Não se apaixone por um idiota escrita por Lua Barreiro


Capítulo 22
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Era pra mim ter postado ontem galero, mas estou parecendo um camarão.
Um camarão envergonhado, só para ficar mais vermelho que o normal.



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— Eu quero sair desse lugar. — Afirmou seriamente.

Seria tremenda estupidez minha deixa-la escapar desse hospital, eles ao menos permitiriam isso. Sua respiração já não é suficiente sem o aparelho e mesmo com eles é de tamanha dificuldade falar por mais de um minuto.

— Mãe, eu não posso fazer isso. — Redargui.

Ela inspirou e expirou várias vezes até que pudesse me responder.

— Vamos lá filha, eu tenho o que? Dois dias de vida? — Riu sarcasticamente. — Eu só quero vive-los da melhor forma possível.

— Dois dias de vida? — Indaguei melancolicamente.

Ela assentiu com a cabeça.

— Como você sabe disso?

— Sabe aquele balcão no corredor entre os quartos? Onde várias enfermeiras ficam fofocando sobre suas vidas de merda? Pois, bem. Lá estão todos os relatórios dos pacientes e eu vejo o meu todas as noites. — Assegurou. — Levanto-me, pego o aparelho respiratório portátil e vou até lá.

— Isso não é muito correto mãe, mas estou orgulhosa de sua rebeldia hospitalar.

— Dois dias de vida, graus elevados ou mínimos. Esse é o meu diagnóstico, cá entre nós o meu pulmão está uma junção de merda.

—Por que não me avisaram isso?— Inquiri furiosa.

— Eles querem que você continue pagando os recursos do hospital até o último minuto, como se fosse uma morte espontânea e que todos esses conceitos inúteis poderiam ter salvado minha vida, mas não foi possível. — Respirou. — Era para ser.

‘’ Era para ser’’ Quantas vezes já ouvi essa frase em forma de reconstruir minha esperança destruída. Quantas vezes isso já me tirou o peso na consciência por atos idiotas cometidos. Quantas vezes o destino já foi culpado.

O destino é incrivelmente inocente, mas sempre acabará sendo o culpado. Ninguém quer admitir seus erros, só querem jogá-los à tona.

— Mãe, você jura pra mim?— Suspirei com receio. — Que isso não vai te prejudicar de forma alguma? Por favor, mãe.

— Eu juro filha, só quero ser feliz nos meus últimos dias de vida.

Eu assenti com a cabeça.

Logo depois me despedi dela e prometi que mais tarde voltária para tira-la de lá.

Acuradamente eu poderia estar claudicando em fazer isso, em leva-la para outro local que não seja essa junção de paredes brancas.

Eu precisaria da ajuda de alguém para completar esse ato.

Alguém como Philips Mackenzie.

Corri até minha casa, quando digo correr quero dizer que andei a trinta quilômetros por hora, o máximo da escopeta. Á medida que, abri a porta fui à busca do meu celular.

Sofás, camas, cobertores, guarda-roupas, almofadas, gavetas e até mesmo a geladeira foi revistada. Para no fim eu perceber que o celular estava no meu bolso.

Sim, eu faço essa asneira quase todos os dias.

Joguei-me sob o sofá a fim de melhorar a dor que sentia em minhas costas, demorei apenas alguns segundos para discar ao Philips. O mesmo atendeu apenas no terceiro toque, da segunda ligação.

—Mackenzie? — Perguntei irritada.

— Eu mesmo, Julie Martins. — Ele tossiu. — O que você quer? Roubar outro carro meu? Deixar-me em uma floresta sozinho? Diga seu plano de hoje.

— Cala boca Philips e largue de ser asno. — Gritei. — Eu preciso de sua ajuda.

— Diga novamente ou não acreditarei piedosamente.

— Quão infantil você pode ser? É a única vez que estou pedindo sua ajuda e espero que possa me ajudar. — Cessei por instantes. — Caso você não me ajude, eu te obrigarei me ajudar.

— Tá, então eu acho que vou te ajudar. — Ele riu. — Não tenho outra opção mesmo.

