Um Amor Clichê escrita por LunaLótus


Capítulo 7
Durante a terceira semana




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Estou animada esta manhã. Caminho pelo corredor da faculdade, distraída demais para perceber os olhares que sei que estou recebendo. Afinal, durante as duas últimas semanas, fui o centro das atenções de todos. E também o assunto favorito das conversas.

A garota sem destaque que fisgou o cara mais gato da faculdade.

Estou sorrindo; paro perto da porta da sala de aula. Eu estranho, porque geralmente Klaus sempre está lá me esperado. Resolvo aguardar um pouco; quem sabe ele não aparece?

É quando vejo. Não Klaus, mas a pessoa que eu menos gostaria de ver. Meu coração dispara e minha respiração se torna superficial. O pânico fecha a minha garganta. Como essa pessoa me encontrou aqui? Como?!

Reconheço a camisa vermelha que foi presente meu. A pessoa está distante, mas eu posso reconhecê-la. Aquela silhueta está gravada na minha mente. Estou paralisada, porém sinto alguém parando atrás de mim. Sei que é Klaus, observando o mesmo ponto que eu.

A pessoa parece que procurar algo, e quando se vira para mim, eu arquejo. A raiva, o pânico, tudo explode e quase transborda pelos meus olhos. Klaus se move para ficar na minha frente, bloqueando minha visão. Segura meus ombros e pergunta:

– É ele?

Mas não respondo. Meus olhos cheios de lágrimas dizem tudo o que precisa saber. Ele olha para mim, e então me solta, dizendo:

– Vou resolver isso.

Klaus some antes que eu tenha tempo de protestar. Ele se move rápido passando pelos estudantes e ignorando um ou outro que queira falar com ele. Um pensamento bobo passa na minha cabeça: “como um herói indo salvar a mocinha.” Só que a mocinha está aqui, a salvo, e agora ele vai atrás do vilão.

A pessoa ainda não me viu. A tensão domina o meu corpo. Sei que isso tudo não tem sentido. Ele jamais deveria me encontrar. Eu fugi daquele lugar sem deixar rastros. Mas depois de quase dez meses, a assombração retorna.

Klaus chega até ele. Para meu espanto, está sorrindo. Pergunta algo e a minha assombração responde. Klaus, ainda sorrindo, balança a cabeça negativamente, falando algo. A assombração parece desapontada, e depois de um tempo, vai embora. Klaus espera até que ele esteja distante para voltar ao meu lado.

– Está tudo bem? – pergunta.

Aceno afirmativamente com a cabeça, e Klaus me olha fixamente. Ainda estou muito nervosa.

– Não. Você não está bem – diz. – Venha, eu tenho uma surpresa.

Eu sei, eu deveria protestar e não ir com ele. Mas eu estava em pânico agora mesmo. E Klaus foi o único que tirou a ameaça dali. Então eu o acompanho.

Nós saímos do prédio e caminhamos por um longo jardim até chegarmos numa estrutura abandonada. Entramos, e Klaus me guia por entre as diversas galerias e corredores. Paramos em frente às portas duplas no final no 14º corredor. Ele olha para mim, sorri e abre as portas.

Perco o fôlego. O lugar é simplesmente incrível. Um enorme santuário de flores e todos os tipos de planta que você imaginar. Klaus puxa a minha mão e eu o sigo.

– Isso aqui – começa – era um jardim para reuniões. Os alunos que o projetaram. Mas hoje em dia está abandonado.

– E quem cuida disso tudo?

– Venho aqui, às vezes, quando quero ficar sozinho e pensar, ou só relaxar.

Olho para ele. Klaus me surpreende cada dia mais.

– Vem – ele sussurra, e não posso evitar ficar arrepiada com a voz dele.

Vamos adentrando aquele santuário. Klaus conhece todos os caminhos. Ele segura a minha mão e me conduz. Até que paramos à alguns metros do que parece ser uma toalha de piquenique.

– Klaus...

– Oi?

Mas eu não digo nada. Ele está sorrindo. Puxa-me até a toalha e nos sentamos. Depois de alguns segundos de silêncio, decido falar:

– Obrigada. Você sabe... Pelo o que você fez lá.

– Não foi nada. – Sorri.

– Não, na verdade, foi muita coisa. O que você disse a ele?

– Perguntei se estava procurando alguém. Ele me disse que está procurando você. Falei que não existe nenhuma Lina aqui.

– E ele acreditou? – pergunto, meio sem querer crer.

– Bom, ele foi embora, não foi? E vou avisar os seguranças para não deixar ele se aproximar mais.

– Obrigada – digo, baixinho.

Klaus me olha, sério.

– Ele fez algo a você, Lina. Eu... percebo isso.

– Como?

Ele abre a boca para falar, mas olha nos meus olhos.

