O Torneio escrita por BobV


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei para postar esse capítulo, porque eu ganhei de presente dois livros da série Halo. Primordium e Cryptum.
Eu fiquei tão entretido com eles, que esqueci que eu tinha que terminar esse capítulo XD

03:00 da madrugada e eu aqui postando capítulo da fic. Isso é que é vida :D

Boa leitura :)



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Pela primeira vez em muitos meses, a casa da família Tendo se encontrava em silêncio. Sem lutas no dojo, sem gritos, ninguém entrando na casa quebrando a parede ou saindo pelo teto. Nada. Apenas silêncio.

Dois dias atrás Rama deixou o dojo e foi embora. Melhor dizendo, foi expulso de casa pela mais nova das irmãs Tendo e sua ex-noiva. A casa voltou aos dias pré-Saotome : normais e entediantes.

Apesar de todo o transtorno e confusão trazido pelos Saotomes, Kasumi sempre gostou da presença deles, Ranma principalmente. De um certo modo, ele trouxeram vida nova para casa. Seu pai parecia mais feliz com a presença do velho amigo. Quando não estavam ocupados em um jogo de shogi(1), com certeza estavam com algum plano para unir as duas escolas e casar seus dois filhos.

Nabiki sempre reclamou dos 'parasitas'. Duas bocas a mais para alimentar (e que bocas) e os constantes reparos que podiam facilmente ser evitados, eram suas reclamações mais comuns. Mesmo assim ela arranjou um jeito de tirar proveito da situação. O mais jovem dos Saotomes era quem mais sofria com seus esquemas.

Akane foi quem mais mudou. Seu interesse pela arte aumentou, ela voltou a tentar cozinhar, costurar e fazer outras tarefas domésticas. O ódio pelo sexo oposto diminuiu, ela até conseguiu fazer amizade com alguns deles. E o mais importante: ela encontrou alguém que considerava importante, fora do círculo familiar.

Mas os Saotomes se foram agora. Seu pai estava sozinho no jardim. Nabiki não tinha nenhum plano preparado e Akane se recolheu em seu quarto após o jantar.

"Eu tenho que fazer alguma coisa. Eu sei que o que Ranma e o Ryoga fizeram não foi muito legal, porém acredito que eles não tiveram intenção de machucar a Akane. Quem em sã consciência desejaria machucar a pessoa que gosta ? talvez seja hora de lavar a roupa suja e ter uma boa conversa. Uma segunda chance não faz mal a ninguém."

Kasumi foi até o telefone e discou o número da clínica do se namorado. Depois de três toques ele atendeu.

— Doutor Tofu falando. Em que posso ajudar ?

— Tofu, é a Kasumi falando. Eu liguei para saber como ele está ?

Olá, Kasumi. Parece que ele não é um bom mentiroso. Apesar de dizer que não há nada de errado com, claramente se ver o contrário.

— Foi o que eu imaginei. Eu tenho favor para te pedir...

— Você tem certeza que isso vai dar certo ?

— Confie em mim. Eu tenho que desligar. Tem um outra pessoa que preciso ver agora.

— Tudo bem. Venha me visitar que eu estou com saudade. Já fazem quatro dias desde a última visita.

— Eu prometo que assim que eu puder eu irei.

Kasumi desligou o telefone e caminhou até o segundo andar, na direção do quarto de sua irmã. Ela bateu na porta e só entrou quando ouviu a resposta para fazer o tal.

— O que eu posso fazer por você, Kasumi ? — Nabiki, debruçada em sua escrivaninha e ocupada fazendo cálculos, perguntou.

— Você sabe muito bem porque eu estou aqui, irmã. — Kasumi respondeu fechando a porta.

Nabiki fechou o caderno e respirou fundo. Ela já espera por essa visita desde que Ranma foi embora. Ela teria que ser cuidadosa para sair ilesa dessa situação.

— Não, eu não sei porque você está aqui. — Ela mentiu.

Kasumi largou o sorriso angelical e franziu as sobrancelhas. Algo raro até para as pessoas que sempre a conheceram.

— Nâo me subestime, Nabiki. E não se atreva a fazer seus jogos comigo. Eu te conheço muito bem, mais do que qualquer pessoa irá conhecer. Por que você tirou e vendeu aquelas fotos ?

