentado na cama, ele me encara sério – Eu estou bem e se bem me lembro o Senhor tinha um bolo pra entregar hoje! – eu falo enquanto paro de frente pra ele, minhas mãos no ombro dele.
– Eu posso pedir o Philip pra terminar pra mim! Ele tem se saído muito bem! – ele fala ainda insistindo.
– Ah mas não tão bem quanto você! – eu falo enquanto minhas mãos sobem pela nuca dele e meus dedos se entrelaçam em seus cabelos, ele coloca as mãos na minha cintura me olhando.
– Não? – ele pergunta com a sobrancelha erguida com um pequeno sorriso nos lábios.
Eu nego com a cabeça – Você é o melhor! – eu falo sorrindo e aproximo meu rosto do dele quando nossos lábios iam se encostar ele afasta a cabeça me olhando.
– Você está tentando me seduzir pra depois me expulsar de casa? – ele pergunta me encarando.
– Eu nunca quero te expulsar de casa! – eu falo com a voz baixa e junto nossos lábios de novo, dessa vez ele não se esquiva, ao contrário ele aperta ainda mais as mãos em volta de mim e intensifica o beijo, ele me senta no colo dele enquanto o beijo continua avançando, minha mão desce pelas costas dele e a dele pela minha, quando o beijo para ele está me olhando com um pequeno sorriso.
– Agora é que eu não vou trabalhar mesmo! – ele fala sorrindo e me juntando nele enquanto ele deita nossos corpos colados um no outro.
– Tudo bem, você fica! – eu falo dando de ombros – Eu vou sair! – eu falo sorrindo.
Ele se afasta um pouco de mim virando o rosto pra de frente pro meu, seu sorriso sumiu, no lugar ele está com a aparência séria e preocupada.
– Você jura pra mim que você está bem? – ele pergunta.
– Eu estou bem! Não tem com o que se preocupar, eu juro! – eu falo também séria e firme, olhando nesses olhos que eu conheço tão bem.
Ele me dá mais um beijo.
– Tudo bem! Eu vou! – ele fala já se sentando na cama – Mas se você sentir alguma coisa, qualquer coisa, você vai mandar me avisar! – ele fala sem me deixar nenhuma outra opção.
– No mesmo segundo! – eu falo concordando, ele parece mais aliviado e então se levanta pra ir tomar banho.
Enquanto ele está no banheiro eu continuo deitada na cama, por que ainda está muito cedo pra qualquer coisa que eu resolva fazer e embora essa dúvida não saia da minha cabeça eu tento me distrair com qualquer outra coisa. Minutos depois ele sai do banheiro e começa a se arrumar.
– Você vai tomar café agora? – ele pergunta enquanto coloca a blusa.
– Depois! – eu falo enrolada no lençol.
– Então eu já vou indo! – ele fala se aproximando de mim e me dando um beijo rápido – Eu te amo! – ele fala enquanto para os olhos na direção dos meus.
– Eu te amo! – eu repito com a mesma convicção que ele.
Ele sai e eu continuo deitada tentando criar forças pra poder tirar essa dúvida de mim, mas ao mesmo tempo eu tenho medo de Greasy está correta, por que eu simplesmente acho que ainda não estou pronta pra isso e nem acho que um dia vou estar, então eu enrolo mais um bom tempo na cama e quando o sol começa a se levantar insistentemente eu me convenço de que tenho que encarar isso, eu me levanto e vou pro banheiro, encho a banheira e fico mais um tempo nela, simplesmente mergulhada observando a água e as bolhas se sabão que se formam, meus dedos começam a enrugar e eu saio da banheira, coloco uma roupa confortável e desço, hoje Greasy não veio mas tem pão e frutas, então eu faço um café da manhã reforçado por que minha fome está cada vez maior, acabo com os últimos morangos e então saio de casa, vou direto para a loja encontrar Effie.
– Katniss! – ela quase grita quando eu entro na loja, o que faz as duas garotas que estão lá se virarem na minha direção, eu forço um sorriso simpático até perceber que uma das garotas é aquela que quase pulava em cima do Peeta.
– Effie! – eu cumprimento ela enquanto me aproximo de onde ela está – Bom dia! – eu falo olhando na direção das garotas.
– E então você veio pelo vestido que eu falei? – Effie pergunta contente.
– É! – eu falo sem muita animação e a garota não desgruda os olhos de mim.