– Como? – pergunto de novo.

– Vejo isso em você. Sabe, quando alguém é machucado, ficam marcas. Você está se escondendo, Lina. Eu sei que você não é assim. Sei que aí dentro existe uma garota divertida, louca e cheia de amigos. Mas você se fechou. Então fiquei me perguntando o que poderia ter acontecido. Aí eu percebi o quanto você evita se envolver emocionalmente.

– E então?

– Entendi que é uma ferida muito grande. E, estudando teu jeito, fui notando que você é uma garota forte e romântica. Entendi que somente um homem poderia te deixar assim.

– Isso não tem sentido nenhum...

– Ok, o que poderia ser então? A família? Ou os amigos? Pensei muito nessas opções, mas você não me parece ser do tipo que se quebra fácil.

Abro a boca para responder, porém o olhar dele arranca todas as verdades de mim.

– Ok, tudo bem – eu digo. – Mas como você sabia... que era ele?

– Você estava lá, estática, e percebi seu medo. Você olhava fixamente para um lugar. Só fiz juntar os pontos.

Viro-me para ele, mirando aqueles olhos negros e profundos, cheios de mistérios. Klaus é inacreditável. Não sei como ele consegue me ler, entender em mim coisas que nem eu mesma entendo. Só sei que é verdade. Ele consegue ver todos os meus segredos e meus medos. Pela primeira vez, consigo confiar nele.

Klaus pega uma maçã dentro da cesta e se deita no meu colo. Olho para ele e ele me olha de volta, sorrindo e mordendo a fruta – Deus, como isso é tentador! Instantaneamente, sorrio também. Klaus tem esse dom, de me fazer rir tão facilmente.

Minha mão começa a formigar desejando ocar naquele cabeço que tem um cheiro tão bom. Quero ajeitar aquela mecha teimosa que sempre está caindo em seu olho.

Klaus estende a sua mão desocupada e puxa a minha, entrelaçando seus dedos aos meus. Ele beija a minha mão, como um cavalheiro. Sorrio e toco em seu cabelo. Ele fecha os olhos e deixa a maçã de lado, somente segurando a minha mão.

Suspiro. Como uma pessoa assim pode existir?! Como uma pessoa pode chegar assim, bagunçar tudo dentro de mim e, no final, eu achar que desse jeito é que tudo está finalmente no lugar?

Ele se levanta, deixando seu rosto no mesmo nível que o meu. Fixa-se nos meus olhos e, pela primeira vez, eu acredito na frase “os olhos são a janela da alma”. Porque consigo ver a alma dele. E acho que ele pode ver a minha.

Klaus se aproxima e eu pressinto o beijo. Eu o quero. Mas não aqueles beijos comuns e rápidos, que mal podemos sentir o sabor. Quero aquele beijo que faça minha pele arrepiar, que me mostre o quanto ele me deseja.

O tempo já não é mais importante. Eu só quero estar ali com ele.

Ele me beija, e já nos primeiros segundos, parece ter adivinhado meus pensamentos. A boca dele se move rápido sobre a minha, seus lábios pressionam os meus como se estivesse bebendo água depois de passar muito tempo com sede.

Klaus segura a minha cintura e se curva para cima de mim, deitando-me, e ele continua a me beijar. Ele me aperta forte e eu o puxo mais contra mim. Sua mão desce para as minhas coxas e então sobe de volta, dessa vez explorando minha cintura e minhas costas por baixo da blusa.

Contenho um suspiro. Parece que cada centímetro de pele que ele toca se acende para a vida. Sei que é errado, mas não quero que ele pare.

Desejo sentir a pele dele por baixo daquela camisa. Ainda beijando, começo a explorar os músculos sutis por baixo daquele tecido. Klaus suspira e posso sentir sua pele arrepiada. Ele deixa a minha boca para beijar o meu pescoço, e agora é o meu corpo que tem um arrepio. Suspiro.

Klaus volta aos meus lábios, beijando-me mais devagar agora. Toca-me gentilmente, acariciando-me. Quando ele finalmente me solta, ainda mantém seus braços a minha volta, e passamos o resto do dia assim.

Neste dia, não falamos mais sobre a minha assombração, Klaus não pergunta sobre o meu passado e fico feliz por isso. Ficamos somente conversando e rindo, imaginando o que as pessoas estão pensando ao perceber que nós dois sumimos. E eu não me importo. Pela primeira vez, eu não me importo.

Klaus está, a cada dia, fazendo mais parte de mim.



“Até então eu nunca tinha vivido nada assim. Só vi histórias bonitas em ficção, mas com você, estou vivendo isso.”

“Ao seu lado, sempre estarei disposto a tudo.”

“Quero viver muitos anos ao teu lado, até estarmos velhinhos nos amando como se tivéssemos acabado de nos conhecer.”


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