Nabiki foi pega de surpresa pela troca de humor de sua irmã mais velha. Ela nem mesmo se lembrou da última vez que isso aconteceu.

— Kasumi, eu sei que você deve estar chateada pelo que aconteceu, mas verdade seja dita, aqueles dois só serviam para trazer despesas para a nossa casa. E no final, veja o que eles fizeram ?

— Em parte eu concordo com você. Entretanto, isso não lhe da o direito de invadir a privacidade de ninguém. Eu sei que você tem vendido fotos tanto Ranma quanto da Akane. Você sabe o que estas pessoas estão fazendo com essa fotos ?

É claro que Nabiki sabia.

— Embora eu não goste dessa ideia, eu tive que fazer isso. Como você acha que as contas continuam sendo pagas, especialmente depois da chegada dos nossos convidados ?

— Eu sei e aprecio o que você fez. Mas eu quero que você pare com isso agora. Isso já foi longe demais. Veja o que você fez com sua irmã.

— Isso não é culpa minha, aqueles dois idiotas é estavam escondendo a verdade dela.

— Certamente. O que eles fizeram foi errado, e o que você está fazendo também é. Você acha certo vender a intimidade das pessoas ? de alguém da própria família ?

— O que você quer eu faça ? se fossemos depender do que o papai ganha, tudo isso aqui já teria sido vendido para pagar nossa dívidas há muito tempo. Nós seriamos obrigadas a viver em apartamento minúsculo, sem nem ao menos metade do conforto que temos aqui.

— Deixe eu te fazer uma pergunta. — Pela primeira vez, Nabiki ouviu sua irmã falar com uma voz gélida, quase devota de qualquer emoção. — Você acha que a mamãe ficaria orgulhosa do que você está fazendo ?

Os olhos de Nabiki cresceram e todo o seu corpo enrijeceu. Ela não respirava e nem seu coração batia. Ela ficou imóvel pelo que pareciam horas, com as palavras de sua irmã se repetindo em sua cabeça.

"Você acha que mamãe ficaria orgulhosa ?"

Mesmo depois de todos anos, esse ainda era um assunto delicado, especialmente para ela. Uma ferida que nunca se fechou e que ao menor esbarrão, abria como se fosse recente.

Das três irmãs, Nabiki foi a que aparentemente sofreu mais. Enquanto Akane era nova demais para entender o ocorrido, e Kasumi assumiu o papel de consoladora, principalmente de sua irmã.

De tempos em tempos, ela se pegava pensando em como as coisas seriam se sua mãe ainda estivesse viva. Será que ela aprovaria esse casamento arranjado ? será que o papai ainda estaria dando aulas ? será que Kasumi estaria na faculdade agora ? será que sua Akane saberia cozinhar ? mais importante de tudo: como EU estaria se a mamãe estivesse aqui ?

Assim como todos da casa, ela sentia falta da mãe.

— Não é justo dizer isso depois de tudo o que eu fiz por nossa família. — Nabiki se virou e ficou de costas para Kasumi, escondendo sua expressão de tristeza.

— Eu sei que não é, entretanto, não pense que você foi a única que fez sacrifícios por essa família. E você sabe muito bem do que eu estou falando.

Depois de minutos de silêncio, Kasumi anunciou sua saída. E quanto estava para fechar a porta, ouviu:

— Me desculpe, Kasumi.

A irmã mais velho suspirou e respondeu:

— Não é a mim que você tem que pedir desculpas. — E foi embora.

Mais cedo...

Ranma dobrou a esquina e saltou por cima de um pedestre para evitar o encontrão, e continuou correndo, ou melhor fugindo.

— Me deixem em PAZ ! eu não quero nada com vocês. NADA ! Me ouviram ? NADA !

Ele subiu em um muro e depois em um telhado próximo. Para despistar suas perseguidoras, Ranma começou a saltar em direções aleatórias na esperança de se ver livre. Não deu certo, já que elas continuaram em seus calcanhares.

"Plano B."

Ele desceu do telhado e correu até seu objetivo: a sorveteria.

Assim que entrou, ele saltou por cima do balcão e foi até o que parecia ser um pequeno vestiário, ignorando completamente os gritos dos funcionários.