– Você vai amar! – ela fala quase pulando enquanto vai buscar o vestido, eu fico parada observando ela se afastar, eu só quero ir logo embora e desvendar essa duvida.
Ela volta com o vestido e é realmente bonito, ele é verde, até o joelho e desenhado com pequenas folhas, nas costas ele é um pouco aberto.
– Experimenta! – ela fala me dando o vestido e eu sei que não adianta tentar me sair dessa, então eu pego o vestido e entro em uma das cabines, coloco o vestido, me olho no espelho e tenho que confessar que ele ficou bem em mim.
– Eu quero ver querida! – ela fala alto demais como se eu não pudesse ouvi-la.
Eu abro a cortina que separa a cabine e ela parece impressionada, dando palminhas no ar enquanto as duas garotas também parecem surpresas e não desviam o olhar de mim.
– Você está incrível! – Effie fala depois de se recuperar – Dá uma voltinha! – ela pede empolgada, eu dou a voltinha – Perfeita! Peeta vai amar! – ela fala sorrindo.
– Se você não for levar, eu levo! – aquela garota abusada fala pra mim enquanto dá um sorriso irônico, eu lhe dou um olhar mortal enquanto Effie também olha pra ela desaprovando a reação dela.
– Sinto muito! Mas eu vou ficar com esse! – eu falo com um sorriso irônico encarando ela.
– Oh Perfeito! – Effie volta sua atenção pra mim, eu sorrio e fecho a cortina pra poder me trocar.
– Eu vou embrulhar pra você – ela fala quando eu saio da cabine.
– Será que você não pode levar pra mim mais tarde? – eu peço – É que eu estou indo agora lá na Hazelle! – eu explico.
– Claro que sim! – ela fala sem problemas.
– Agora eu tenho que ir! – eu falo já me afastando.
– Mas eu tenho outros modelos lindos! – ela fala ainda empolgada.
– Eu realmente tenho que ir agora, mas eu volto outro dia! – eu prometo enquanto saio.
Eu continuo meu caminho pela praça olhando as pessoas em volta e tomando coragem de ir para o posto médico, depois de uma pequena caminhada eu entro no Posto, uma mulher de branco em uma mesa logo na entrada me recepciona.
– Bom dia! – ela fala com um sorriso.
– Bom dia! – eu falo mas não tenho forças pra um sorriso – Eu preciso ver o médico! – eu falo como se isso não fosse obvio.
– Eu só preciso do seu nome! – ela fala ainda sorrindo.
– Katniss Everdeen Mellark! – eu falo rapidamente.
– Oh, Katniss! – ela fala me reconhecendo – É um prazer conhecê-la.
Eu tento forçar um sorriso mas sem muito sucesso.
– Vai demorar muito? – eu pergunto nervosa.
– A Senhora será a próxima! – ela fala com simpatia – Pode aguardar bem ali! – ela fala indicando umas cadeiras.
– Obrigada! – eu agradeço e vou me sentar.
Os minutos que se seguem é como uma tortura, meu coração parece querer saltar do meu peito, minhas mãos estão suando e eu tenho que forçar minha respiração a se manter normal.
– Katniss Everdeen Mellark! – a voz no fundo do corredor me traz de volta.
Eu me levanto rapidamente e tenho que forçar minhas pernas a andar, chego de frente para o homem que me chamou, ele está de branco, parece já ter uma certa idade mas passa a segurança que um médico deveria passar.
– Bom dia! – ele fala abrindo a porta para que eu entre e eu entro.
– Bom dia! – eu respondo já passando por ele.
Ele me oferece uma cadeira para que eu sente e eu me sento.
– Bom, em primeiro lugar é uma honra conhecê-la finalmente! Acho que nunca a vi por aqui antes! – ele fala educado e sorrindo.
– É, eu não gosto muito de hospitais, nem de médicos – eu falo ainda nervosa enquanto contorço meus dedos, ele dá uma pequena risada quando eu falo e então eu me dou conta que ele é um médico – Mas não é nada pessoal! – eu tento me reconsiderar.
– Eu tenho certeza que não – ele fala sorrindo – Muitas pessoas tem esse problema! – ele fala me tranquilizando – Mas o que a trouxe aqui? – ele continua mais sério.
– Eu não acho que seja nada demais! – eu falo nervosa e enrolando – Eu só tenho tido algumas tonturas! – eu falo dando de ombros.
– Tonturas? – ele pergunta enquanto anota algo em um papel.
