Na hora do jantar, Phoebe viu Leo sentado sozinho, e logo juntou-se a ele. O menino estava com os cabelos mais bagunçados que o habitual, e os olhos estavam cansados.

— Oi — ela disse, sentando-se ao lado de Leo — O que houve com você?

— Passei a noite em claro pensando em você.

— Sério?

— Claro que não, Phoebe. Fiquei a noite em claro pensando em um jeito de me vingar de Alicia.

— O quê?

— Bem, eu não sou do tipo vingativo, mas...Isso pode ser divertido.— Ele disse, com um sorriso louco no rosto — E você está nos meus planos.

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— Então, é isso. Só preciso que, à meia-noite, você abra a porta do dormitório feminino.

— Ok. Até. — Disse Phoebe, batendo continência.

Eram 22 horas do sábado. A menina estava inquieta em seu beliche, tanta era a animação. Pensou em Alicia e seu grupinho, que sempre que acordavam passavam uma hora inteira no banheiro, se arrumando.

Fechou os olhos e fingiu que estava dormindo. Quando deu meia-noite, Phoebe ouviu uma leve batida na porta de madeira. Se levantou e foi andando lentamente, pisando apenas nas madeiras que não rangiam.

— Uau, aqui tem cheiro de rosas — sussurrou Leo, entrando no quarto.

Botaram o plano em prática: cobriram o cabelo e o rosto de Alicia e seu bando com chantilly. O menino pegou uma caixa de morangos e decorou o cabelo de Alicia, que estava empapado de creme.

Foram então para o banheiro. Leo abriu um pote com lagartixas e colocou-as na pia. Se elas saíssem da pia, elas ficariam presas em qualquer parte do banheiro, pois a porta e as janelas estavam fechadas. De qualquer jeito alguém as encontraria.

Fecharam bem as portas do banheiro. Leo deu uma piscadela para Phoebe, e saiu. Cara, como ele era divertido.

Phoebe dormiu ansiosa para o domingo, muita animada para ver Alicia e suas amigas surtando.

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No dia seguinte, Phoebe acordou com uma série de gritos estridentes. Alicia encarava seu bando, perplexa. As outras garotas pareciam confusas. Foi aí que Phoebe se entregou: ela gargalhou. Gargalhou como se soubesse quem havia feito aquilo e pensasse que essa pessoa era genial. Realmente, ela sabia quem arquitetara aquilo e pensava que Leo era genial.

As meninas foram ao banheiro, correndo, a encarando. Ao abrirem a porta, uma nova série de gritinhos preencheu o ambiente.

“Funcionou” , Phoebe pensou.

Pôs uma blusa azul turquesa e uma saia marrom. Calçou botas de couro. Seu pai era um rico empresário, porém ela tinha apenas alguns itens de marca. Ela não era vaidosa. Fazia tudo isso numa desesperada tentativa de chamar a atenção.

Enfim, ela escapuliu do dormitório rapidamente, ainda com risadinhas. No caminho, Lacey deu um tapinha em suas costas.

— Foi você, né?

— Eu e Leo, na verdade.

— Foi genial.

Logo a ruiva se distanciou, e se encontrou com Eleonor. Como combinado, Phoebe foi ao jardim se encontrar com Leo.

Desta vez, ele chegou primeiro. Como de costume, os dois se acomodaram no beiral da fonte. Phoebe relatou ao amigo a reação de Alicia e as outras garotas. Leo ouviu tudo com atenção, com aquele sorriso louco no rosto moreno.

Subitamente, uma mulher magérrima com um terninho azul piscina e face oval se aproximou. Ela tinha cabelos castanhos, um pincenê (sério, quem ainda usava aquelas coisas?) e uma expressão rígida.

— Srta. Waters e sr. Valdez...?

— Hã...sim? — Leo disse.

— Os senhores estão sendo chamados pelo Diretor Bóris.

Os dois se entreolharam, e fitaram a mulher, apreensivos. Ela liberou passagem e os dois avançaram pelos corredores da escola, indo para a sala do diretor.

— Cara, estamos encrencados — Leo disse.

— Então por que fez isso?

— Por você... — murmurou ele, enrubescendo.

Eles entraram na sala do Diretor, depois que Phoebe bateu na porta delicadamente.

— Foram vocês que cobriram a srta. Minins e suas amigas com chantilly?

Phoebe calou-se, mas Leo disse, sem preâmbulos:

— Sim.

— Sr. Valdez, eu esperava isso de você, mas srta. Waters, você? Os professores nunca reclamam de você...Francamente...os dois estão detidos. Sua punição será arrumar a biblioteca. E não pense que isso vai ficar assim, Phoebe. Vou mandar um telegrama a seu pai. Agora, vão! Vocês tem muito a fazer. Dispensados!

Os dois saíram, e Leo apenas disse:

— Você deu sorte. Ás vezes ele fica dando um sermão que dura uma eternidade....