Cheguei em casa e Nick e as meninas estavam sentadas no sofá me esperando, quando entrei elas me olharam com pena.

–Você está bem? –Mingau perguntou.

–Se você considerar descobrir que o seu namorado vai ser pai de um filho da garota que você mais odeia e tá com o joelho fodido bem... Eu estou ótima! –a olhei, coloquei o peso do meu corpo no joelho que estava machucado e logo me arrependi de tal atitude.

–Foi uma pergunta idiota, desculpa. –ela me olhou.

–Yu, acho melhor você tomar um banho e depois eu faço um curativo nesse seu joelho. –Nick disse.

Subi as escadas gemendo porque o meu joelho estava doendo, entrei no meu quarto e ele estava repleto de Bernardo. Desde o poema no espelho até o cheiro de sabonete de bebê, olhei para o poema e senti uma dor, por quê? Porque o meu sonho lindo teve que acabar assim? Por que ele teve que se transformar em um pesadelo? Entrei no banheiro antes que eu começasse a chorar novamente, liguei o chuveiro e coloquei na temperatura verão, água fria me acalmava... Enquanto eu estive no chuveiro eu conseguia esquecer tudo aquilo. Mesmo que fosse por apenas cinco minutos. Tomei meu banho e me troquei, Nick subiu com uns curativos e começou a coloca-los no meu joelho.

–Cadê as meninas? – perguntei enquanto ela passava Mertiolate no meu machucado.

–Elas acharam melhor deixar você descansar. –ela me olhou de soslaio. –Mingau disse que vem a noite te buscar pra jantar.

–Hm. – assenti.

–Como você está se sentido com tudo isso?

–Péssima. – eu respondi sentindo as lágrimas voltarem. –Parece uma mentira.

–Eu também não consigo acreditar. – ela enrolou a atadura no meu joelho. –Mas o exame dizia que ela estava de um mês, tinha o nome dela no exame e o Bernardo confirmou que dá última vez que eles transaram foi sem camisinha e foi exatamente há um mês.

Ouvi-la dizer isso terminou de quebrar o resto da minha esperança daquilo ser mentira. Bernardo tinha... Tinha transado com ela. Ele...

Sem perceber eu já estava chorando novamente, eu estava soluçando e arfando.

–Calma. – Nick me abraçou. –Eu sei que você gostava dele, muito na verdade, mas vai passar.

–Como o destino é traiçoeiro. – eu disse soluçando.

–O destino é só uma reação das nossas escolhas. – ela respondeu. –Bernardo escolheu dormir com ela sem proteção e isso foi à reação.

–Por que dói tanto? –perguntei.

–Porque você o ama e isso afetou vocês. – ela me apertou. –Não é só você que está decepcionada, Jorge saiu daqui muito bravo, eles foram à casa da outra lá contar pros pais dela da gravidez.

–O que acha que vai acontecer? – perguntei a olhando.

–Não sei maninha. – ela beijou minha testa. –Seu curativo está pronto, por que não dorme um pouquinho? Mais tarde as meninas vão passar aqui pra vocês saírem.

–Tudo bem. –eu me deitei na cama.

–Eu amo você. – ela disse fechando a porta.

–Eu também. – respondi e fechei os olhos. E quando os fechei a cena que meio a mente foi a Rebeca dizendo que estava grávida do Bernardo e foi assim que dormi. Nem preciso dizer que tive sonhos ruins né?

–Princesinha acorda. –alguém disse no meu ouvido.

–Hm, só mais cinco minutos. –gemi colocando a mão no rosto.

–Não, tá na hora da princesinha acordar. –me sacolejaram e eu abri os olhos com relutância. Vi a Clarice, Mings e Olivia no meu quarto.

–Acordei. – disse.

–Anda vai trocar de roupa que vamos comer pizza. –Olivia disse.