– É! – eu concordo.
– E só isso? Mas nenhum outro sintoma? – ele volta a me olhar.
– Meu estomago, não tem tido um bom dia! – eu falo me mexendo na cadeira.
– Vômitos e enjoos? – ele pergunta me encarando.
– Algumas vezes! – eu concordo, ele anota mais alguma coisa e volta a me olhar.
– Eu vou precisar examinar a Senhora! – ele fala e se levanta.
Ele pede que eu me levante e me sente em uma espécie de maca eu me sento então ele examina meu coração, minha pressão e até minha temperatura.
– Tudo bem por aqui! – ele fala sorrindo – Mas eu vou precisar tirar um pouco de sangue seu! – ele fala já se virando para um armário, eu concordo e continuo sentada, ele pega o material necessário e volta até a mim, retira meu sangue, lacra o pequeno recipiente e anota algo em uma etiqueta.
– Agora nós só precisamos esperar! – ele fala me ajudando a descer da maca.
– Vai demorar muito? – eu pergunto ansiosa.
– Graças a nossa avançada tecnologia dentro de uma ou duas horas já teremos o resultado! – ele fala orgulhoso desse fato.
– Mas o Senhor não tem nenhuma suspeita? – eu pergunto sem me aguentar de tanto nervoso.
– Suspeita todos nós temos, mas eu sempre prefiro esperar o resultado! – ele fala com um pequeno sorriso e mesmo que eu queira saber qual é a suspeita dele eu não consigo perguntar qual é.
– Então eu volto daqui duas horas! – eu falo já de pé.
– E eu estarei aqui! – ele fala me estendendo a mão.
Eu saio da sala e me sento novamente nas cadeiras, eu não quero sair daqui sem uma resposta então eu continuo no canto da sala, tentando não morrer de ansiedade, começo a roer minha unhas, um hábito horrível que sempre aparece quando estou nervosa, o ponteiro do relógio parece nunca se mover e eu estou cada vez mais ansiosa, eu me levanto algumas vezes vou até o bebedouro, encho um copo e fico dando pequenos goles enquanto volto pro meu lugar e continuo nessa tortura. Depois do que me pareceu muito mais de duas horas, meu nome é chamado novamente, eu sinto meu coração disparar quando ouço, mas respiro fundo e sigo o caminho pelo corredor.
– Olá, novamente! – o médico fala sorrindo.
Eu não tenho forças pra sorrir nem ser simpática, eu só preciso saber o resultado.
– Já tem o resultado? – eu pergunto sem disfarçar minha ansiedade.
– Tenho sim! – ele da um pequeno sorriso e me mostra o envelope, então ele o abre e retira o papel lendo atenciosamente.
– E então? – eu pergunto quase arrancando da mão dele.
– Como eu suspeitava – ele abaixa o envelope e me olha sorrindo – Parabéns, você está grávida! – ele fala com um sorriso e é como se eu tivesse levado um soco no estomago, eu me sinto confusa e perdida.
– Grávida! – eu repito a palavra com pânico na voz – O senhor tem certeza? – eu pergunto mesmo sabendo a resposta.
– Sim, eu tenho! – ele confirma sorrindo – Meus parabéns! – ele fala novamente e eu tenho vontade de sair correndo mas simplesmente não consigo, eu estou paralisada, ele percebe minha reação.
– Você está bem? – ele pergunta preocupado.
Eu concordo com a cabeça e sem dizer nada eu simplesmente me levanto e saio do consultório.
– Nós temos que marcar outra consulta! – eu escuto a voz dele longe quando já estou chegando na recepção, a mulher fala algo comigo mas eu não consigo ouvir nada, apenas uma única palavra ecoa na minha cabeça: GRÁVIDA GRÁVIDA GRÁVIDA...
– Não pode ser! – eu falo tentando convencer a mim mesma.
