Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

...''o que eu puder fazer eu vou fazer, nem que eu tenha que ficar assim o dia inteiro com ele é isso que eu vou fazer, eu o amo e eu faço qualquer coisa pra não ver ele assim'...



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Eu não sei por quanto tempo nós ficamos assim, mas depois do que parecem muitas horas ele já está mais calmo, parou de chorar e apenas continua em silêncio, eu faço o mesmo, meu corpo já está dolorido de tanto ficar nessa mesma posição mas eu recuso me movimentar permaneço também em silêncio, minha mãos no cabelo dele tentando passar alguma espécie de segurança pra ele, mas por mais que não saia nenhuma palavra da minha boca minha cabeça ainda está trabalhando e tentando responder as perguntas que me incomodam e a principal dela é: Como pode um homem como aquele, um dos homens de confiança do Snow está livre, sem nenhuma punição e trabalhando aqui na mansão presidencial? Eu ainda não consigo encontrar nenhuma razão lógica pra isso, como esse fato pode ter passado despercebido, então eu me alerto, e se não passou despercebido e se eles soubessem. Agora mais do que nunca eu preciso dessas respostas afinal se eles esconderam algo assim o que mais pode aparecer nesses próximos dias. Ainda estou tentando colocar meus pensamentos em ordem quando sinto minha perna tremer, primeiro penso que é pelo cansaço, mas acontece que não sou eu quem está tremendo e sim o Peeta, todo seu corpo treme fortemente, eu passo as mãos pelo cabelo dele e o chamo calmamente.
– Peeta! – nenhuma resposta, apenas os tremores – Peeta! – eu chamo mais uma vez na esperança dele me responder, mas acontece que ele rapidamente levanta a cabeça, se encosta na parede, ele está suando e tremendo e eu não entendo por que.
– Sai daqui Katniss! – ele fala firmemente mas com certo desespero, eu me viro pra olhar pra ele e imediatamente eu entendo o que está acontecendo, ele está tendo os flashes, claro, depois de tudo que aconteceu é óbvio que ele está totalmente abalado.
– Peeta, calma! – eu falo colocando minha mão no rosto dele, ele empurra minha mão com força, me olha nos olhos, com uma mistura de sentimentos.
– Vai embora Katniss! Agora! – ele fala gritando, com raiva e desespero na sua voz.
– Não Peeta, eu não vou! Eu disse que eu não vou sair daqui! – eu respondo pra ele firmemente. Ele desvia o olhar do meu, então como se estivesse lutando contra alguma coisa ele coloca as mãos na cabeça em cada ouvido apertando fortemente.
– Sai Katniss! Eu não vou conseguir! – ele pede mais uma vez.
Ele está com os olhos fechados fortemente como se tivesse evitando algo, suas mãos ainda estão na cabeça e ele tenta lutar e resistir mas eu posso ver que é difícil.
– Você consegue Peeta, eu sei que você consegue! Eu estou aqui com você! – eu falo me virando pra ele, minhas mãos estão rosto dele tentando fazer ele se concentrar em outra coisa, mas sem muito sucesso. Ele se levanta rápido e vai pro outro lado da sala, ele agarra um vaso que tinha sobrado inteiro e o quebra, eu também me levanto e permaneço no lado oposto que ele, ele está me evitando, agora ele colocou as duas mãos na parede e fica assim parado, eu ando até ele, e envolvo meus braços no corpo dele, encosto minha cabeça nas suas costas, meu ouvido na direção do coração e eu posso ouvir como bate rapidamente, todo seu corpo permanece tenso e rígido, mas eu permaneço abraçando-o forte meus braços em volta do seu peito, seguimos assim mais alguns minutos, então aos poucos a respiração dele vai se normalizando, posso sentir seu corpo começar a relaxar, seus braços que antes estavam esticados afastando seu corpo da parede agora estão flexionados e eu posso ouvir que as batidas do coração dele também estão mais lentas, então eu o solto e vou pra frente dele, ele ainda está de olhos fechados eu passo a mão no seu rosto, afasto os fios de cabelo da testa dele e ele abre os olhos e mesmo com tudo isso, com toda essa confusão, com esse medo eu encontro novamente aqueles olhos, os únicos que me dão segurança em qualquer momento, eu continuo mantendo nosso olhar e ele também sem dizer nenhuma palavra mas ao mesmo tempo parece que estamos dizendo tudo um ao outro, então ele rompe nosso olhar e me abraça eu também o abraço forte, é como uma espécie de proteção, segurança, conforto, nos braços dele eu encontro a energia que eu não tenho e eu sei que o mesmo acontece com ele, nós precisamos um do outro e cada vez mais eu tenho certeza disso. Quando nos soltamos do abraço eu percebo que ele está com as mãos sangrando, seu ombro também tem um corte.