Magicamente, segundos depois, uma ruiva de pouco mais de um metro e meio de altura, saiu da sala com um uniforme extravagante e chamativo: uma saia do tipo rodada, vermelha e bem curta. Uma camisa branca de mangas curtas, adornada com babados e um decote mostrando mais do que deveria. Meias 7/8 e salto alto também faziam do uniforme. Para completar o disfarce, ela abandonou o rabo de cavalo e deixou o cabelo solto. Desnecessário dizer que toda a população masculina (e algumas do sexo feminino) do recinto tiveram dificuldades em controlar o sangramento nasal.

Sem ser ordenada, a ruiva começou a pegar os pedidos e os distribuir pelas mesas, sem nem mesmo se preocupar se eles estavam sendo entregues nos lugares corretos. A maioria (dos homens) não reclamou.

Um minuto depois, três adolescente entraram na sorveteria derrubando a porta.

A primeira delas, vestia-se com um maiô de ginástica verde. Seus cabelos negros arrumados em um rabo de cavalo lateral. Em uma das mãos, carregava uma pequena haste de madeira com uma longa fita presa em uma das pontas.

A segunda, brandia uma enorme espátula de ferro. Seus lisos e longos cabelos castanhos se encontravam soltos, e no topo da cabeça, carregava um laço branco. Ela se vestia com calças legging e um camisa de mangas curtas, com as mesmas dobradas.

A terceira e única não japonesa, de certa forma, era a mais atrevida de todas. Vestida apenas com um microvestido rosa que, colado ao seu corpo, deixava em evidência cada curva do seu corpo. Seus longos e incomuns cabelos roxos, chamavam a atenção de quem quer que passasse.

As três escanearam a sala procurando pelo seu alvo. Não encontrando, se viraram umas para as outras e começaram a brigar: rolando pelo chão, por cima da mesas e destruindo tudo em seu caminho.

As pessoa olhavam estupefatas a cena corrente. Três adolescentes batalhando entre si sem motivo aparente. Os que conseguiram se recuperar do estado de transe, fugiram na primeira oportunidade. Os que decidiram ficar (em grande parte, homens) não se preocuparam nem um pouco com o perigo que estavam correndo, quando os primeiros pedaços de roupa começaram a ser rasgados. Horas depois, o hospital geral de Nerima, iria receber a entrada de pouco mais de uma dúzia de pacientes por perda excessiva de sangue. Todos por hemorragia nasal.

Por estar vestido com roupas extremamente femininas, nenhuma das garotas viu a artista marcial ruiva caminhando nas pontas dos dedos. Ela saiu da sorveteria, porém, infelizmente, hoje não era o seu dia: ao passar pela grande janela em que os clientes podiam observar a rua, Ranma foi avistado pelas suas noivas.

Ranma !! Duas gritaram de alegria, e uma terceira de raiva.

Droga ! Ranma correu com se sua vida dependesse disso.

A brigada de noivas quebrou o vidro do estabelecimento e foi atrás do seu alvo.

Aproveitando-se por estar em uma área comercial, Ranma tentou tirar vantagem de tudo para fugir. Ela atravessou inúmeros becos, entrou por portas de fundos, tentou se esconder em outras lojas, bem como nos telhados. Tudo em vão.

Nenhuma delas parecia cansada ou pronta para desistir.

O que você querem ?! — Ranma finalmente parou para dar atenção as suas perseguidoras.

— Nós já sabemos de tudo. Akane finalmente desistiu do noivado porque percebeu que não é mulher suficiente para você. Logo, eu sou a sua única noiva agora. Isso não é ótimo ? — Ukyo foi a primeira a falar.

— O que garota espátula estar dizendo ? Ranma é airen de Shampoo. Lei amazona dizer isso.

— Que se dane essas leis, Shampoo. Aqui é o Japão, não a China !

Sem ter noção do que os outras duas garotas tagarelavam, Kodachi ameaçou:

— Onde você escondeu o meu querido Ranma ?

— Fecha a matraca, Kodachi ! Venha Ranma, vamos par ao meu restaurante. Assim eu poderei te mostrar como é uma mulher de verdade.

— Airen vir para Nekohanten. Shampoo mostrar muitas técnicas antigas para airen ficar feliz. — Shampoo passou as mãos nas laterais dos seu corpo em movimento sensual.

— Se você não me disser onde você o escondeu, eu vou te amarrar e te pendurar pelas mãos. E então, eu vou te chicotear sem parar, até saber o paradeiro do meu amor.