Eu paro do lado de fora do Posto olhando ao redor mas nada parece se encaixar, eu simplesmente continuo andando sem saber pra onde ir, é como se todas as pessoas estivessem em câmera lenta e eu me sinto deslocada de qualquer lugar, lagrimas rolam pelo meu rosto, por que eu tinha certeza que Greasy estava errada, mas não, ela estava certa e agora eu não sei o que fazer, quando olho pra frente estou parada em frente a cerca que separa a floreta, eu continuo parada olhando sem nem saber o que fazer, o sol está um pouco forte o que faz com que minha cabeça dê algumas voltas, se eu tinha algum plano de entrar na floresta eu desisto por que eu nem sei até onde conseguiria ir, eu olho ao redor, tentando pensar pra onde ir, mas me sinto perdida, volto a andar e quando paro novamente estou em frente a minha antiga casa, embora grande parte dela tenha sido destruída ainda restou metade da casa, mesmo sendo pequena, eu olho ao redor e dou o primeiro passo para dentro dela, no lugar onde ficava a cozinha e o único lugar ainda coberto da casa, eu passo as mãos no que restou do fogão e mais lagrimas escorrem do meu rosto, eu sinto meu corpo enfraquecer e me encosto na parede, o choro que estava preso se solta e eu sinto todo meu corpo tremer e escorregar pela parede em direção ao chão sujo, mas não me importo com isso, apenas me permito ficar ali, as pernas dobradas e meus braços abraçados em volta dela, meu rosto enterrado nas pernas e os soluços preenchendo todo o silencio, não sei por quanto tempo fiquei assim, mas quando paro é por que não tenho mais força pra chorar.
– E agora? – eu pergunto em pensamento – Como vai ser?
E eu não tenho uma resposta, por que eu não faço a menor ideia de como vai ser. Eu olho ao redor e meus olhos tem que se acostumar com a luz novamente, aos poucos as coisas entram em seus lugares e eu vejo que estou parada de frente pra onde Prim dormia, se eu fechar os olhos posso ver ela dormindo toda encolhida, mas quando abro os olhos novamente eu vejo a realidade, e a realidade é que eu nunca mais vou ver minha patinha, por que eu não cuidei dela como deveria, por que ela pagou por algo que eu comecei, do mesmo jeito que tantas outras pessoas pagaram, eu tento me convencer que a culpa não é minha, que todos estavam cansados da vida que levavam, que era necessário passar por tudo isso pra que os dias melhores viessem mas a verdade é que nada disso alivia meu sentimento, nada nunca vai aliviar, mas está feito assim como está feito eu estar grávida e não há nada que eu possa fazer pra mudar isso, existe uma pessoa crescendo dentro de mim e quando eu penso nisso pela primeira vez eu me permito afastar o pânico e enxergar o quanto isso é incrível, eu estico minhas pernas e minhas mãos automaticamente vão para minha barriga e mesmo estando com medo, sem saber o que fazer eu tenho que concordar que é incrível saber que tem uma vida dentro de mim, dependendo de mim, não que isso seja uma boa ideia, alguém depender de mim, mas eu me sinto de certa forma emocionada com isso.
– Eu estou grávida! – eu falo essa frase pela primeira vez, e é nessa hora que eu tenho certeza que não importa o que vá acontecer eu vou me esforçar ao máximo pra que isso dê certo, eu posso não saber como ainda, mas eu vou proteger e amar essa criança por mais contraditório que isso possa parecer pra mim, esse é meu filho e eu vou fazer tudo por ele, eu ainda tenho medo, muito medo mas eu também tenho força e eu vou usar ela mais uma vez. Eu nunca me imaginei nessa situação e até lutei contra ela, mas ela chegou e mesmo assustada eu posso dizer que uma parte minha está assustadoramente feliz. Eu vou ter um filho, um filho meu e do Peeta. E quando eu penso nisso, eu me lembro dele e de como ele ficará quando eu contar, eu me levanto enxugando as lagrimas que ainda rolavam e respiro fundo, quando olho pra fora vejo que a tarde já está caindo, o que significa que Peeta já deve está indo pra casa, eu me endireito e saio em direção a nossa casa, enquanto eu ando percebo que nem me dei conta de como o tempo passou rápido, então eu apresso meu passo por que eu quero chegar logo em casa, quando chego na Aldeia, vou rapidamente até a porta de casa e quando coloco a mão pra abrir a porta ouço vozes vindo de lá de dentro, eu me surpreendo e abro a porta lentamente e então eu vejo Peeta sentado no sofá, com a cabeça jogada pra trás, Haymitch sentado com os pés na mesinha como sempre e Effie andando de um lado para o outro.
– Oh Katniss! Graças a Deus! – ela fala aliviada correndo na minha direção, eu estou surpresa sem entender nada, enquanto ela me abraça, consigo ver quando Peeta levanta a cabeça na minha direção – Que bom que você está bem! – ela fala me segurando pelos ombros.