– Você se machucou! – eu falo segurando as mãos dele.
– Não foi nada! – ele fala com a voz ainda rouca e baixa.
– Tem que limpar! – eu falo tentando limpar, porém sem sucesso – Vem, a gente tem que ir embora! - eu falo olhando nos olhos dele esperando que ele concorde.
– Ok! – ele fala e concorda com a cabeça, eu seguro em sua mão com cuidado e nós saímos da sala seguimos o corredor enquanto eu torço pra que não tenha ninguém, logo eu vejo Haymitch passar saindo de uma sala.
– Ei, Haymitch! – eu chamo por ele não muito alto, não quero ter um monte de gente a nossa volta agora. Ele escuta, se vira e vem em nossa direção.
– Onde vocês estavam? – ele pergunta lentamente, posso ver que está irritado e preocupado.
– Não interessa. Agora eu só preciso ir embora! – eu falo rápido sem muita paciência pra ficar de conversa. Ele olha pro Peeta que permanece em silêncio, seus olhos estão inchados e vermelhos, suas roupas estão amassadas e sujas, então ele me olha novamente.
– Eu vou arranjar um carro pra vocês, me esperem aqui! – ele fala e sai rapidamente, poucos segundos depois ele volta.
– Venham, já consegui! – ele fala nos guiando para fora da mansão onde um carro nos aguarda, eu espero Peeta entrar e antes que eu entre eu viro para o Haymitch e falo rapidamente – Eu preciso falar com você, vê se atende o telefone! – então eu entro no carro, não demora muito e chegamos ao apartamento.
Nós entramos e vamos direto pro quarto, eu deixo Peeta sentado na cama e vou até o banheiro, coloco a banheira pra encher e pego uma maleta de primeiros socorros, quando volto ele permanece sentado olhando para janela com o pensamento longe e eu me sinto mal em vê-lo assim, ele é sempre o forte, eu nunca o vi assim, ele sempre me consola e não o contrário, mas essa é a minha vez de retribuir e eu vou fazer isso. Me aproximo dele mas ele não percebe.
– Peeta! – eu chamo sussurrando.
Ele se vira pra mim me olhando ainda confuso.
– Eu preciso limpar o corte – eu falo me sentando do lado dele e colocando a maleta na cama, ele concorda com a cabeça se virando pra mim, eu me aproximo dele – Eu preciso tirar sua camisa – eu falo já desabotoando a camisa, ele concorda e eu continuo, depois que retiro a camisa dele eu me aproximo mais dele, abro a maleta e começo a limpar o corte no ombro dele.
– Eu ia matar ele! – ele fala com a voz rouca, eu paro minha mão no ar por alguns segundos, então eu coloco meu rosto de frente pro dele.
– Peeta... – eu começo a falar e ele me interrompe.
– E eu não me arrependo, eu faria tudo de novo! – ele fala com raiva ainda, eu permaneço olhando pra ele.
– Você não tem que se arrepender de nada, o que ele fez pra vocês não tem perdão! – eu falo séria e volto a limpar o machucado dele – eu mesma teria matado ele! – eu concluo enquanto termino de limpar. Então seguro a mão dele, abrindo-a e começo a limpar também.
– Obrigado! – ele fala me olhando.
– Não! Não tem nada pra agradecer – eu falo sem olhar pra ele e termino de limpar suas mãos, então me lembro da banheira e dou um pulo da cama, vou até o banheiro e chego na hora certa, já está cheia, eu coloco alguns dos óleos e perfumes que ficam guardados na água e saio do banheiro.
– Eu enchi a banheira, acho que você precisa de um banho – eu falo tentando parecer otimista.
Ele força um sorriso, se levanta da cama e vem até a mim, ele me olha nos olhos e se aproxima mais de mim, ele passa a mão no meu rosto, no meu cabelo, me dá um fraco sorriso e então eu não resisto, depois de tudo que aconteceu hoje, do medo que eu tive de perdê-lo, da angustia e da culpa de vê-lo assim, eu preciso sentir ele de novo, então também me aproximo dele, minha mão na cintura dele e o beijo, ele corresponde, e não tem nada no mundo que me revitalize assim, mais uma vez eu sei que mesmo com o mundo desabando sobre nós ele está aqui comigo e eu com ele e isso é o que importa. Terminamos o beijo e ele vai pro banheiro, entra e fecha a porta, então eu saio do quarto fecho a porta e vou pra sala, nós temos um telefone aqui, eu vou até ele e ligo pro quarto do Haymitch, alguns segundos depois ele atende.