–Hm pizza. – eu disse desanimada, levantei e fui até o armário e peguei um short e um suéter, vesti e calcei uma rasteirinha. –Vamos?

–Vamos. –elas disseram e saímos, passamos em frente o quarto do Bernardo e ele continuava vazio e sem vida. Pelo jeito ele ainda não tinha voltado da casa da Rebitch. Demos tchau pra Nick e fomos andando até a pizzaria, as meninas estavam conversando, mas eu estava totalmente desanimada.

–Yu, por favor, tira essa cara de enterro. –Mingau me pediu.

–Desculpa, mas acho que não estou no clima. – respondi.

–Deve ser barra, mas olha. –Olivia me abraçou. –Estamos aqui contigo!

–Eu sei, agradeço por isso. – eu a abracei de volta. –Vocês tem razão, vamos devorar umas pizzas.

Comemos e conversamos muito, Clarice está super animada, ela já tem mil e um planos pro casamento, chá de fraldas e etc... Adoro a animação da Clarice é contagiante! Pelo menos ali elas conseguiram me fazer esquecer aquilo tudo. Amanhã teríamos aula cedo então fomos pra casa. Quando cheguei em casa vi um recadinho da Nick na geladeira, estava escrito:

“Levei o Jorginho pra jantar, ele estava muito nervoso, não sei que horas voltamos... Então não nos esperem acordados. Beijos, amo vocês.”

Li o bilhete e o deixei pregado na geladeira subi pro meu quarto e quando entrei levei um susto.

–O que você está fazendo aqui? – perguntei.

–Yu? –Bernardo se virou e me olhou. Seus olhos estavam vermelhos e ele estava com uma expressão triste.

–Eu mesma. – respondi. – O que você está fazendo no meu quarto? – perguntei novamente.

–Eu... Queria falar com você. – ele levantou e veio até mim. –Queria me explicar.

–Explicar o que Bernardo? – eu me afastei dele. –Não há nada para explicar. Ela está grávida de um filho seu não precisa explicar nada.

–Yu, as coisas não são tão simples assim. – ele apertou as mãos até os nós dos dedos ficarem brancos.

–Então como são? – perguntei.

–Yu, eu amo você, amo você como nunca amei outra garota na minha vida, amo seu sorriso, seu cabelo, seu cheiro, sua voz, seu corpo, seus beijos, seus olhos, seu jeitinho mal humorado. Eu te amo como nunca amei ninguém. –ele começou a falar me olhando, meu coração se apertou. –Mas, eu... Eu vou ter que casar com a Rebeca.

ELE O QUE?

–VOCÊ O QUE? –perguntei exasperada.

–Casar. – ele me olhou com pesar.

–Mas por quê? Só por que ela está grávida? Gravidez não segura ninguém Bernardo. –eu gritei nervosa.

–-Eu sei... A família dela é conservadora e eles acham um escândalo sua filha estar grávida sem ser casada e o Jorge também.

–Você vai casar só por causa disso? – eu perguntei sem acreditar.

–Ela me disse que se não casasse com ela... Eu nunca veria meu filho. –ele disse triste.

–E só por causa disso, dessa ameaça você vai casar com ela. –eu disse totalmente brava. –O verdadeiro motivo não é esse Bernardo, você não vai casar com ela só porque ela te ameaçou, justiça existe pra isso... Você aceitou esse casamento porque ainda deve gostar dela.

–Yu... Não é verdade. – a voz dele saiu sussurrante.

–Sai do meu quarto. – eu disse.

–Yu. – ele suplicou com os olhos. –Me entende, por favor.

–Não. – eu disse entredentes. –Sai do meu quarto agora Bernardo! Acabou. Espero que seja muito feliz no seu casamento. – eu disse.

Ele me olhou triste, abaixou a cabeça e saiu do meu quarto e com ele levou meu coração.

–Eu vou te esquecer, Bernardo. Nem que seja a última coisa que eu faça. – eu prometi pra mim mesma.