– O que aconteceu? – eu pergunto confusa.
– Você sumiu! Nós ficamos preocupados! – ela fala e então eu reparo no Peeta, ele está com uma aparência horrível, seus cabelos despenteados e os olhos vermelhos indicam que ele chorou ou esteve perto disso.
– Peeta, o que houve? – eu pergunto me aproximando dele no sofá, ele me olha sério ainda sentado.
– O que houve? – ele pergunta com irritação na voz me encarando. Eu fico parada confusa.
– Katniss, você me disse que ia pra floresta com o Vick, ele passou na padaria e disse que você nunca chegou por lá, eu voltei pra ver se você estava bem e você não estava em casa – ele fala tudo tentando controlar a raiva mas sem muito sucesso – Eu fui na Effie e ela me confirmou o que você falou, então eu fui até a Hazelle e eu e Rory fomos até a floresta, até o lago e adivinha você não estava lá também! – ele continua com mais irritação a cada palavra.
– Eu posso explicar! – eu falo com a voz baixa, tentando me aproximar dele, mas ele se levanta do sofá.
– Então você pode explicar como quase me matou de preocupação por que simplesmente mentiu pra mim? – ele pergunta me encarando, eu ainda estou surpresa com tudo isso, eu não imaginei que nada disso fosse acontecer.
– Bom, já que você está bem, nós já vamos indo! – Effie fala chamando Haymitch.
– Ah mas eu não perco isso por nada! – ele fala com um sorriso irônico.
– Haymitch Abernarthy! – ela fala com a voz firme e ele se levanta e vai ao encontro dela.
Eles saem e eu continuo parada olhando para o Peeta e ele pra mim.
– Onde você estava e por que você mentiu pra mim? – ele pergunta pausadamente me olhando.
– Eu precisava ficar sozinha! – eu falo sem saber como falar isso.
– Por que você não me disse então? – ele fala ainda irritado e alto demais.
– Me desculpa tá? – eu falo me aproximando dele – Eu não sabia o que fazer e acabei na antiga casa, eu só precisava digerir isso! – eu explico.
– Digerir o quê? – ele pergunta sério.
– Eu fui no Posto! – eu falo desviando o olhar dele.
– O que você tem? – ele muda pra preocupação.
– Peeta, eu ...– eu paro e volto a falar olhando nos olhos dele – Eu estou grávida! – eu falo e o olhar dele vai de surpresa pra incredulidade, ele tem quase a mesma reação que eu paralisado.
– Grávida? – ele pergunta de novo e eu confirmo.
Ele me olha e o sorriso que surge no rosto dele parece dividir o rosto dele ao meio.
– Grávida! – ele fala mais contente e eu confirmo novamente.
– Eu sou um idiota, eu não deveria ter falado assim com você, eu ... eu – pela primeira vez eu o vejo sem palavras.
– Não tem que se desculpar! Eu errei! – eu falo e antes que eu continue ele me beija com carinho e lentamente, seus braços em volta de mim e eu sinto o sorriso dele e o meu também.
– Eu vou ser pai! – ele fala quando o beijo acaba sorrindo como um bobo, eu sorrio de volta concordando com a cabeça, então ele se ajoelha e levanta minha blusa, eu me sinto estranha com isso mas não o impeço, ele passa os dedos pela minha barriga.
– Um filho meu e seu, bem aqui! – ele bate o dedo na minha barriga e por mais que eu ainda esteja assustada eu sorrio com a reação dele, ele espalha vários beijos pela minha barriga e eu rio dessa situação, ele se levanta rapidamente parando nossos rostos de frente um pro outro e muito colados.
– Eu te amo! Eu amo nossa vida e Eu amo nosso filho! – ele fala sorrindo mas posso ver toda a emoção nos olhos dele que já estão cheios de lagrimas e me beija de novo.
Então quando ele separa de mim, ele está sorrindo de novo.
– Eu vou ser pai! – ele grita jogando a cabeça pra trás.
– Peeta! – eu repreendo ele mas estou sorrindo.
– Eu vou ser pai! – ele grita de novo.
E então me abraça tirando meus pés do chão, ele me beija de novo e eu começo a ver que talvez não seja tão assustador quanto eu pensei, por que afinal de contas eu tenho o Peeta e nós estamos juntos, tudo que virá pela frente nós passaremos juntos! E mesmo com dúvidas eu estou novamente completa com ele aqui comigo.


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