Ranma ouviu tudo aquilo sem saber o que dizer. O nível de loucura das três já começara a alcançar níveis estratosféricos. Enquanto duas delas se dispunham a fazer qualquer coisa por ela, uma terceira a ameaçava com tortura. Quando Ranma tentou falar, uma mão pousou-se em seu ombro.

— Vá com elas. — Um jovem, aparentando ter a mesma idade que ela, choramingou. Lágrimas corriam como uma cachoeira de seus olhos. Sua outra mão se encontrava fechada, com força e próxima ao peito. — E vá até onde nenhum de nós jamais foi.

— Hããã?

Totalmente perdida, Ranma olhou em volta. Ela viu outros adolescentes, provavelmente amigos desse primeiro, a cercando e cachoeiras de lágrimas em seus rostos.

— Como eu queria ser uma mulher nesse exato momento. — Disse um deles.

— Eu nunca desejei tanto na minha vida ser uma mulher.

— Eu queria que uma garota dissesse algo assim para mim.

Ranma ficou furioso ao perceber que a discussão com as garotas atraiu não só a atenção desses adolescentes com os hormônios a flor da pele, como também de diversas outras pessoas que passavam pela calçada. Todas horrorizadas com o que estava sendo dito em público, por um grupo de garotas adolescentes pervertidas.

— Corta essa ! — Ela pegou o rapaz que a segurava pelo ombro, e o arremessou contra a brigada de noivas para poder fugir.

As três garotas foram derrubadas, mas mesmo assim, não desistiram da perseguição. Elas só pararam quando Ranma entrou um uma humilde casa de dois andares, um pouco afastada do centro comercial. Nenhuma delas ousou sequer pisar no quintal com medo das possíveis consequências.

Um dia atrás, Nabiki conseguiu reuni-las no Nekohanten e as vendeu as informações da noite anterior. O trio chegou a casa dos Saotomes em tempo recorde. Ela só não foi invadida, por causa de uma certa mulher de meia idade que empunhava uma katana na entrada da casa.

O trio recuou, com cada uma delas traçando um plano de aproximação. Ukyo ponderou como poderia se aproximar do seu noivo no horário do almoço; Shampoo pretendia discutir com sua bisavó o que elas poderiam cozinhar para ganhar a atenção de Ranma; E Kodachi ainda tentava entender com ela perdeu seu amado de vista.

Ranma e Nodoka jantaram em completo silêncio naquela noite. Nenhum dos dois pareceu se importar com a ausência de Genma na mesa. Provavelmente, ele e Soun estavam se lamentando e algum bar próximo, chorando as mágoas de como as escolas nunca seriam unidas.

A matriarca deveria sentir feliz com a chegada de seu filho, porém, as circunstâncias que o trouxeram de volta, a impediam de sentir tal coisa.

Quando Ranma chegou no meio da noite, ele não contou nada sobre o que aconteceu, simplesmente se recolheu em um canto qualquer e recusou-se a falar qualquer coisa. No dia seguinte, ele foi para o colégio sem dizer uma palavra. Nodoka teve que telefonar para Kasumi para saber o motivo do silêncio de seu filho. É claro que ela não gostou nada do que ouviu, principalmente a parte em que ele guardava um segredo muito importante de uma pessoa próxima. Esta era sua segunda vez fazendo algo do tipo.

Nodoka convidou seu filho para uma xícara de chá após o jantar. A proposta era ouvir a sua versão de toda essa história.

— Ranma, eu falei com a Kasumi hoje de manhã.

o garoto se engasgou e quase cuspiu toda a bebida de sua boca.

— Não... não é o que senhora está... pensando.

— Eu estou ouvindo.

— Hum, é, bem... a senhora conhece o Ryoga, certo ? ele passou um tempo na casa dos Tendo. Assim como eu, ele também foi amaldiçoado em Jusenkyo. Sabe, assim que eu descobri, eu prometi pela minha honra como artista marcial que não revelaria seu segredo, afinal seria muito fácil para um inimigo derrotá-lo se ele descobrisse isso.

— O que aconteceu depois disso ?

— Eu pensei que a forma amaldiçoada dele fosse um cachorro, até a Akane achar um porquinho dentro do seu quarto. Logo depois, eu descobri que esse porquinho era o Ryoga, e não o cachorro. Acontece que eu não podia dizer nada para a Akane, eu já havia feito a promessa. Eu tentei fazer a Akane perceber quem realmente era o porquinho de estimação dela, mas ela nunca percebeu. O resto a senhora já sabe.