– O que foi? – a voz dele é de alguém que foi acordado ou que está bebendo, se tratando do Haymitch pode ser qualquer uma dessas.
– Haymitch, eu preciso falar com você – eu falo rapidamente.
– Estou ouvindo! – ele fala secamente.
– Eu e Peeta não vamos a lugar nenhum amanhã! – eu falo decidida.
– Como assim não vão a lugar nenhum? – ele repete sem acreditar muito.
– Simples. Eu e Peeta não vamos sair daqui, cancela sei lá, se vira. Ele não vai a lugar nenhum depois disso – eu falo irritada e decidida.
– Olha só garota, eu entendo que foi uma coisa difícil, mas eu acho que vocês já passaram por coisas piores não é? Amanhã vocês vão ter que está lá. – ele fala sem dá muita importância.
– Haymitch, eu acho que você que não está entendendo, o que aconteceu hoje eu não acho que foi uma simples coincidência.
– Como assim? – ele pergunta curioso.
– Eu sei que você deve ter pensado o mesmo, como aquele homem conseguiu está tão próximo de todos tendo um passado desse? – eu digo a ele e eu sei que ele também deve ter levantado essa hipótese.
– Depois a gente conversa – ele fala encerrando esse assunto, ele não deve achar seguro falar sobre isso aqui e eu também não acho que seja.
– Tudo bem, então era só isso – já ia desligar quando a voz dele me chama de volta.
– Ei, eu ainda não disse que vou fazer isso. Amanha tem a inauguração do hospital e uma reunião pra terminar os assuntos de hoje, vocês tem que estar lá. – ele fala ainda insistindo.
– Eu vou te falar pela ultima vez, que se danem todos eles, Peeta não sai daqui amanhã e eu acho melhor você convencê-los a não insistir por que se isso acontecer acabou. Nós voltamos pra casa no mesmo instante e eu não me importo nenhum pouco com as consequências, eu volto nem que seja andando, você entendeu? – eu falo rapidamente e séria.
– Só amanhã, vocês tem 24 horas e depois vão seguir o cronograma, eles não trouxeram vocês aqui pra ficarem no quarto – ele fala cedendo ao meu pedido – Eu vou tentar.
– Eu confio no seu poder de convencimento – eu falo e desligo o telefone.
Quando desligo me levanto do sofá e vou pedir alguma coisa pro Peeta comer, passamos quase o dia naquela sala sentados, sem comer nada, eu estou morrendo de fome e ele também deve está, quando eu estou a caminho da sala de jantar ouço batidas na porta, fortes e rápidas e volto pra sala pra poder atender embora eu desconfie de quem seja, com certeza é o Haymitch insistindo pra que eu pense melhor, mas não adianta que eu não vou mudar de ideia. Chego na frente da porta, respiro fundo me preparando pro discurso dele e então abro a porta, quando eu abro me surpreendo, não é o Haymitch é o Gale.
– Oi – ele fala baixo e sem graça – eu queria falar com você !
– Gale? – eu ainda estou surpresa e o que ele pode ter pra me falar que não podia esperar.
Ele permanece parado com as mãos no bolso me olhando.
– Entra – eu abro a porta dando passagem pra ele. Ele entra apenas alguns passos, eu fecho a porta e nós ficamos parados um olhando pro outro.
– O que você queria falar, acontecer alguma coisa? – eu pergunto já ansiosa.
– Não, não aconteceu nada, só queria saber como você estava – ele fala desviando o olhar do meu.
– Eu vou ficar bem! – eu respondo sinceramente mas ainda não entendo o que ele veio fazer aqui – Você veio até aqui, só por isso? – eu pergunto diretamente. Ele me olha e desvia o olhar novamente – Gale, fala. Pode falar. O que houve? – eu pergunto já nervosa.
Ele leva alguns segundos pra começar a falar.
– É que hoje, com o que aconteceu, eu acho que eu entendi o por que você escolheu o Peeta – ele começa a falar devagar mas já olhando nos meus olhos.
– Como assim? – eu pergunto franzindo a testa ainda mais confusa.
– Tudo que ele passou, ás vezes que ele te protegeu – ele começa a explicar mas eu já entendi onde ele quer chegar.