— Ótimo.

Expliquei para ele todo o plano que eu formulei enquanto voltava para a casa e por fim marcamos o horário que nos encontraríamos.

— Até mais Julie.

Eu desliguei a ligação.

Esperei o horário estabelecido para ir até o hospital, nesse meio tempo fiquei me entupindo com algumas guloseimas e refrigerantes. Deixei algumas luzes de casa acesa, minha mãe sempre pediu que para assim fosse.

Chegando á clínica eu percebi que Mackenzie já estava lá. Com outro carro, um pouco mais encantador que o anterior.

— Qual é a do outro carro? — Falei depois que bati a porta da escopeta.

— Minhas calotas estavam um cacete, alguém as ralou. — Disse ironicamente.

Entramos no hospital alegando que visitaríamos o quarto da minha mãe, o que de certo modo é verdade. Subimos pelo elevador, mas logo escolhemos o terceiro andar, o qual eu já entrei por engano e percebi que é onde os enfermeiros guardam seus materiais e vestimentas.

— O que estão fazendo aqui? — Algum enfermeiro alto e de boa aparência nos perguntou.

— É... — Um fato curioso sobre mim é que eu não sei conversar com pessoas estupidamente bonitas. — Bom, não sei.

Philips semicerrou seus olhos para mim.

— Estamos procurando o quarto da senhora Martins. — Articulou com persuasão.

— Ah, claro. — Pensou. — Vão até o fim do corredor e desçam as escadas, logo estarão no segundo andar que é onde fica o quarto de todos os pacientes. Depois é só perguntar para alguma das meninas que ficam no balcão.

Assentimos com a cabeça em uni ato.

Pelo nosso ver aquele enfermeiro era o único que estava no corredor a este momento, descemos a escada mais esperamos no quinto degrau, até que ele fosse embora e nós voltássemos. Na sexta espiada de Philips, tudo parecia estar limpo.

Então nós fomos.

Andamos em passos largos mais silenciosos, para que não despertasse a atenção de ninguém. Em poucos minutos nós dois estávamos em uma sala infernal, roubando alguns jalecos, lençóis, toucas e luvas. Decidimos nos trocar lá mesmo.

— Philips, vire para o outro lado. — Ordenei.

— Eu já vi o seu peito duas vezes, qual é?

— Só vire.

Ele bufou.

Troquei-me rapidamente, coloquei um jaleco branco acompanhado de uma calça da mesma cor. Continuei com os mesmos sapatos, fiz um coque em meus fios e coloquei uma mascara já que muito dos enfermeiros da li poderiam me reconhecer.

Na vez de Philips eu me virei, mesmo que não coube a ele ordenar isso. Voltei a olhar para ele apenas quando anunciou que já estava vestido, parecia um verdadeiro médico.

Pegamos uma cadeira de roda e fomos até o quarto da minha mãe.

Chegando lá ela estava sentada em sua cama já com o aparelho portátil e grandiosamente entusiasmada. Nós a colocamos na cadeira de roda e a cobrimos com um cobertor, para menor reconhecimento.

Andamos pelo o hospital tranquilamente como se fossemos verdadeiros médicos. Caso alguém questionasse o quadro da paciente ponderaríamos que ela está com virose.

Por que pessoas com virose andam de cadeira de roda, parabéns Julie.

Saímos pela saída de emergência do hospital, também destinada a saída dos médicos. Pois, é lá onde seus carrões ficam estacionados. Já sem os jalecos e cadeira Philips assegurou o aparelho respiratório, para que minha mãe não carregasse peso.

Um verdadeiro cavalheiro.

Há quem estou querendo enganar? Ele só fez isso para ganhar moral com minha mãe.

Seria uma fuga extremamente perfeita e estratégica caso alguém não nos interrompesse.

— Conheço vocês de algum lugar? — Pigarreou, um homem velho vestido inteiramente de branco.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela recomendação Malu, eu amei ♥
E obrigada também as leitoras novas e todos os comentários que recebi nesse intervalo de tempo ^-^