— Ranma... — Nodoka massageou a testa com o polegar, na tentativa de se livrar da dor de cabeça que começara a aparecer. — Eu lamento dizer, mas você é um idiota.

— Ei ! — Ele protestou.

— Fique quieto e me ouça ! Você pensa que é uma mulher ou continua pensando como um homem quando se transforma ?

— É claro que eu continuo sendo um homem.

— Então por que você deixou outro homem dormir na mesma cama de sua noiva ? !você sabia de toda a verdade e deixou todo esse ultraje continuasse ! Como Ranma ? Você acha que isso é atitude de um homem de verdade ?!

O garoto apenas sacudiu a cabeça negativamente.

— Mas o que eu deveria ter feito ? eu já havia feito uma promessa de honra.

— Honra ? e a honra de sua noiva ? você não se importa com ela ? no pior dos casos, imagine se começassem a espalhar boatos de que a Akane estaria dormindo com um outro homem, que nem sequer é seu noivo ? você deveria proteger a honra dela ! você deveria proteger a Akane acima de tudo! não machucá-la e não deixar que nada de mal acontecesse a ela. Esse é o mínimo que eu esperaria de você, Ranma Saotome!

Ranma não respondeu nenhuma das perguntas e continuo em silêncio, de cabeça baixa.

— Você me decepcionou. Muito. Você tem noção de como ela está? saber que uma das pessoas que ela mais confiava a traiu desse jeito ?

Silêncio.

— Você pelo menos tentou falar com ela, pedir perdão ou fazer qualquer outra coisa ?

— Eu tentei. Ontem. Ela me ignorou por completo.

— Não é nenhuma surpresa.

— Eu tentei novamente hoje, assim que nós saímos da escola. Eu não sei como, mas ela achou um gato e o usou para me espantar. Ele nunca tinha feito algo assim antes. — sua voz suou quase desesperada. Akane foi a única pessoa que nunca usou desse artifício contra ele, nem mesmo após as discussões mais calorosas.

— Isso só mostra o quão desapontada ela está. O que você vai fazer agora ?

— Eu-eu não sei.

Nodoka suspirou. Depois de alguns instantes, ela continuou:

— O que eu vou fazer com você, meu filho ? Pelo menos você admite que fez uma tolice ao não contar a verdade ?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Eu vou te fazer uma pergunta e quero que você seja o mais sincero possível quando responder: você considera Akane Tendou uma pessoa importante na sua vida ?

Ranma foi pego totalmente de surpresa pela pergunta.

— Bem, eu...

— Responda !

— S-Sim. Eu acho. — Ele gaguejou e respondeu inseguro. Depois de alguns segundos — Sim. — respondeu com a voz firme.

— Ótimo. Da próxima vez que você conseguir falar com ela, eu quero que você peça desculpas e seja o mais honesto e sincero possível. Diga tudo o que você tem para dizer, não esconda nada e ouça sem reclamar tudo o que ela tiver para te dizer. Se isso não for suficiente para te perdoar, eu sinto muito.

Ranma engoliu um caroço com as últimas palavras. Na verdade, esse foi seu pesadelo nessas duas últimas noites. Um cenário onde Akane nunca o perdoou. Ele poderia lidar com uma Akane raivosa e que batesse em sua cabeça ao fazer algo de errado. Mas uma Akane que nem sequer olharia em sua direção, ignorando completamente sua existência, era algo que ele não tinha certeza se conseguiria suportar.

— Eu entendi, mãe.

— Mudando de assunto... — Nodoka se levantou, foi até um pequeno altar localizado em canto da sala e pegou um longo objeto que se encontrava depositado nele. Sua expressão ficou mais séria, quase maligna. —... que roupas eram aquelas que você estava usando quando chegou em casa ?

Ranma tremeu dos pés a cabeça ao ouvir o som da Katana sendo desembainhada.


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Notas finais do capítulo

(1) Espécie de xadrez japonês.

Esse cap era não era para terminar desse jeito. Se eu o terminasse do jeito que eu queria, ele ia ficar muito longo. A parte boa é que cap 20 já está meio caminho andado. Provavelmente, ele será postado ainda essa semana.

Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.

Até a próxima.