– Para! – eu falo fazendo um sinal com a mão pra que ele pare – Você está me falando que eu só estou com Peeta por que ele foi torturado, é isso? – eu pergunto ainda chocada com isso.
– Exatamente isso – ele fala sério e firme, se aproxima de mim e volta a falar – Claro que é isso Katniss, vocês passaram pelos jogos ele te protegeu e você protegia ele, quando ele foi pego pela capital você achou que tinha falhado no seu papel, e quando você foi atrás dele hoje dizendo que tinha ajudar ele, que não ia deixar ele sozinho de novo eu entendi tudo – ele fala com toda certeza e com um sorriso aparecendo no rosto – Você não o ama, você só se sente culpada pelo que aconteceu com ele. Mas você não foi culpada e você não pode passar sua vida com ele por causa desse pensamento, eu sei que ele passou por coisas ruins, mas a culpa não é sua. Você não tem que fazer isso! – ele fala me encarando e se aproxima pra tocar no meu rosto, eu viro meu rosto pra sair do toque dele e vejo Peeta parado na entrada da sala nos olhando e pelo jeito dele ele está alia há um bom tempo.
– Peeta! – eu me viro pra ele e me afasto do Gale. Peeta vem em nossa direção e para quase de frente pra nós dois.
– Eu nunca obriguei a Katniss a nada. Nem nunca usei o que aconteceu comigo pra ter ela. E ela sabe que não foi culpa dela! – ele fala com raiva mas lentamente encarando Gale de modo frio.
– Eu não disse que você fez isso! Mas é isso que ela pensa! – ele devolve o mesmo olhar – E você sabe que isso é verdade. Ela não te ama, ela se sente culpada! – ele fala friamente.
Peeta já ia responder quando eu interrompo.
– Cala a boca Gale! – eu falo sem paciência nenhuma – Que droga! Será que depois de tudo que aconteceu hoje você ainda quer piorar as coisas? – eu pergunto olhando pra ele.
– Eu não quero piorar nada, só quero que você seja sincera – ele fala ainda encarando Peeta que permanece lhe devolvendo o mesmo olhar.
– Quer saber, chega! Eu cansei disso – eu falo me afastando – Eu tentei, eu juro que eu tentei não magoar ninguém mas parece que não dá não é mesmo? – eu começo a falar irritada e os dois me olham – Gale você sempre foi meu grande amigo, a única pessoa que eu confiava de verdade e eu queria muito poder pelo menos ter as boas lembranças disso, manter pelo menos alguma ligação com você, mais não dá! – eu falo dando de ombros – Parece que quanto mais eu falo com você menos você entende. Eu vou tentar ser clara agora EU NÃO TE AMO! – eu falo a ultima frase pausadamente, e posso ver o rosto dele mudar, sua expressão é de dor, mas eu não me importo mais, eu tentei não magoar ele mas ele parece não entender, depois de tudo que aconteceu hoje, ele veio aqui pra falar isso, pra jogar algo assim na cara do Peeta que mesmo que fosse verdade, o que não é o caso, já seria cruel demais – Eu sinto muito, um dia eu achei que eu te amava mas não era amor. Eu já te disse isso antes, é o Peeta que eu amo, eu não quero te machucar, te magoar, mas eu não posso e eu não quero mudar isso, o que eu sinto não tem a ver com culpa ou pena ou qualquer coisa assim, é só o que eu sinto. – eu falo e tanto Peeta quanto ele estão olhando pra mim, embora cada um com um tipo de emoção no rosto ele parece extremamente magoado e surpreso e Peeta pela primeira vez depois do que aconteceu está com um pequeno sorriso se formando. – Gale, eu sinto muito, mas você tentar me convencer de que eu estou errada não vai mudar nada, por que eu sei o que é verdade pra mim. Eu queria muito ter algum tipo de relação com você mas eu acho que você está mostrando que não é possível – eu falo e vou em direção a porta, abro ela e olho pra ele de novo. – Acho que você já disse tudo que tinha pra falar! – permaneço com a porta aberta pra ele, ele me olha e sai, eu fecho a porta e respiro fundo e olho pro Peeta que permanece me olhando.
– Eu sinto muito! – ele fala baixo.
– Não quero falar disso! – eu falo começando a andar – Nós precisamos comer alguma coisa, você tem que fazer o curativo de verdade – eu falo pegando a mão dele afinal só limpei o machucado – E temos que descansar – eu falo colocando minha cabeça no ombro dele e é só disso que eu preciso hoje.


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